De grande antiguidade, chamaram-lhe Cortiçada, nos seus primeiros anos, nome que só no século XVI foi definitivamente abandonado em favor do actual. A justificação daquele não se afigura difícil, devendo relacionar-se com a abundante produção de cortiça ou elevado número de colmeias (também chamados cortiços) que, em tempos, foram de grande importância na região.
O topónimo Proença, por seu lado, suscita maiores dúvidas.[7] O sábio filólogo Leite de Vasconcelos opina que se relaciona com a «religião em geral», de proveniência francesa e outros autores aproveitaram a ideia para o filiar em Provença sem, no entanto, deixarem de observar que nada mais permite essa aproximação; é que nem há notícia de que os habitantes do velho país das Gálias tenham vindo fixar-se na Lusitânia, nem é de comparar regiões de características tão distintas.
Forais
“«...nove légoas da villa do Crato para norte, e sete da villa de Castello Branco para o poente, está situada a villa de Proença, a quem deo foral El-Rey D. Afonso, o Terceiro. He povoação de 150 vizinhos». ”
— Padre C. da Costa, em Corografia Portuguesa.
Do longo período que medeia a presumível fundação da vila e a data do seu primeiro foral não há quaisquer notícias. Mas é facil imaginar o que terá sido a vida dos seus poucos habitantes: a pastorícia era a ocupação preponderante, tanto nos períodos de paz como naqueles em que as surtidas de povos rivais os obrigava a permanecer nos montes, fora do caminho dos contendores; a agricultura fazia-se nas terras baixas, férteis e de fácil irrigação; a caça, então muitíssimo abundante e variada, proporcionaria outro dos mais importantes meios de sustento. Frugais e reservados terão vivido isolados, em número restrito, não admirando que a povoação pouco tenha evoluido até ser doada aos Monges da ordem do Hospital. Estes, colaborando com os primeiros reis no esforço de repovoamento e estabilização das populações nos locais mais ricos e de maior importância estratégica, adoptaram diversas medidas, desde a criação de defesa de novas terras até à concessão de forais portadores de regalias de vária ordem, àquelas que os justificassem. E foi assim que, em 1244, o prior de Hospital, frei Rodrigo Egídio, deu a Proença-a-Nova o primeiro foral.
A aceitação deste foral, concedido a Proença-a-Nova, não é pacífica. Proposta por Franklim e desenvolvida pelo Padre Manuel Alves Catarino na sua valiosa monografia «Concelho de Proença-a-Nova», tem opositores em Pinho Leal e A. Costa que, por seu lado defendem a doação de foral feita por D. Afonso III em 1242. Américo Costa, no seu «Dicionário», depois de referir tal concessão pelo «Bolonhês», afirma: pretendem alguns que este foral se não refere a Proença-a-Nova, mas à «Quinta das Cortiçadas», lugar da freguesia de Fornelos, concelho de Santa Marta de Penaguião».
D. Manuel I reformou todos os forais, cabendo o Foral Novo a Proença-a-Nova em 1512.
Pormenor curioso do documento Manuelino é a designação de Proença-a-Nova, surgida logo em título: Foral dado a Vila Melhorada, que se chamava Cortiçada». Essa designação conservou-se durante algum tempo mas não vingou pois, em fins desse século já ninguém falava em Vila Melhorada mas, como hoje, em Proença-a-Nova.
Em 1789, o Priorado do Crato foi integrado na Casa do Infantado, criada por D. João IV, perdeu autonomia e os seus bens passaram definitivamente para os novos senhores em 1833, quando da extinção do Priorado. Mas foi por pouco tempo, pois logo em 1834 o Infantado foi extinto.
O concelho Proença-a-Nova passou, então, para o Distrito de Santarém e, em Novembro do ano seguinte para o de Castelo Branco, onde se manteve.
Até 1554, o concelho era constituido por uma só freguesia. Nesta data foi desmembrado e nasceu a de São Pedro do Esteval. Algum tempo mais tarde foi a vez de Peral ser elevada a idêntica categoria, também à custa de Proença.
Em meados do século XIX a área do concelho conheceu sucessivas alterações, motivadas pelos diveros ensaios de reorgaização administrativa que o governo promoveu. Assim, em 1837 foram-lhe anexadas as freguesias de Cardigos e Sobreira Formosa, cujos concelhos acabavam de ser extintos. No mesmo anos ou no ano seguinte, foram-lhe retiradas. Em 1838 foi a vez de Cimadas e Montinho das Cimadas deixarem de pertencer a Proença-a-Nova e passarem ao concelho de Vila de Rei; mas, também desta vez a ideia nao foi avante: o povo das duas povoações reclamou contra tal mudança alegando a distância a que ficava da nova sede e as dificuldades em atravessar as ribeiras que ficavam no caminho, sendo atendidos. Em 1855 o concelho de Sobreira Formosa foi extinto, outra vez, e de novo integrado no de Proença-a-Nova.
No ano de 1867 um curioso questionário superiormente apresentado aos dirigentes da Câmara e as respectivas respostas, permitem-nos uma visão bastante precisa da situação do concelho: «1º. deve o concelho ficar como está ou devem anexar-se-lhe algumas freguesias? Responderam que tinham fogos suficientes, misericórdia, botica, médico, que tinha bons edifícios públicos e particulares, boas fontes e largos, era muito central e cabeça de círculo cem para deputados. 2º. Quais os concelhos que se lhe devem anexar? Resposta: Vila de Rei e Oleiros, o 1º com 2310 fogos e o 2º com 2100. 3º. Qual deve ficar para sede de concelho e se é de fácil acesso? Responderam que devia ficar em Proença-a-Nova e que os principais ribeiros tinham pontes, e ficaria com 6450 fogos; 4º. Fica em Vila ou aldeia? Tem ente que saiba ler e escrever para os lugares públicos? Tem casa própria? Tem identidade de costumes? Responderam que tinha casa própria em Proença, que havia muita gente idónea para os cargos públicos, e que viviam na melhor das harmonias, etc. 5º. Devem anexar-se concelhos inteiros ou só freguesias? Resposta: para ficar com 6000 fogos concelhos inteiros, para ficar com 3 mil e tantos bastam as freguesias de Carvoeiro, Amêndoa, Cardigos e Ermida».[8].
Em fins de 1867 uma administração revolucionária, proposta por Fontes Pereira de Melo, extinguiu grande número de concelhos anexando-os a outros. Proença-a-Nova recebeu Belver, Mação, Envendos, Carvoeiro, Amêndoa, Vila de Rei, Fundada, São João do Peso, Cardigos, Isna. Mas essa reforma foi de tal modo recebida que o governo teve de demitir-se e, um mês depois, um Decreto dos novos governantes restabelecia a anterior divisão.
Finalmente, em 1896 foi-lhe tirada a freguesia de São Pedro do Esteval e anexada a de São João do Peso. Em 1898, mais uma vez a divisão foi alterada, saindo São João do Peso e regressando São Pedro do Esteval, mantendo-se invariável desde então (embora alguns, mais bairristas, tenham feito esforços desesperados para conseguir a anexação de Cardigos, muito justa, ao que dizem).
Invasões Francesas
O século XIX trouxe também a Proença-a-Nova os horrores da guerra com as Invasões Francesas.
Os súbditos de Napoleão chegaram em 1807, comandados pelo famigerado Loison e, na sua marcha em direcção a Abrantes atravessaram Proença, destruindo tudo o que os pobres moradores tinham nos seus lares. Eles, avisados, estavam escondidos nos montes vizinhos, inacessíveis e desconhecidos. Mesmo assim as barbaridades cometidas pelos franceses foram tais, que, dezenas de anos depois, ainda o povo se lembrava horrorizado.
Lutas Liberais
As lutas liberais vieram de seguida. Em Proença todos aceitavam o absolutismo, porque bem doutrinados desde o Senhorio da Ordem de Malta, ao Priorado do Crato, à Casa do Infantado. No entanto, ouvindo falar com exaltação da Liberdade, palavra que admirava sem compreender, o povo começou a agitar-se e decidiu-se pelo Liberalismo... Assim, quando em Maio de 1828 o general Visconde de São João da Pesqueira acampou na vila com o Regimento de Cavalaria 11 que levava em direcção a Coimbra para combater um grupo insurrecto, as tropas revoltaram-se, juntando-se aos revultosos. Ora, consta que a influência do povo de Proença foi decisiva para a resolução dos soldados de Cavalaria 11!
Vias de Comunicação
As comunicações eram praticamente inexistentes, podendo afirmar-se que até 1879, Proença-a-Nova esteve isolada do resto do país. Nesse ano construíu-se a Estrada nº 12-1ª, de macadame, que vinha da Sertã ao encontro da Estrada n.º 10 (de Abrantes a Castelo Branco) juntando-se perto do lugar de Vale D'urso. Em seguida abriram-se diversos caminhos entre as povoações do concelho e construiram-se novos pontões sobre as ribeiras da maior caudal.
Os Correios, em fase de grande expansão, também se regularizaram. A primeira medida nesse sentido surgiu em 1833 com a nomeação de um estafeta para a Sertã, encarregado de fazer uma expedição semanal às terças-feiras. Em 1837 o estafeta passou a servir Oleiros e Vila de Rei - além da Sertã e Proença-a-Nova - e tinha por sede São Pedro do Esteval onde passava o correio de Castelo Branco a Lisboa. Nesta data já a distribuição e recolha da correspondência se fazia duas vezes por semana. em 1876 o volume de correspondência acarretava grandes problemas ao sistema de distribuição praticado, tanto mais que se recebia da Sertã o que provinha do Norte e de Abrantes aquele que era originário de Lisboa e Castelo Branco. A Câmara requereu, por isso, a criação de uma delegação em Proença-a-Nova, mas não foi atendida. Em 1881 fez nova insistência pedindo, desta vez, um lugar de carteiro, o serviço permanente de mala-posta e a instalação da rede telegráfica. Esta veio a ser instalada em primeiro lugar, no ano de 1889, e a estação de correio no início do século XX.
Pessoas ilustres
Pedro da Fonseca (1528—1599) nascido em Proença-a-Nova, foi um filósofo e teólogo jesuíta, conhecido na sua época como o "Aristóteles Português". Era um mestre em grego e árabe cuja erudição lhe facultava uma linha de ideias próprias em relação a temas desenvolvidos por Tomás de Aquino e Aristóteles. As suas obras principais foram nas áreas da lógica e da metafísica
António Ribeiro Cristóvão (1939— ), ex-deputado, radialista, comentador desportivo, apresentador de TV e antigo Presidente da Assembleia Municipal de Proença-a-Nova, a sua terra natal, de 2001 a 2005.
Nilton (1972—), nasceu em Angola mas foi em Proença-a-Nova, terra de onde é natural parte da sua família, que passou parte da sua infância e a sua adolescência. É um humorista e apresentador de televisão.
Rodrigo Tavares (1978—) é professor universitário, administrador de empresas e colunista na imprensa. Selecionado como Young Global Leader pelo Fórum Económico Mundial. Os seus avós maternos e mãe são naturais de Proença-a-Nova.
Inês Cardoso (1975—), jornalista e escritora. É diretora do Jornal de Notícias. Natural de Proença-a-Nova.
Geografia
Território
Área: 395,4 Km2
Densidade Populacional (2005): 23,2 Hab/Km2
Perímetro: 146 Km
Comprimento máximo - Norte-Sul: 34 Km
Comprimento máximo - Este-Oeste: 26 Km
Altitude Máxima: 951 m
Altitude Mínima: 125 m
Evolução da População do Município
Historical population
Ano
Pop.
±%
1864
8 842
—
1878
9 420
+6.5%
1890
10 358
+10.0%
1900
11 451
+10.6%
1911
13 844
+20.9%
1920
13 628
−1.6%
1930
14 973
+9.9%
1940
18 183
+21.4%
1950
18 927
+4.1%
1960
17 552
−7.3%
1970
13 805
−21.3%
1981
11 953
−13.4%
1991
11 088
−7.2%
2001
9 610
−13.3%
2011
8 314
−13.5%
2021
7 167
−13.8%
De acordo com os dados do INE o distrito de Castelo Branco registou em 2021 um decréscimo populacional na ordem dos 9.3% relativamente aos resultados do censo de 2011. No município de Proença-a-Nova esse decréscimo rondou os 13.8%.
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto" (**), ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)
Política
Presidentes Eleitos
2021–2025: João Manuel Ventura Grilo de Melo Lobo (PS)
2017–2021: João Manuel Ventura Grilo de Melo Lobo (PS)