Debate sobre os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki

Explosão nuclear em Nagasaki, Japão, em 9 de agosto de 1945.

O debate sobre os bombardeios atômicos (português brasileiro) ou bombardeamentos atómicos (português europeu) de Hiroshima e Nagasaki diz respeito às controvérsias éticas, jurídicas e militares que cercam bombardeios atômicos dos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki em 6 de agosto e 9 de agosto 1945, no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Apoio à utilização de armamento atômico

Embora os apoiantes do bombardeamento concedam que as autoridades civis japonesas estivessem, desde Janeiro de 1945 e logo a seguir à invasão de Luzon (Filipinas), a enviar cautelosa e discretamente vários comunicados, apontam também o fato de os oficiais militares japoneses, antes do uso da bomba atômica, se oporem em unanimidade a quaisquer negociações.

Embora alguns membros das autoridades civis tenham usado dissimuladamente canais diplomáticos para iniciar as negociações pela paz, por si só não poderiam negociar uma rendição ou mesmo um cessar-fogo. O Japão, sendo uma Monarquia constitucional, apenas poderia entrar num tratado de paz com o apoio unânime do gabinete japonês, e todo esse era dominado por militaristas do Exército Imperial Japonês e da Marinha Imperial Japonesa, sendo todos inicialmente opostos a qualquer tratado de paz. Na altura, chegou-se a uma situação de empate político entre os líderes civis e militares, estando esses últimos cada vez mais determinados a lutar sem olhar custos e eventuais desfechos. No pós-guerra, vários continuaram a acreditar que o Japão poderia ter negociado termos de rendição mais favoráveis caso tivessem continuado a infligir alto nível de baixas nas forças inimigas, terminando, eventualmente, a guerra sem uma ocupação do Japão e sem a mudança de Governo.

O historiador Victor Davis Hanson chama a atenção para a resistência japonesa crescente, fútil como foi em retrospecto, como a guerra veio a sua conclusão inevitável. A Batalha de Okinawa mostrou esta determinação de lutar a todo custo. Mais de 120 mil tropas japonesas e 18 mil tropas americanas foram mortas na batalha mais sangrenta do teatro do Pacífico, somente 8 semanas antes da rendição final do Japão. Na verdade, mais civis morreram na Batalha de Okinawa do que na explosão inicial das bombas atômicas.

Quando a União Soviética declarou guerra contra o Japão em 8 de agosto de 1945 e conduziu a Operação Tempestade de Agosto, o Exército Imperial Japonês ordenou que suas forças na Manchuria lutassem "até o último homem". Entretanto, em apenas três semanas, o Exército da URSS conseguiu destruir a força principal do Exército Imperial japonês que ocupava o norte da China e a Coréia, composta por cerca de 1 milhão de homens.

Alguns historiadores consideram, ainda, que os estrategistas dos Estados Unidos também queriam terminar a guerra rapidamente para minimizar a expansão da influência soviética nos territórios libertados pela URSS da ocupação japonesa. Especialmente porque havia começado a invasão soviética da Manchúria e da Coréia, em agosto de 1945, com uma ofensiva que destruiu rapidamente o Exército Imperial Japonês que ocupava o norte da China. Enquanto isso, em adição aos ataques soviéticos, ofensivas foram programadas para setembro no sul da China e Malásia.

O Major General Masakazu Amanu, chefe da seção de operações nos quartéis generais imperiais japoneses, declarou que estava absolutamente convencido que suas preparações defensivas, que começaram no começo de 1944, poderiam repelir qualquer invasão Aliada de suas ilhas com as mínimas perdas. Os japoneses não desistiriam facilmente por causa de sua forte tradição de orgulho e honra — muitos seguiam o Código Samurai e lutariam até o último homem ser morto.

Após descobrirem que a destruição de Hiroshima fora causada por uma arma nuclear, os líderes civis ganharam mais e mais firmeza em seus argumentos de que o Japão tinha de admitir sua derrota e aceitar os termos da Declaração de Potsdam. Mesmo após a destruição de Nagasaki, o Imperador mesmo precisou intervir para terminar um impasse no gabinete.

Alguns estrategistas americanos acreditavam que o plano de invasão do Japão que teria início em novembro de 1945, a Operação Downfall, teria um alto custo em vidas de soldados dos EUA

Apoiadores do bombardeio também apontaram que esperar que os japoneses se rendessem não era uma opção sem custo — como um resultado da guerra; não-combatentes estavam morrendo por toda a Ásia em uma taxa de cerca de 200 mil por mês. O Bombardeio de Tóquio na II Guerra Mundial tinha matado muito mais de 100 mil pessoas no Japão desde fevereiro de 1945, diretamente e indiretamente. O bloqueio submarino, a operação de minas navais das Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos e a Operação Salvação tinham efetivamente cortado as importações do Japão. Uma operação complementar, contra as ferrovias do Japão, estava prestes a começar, isolando as cidades do sul de Honshu da comida que crescia em outros lugares de suas ilhas. Isso, combinado com o atraso nos suprimentos de alívio dos Aliados, poderia ter resultado em uma estatística de morte muito maior no Japão, devido à fome e à desnutrição - o que a que realmente aconteceu nos ataques. "Imediatamente depois da derrota, alguns estimavam que 10 milhões de pessoas poderiam ter morrido de fome", nota o historiador Daikichi Irokawa.

Os americanos projetavam a perda de muitos soldados na Operação Downfall, que consistiria em duas etapas, a invasão americana no Sul do Japão (na ilha de Kyushu) simultânea à invasão soviética da ilha do norte (Hokkaido), programadas para novembro de 1945 na Operação Olympic, seguida da invasão da ilha principal, Honshu, e da ocupação de Tóquio, que ocorreria na Operação Coronet, programada para março de 1946. Entretanto, os números reais de perdas resultantes da Operação Downfall eram alvo de controvérsias e debates. Basicamente, as perdas dependeriam da persistência, da reabilitação da resistência japonesa e da velocidade com que os americanos conseguiriam ocupar Kyushu (em novembro de 1945), e ainda, se seria realmente necessário o desembarque próximo à baia de Tóquio, projetado para março de 1946. Também havia dúvidas sobre quais seriam as capacidades do Japão de repelir as forças aliadas com o uso de armas químicas, como as que os japoneses utilizaram contra a China.

Anos após a guerra, o Secretário de Estado James F. Byrnes clamou que 500 mil vidas americanas teriam sido perdidas — e esse número tem sido repetido desde então autoritariamente, mas, no verão de 1945, planejadores militares dos EUA projetaram 20 mil - 110 mil mortes em combate da invasão inicial de novembro de 1945, com cerca de três a quatro vezes este número de feridos. (O total de mortes em combate dos EUA em todas as frentes na II Guerra Mundial em quase quatro anos de guerra foram 292 mil). Entretanto, estas estimativas foram feitas usando a inteligência que brutalmente subestimou a força japonesa reunida para a batalha de Kyushu em número de soldados e camicases.

Além disto, a bomba atômica acelerou o fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, liberando centenas de milhares de cidadãos ocidentais, incluindo cerca de 200 mil holandeses e 400 mil indonésios ("Romushas") de campos de concentração japoneses; também, as atrocidades japonesas contra milhões de chineses, tais como o Massacre de Nanquim, tiveram um fim.

Apoiadores também apontam para uma ordem dada pelo Ministro da Guerra japonês em 11 de agosto de 1944. A ordem lidava com a disposição e execução de todos os prisioneiros de guerra Aliados, somando mais de 100 mil, se uma invasão da terra natal dos japoneses acontecesse.

Em resposta ao argumento que a matança de civis em larga escala era imoral e um crime de guerra, apoiadores dos bombardeios tem argumentado que o governo japonês declarou guerra total, ordenando muitos civis (inclusive mulheres e crianças) a trabalhar em fábricas e escritórios militares e lutar contra qualquer força invasora. O padre John A. Siemes, professor de filosofia moderna na Universidade Católica de Tóquio e uma testemunha ocular ao ataque da bomba atômica em Hiroshima escreveu:

Finalmente, apoiadores também apontam os planos japoneses, desenvolvidos por sua Unidade 731, de lançar aviões pilotados por Kamikazes com uma carga de moscas contaminadas por peste bubônica para infectar a população de São Diego, Califórnia. A data alvo era para ser 22 de setembro de 1945, apesar de ser improvável que o governo japonês tivesse permitido que tantos recursos fossem desviados de propósitos defensivos.[2]

Oposição ao uso de bombas atômicas

O Projecto Manhattan tinha sido concebido originariamente como um contra-ataque ao programa da bomba atómica da Alemanha Nazi, e com a derrota da Alemanha, vários cientistas que trabalhavam no projecto sentiram que os EUA não deveriam ser os primeiros a usar tais armas. Um dos críticos proeminentes dos bombardeios era Albert Einstein. Leo Szilard, um cientista que tinha um papel fundamental no desenvolvimento da bomba atómica, argumentou:

O seu uso tem sido classificado como bárbaro, visto que cem mil civis foram mortos, e as áreas atingidas eram conhecidas por serem altamente povoadas por civis. Nos dias imediatamente anteriores ao seu uso, vários cientistas (inclusive o físico nuclear americano Edward Teller) defendiam que o poder destrutivo da bomba poderia ter sido demonstrado sem causar mortes.

O que era originalmente o edifício municipal de promoção industrial tornou-se no Memorial da Paz de Hiroshima, em Hiroshima.

A existência de relatos históricos que indicam que a decisão de usar as bombas atómicas foi feita com o objetivo de provocar uma rendição através do uso de um poder imponente, juntamente com as observações de que as bombas foram usadas propositadamente sobre alvos que incluíam civis, fez com que alguns comentaristas observassem que o incidente foi um acto de terrorismo de estado. O historiador Rober Newman, que é a favor da decisão de lançar as bombas, levou a alegação de terrorismo de estado tão a sério que argumentou que a prática de terrorismo é justificável em alguns casos.[3]

Outros têm alegado que os japoneses já estavam essencialmente derrotados, e portanto o uso das bombas foi desnecessário. O general Dwight D. Eisenhower assim aconselhou o Secretário de Guerra, Henry L. Stimson, em julho de 1945.[4] O oficial de maior patente no Cenário do Pacífico, general Douglas MacArthur, não foi consultado com antecedência, mas afirmou posteriormente que não havia justificativas militares para os bombardeios. A mesma opinião foi expressa pelo Almirante da Frota William D. Leahy (o Chefe de Gabinete do Presidente), general Carl Spaatz (comandante das Forças Aéreas Estratégicas dos E.U.A. no Pacífico), e o brigadeiro general Carter Clarke (o oficial da inteligência militar que preparou cabos japoneses interceptados para os oficiais americanos);[4] Major General Curtis LeMay;[5] e o almirante Ernest King, Chefe das Operações Navais dos E.U.A., e o Almirante da Frota Chester W. Nimitz, Comandante-chefe da Frota do Pacífico.[6]

Eisenhower escreveu no seu livro de memórias The White House Years:

O United States Strategic Bombing Survey escreveu, após ter entrevistado centenas de japoneses civis e líderes militares, depois da rendição do Japão:

No entanto, é de realçar que a pesquisa referida assumiu que seriam necessários adicionais ataques convencionais - com as casualidades directas e indirectas inerentes - para forçar a rendição do Japão nas datas mencionadas no relatório.

Outros críticos[quem?] defendem que o Japão estaria a tentar render-se pelo menos havia dois meses, mas que os Estados Unidos recusavam a rendição pois insistiam que esta deveria ser incondicional. De facto, enquanto que vários diplomatas eram a favor da rendição, os líderes militares japoneses estavam decididos a combater uma batalha decisiva em Kyushu, na esperança de conseguirem negociar melhores termos num futuro armistício - o que os americanos sabiam através da descodificação de comunicações japonesas interceptadas. O governo japonês nunca decidiu em que termos, além da preservação do sistema imperial, aceitaria cessar as hostilidades. Até 9 de agosto, o governo japonês encontrava-se dividido, com os mais conservadores a insistirem que o Japão deveria desmobilizar as suas próprias forças, não deveriam existir tribunais para crimes de guerra nem ocupação. Apenas a intervenção directa do Imperador terminou a disputa e mesmo depois disso, ainda houve uma tentativa militar de golpe de estado falhada para evitar a rendição.[carece de fontes?]

Outra crítica é que os EUA deveriam ter esperado por um breve período a fim de avaliar o efeito da entrada da União Soviética na guerra. Os EUA sabiam, e o Japão não, que a União Soviética havia concordado com declarar guerra ao Japão três meses depois do dia da vitória na Europa; com efeito, os soviéticos de fato realizaram um ataque em 8 de agosto de 1945. A perda de qualquer perspectiva de que a União Soviética poderia servir de mediador neutro para uma paz negociada, aliada à entrada do Exército Vermelho (o maior exército ativo no mundo), poderiam ser suficientes para convencer as forças armadas japonesas da necessidade de aceitar os termos da Declaração de Potsdam (desde que alguma proteção para o Imperador estivesse presente). Como não haveria imediata invasão norte-americana, alega-se[quem?] que os EUA não tinham nada a perder se esperassem alguns dias para descobrir se a guerra poderia ser terminada sem o uso da bomba atômica. A rendição japonesa aconteceu antes que se soubesse da escalada dos ataques soviéticos na Manchúria, na Ilha de Sakhalin, e nas Ilhas Kuril; mas, se a guerra tivese prosseguido, os soviéticos seriam capazes de invadir Hokkaido bem antes da invasão aliada de Kyushu. Outras fontes[quem?] japonesas afirmaram que os bombardeios em si não foram a razão principal para a capitulação. Ao contrário, alegam, foram as rápidas e devastadoras vitórias soviéticas no continente na semana seguinte à declaração de guerra proferida por Stalin que causaram a mensagem de rendição japonesa em 15 de agosto de 1945.[carece de fontes?]

Desumanização

O historiador James J. Weingartner vê uma conexão entre a mutilação de cadáveres de guerra japoneses pelos americanos e os bombardeios.[9] Segundo Weingartner, ambos foram parcialmente o resultado de uma desumanização do inimigo. "[A] imagem generalizada dos japoneses como sub-humanos constituiu um contexto emocional que forneceu outra justificativa para decisões que resultaram na morte de centenas de milhares."[10] No segundo dia após o bombardeio de Nagasaki, o presidente Truman declarou: "A única linguagem que eles parecem entender é aquela que temos usado para bombardeá-los. Quando você tem que lidar com uma fera, deve tratá-la como uma fera. É muito lamentável, mas, no entanto, é verdade".[11]

Intimidar os soviéticos

Em 2003, Nelson Mandela, que se opôs ao Apartheid na África do Sul, disse o seguinte sobre os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.[12]

Essa declaração foi feita quando a guerra do Iraque estava sendo discutida.

Comissão de Vítimas da Bomba Atómica (ABCC)

A Comissão de Vítimas da Bomba Atómica foi uma comissão criada em 1946, de acordo com uma diretiva presidencial de Harry S. Truman. O único objetivo da organização era realizar pesquisas sobre os sobreviventes da bomba atómica, porque acreditavam que "não poderiam ser oferecidos novamente até outra guerra mundial".[13][14] Por isso, esta organização investigou a saúde dos Hibakusha, mas não os tratou de todo. Como resultado, foi criticada pelos Hibakusha como sendo experimental no corpo humano.[15]>[16]

A Comissão de Vítimas da Bomba Atómica também se debruçou sobre a zona de Nishiyama, em Nagasaki. A zona de Nishiyama de Nagasaki situava-se nas montanhas e, embora não tivesse sido danificada pela explosão da bomba atómica, era uma zona onde o corpo humano estava exposto à radiação. Por isso, após a guerra, foram realizados inquéritos sanitários sem informar os habitantes do seu objetivo.[17] Inicialmente, a área de Nishiyama foi inspeccionada pelo Exército dos EUA, mas mais tarde foi entregue à ABCC.

As pessoas da zona de Nishiyama apresentaram um aumento significativo na contagem de glóbulos brancos alguns meses após os bombardeamentos atómicos. Nos animais, a leucemia pode desenvolver-se após a exposição de todo o corpo, pelo que é particularmente interessante ver o que acontece nos seres humanos, e o osteossarcoma também foi identificado em seres humanos após a ingestão oral de materiais radioactivos.[17][18]
Nestas condições, os habitantes da zona de Nishiyama, que não foram diretamente afectados pelos bombardeamentos atómicos, constituem uma população ideal para observar os efeitos da radiação residual.[17][18]

Os EUA continuaram a sua investigação sobre a radiação residual depois de o Japão se ter tornado independente, mas os resultados nunca foram transmitidos aos residentes da zona de Nishiyama.[19] Como resultado, os residentes continuaram a cultivar após a Segunda Guerra Mundial, e o número de doentes com leucemia aumentou e ocorreram casos de morte.[19]

Após os bombardeamentos atómicos, os médicos japoneses quiseram conhecer e estudar os danos reais e realizar investigação para ajudar a curar os hibakusha, mas o GHQ não permitiu que os japoneses realizassem investigação sobre o estado atual dos danos causados pela bomba atómica. Sobretudo, os regulamentos em vigor até 1946 eram rigorosos, o que provocou mais mortes devido à radiação.[20]

Quando um hibakusha coreano Zainichi concebeu filhos gémeos mas morreu pouco tempo depois, em algumas circunstâncias a ABCC tentou mesmo recuperar os corpos dos bebés falecidos.[21] Quando os Hibakusha se recusavam a submeter-se a exames médicos de rotina, a ACCB ameaçava levá-los a tribunal marcial por crimes de guerra. Além disso, quando os Hibakusha morriam, a ABCC visitava pessoalmente as suas casas e removia os seus corpos para autópsias. Acredita-se que pelo menos 1.500 órgãos foram enviados para o Instituto de Patologia das Forças Armadas dos EUA, em Washington, DC.[22]

Teorias marginais

Teorias da conspiração de que os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki foram realizados com uma nova bomba da época de napalm, acompanhada de material nuclear radiológico para fazer crer uma arma de destruição em massa, estão se tornando cada vez mais populares, embora esmagadoramente refutados[23].

Opinião Pública

Nos Estados Unidos

O Pew Research Center realizou uma pesquisa em 2015 mostrando que 56% dos americanos apoiaram os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, enquanto 34% se opuseram.[24] O estudo destacou o impacto das gerações dos entrevistados, mostrando que o apoio aos bombardeios era de 70% entre os americanos com 65 anos ou mais, mas apenas 47% entre aqueles entre 18 e 29 anos. A orientação política também influenciou as respostas, segundo a pesquisa; o apoio foi medido em 74% entre republicanos e 52% entre democratas.[24] Também existem diferenças no apoio e na desaprovação entre grupos étnicos. De acordo com uma pesquisa da CBS News, 49% dos americanos brancos apoiaram os bombardeios atômicos, enquanto apenas 24% dos americanos não brancos os apoiaram.[25]

A aprovação americana aos bombardeios diminuiu substancialmente desde 1945, quando uma pesquisa da Gallup mostrou 85% de apoio e apenas 10% de desaprovação.[26] Quarenta e cinco anos depois, em 1990, outra pesquisa da Gallup encontrou 53% de apoio e 41% de oposição.[26] Uma pesquisa da Gallup em 2005 refletiu os resultados do estudo de 2015 do Pew Research Center, mostrando 57% de apoio e 38% de oposição.[26] Enquanto os dados das pesquisas do Pew Research Center e da Gallup mostram uma queda acentuada no apoio aos bombardeios ao longo do último meio século, cientistas políticos da Stanford conduziram pesquisas que sustentam sua hipótese de que o apoio público americano ao uso de força nuclear seria tão alto hoje quanto em 1945, caso um cenário semelhante, mas contemporâneo, se apresentasse.[27]

Em um estudo de 2017 realizado pelos cientistas políticos Scott D. Sagan e Benjamin A. Valentino, os entrevistados foram questionados se apoiariam o uso de força atômica em uma situação hipotética que mataria 100.000 civis iranianos, em comparação com uma invasão que resultaria na morte de 20.000 soldados americanos. Os resultados mostraram que 59% dos americanos aprovariam um ataque nuclear em tal situação.[28] No entanto, uma pesquisa do Pew de 2010 mostrou que 64% dos americanos aprovaram a declaração de Barack Obama de que os EUA se absteriam do uso de armas nucleares contra nações que não as possuíam.[29]

Em outros países

Em uma pesquisa de 2015, 79% dos japoneses disseram que os bombardeios atômicos não podiam ser justificados, enquanto 14% afirmaram que podiam.[30][31] Em uma pesquisa de 2016, 41% dos britânicos entrevistados disseram que os bombardeios foram a decisão errada, enquanto 28% disseram que foi a decisão certa.[32][33]

Do ponto de vista dos Estados Unidos, os bombardeios atômicos são frequentemente discutidos sob a perspectiva de que reduziram os danos aos soldados. Alex Wellerstein, historiador nuclear do Stevens Institute of Technology, afirma que, enquanto as nações invadidas pelo Japão favorecem os bombardeios atômicos, os europeus geralmente têm uma visão mais crítica. Os europeus ficam impressionados pelo fato de que a maioria dos americanos acredita que os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki foram justificados e moralmente corretos.[34]

A percepção também é muito negativa em países que estão em conflito diplomático com os Estados Unidos. Em 1959, Che Guevara, durante sua visita a Hiroshima, perguntou: “Vocês, japoneses, nunca se irritam com as atrocidades cometidas contra vocês pelos EUA?"[35] O Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou: “Os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica na cidade de Hiroshima em agosto de 1945, massacrando 100.000 pessoas instantaneamente. Um exército tão hegemônico mostra claramente que os EUA são moralmente falidos, ateístas e irreligiosos.”[36]

Na Coreia do Sul, existe uma percepção geral de que os bombardeios atômicos contribuíram para a independência do país.[37] Contudo, a Coreia era uma colônia japonesa na época, e muitos coreanos migraram para o Japão para trabalhar como imigrantes e trabalhadores de guerra, estimando-se que havia dezenas de milhares de hibakusha coreanos.[38][39] Hibakusha coreanos criticaram tanto o Japão quanto os Estados Unidos. As diferenças de atitudes em relação aos bombardeios atômicos foram um obstáculo para o entendimento entre coreanos e coreanos zainichi.[40]

Ver também

Referências

  1. «The Avalon Project : The Atomic Bombings of Hiroshima and Nagasaki». Consultado em 1 de julho de 2016. Arquivado do original em 17 de junho de 2012 
  2. Plans to take the germ war to the US homeland. Consultado em julho de 2016.
  3. Newman, Robert. Enola Gay and the Court of History (New York:Peter Lang Publishing, 2004).
  4. a b «Hiroshima: Quotes». Consultado em 1 de julho de 2016 
  5. «A Bio. of America: The Fifties - Feature». Consultado em 1 de julho de 2016 
  6. «Decision: Part I». Consultado em 1 de julho de 2016 
  7. Eisenhower, Dwight D. The White House Years: Mandate for Change, 1953-56. Garden City: Doubleday. (pg. 312-313)"
  8. United States Strategic Bombing Survey. Japan's Struggle to End the War. Washington: Government Printing Office. Consultado em julho de 2016.
  9. Weingartner 1992.
  10. Weingartner 1992, p. 67.
  11. Weingartner 1992, p. 54.
  12. Nelson Mandela and the Bomb - Huffpost
  13. How a secretive agency discovered the A-bomb’s effect
  14. The Origins of ‘Hibakusha’ as a Scientific and Political Classification of the Survivor
  15. How a Secretive U.S. Agency Discovered the A-Bomb’s Effect on People
  16. [Radiation research foundation to apologize for studying but not treating hibakusha https://mainichi.jp/english/articles/20170617/p2a/00m/0na/016000c]
  17. a b c The Hidden Truth of the Initial A-bomb Surveys (Part 1) NHK
  18. a b "Recommendations for Continued Study of the Atomic Bomb Casualties", Papers of James V. Neel, M.D., Ph.D. Manuscript Collection No. 89 of the Houston Academy of Medicine, Texas Medical Center Library.
  19. a b The Hidden Truth of the Initial A-bomb Surveys (Part 2) NHK
  20. NHK Special (2023). Atomic bomb initial investigation The hidden truth:Hayakawa Shobo pp. 124–125. (原爆初動調査 隠された真実 (ハヤカワ新書) NHKスペシャル取材班 (著) pp. 124–125.) ISBN 978-4-153-40012-2
  21. Hibakusha: 2nd gen. Korean who met pope in Hiroshima vows to pass on A-bomb truth
  22. プロデュースされた〈被爆者〉たち 岩波書店 柴田 優呼 pp121-122 ISBN:9784000614580
  23. https://www.darkmoon.me/2015/the-no-nuclear-bombs-conspiracy-theory/
  24. a b «70 years after Hiroshima, opinions have shifted on use of atomic bomb». Pew Research Center (em inglês). 4 de agosto de 2015. Consultado em 17 de março de 2018 
  25. CBS News poll: What do Americans think of the 1945 use of the atomic bomb?
  26. a b c Inc., Gallup. «Gallup Vault: Americans' Mindset After Hiroshima». Gallup.com (em inglês). Consultado em 17 de março de 2018 
  27. University, Stanford (8 de agosto de 2017). «Americans weigh in on nuclear war | Stanford News». Stanford News (em inglês). Consultado em 17 de março de 2018 
  28. Sagan, Scott D.; Valentino, Benjamin A. (10 de agosto de 2017). «Revisiting Hiroshima in Iran: What Americans Really Think about Using Nuclear Weapons and Killing Noncombatants». International Security (em inglês). 42 (1): 41–79. ISSN 1531-4804. doi:10.1162/ISEC_a_00284 
  29. «Section 4: Foreign Policy». Pew Research Center for the People and the Press (em inglês). 28 de abril de 2010. Consultado em 20 de abril de 2018 
  30. 70 years after Hiroshima, opinions have shifted on use of atomic bomb - Nikkei Asia
  31. Americans, Japanese: Mutual Respect 70 Years After the End of WWII
  32. Younger Americans 'inclined to say dropping the bomb on Japan was the wrong decision' YouGov poll
  33. Revisiting Hiroshima in Iran: What Americans Really Think about Using Nuclear Weapons and Killing Noncombatants Scott D. Sagan, Benjamin A. Valentino
  34. How the Hiroshima bombing is taught around the world
  35. きみたち日本人は腹が立たないのか」チェ・ゲバラは、広島の原爆資料館で憤った。 "Don't you Japanese get angry?" Che Guevara raged at the Hiroshima Peace Memorial Museum.
  36. イラン最高指導者、「広島への原爆投下は覇権主義的な米軍の本質」 Iran's supreme leader, "The bombing of Hiroshima is the essence of the hegemonic U.S. military."
  37. “히로시마 원폭투하, 민간인 공격 금지 국제조약 위반”Hiroshima Atomic Bombing Violates International Treaty Prohibiting Attacks on Civilians
  38. 원폭국제민중법정① 1945년 美 원폭 투하…역사에서 지워진 조선인 10만 명 Atomic Bomb International People's Court① 1945 US atomic bombing...100,000 Koreans erased from history
  39. 埋もれた名前<6>朝鮮半島出身者 多数犠牲、解明には壁 Buried Names <6> Korean Peninsula Native: Many victims, barriers to clarification
  40. 「夢のよう」在日被爆者喜ばせた日韓首脳だが 避けられない歴史問題 Japan-Korea Summit Rejoices A-bomb Survivors in Japan, But Historical Issues Are Inevitable

Ligações externas