O Festival Eurovisão da Canção de 1999 (em inglês: Eurovision Song Contest 1999, em francês: Concours Eurovision de la chanson 1999 e em hebraico: אירוויזיון 1999) foi o 44º Festival Eurovisão da Canção e realizou-se em 29 de maio de 1999 em Jerusalém. O local escolhido para o concurso foi o Centro Internacional de Convenções. Os anfitriões do espectáculo foram Yigal Ravid, repórter de televisão, Dafna Dekel, cantora que representou Israel em 1992, e Sigal Shahamon, modelo e actriz. A vencedora do concurso foi Charlotte Nilsson, que representou a Suécia com "Take Me to Your Heaven", que obteve 163 pontos. Esta foi a quarta vitória da Suécia no concurso e a segunda na década de 1990 (após a vitória de Carola em 1991).
Houve certa controvérsia na hora de designar qual seria a sede da edição de 1999, devido à complicada situação geopolítica de Israel e também á oposição de grupos de judeus ultra ortodoxos, se diz que a edição de 1999 deveria-se nalguma cidade do Reino Unido ou Malta (respectivamente, o segundo e o terceiro lugar). Pelo que finalmente a cidade escolhida foi Jerusalém, e o Centro Internacional de Convenções como a sede do festival.
Regras já antigas da Eurovisão foram abolidas nesta edição, tais como: a regra que cada país tinha que cantar numa das suas línguas nacionais foi abolida pela primeira vez desde 1977. A maioria dos países participantes, quatorze dos vinte e três participantes, escolheu cantar, total ou parcialmente, em inglês e apenas oito inteiramente em suas respectivas línguas nacionais; Lituânia, Espanha, Croácia, Polónia, França, Chipre, Portugal e Turquia. Além disso, a música ao vivo tornou-se opcional, pela primeira vez na história da competição. A IBA (estação arfintriã) aproveitou-se disso e decidiu abandonar a orquestra da Eurovisão, como forma de economizar dinheiro para o espetáculo. Isso significava que, pela primeira vez, todas as canções a concurso tiveram o uso de uma faixa de apoio durante suas atuações.[7] Isso causou controvérsia para os tradicionalistas da Eurovisão, como o vencedor Johnny Logan criticando o movimento, que descreve agora o evento como um "karaoke".[8]
A Letónia tinha intenções de participar na Eurovisão, pela primeira vez, mas retirou-se numa fase tardia. Isso deu a Hungria a oportunidade de participar; no entanto, a Magyar Televízió decidiu não participar. Isso permitiu a Portugal ser o 23º país a concurso nesse ano.[7]
Áustria, Bósnia e Herzegovina, Dinamarca e Islândia voltaram ao concurso, depois de ter sido relegado de competir em 1998. A Lituânia também retornou ao Festival, pela primeira vez em cinco anos. A delegação lituana tinha tido problemas de orçamento para enfrentar, e por isso a UER permitiu que os lituanos chegassem a Israel um dia mais tarde do que todos os outros. A primeira delegação, por outro lado a deslocar-se á Terra Santa foi a da Estónia.[7]
Depois de ter sido relegado na edição de 1998, o Perviy Kanal (televisão russa) tinha decidido não transmitir a edição desse ano, a fim de permitir um retorno forte em Israel. No entanto, como apenas os países que tinham transmitidos a edição do ano anterior foram autorizados a entrar concurso do próximo ano, a Rússia foi forçada a perder mais um ano. A eles se juntaram a Finlândia, a Grécia, a Macedónia, a Roménia, a Eslováquia e a Suíça; os países com as menores pontuações médias ao longo dos cinco anos anteriores.
Os favoritos á vitória eram Selma da Islândia com "All Out of Luck", e Marlain do Chipre com "Tha 'Ne Erotas", depois de uma pesquisa de internet por fãs. Mas, enquanto a Islândia terminou em segundo lugar (a melhor participação do país no concurso), o Chipre não conseguiu inspirar televotos, terminando em penúltimo, com apenas dois pontos, ambos do Reino Unido.[7][8]
Na preparação para o concurso, muitos especularam que o evento não seria realizado em Israel, mas sim em Malta ou no Reino Unido (os países que completaram o top 3 do concurso em 1998). Treze participantes dos 23 escolheram para cantar a língua inglesa, total ou parcial. Além disso, a música ao vivo tornou-se opcional, pela primeira vez na história do concurso. A IBA aproveitou disso e decidiu abandonar a orquestra do Concurso, como forma de economizar dinheiro para o espectáculo.
As regras desta edição foram publicadas em setembro de 1998.[9]
Cartões postais
Os cartões postais desse ano foram filmes pré-gravados que seriam mostrados entre as canções. Subordinados ao tema da Torá, dos quais muito poucas peças conhecidas são retratados na Bíblia, sobretudo no Antigo Testamento com base em cenas pintadas, um fragmento da Torá desse ano, e ás figuras da animação que ganhavam vida seguiu-se um enredo bem-humorado. As imagens misturavam-se com filmes reais em que foram mostrados os pontos turísticos de Israel. As cenas normalmente não tinha qualquer ligação com o país participante que ocorreria após o cartão postal. As histórias a seguir foram abordadas (indicando a versão do Antigo Testamento):
Quatro das pinturas eram imagens da Bíblia ilustrada por Gustave Doré. Entre as outras pinturas eram obras de vários artistas, incluindo Michelangelo, Albrecht Dürer e Pieter Bruegel, e imagens medievais anónimas.
Votação
19 dos 23 países usaram o televoto, onde, às 10 canções mais votadas, eram atriuídos 12, 10, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 ponto, com um júri de salvaguarda, em caso de erros. Um júri nacional era usado em casos de força maior, em que não se pudesse utilizar o televoto. Nos restantes países, foi usado o júri.
Durante o processo de votação, os apresentadores separaram-se. Yigal Ravid tomou seu lugar na ponte e conduziu a votação, enquanto que Dafna Dekel e Sigal Shahamon se instalaram na green room com os artistas e delegações.
Pela primeira vez, cada delegação foi individualmente seguida por uma câmara. A tela dividida permitia mostrá-los todos de uma vez. Os espectadores poderiam, portanto, ver todos os artistas. A produção também fez um plano sistemático de cada um recebendo "doze pontos."
Quando sua vitória tornou-se certa, a representante sueca, Charlotte Nilsson, se levantou e foi para beijar o representante islandês, Selma, que terminou em segundo.
Prémio Barbara Dex
Pela terceira vez, o fansite House of Eurovision apresentou o Prêmio Barbara Dex, um prémio de humor dado ao artista mais mal vestido a cada ano no concurso. É nomeado após a artista belga, Barbara Dex, que ficou em último na edição de 1993, em que ela usava o seu próprio vestido projetado. A House of Eurovision continuaria a fornecer o Barbara Dex Award até 2016, quando outro fansite da Eurovision, songfestival.be, assumiu as rédeas do prémio e o apresenta todos os anos a partir de 2017.
Durante cerca de 10 meses, todos os países foram escolhendo os seus representantes, assim como as músicas que os mesmos interpretaram em Jerusalém. Para realizar tal selecção, cada país utilizou o seu próprio processo de selecção. Alguns optaram pela selecção interna, que consiste em a televisão organizadora daquele país fazer a escolha; no entanto, por vezes apenas o artista é seleccionado internamente, e a música não. Outros países (a maioria), utilizou um programa de televisão para seleccionar a sua entrada. Quartos de final, semifinais, second-chances e finais, foram realizados durante nos meses antecedentes do Festival (até março) na maioria dos países europeus, cada um com o seu processo próprio.
Predefinição:Participações Individuais ESC1999
A abertura da competição começou com uma animação digital, levando espectadores de Birmingham (cidade anfitriã da edição de 1998) a Jerusalém. A câmera viajou por todos os países europeus, representados por monumentos ou objetos emblemáticos. Um vídeo mostrando um helicóptero sobrevoando Jerusalém à noite segue. A câmera pousou e Dafna Dekel e Sigal Shahamon saíram. Elas viajaram pelas ruas da cidade com um grupo de dançarinos e terminaram o seu percurso na esplanada em frente ao Centro Internacional de Convenções.
Depois de 42 anos onde a orquestra esteve sempre presente no palco de cada edição, a mesma foi abolida, sendo esta a primeira edição onde a orquestra não esteve presente, onde rendeu críticas do vencedor Johnny Logan, que disse que a Eurovisão se tinha tornado num "Karaoke".
A decoração do palco foi inspirada na chegada do novo milénio. Os seus constituintes simbolizavam a eternidade ao longo dos tempos[10]. O palco, quadrante, estava segurado por quatro escadas forradas com tiras de luz. Dez linhas de pontos de luz percorriam o chão e deixvam um pódio de luz rectangular atravessando o palco para fazer avançar o público. Basicamente, a dois passos, foi instalado o principal elemento da decoração: um globo solar rotativo, cercado por quatro quadrantes de metal representando o zodíaco. O globo, deixou nove feixes de luz de cinco ramos cada. Estas vigas foram eles também móveis. Por trás desse elemento foi instalado um ecrã gigante. Em todos os lugares, foram colocados ou suspensos esferas e os globos, lembrando os planetas que giram ao redor do sol. As paredes e o teto do palco foram cravejados com milhares de pequenas bolhas que parecem estrelas distantes e constelações. Finalmente, para o lado direito do palco havia uma ponte que foi utilizado para o processo de votação.
Os cartões postais consistiam em imagens bíblicas confundidas com imagens do dia a dia.
O intervalo foi fornecido por Dana International, que realizou um cover da música de Stevie Wonder "Free", o que causou alguma controvérsia em Israel, devido à letra da canção. Dana International também apareceu no final do espectáculo, dando o troféu a Nilsson. Depois de fingir que o troféu era pesado demais para o levantar, caiu em palco, derrubando os compositores. O show terminou com os três apresentadores convidando todos ao palco para cantar uma versão da versão em inglês de "Hallelujah", a canção vencedora de 1979 por Israel.
"Primeiramente Israel foi forjada em uma nação unificada de Jerusalém há cerca de 3000 anos, quando o rei David tomou a coroa e unificou as doze tribos nesta cidade … por milhares de anos Jerusalém foi a sede da soberania judaica, o lugar da residência dos reis, a localização dos seus conselhos legislativo e judicial. No exílio, o povo judeu veio a ser identificado com a cidade que tinha sido o local de sua antiga capital. Judeus, onde quer que eles estivessem, fizeram preces por sua restauração."; Roger Friedland, Richard D. Hecht. To Rule Jerusalem, University of California Press, 2000, p. 8. ISBN 0520220927
"A caravana de judeus para Jerusalém nunca cessou. Por três milênios, Jerusalém tem sido o centro da fé judaica, sustentando seu valor simbólico através das gerações." Jerusalem- the Holy City, Israeli Ministry of Foreign Affairs, 23 de fevereiro de 2003. Acessado em 24 de março de 2007.
"O centralismo de Jerusalém para o judaísmo é tão forte que mesmo judeus não praticantes expressam sua devoção e apego à cidade e não conseguem pensar no Estado moderno de Israel sem ela… Para os judeus, Jerusalém é sagrada simplesmente porque existe… Ainda que o caráter sagrado de Jerusalém se refira ao 3.º milênio…". Leslie J. Hoppe. The Holy City: Jerusalem in the theology of the Old Testament, Liturgical Press, 2000, p. 6. ISBN 0814650813
"Desde que o rei David fez de Jerusalém a capital de Israel há 3000 anos, a cidade possui papel central na existência dos judeus." Mitchell Geoffrey Bard, The Complete Idiot's Guide to the Middle East Conflict, Alpha Books, 2002, p. 330. ISBN 0028644107
"Para os judeus a cidade é o foco preeminente de sua espiritualidade, cultura, e vida nacional durante três milênios." Yossi Feintuch, U.S. Policy on Jerusalem, Greenwood Publishing Group, 1987, p. 1. ISBN 0313257000
"Jerusalém se tornou o centro do povo judaico há 3000 anos" - Moshe Maoz, Sari Nusseibeh, Jerusalem: Points of Friction - And Beyond, Brill Academic Publishers, 2000, p. 1. ISBN 9041188436
"O povo judeu é estritamente ligado à cidade de Jerusalém. Nenhuma outra cidade possui papel dominante na história, política, cultura, religião, vida nacional e na consciência das pessoas como Jerusalém na vida dos judeus e do Judaísmo. Desde que o rei David estabeleceu a cidade como capital do Estado judeu por volta de 1 000 a.C, se tornou o símbolo e mais profunda expressão da identidade do povo judeu como nação." Basic Facts you should know: JerusalemArquivado em 4 de janeiro de 2013, no Wayback Machine., Anti-Defamation League, 2007. Acessado em 28 de março de 2007.
John L. Esposito (2 de novembro de 2002). What Everyone Needs to Know about Islam. [S.l.]: Oxford University Press. 157 páginas. ISBN0195157133. The Night Journey made Jerusalem the third holiest city in Islam
Leon Carl Brown (15 de março de 2000). «Setting the Stage: Islam and Muslims». Religion and State: The Muslim Approach to Politics. [S.l.]: Columbia University Press. 11 páginas. ISBN0231120389. The third holiest city of Islam—Jerusalem—is also very much in the center…
Leslie J. Hoppe (Agosto 2000). The Holy City: Jerusalem in the Theology of the Old Testament. [S.l.]: Michael Glazier Books. 14 páginas. ISBN0814650813. Jerusalém tem sempre possuído um lugar proeminente no Islão. Jerusalém também é referida como a terceira cidade do Islão…
↑Kollek, Teddy (1977). «Afterword». In: John Phillips. A Will to Survive - Israel: the Faces of the Terror 1948-the Faces of Hope Today. [S.l.]: Dial Press/James Wade. about 225 acre(s)s (0,91 km2)
↑Yehoshua Ben-Arieh (1984). Jerusalem in the 19th Century, The Old City. [S.l.]: Yad Izhak Ben Zvi & St. Martin's Press. 14 páginas. ISBN0312441878