A imigração tcheca no Brasil foi o movimento migratório ocorrido principalmente nos séculos XIX e XX de tchecos para várias regiões do Brasil.
Embora os checos representem proporcionalmente uma pequena parcela do total de imigrantes que desembarcaram no Brasil, a imigração tcheca é significativa quando considerada em valores absolutos. O peso da imigração tcheca ainda é marcante em vários aspectos do dia a dia de certas regiões do país.[1][2] Há aproximadamente 5 mil tchecos e descendentes no Brasil.[3]
Os primeiros tchecos
Os primeiros tchecos de etnia eslava a pisar o solo brasileiro foram, provavelmente, membros da Companhia de Jesus, ainda no século XVII como, por exemplo, o jesuíta Valentin Stansel da cidade de Olomouc.[4] Os primeiros imigrantes a desembarcar no Brasil se dirigiram para Minas Gerais no ano de 1823.[5] Dentre eles, encontrava-se um carpinteiro de Třeboň, Jan Nepomuk Kubíček, um dos bisavós maternos do ex-presidente Juscelino Kubitschek.[6][7][8]
Em 1893 foi organizado um grupo de imigrantes para o Brasil e cerca de 8 famílias desembarcaram no Rio de Janeiro, vindos principalmente das regiões das cidades de Roveň e Madějov. A intenção do grupo era se dirigir para Santa Catarina e se juntar com demais colonos, mas as famílias se decidiram se fixar em São Paulo. Logo fundaram uma escola tcheca e em 1895 esses imigrantes fundaram também uma associação tcheca em São Paulo, sendo que em 1993 recebeu o nome de União Cultural Tcheco Brasileira.[5]
Século XX
Ao longo do século XX, chegaram ao Brasil três grandes ondas de imigrantes tchecos. A primeira ocorreu nos anos de 1930. Novos imigrantes entraram no país a partir de 1948, aquando do golpe comunista na Tchecoslováquia. Por fim, uma terceira onda iniciou-se a partir de 1968, após a invasão da Tchecoslováquia pelas tropas do Pacto de Varsóvia.
Distribuição geográfica
A maioria dos tchecos que chegaram ao Brasil fixaram-se na região sul do país. Nesses estados, os primeiros imigrantes começaram a chegar ainda no século XIX, tornando-se, frequentemente, uma minoria em áreas de colonização majoritariamente alemã ou polonesa.
No Rio Grande do Sul, distribuíram-se principalmente na região da Serra Gaúcha (notavelmente no município de Nova Petrópolis), no Litoral Norte, na região das Missões e na Depressão Central.[13] Em Ijuí no noroeste gaúcho, a principal figura tcheca para a história da imprensa do interior do estado foi Robert Löw, fundador do jornal Die Serra-Post. No noroeste gaúcho, muitos tchecos acabaram por imigrar com passaporte austríaco, principalmente na década de 1890[14].
No Paraná, os tchecos estabeleceram-se principalmente na região norte do estado, nos municípios de Londrina, Rolândia e Cambé, entre outros. Na região de Londrina, destaca-se o distrito rural de Warta, onde tchecos e polacos disputaram as terras disponíveis para o cultivo de café entre os anos de 1932 até a década de 1940, ao passo que, em Cambé, fixaram-se na parte alta da Colônia Bratislava entre os anos de 1931 e 1932.
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No século XX, muitos tchecos migraram também para a região centro-oeste do Brasil. Esses imigrantes chegaram principalmente nas décadas de 1940 e 1950, liderados por Jan Antonín Baťa, irmão de Tomáš Baťa, ambos empresários da indústria de calçados que haviam deixado a Tchecoslováquia após a ocupação dos Sudetos pelos nazistas em 1938. Jan Baťa fundou várias cidades no Brasil: Batayporã, Bataguassu, Batatuba e Mariápolis.
A colonização de parte da região sudeste do Mato Grosso do Sul foi possível graças à Companhia Viação São Paulo-Mato Grosso do Sul, propriedade de Baťa administrada por Vladimir Kubik.[17]
Cultura
Muitos dos imigrantes trouxeram consigo tradições culturais. Algumas tradições ainda são mantidas por algumas famílias, como a culinária, a arte e a música.[18] A culinária tcheca é marcada pelo uso de carne suína em diferentes pratos, bem como pratos servidos com ganso, pato e coelho. Os imigrantes também era apreciadores de enchidos, como salsichas, patês, e carnes defumadas e curadas, além de pães, sopas e queijos, utilizando ainda ingredientes como batata, aveia, milho, trigo e outras sementes e grãos.[19][20][21]
A cerveja é uma bebida bem tradicional entre os descendentes, visto que a República Tcheca possui cervejarias desde o ano de 933 e possui um dos maiores consumo de cerveja per capita do mundo.[18][22] Vários doces e sobremesas são encontrados na cultura tcheca, como bolos, tortas, natas, chocolates e crepes.[23] No Brasil os hábitos gastronômicos desses imigrantes foram assimilados a culinária germânica ou eslava, como a polonesa. Um dos pratos muito apreciado pela comunidade é a carne de porco assada acompanhada com repolho (chucrute).[19]