O Habsburg foi finalizado às pressas depois do início da Guerra Austro-Prussiana em junho de 1866, participando no mês seguinte da Batalha de Lissa. Nesta, não teve uma participação muito ativa de deu apenas disparos de cobertura. Em 1870 foi usado em uma demonstração de força a fim de tentar impedir a anexação de Roma pela Itália. Pouco fez pelo restante de sua carreira devido a orçamentos navais reduzidos. Foi rearmado algumas vezes nos ano seguintes e usado como navio de guarda e alojamento em Pola até ser tirado de serviço em outubro de 1898 e desmontado.
O Habsburg tinha 83,75 metros de comprimento de fora a fora, uma boca de 15,96 metros e um calado médio de 7,14 metros. Seu deslocamento era de 5 210 toneladas. Seu sistema de propulsão consistia em um número desconhecido de caldeiras a carvão que alimentavam um motor a vapor horizontal de expansão única com dois cilindros que girava uma hélice. A potência indicada era de 2 965cavalos-vapor (2 180quilowatts) para uma velocidade máxima de 12,54 nós (23,22 quilômetros por hora). Sua tripulação era formada por 511 oficiais e marinheiros.[1]
O navio foi inicialmente armado com dezesseis canhões antecarga de 48 libras arranjados em uma tradicional baterial lateral, oito armas de cada lado. Também carregava quatro canhão de oito libras e dois canhões de três libras. O casco do navio eram feito de madeira com um cinturão blindagem feito de ferro forjado rebitado por cima. Este tinha 123 milímetros de espessura sobre a bateria lateral e reduzia-se para 87 milímetros na proa e na popa.[1]
História
O batimento de quilha do Habsburg ocorreu em junho de 1863 na Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste, sendo lançado ao mar em 24 de junho de 1865. Seus construtores foram forçados a finalizar sua equipagem às pressas, pois as tensões com a Prússia e Itália levaram ao início da Guerra Austro-Prussiana e da Terceira Guerra de Independência Italiana em junho de 1866. Os canhões principais tinham sido originalmente encomendados da prussiana Krupp, assim não poderiam ser entregues. Em vez disso, o Habsburg foi armado com um número menor de canhões mais antigos.[2] O contra-almiranteWilhelm von Tegetthoff, o comandante da frota austríaca, começou imediatamente a mobilizar seus navios. Eles receberam tripulações completas e realizaram exercícios em Fasana. Tegetthoff levou a frota austríaca para Ancona em 27 de junho em uma tentativa de atrair os italianos para uma batalha, mas o almirante Carlo Pellion di Persano, comandante italiano, se recusou.[3]
Batalha de Lissa
A frota italiana deixou Ancona em 16 de julho e seguiu para a ilha de Lissa, onde chegou dois dias depois. Junto estavam navios de transporte de tropas com três mil soldados.[4] Os italianos passaram os dois dias seguintes bombardeando as defesas austríacas na ilha e fracassaram em uma tentativa de desembarque. Tegetthoff recebeu vários telegramas entre 17 e 19 de julho notificando-o do ataque, que ele inicialmente achou que era uma distração a fim de afastar a frota austríaca de suas principais bases em Pola e Veneza. Entretanto, Tegetthoff se convenceu na manhã do dia 19 que Lissa era de fato o objetivo italiano, assim pediu permissão para atacar. Os austríacos aproximaram-se na manhã de 20 de julho, com a frota italiana estando arrumada para uma nova tentativa de desembarque. Estes estavam divididos em três grupos, com apenas os dois primeiros conseguindo se concentrar em tempo. Tegetthoff arrumou seus ironclads em cunha, com o Habsburg no flanco direito.[5]
Persano, enquanto colocava seus navios em formação, decidiu transferir sua capitânia do ironclad Re d'Italia para o Affondatore. Isto criou um buraco na linha italiana e Tegetthoff aproveitou a oportunidade para dividir a frota italiana e criar um melê. Ele passou pelo meio do buraco, mas não conseguiu abalroar navio algum, assim foi forçado a dar a volta e tentar uma segunda vez. O Habsburg não teve uma participação muito ativa no confronto que se seguiu, não tentando abalroar embarcação italiana alguma e apenas proporcionando disparos de cobertura, porém sem sucesso.[6] Durante este período, os ironclads italianos Principe di Carignano e Castelfidardo dispararam a longa-distância contra o Habsburg e os ironclads SMS Salamander e SMS Kaiser Max, porém apenas infligiram pequenos danos de estilhaços contra o Salamander.[7]
O Re d'Italia e o navio de defesa de costaPalestro foram afundados no decorrer da batalha, fazendo a frota italiana recuar. Persano encerrou o confronto e recusou montar um contra-ataque com suas forças desmoralizadas, mesmo ainda mantendo uma superioridade numérica. Além disso, seus navios estavam com um baixo suprimento de carvão e munições. O recuo dos italianos foi acompanhado pelos austríacos, mas Tegetthoff manteve uma certa distância para não colocar seu sucesso em risco. Os navios austríacos também eram mais lentos que os italianos. A batalha terminou por completo com o cair da noite, com os italianos seguindo para Ancona.[8] O Habsburg disparou 170 projéteis no decorrer da batalha e foi atingido 38 vezes, porém não sofreu danos significativos e nenhum tripulante foi morto. Os austríacos inicialmente foram para Lissa e ancoraram no porto da Baía de São Jorge. O Habsburg e SMS Prinz Eugen e duas canhoneiras patrulharam a entrada do porto naquela noite.[9]
Resto de carreira
Tegetthoff, depois de voltar para Pola, manteve a frota no norte do Mar Adriático em patrulhas contra um possível ataque italiano. Isto nunca ocorreu e os dois países assinaram em 12 de agosto o Armistício de Cormons, encerrando as hostilidades e levando ao Tratado de Viena. Apesar da Áustria ter derrotado a Itália em Lissa e na Batalha de Custoza em terra, o Exército Austríaco foi derrotado decisivamente pela Prússia na Batalha de Königgrätz. Isto levou ao Compromisso de 1867 e o estabelecimento da Áustria-Hungria, que foi forçada a ceder Lombardo-Vêneto para a Itália.[10] As duas metades da monarquia dual tinham poder de veto sobre a outra, com o desinteresse húngaro em uma expansão naval levando a orçamentos seriamente reduzidos para a frota.[11] A maior parte da frota austríaca foi descomissionada e desarmada imediatamente depois do fim da guerra.[12]
O imperador Francisco José I fez em 1869 uma viagem pelo Mar Mediterrâneo a bordo do iate SMS Greif. O Habsburg, seu irmão SMS Erzherzog Ferdinand Max e dois barcos com rodas de pás o escoltaram até o Canal de Suez. Os ironclads permaneceram no Mediterrâneo enquanto os outros navios seguiram para o Mar Vermelho com a imperatriz Eugênia da França a bordo de seu próprio iate. Os austro-húngaros retornaram para Trieste em dezembro.[13] O Habsburg era o único ironclad austro-húngaro em serviço ativo no ano seguinte. A Guerra Franco-Prussiana começou em julho e a guarnição francesa em Roma voltou para casa, deixando a cidade vulnerável para uma anexação italiana; Francisco José decidiu tentando dissuadi-los disso. Como o Habsburg era o único navio capital em atividade, foi enviado em agosto para vários portos italianos como uma demonstração de força. Voltou para casa em setembro, na mesma época que os prussianos conseguiram uma vitória decisiva sobre os franceses na Batalha de Sedan. O Segundo Império Francês ruiu e Francisco José não estava disposto a atacar a Itália unilateralmente para defender Roma, assim os austro-húngaros recuaram e cidade foi tomada.[14]
O Habsburg foi rearmado em 1874 com catorze canhões antecarga Armstrong de 178 milímetros mais quatro armas menores. Foi rearmado novamente em 1882, recebendo uma bateria leve de quatro canhões retrocarga de 89 milímetros, dois canhões antecarga de 70 milímetros, dois canhões-revólver de 47 milímetros e três canhões automáticos de 25 milímetros. Foi tirado do serviço em 1886 e usado de navio de guarda e alojamento em Pola. Neste mesmo ano teve todo seu armamento removido e substituído apenas por um canhão de 260 milímetros e outro de 240 milímetros. Foi removido do registro naval em 22 de outubro de 1898 e desmontado entre 1899 e 1900.[1]
Clowes, W. Laird (1901). Eberle, E. W., ed. «The Naval Campaign of Lissa; Its History, Strategy and Tactics». Annapolis: United States Naval Institute. Proceedings of the United States Naval Institute. XXVII (97). OCLC2496995
Sieche, Erwin; Bilzer, Ferdinand (1979). «Austria-Hungary». In: Gardiner, Robert; Chesneau, Roger; Kolesnik, Eugene M. Conway's All the World's Fighting Ships: 1860–1905. Londres: Conway Maritime Press. ISBN978-0-85177-133-5 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de editores (link)
Sondhaus, Lawrence (1994). The Naval Policy of Austria-Hungary, 1867–1918: Navalism, Industrial Development, and the Politics of Dualism. West Lafayette: Purdue University Press. ISBN978-1-55753-034-9
Wilson, Herbert Wrigley (1896). Ironclads in Action: A Sketch of Naval Warfare from 1855 to 1895. Londres: S. Low, Marston and Company. OCLC1111061