As duas espécies que integram a família Tetramelaceae são em geral grandes árvores (macrofanerófitos) de folhagem decídua (raramente sempre verdes). A madeira é macia e densa. As folhas são de filotaxia alternada, divididas em pecíolos longos e lâminas foliares simples. As lâminas das folhas são em forma de coração (cordadas), geralmente densamente recobertas por tricomas simples que lhes dão um aspecto felpudo, macias, com três a cinco nervuras laterais pinadas. A margem da folha é lisa ou serrilhada. Estas espécies não paresentam estípulas.
As tetrameláceas são dióicas (com plantas femininas e masculinas). As flores ocorrem em inflorescências situadas na parte mais altas da copa das árvores, do tipo panícula composta terminal, longas e flexuosas, pendentes. As inflorescências masculinas são geralmente ramificadas e as femininas geralmente simples. As brácteas caem cedo.
A estrutura da flor é muito diferente nas duas espécies (com um número de peças florais que se reflecte no nome genérico: tetra = quatro e octo = oito): em Tetrameles, as flores são principalmente tetrâmeras e há um duplo perianto; em Octomeles, as flores têm geralmente de 6-8 brácteastepalinas não diferenciadas em cálice e corola. As flores masculinas apresentam quatro estames livres em Tetrameles e seis a oito em Octomeles. Os quatro carpelos (em Tetrameles), ou seis a oito (em Octomeles, são fundidos num ovário ínfero paracárpico, unilocular, com múltiplos óvulos de placentação parietal. Os quatro ou oito estiletes livres são curtos e atarracados e terminam num grande estigma.
O fruto é do tipo cápsula, cada uma contendo 20 a 100 pequenas sementes, de forma ovalada e filamentosas.
Distribuição
Os géneros que integram esta família são nativos das regiões tropicais do Subcontinente Indiano, Sueste Asiático, Arquipélago Malaio e Austrália. A criação da família Tetramelaceae foi proposta em 1965 por Herbert Kenneth Airy Shaw em artigo publicado no Kew Bulletin, 18, p. 267. O género tipo é TetramelesR.Br. Contudo, a primeira publicaçção válida foi feita por Y. Z. Wang e Turland com o artigo Tetramelaceae na obra Flora of China, volume 13, 2007, p. 151.
Usos
A madeira das espécies de ambos os géneros, recolhida em florestas naturais, é utilizada com valor comercial:
Octomeles sumatrana — produz a madeira conhecida comercialmente por benuang, barong ou barousan.[2]
Tetrameles nudiflora — produz madeira resistente a organismos marinhos perfuradores, sendo por isso frequentemente usado na construção naval.[3]
Filogenia e sistemática
As Tetramelaceae agrupam géneros que anteriormente estavam integrados na família Datiscaceae.[4]
A família Tetramelaceae agrupa apenas dois géneros monotípicos, tendo assim apenas duas espécies:
TetramelesR.Br.: contém apenas uma espécie:
Tetrameles nudifloraR.Br.: conhecida pelo nome comum de thitpok (Índia), baing ou sawbya (Burma), mengkundor (Malásia), sompong (Tailândia), spung (Cambodja). Esta espécie produz flores geralmente tetrâmeras (raramente pentâmeras). Esta espe´cie produz madeira de boa qualidade, formando árvores de folha caduca que crescem em altitudes entre 200 e 500 metros no oeste da Índia e no Bangladesh, Sri Lanka e ilhas Andaman, nas regiões tropicais dos Himalaia (do Nepal ao Butão), no sudeste da Ásia, no Arquipélago Indonésio e na Austrália (Queensland). Seu número cromossómico é 2n = 24.[17]
↑Soltis DE, Gitzendanner MA, Soltis PS (2007). «A 567-taxon data set for angiosperms: The challenges posed by Bayesian analyses of large data sets». International Journal of Plant Sciences. 168 (2): 137–157. JSTOR509788. doi:10.1086/509788
↑Renner SS, Schaefer H (2016). «Phylogeny and evolution of the Cucurbitaceae». In: Grumet R, Katzir N, Garcia-Mas J. Genetics and Genomics of Cucurbitaceae. Col: Plant Genetics and Genomics: Crops and Models. 20. New York, NY: Springer International Publishing. pp. 1–11. ISBN978-3-319-49330-5. doi:10.1007/7397_2016_14
↑Kubitzki, K. (ed.),The families and genera of vascular plants, vol. 10, Sapindales, Cucurbitales, Myrtaceae. Berlin: Springer.
↑Zhang, L.-B., Simmons, M.P., Kocyan, A. y Renner, S.S. 2006. Phylogeny of the Cucurbitales based on DNA sequences of nine loci from three genomes: Implications for morphological and sexual system evolution. Molec. Phylog. Evol. 39: 305–322
↑Zhang, L.-B., Simmons, M.P. y Renner, S.S. 2007. A phylogeny of Anisophylleaceae based on six nuclear and plastid loci: Ancient disjunctions and recent dispersal between South America, Africa, and Asia. Molec. Phylog. Evol. 44: 1057–1067
Yinzheng Wang, Nicholas J. Turland: Tetramelaceae., p. 151 - textgleich online wie gedrucktes Werk, In: Wu Zheng-yi, Peter H. Raven, Deyuan Hong (Hrsg.): Flora of China. Volume 13: Clusiaceae through Araliaceae, Science Press und Missouri Botanical Garden Press, Beijing und St. Louis, 2007. ISBN 978-1-930723-59-7 (Abschnitte Beschreibung und Systematik)
Merran L. Matthews, Peter K. Endress (2004). Comparative floral structure and systematics in Cucurbitales (Corynocarpaceae, Coriariaceae, Tetramelaceae, Datiscaceae, Begoniaceae, Cucurbitaceae, Anisophylleaceae). Botanical Journal of the Linnean Society. 145. [S.l.: s.n.] p. 129–185