Em 1997 assumiu a Coordenação de Audiovisual para o Brasil e o Mercosul da UNESCO, organismo vinculado às Nações Unidas voltado para a Educação e Cultura, onde permaneceu como consultor nesta área até o ano de 2000. Desde 1979, leciona no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio.[3][4]
Biografia
Início da carreira
Sua carreira teve início, em meados da década de 1960 por meio do Movimento Cineclubista, que ajudou a formar uma geração de cineastas brasileiros em uma época na qual não existiam escolas de cinema no Rio de Janeiro, em uma conjuntura de crescente politização dos movimentos artístico-culturais.
Em 1968, tornou-se presidente da Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro. Naquele ano, também atuou como assistente de direção de Paulo Alberto de Barros, que seria posteriormente conhecido como “Artur da Távora” no curta-metragem Fantasia para Ator e TV, produzido por Zelito Viana (Mapa Filmes) e realizou seu primeiro documentário, sobre a Revolta da Chibata, após conhecer o marinheiro João Cândido por intermédio de Ricardo Cravo Albin, então diretor do Museu de Imagem e Som (MIS-RJ), e de Adalberto do Nascimento Cândido, o Candinho.
Entretanto, devido à situação de repressão política vigente na época da ditadura militar brasileira, o filme foi queimado pelo responsável pela guarda dos negativos originais.
Em outubro de 1969, Elmar Soares de Oliveira, um dos integrantes da Federação de Cineclubes, sequestrou um avião comercial brasileiro e levou-o para Havana. Pela suposta ligação com Elmar, Silvio tornou-se réu de um Inquérito Policial Militar, mas com a ajuda do Coronel Aviador Afrânio Aguiar, conseguiu se desvincular das acusações.[1]
Vida no exterior
Em 1970, entusiasmado com a vitória de Salvador Allende no Chile decidiu mudar-se para aquele país, onde chegou em 10 de novembro, seis dias após a posse do novo presidente. Naquele país trabalhou na Chilefilms, na Editora Nacional Quimantú e realizou um filme sobre a política governamental chilena intitulado La Cultura Popular Vá!.
Em 1972, viajou para a França para dar continuidade a seus estudos em cinema, onde, também desenvolve trabalhos com o grupo “Société pour le Lancement des Oeuvres Nouvelles” (SLON), posteriormente denominado Image, Son, Kinescope et Réalisations Audiovisuelles (ISKRA), ligado à Chris Marker.
Em Paris, conheceu Jean Rouch, por intermédio de Pierre Kast, que lhe incentivou a cursar a Especialização em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais, no Musée Guimet, tendo concluído essa especialização em 1973.
Em 1975, formou-se em História, pela Universidade Paris VII, nessa época também participou do seminário "L’ Histoire pour quoi faire", organizado pelo Departamento de História daquela Universidade, que contou com a presença de intelectuais como Jean Chesneaux e Pierre Vidal-Naquet, e participou da primeira turma do Curso de Cinema e História orientada por Marc Ferro.
Em 1976, obteve Mestrado em Cinema e História pela École des Hautes-Études/Paris VII – Sorbonne, tendo elaborado uma tese sobre Joris Ivens.[1]
Em 1977, ministrou o curso pioneiro de Cinema e História na PUC-Rio. Em 1979, passou a integrar o corpo docente do Departamento de Comunicação Social daquela universidade onde leciona por muitos anos.
Seus filmes Jango e Anos JK, apesar de falarem sobre o golpe militar de 1964 e a democracia, foram lançados ainda durante a ditadura militar, em 1984 e 1980 (já no período da abertura política e após a anistia, no governo de João Figueiredo), respectivamente. A partir de então, continuou produzindo uma série de documentários que conquistaram diversos prêmios de público e crítica, divulgando a cultura e a história brasileira para o resto do mundo.
Em 2003, recebeu a Medalha Juscelino Kubitschek do Ministério da Cultura, por ocasião do centenário de nascimento de Juscelino Kubitschek. Naquele ano, também foi homenageado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro com inauguração da Sala de Cinema Silvio Tendler em São João de Meriti.[1]
Em 2009 lançou Utopia e Barbárie, filme que demorou 19 anos para ser concluído e que foi filmado em 15 países, tendo sido considerado pelo jornalista Mauro Santayana como uma obra-prima. "Sua visão pessoal do que foram o mundo e o Brasil neste período é antológica, para dizer o mínimo, e representa o clímax de uma carreira."[7]
De 2011 a 2014, lançou três médias compondo a Trilogia da Terra, que alertam sobre os riscos dos agrotóxicos na alimentação e defendem "um Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, baseado no fortalecimento da agricultura familiar e na democratização do acesso à terra através da reforma agrária".[8]
Em 2011, foi homenageado com uma Mostra de Cinema "O Documentário Segundo Silvio Tendler" realizada pela IBRACINE – Ibero Brasil Cine Festival.[1]
Também 2011, Tendler sofreu uma grave doença que o deixou tetraplégico. Após uma delicada operação na medula, ele foi aos poucos recuperando os movimentos e a vontade de fazer novos filmes. O documentário A Arte do Renascimento, de Noilton Nunes, registra esse momento da vida do cineasta.[9]
Em 2016, no Colégio Cataguases, foi homenageado com a inauguração de um cineclube em seu nome, Cineclube Sílvio Tendler. A iniciativa foi fruto de uma parceria entre o Projeto Escola Animada, do Polo Audiovisual Zona da Mata, e o IF Sudeste MG que funciona nas dependências desta escola.[10]
Grande parte da obra de Tendler pode ser conferida gratuitamente em seu próprio canal no Youtube, Caliban Cinema e Conteúdo[11].
Filmografia
Longa-metragens
La Spirale (1975) - como assistente de direção de Chris Marker - sobre os eventos que ocorreram no Chile, desde de a eleição de Salvador Allende, até o Golpe Militar.[1]
Seleção Oficial do Festival de Cannes (2004). "Hor concours"
Festival de Cinema de Brasília (2003): melhor filme pelo júri popular, prêmio da crítica e dos pesquisadores.
Festival de Cinema do Rio (2003)
Jornada do Cinema em Salvador (2003)
Festival de cinema e Vídeo de Cuiabá (2004): melhor produção, melhor roteiro.
Festival Tiradentes (2004)
Exibição na Mostra do Cinema Brasileiro na América Latina, Festival de Trieste na Itália e Mostra do Amanhã em Roma e Padova, na Itália, Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano.
Tancredo, a Travessia (2011), mostra a trajetória de Tancredo Neves (1910-1985) e compõe trilogia com os já lançados Anos JK (1980) e Jango (1984).[24][25][26]
Memória do Aço (1987) - História da formação da indústria siderúrgica no Brasil, desde a instalação da primeira fábrica de ferro até o ano de 1986.[34]
Aprender, Ensinar e Transformar (1988) - Sobre um Projeto de Educação Básica desenvolvido na Baixada Fluminense que utiliza o método Paulo Freire.[35]
Conceição das Crioulas: Vestígios de Quilombo (1996)[44]
Envira (institucional - 1997) - sobre o Programa de Alfabetização realizado pela Comunidade Solidária do Governo Federal e adotado pela UNESCO, na cidade de Envira no Amazonas.[1]
Abrindo Espaços (Institucional) (2002) - Vídeo institucional sobre um programa apoiado pela UNESCO que mantém as escolas abertas abertas nos finais de semana para atividades culturais e desportivas.[73][74]
Fragmentos do Exílio (2003) - sobre pessoas que foram obrigados ao exílio durante as ditaduras militares na América Latina[75]
Correndo Atrás dos Sonhos - (Institucional) (2004) - sobre Projeto Tempo Livre, desenvolvido pelo Serviço Social do Comércio (SESC) no estado do Rio de Janeiro que apoiou diversas atividades culturais no interior do Estado.[78]
Giáp, Memórias Centenárias da Resistência (2011), homenagem ao centenário do general Võ Nguyên Giáp.[84][85]
J. Carlos - O Cronista do Rio (2013) - em parceria com Norma Bengell - J. Carlos, chargista, ilustrador e designer considerado um dos maiores representantes do estilo art déco no design gráfico brasileiro.[86]
O Brasil na Terra do Misha (2013) - narra a participação da seleção olímpica brasileira nas Olimpíadas de 1980. 26min. HD. Exibida ESPN.[87][88][89]
Cinco Vídeos para a Mostra Saudades do Brasil A Era JK (1992)
Pílulas Históricas (2002), três episódios de 26 min.: "O Brasil de JK"; "Reforma, Revolução e Contra-revolução" e "Os Anos de Chumbo e a Redemocratização";[95]
Preto no Branco — A Censura Antes da Imprensa (2009) - com dois episódios de pouco menos de 30 min (A Censura antes da Imprensa (26’25”) e O ofício das Palavras (29’32”)) - Destaca que Portugal foi um dos últimos países europeus a permitir a impressão de livros e que essa atividade não era permitida no Brasil, diferentemente do que ocorria nas colônias espanholas. Também conta a história de Hipólito da Costa, pioneiro da imprensa brasileira.[100]
Criado em 2007, o Concurso Silvio Tendler de Vídeos sobre Responsabilidade Social das IES é uma iniciativa do setor do ensino superior brasileiro e homenageia o cineasta em virtude da sua valiosa colaboração para o cinema brasileiro. A ação faz parte da Campanha da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular,[101] promovida anualmente pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).[102] Podem concorrer vídeos produzidos em quatro categorias: documentário, cobertura jornalística, vídeo institucional e videoclipe.