Caio Licínio Muciano

Caio Licínio Muciano
Cônsul do Império Romano
Consulado 64 d.C.
70 d.C.
72 d.C.

Caio Licínio Muciano (em latim: Gaius Licinius Mucianus) foi um general romano nomeado cônsul sufecto para o segundo semestre de 64 com Quinto Fábio Bárbaro Antônio Mácer, para o nundínio de julho e agosto de 70 com Quinto Petílio Cereal Césio Rufo e, finalmente, para o período de maio a junho de 72 com Tito Flávio Sabino.[1] Seu nome revela que ele passou, por adoção, da gente Múcia para a Licínia.

História

Como general, foi enviado pelo imperador Cláudio para a Armênia com Cneu Domício Córbulo durante a guerra romano-parta de 58-63. Sob Nero, foi cônsul sufecto 64.

Na época da revolta dos judeus em 66, Muciano estava servindo como governador da Síria, um posto que ele ainda mantinha no confuso ano dos quatro imperadores (69). Porém, Muciano fracassou em sua tentativa de sufocar a revolta e Vespasiano foi enviado para substituí-lo. Depois da morte de Galba (69), os dois (que ainda estavam na Judeia) juraram fidelidade a Otão,[2] mas, quando a guerra civil irrompeu, Muciano convenceu Vespasiano a se levantar contra Vitélio, que havia tomado o trono imperial.[3]

Eles combinaram que Vespasiano seguiria para Alexandria para tomar o vital suprimento de cereais de Roma enquanto Muciano marcharia através da Ásia Menor e da Trácia para atacar Vitélio[4] e Tito, filho de Vespasiano, continuaria a luta na Judeia. No caminho, ele derrotou uma invasão dácia na Mésia. Muciano chegou a Roma um dia depois da morte de Vitélio e encontrou Domiciano, filho de Vespasiano, no comando da situação. A partir daí assumiu o comando da cidade até a chegada de Vespasiano.[5]

Ele jamais vacilou em sua lealdade a Vespasiano, cujas graças ele manteve apesar de sua arrogância. Ele é mencionado também nos registros dos irmãos arvais em 70[6] e é possível que ele tenha sido admitido entre eles depois da chegada de Vespasiano. Contudo, o historiador Ronald Syme admite que ele pode ter sido co-optado in absentia por Galba.[7] Depois, Muciano foi nomeado cônsul sufecto pela terceira vez em 72.[8] Segundo Paulo Gallivan, a data de um de seus três consulados é desconhecida, possivelmente o primeiro. Outros escritores postulam que foi o segundo, que teria sido em 70.

Como Muciano não é mais mencionado no reinado de Tito, é possível que ele tenha morrido antes dele assumir em 79. Syme acredita que ele tenha morrido antes de 78.[9]

Escritor

Um escritor astuto e bom historiador, Muciano colecionou discursos e cartas do antigo período republicano, incluindo o corpus dos procedimentos do Senado Romano ("res gesta senatus") e foi o autor de um livro de memória, que trata principalmente da geografia e da história natural do oriente, um texto citado muita vezes por Plínio como fonte de ocorrências milagrosas.[10][11]

Ver também

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Caio Mêmio Régulo

com Lúcio Vergínio Rufo

Caio Lecânio Basso
64

com Marco Licínio Crasso Frúgio
com Caio Licínio Muciano I (suf.)
com Quinto Fábio Bárbaro Antônio Mácer (suf.)

Sucedido por:
Aulo Licínio Nerva Siliano

com Marco Júlio Vestino Ático
com Públio Pasidieno Firmo (suf.)
com Caio Pompônio Pio (suf.)
com Caio Anício Cerial (suf.)

Precedido por:
Galba II

com Tito Vínio
com Ano dos quatro imperadores

Vespasiano II
70

com Tito I
com Caio Licínio Muciano II (suf.)
com Quinto Petílio Cerial I (suf.)
com Quinto Júlio Cordino (suf.)
com Lúcio Ânio Basso (suf.)
com Caio Lecânio Basso Cecina Peto (suf.)

Sucedido por:
Vespasiano IV

com Marco Coceio Nerva I
com Domiciano I (suf.)
com Cneu Pédio Casco (suf.)
com Caio Calpetano Râncio Quirinal Valério Festo (suf.)
com Lúcio Flávio Fímbria (suf.)
com Caio Atílio Bárbaro (suf.)
com Cneu Pompeu Colega (suf.)
com Quinto Júlio Córdio (suf.)

Precedido por:
Vespasiano III

com Marco Coceio Nerva I
com Domiciano I (suf.)
com Cneu Pédio Casco (suf.)
com Caio Calpetano Râncio Quirinal Valério Festo (suf.)
com Lúcio Flávio Fímbria (suf.)
com Caio Atílio Bárbaro (suf.)
com Cneu Pompeu Colega (suf.)
com Quinto Júlio Córdio (suf.)

Vespasiano IV
72

com Tito II
com Caio Licínio Muciano III (suf.)
com Tito Flávio Sabino II (suf.)
com Marco Úlpio Trajano (suf.)
com Sexto Márcio Prisco (suf.)
com Cneu Pinário Emiliano Cicatricula (suf.)

Sucedido por:
Domiciano II

com Lúcio Valério Cátulo Messalino
com Lúcio Élio Oculato (suf.)
com Quinto Gávio Ático (suf.)
com Marco Arrecino Clemente (suf.)
com Sexto Júlio Frontino (suf.)


Referências

  1. CIL VI, 32360, Roma (Itália); CIL XIV, 2242 = InscrIt. 13-1, 2,7a = AE 2011, 113, Cavo Monte (Itália)
  2. Tácito, Histórias II, 6, 1:
  3. Tácito, Histórias II, 76-77
  4. Tácito, Histórias II, 83-84
  5. Tácito, Histórias IV , 1
  6. CIL VI, 2052, Roma (Itália)
  7. Syme, Some Arval Brethren (Oxford: Clarendon Press, 1980), p. 13
  8. Paul Gallivan, "The Fasti for A. D. 70-96", Classical Quarterly, 31 (1981), p. 188.
  9. Syme, Some Arval Brethren, p. 15
  10. Plínio, História Natural III 59
  11. George Williamson (2005). «Mucianus and a Touch of the Miraculous: Pilgrimage and Tourism in Roman Asia Minor». In: Jaś Elsner and Ian Rutherford. Pilgrimage in Graeco-Roman and Early Christian Antiquity: Seeing the Gods (em inglês). Oxford: Oxford University Press 

Bibbliografia

  • Brunn, L. (1870). Gaius Licinius Mucianus (em inglês). Leipzig: [s.n.] 
  • George Williamson (2005). «Mucianus and a Touch of the Miraculous: Pilgrimage and Tourism in Roman Asia Minor». In: Jaś Elsner and Ian Rutherford. Pilgrimage in Graeco-Roman and Early Christian Antiquity: Seeing the Gods (em inglês). Oxford: Oxford University Press 

Ligações externas