Norah era irmã do escritor Jorge Luis Borges, que apelidou-a de Norah e retratava-a como na citação abaixo:
Em todas as nossas brincadeiras ela sempre foi a líder, eu o retardatário, o tímido, o submisso. Ela subia ao telhado, subia nas árvores e nas colinas, eu a seguia com menos entusiasmo do que medo.
— J. L. Borges.
Biografia
Norah se mudou com sua família em 1912 para a Suíça para tratar a cegueira progressiva do pai, o advogado Jorge Guillermo Borges.[2] Estudou na École dês Beaux-Arts de Genebra com o escultor classicista Maurice Sarkisoff e com Arnaldo Bossi em Lugano, próximo de expressionistas alemães exilados como Ernst Kirchner; com Bossi aprendeu xilogravura e a estética expressionista, segundo declarou ela mesma numa reportagem de 1940 na revista Atlántida.[3] Na Suíça, escreveu e ilustrou seu primeiro livro poético, Notas longínquas (1915).[4] A estadia na Europa se alongou por causa da Primeira Guerra Mundial por 4 anos. Depois de viajar por toda a Provenza (Norah fica muito impressionada por Nîmes, a cuja paisagem dedica algumas peças) entram na Espanha, local em que ampliou seus estudos e participou nas Vanguardas. Vão primeiro a Barcelona e depois, em 1919, a Palma de Mallorca, onde Norah estudou com Sven Westman; ali os irmãos Borges colaboraram na revista Baleares (Norah seus "Músicos cegos", etcétera); foram depois a Sevilla, onde entraram na Vanguardia do Ultraísmo; publicou trabalhos seus em Grécia, Ultra, Tabuleiros e Reflector, bem como, em 1920, o projeto de capa para O jardim do centauro, um livro de poemas de Adriano do Vale; passam por Granada e finalmente voltam a Madri, onde Norah estudou com o pintor Julio Romero de Torres. Ali iniciou amizade também com Juan Ramón Jiménez, alguns de cujos poemas ilustrou, e quem lhe dedicou um dos retratos líricos de seu livro Espanhóis de três mundos. Voltam depois a Palma de Mallorca em junho de 1920.[5]
Em março de 1921, volta a Buenos Aires. Como pintora naïf, Norah se vinculou à vanguarda literária formada pelo Grupo de Flórida; desde Prisma começou a divulgar o Ultraísmo na Argentina, mas então explodiu a influênncia do Cubismo que tinha começado a assimilar com seus contatos franceses na Espanha em suas ilustrações para revistas como Mural, Proa ou Martín Fierro, recuperando as imagens de balaustradas e vasos de flores, portões e imagens em extinção como as que habitam a primeira edição de Fervor de Buenos Aires (1923), o livro poético de seu irmão Jorge Luis.[6]
Em 1923, a revista surrealista francesa Manomètre de Lyon e, em 1924, a revista Martín Fierro, publicaram suas pinturas.[7] Em 1926 expôs 75 trabalhos (óleos, xilogravuras, desenhos, aquarelas e tapeçarias) na Associação Amigos da Arte. Casou-se em 1928, com Guillermo de Torre, escritor e crítico espanhol, estudioso do movimento ultraísta e grande experiente nas vanguardas artísticas e literárias, a quem tinha conhecido na Espanha quando ainda não havia completado 19 anos; com ele teve dois filhos.
Norah Borges foi considerada, como seu irmão, integrante de um grupo de pessoas escritoras que ficaram conhecidas como o Grupo Flórida, denominado assim porque a revista na qual publicavam se localizava nas cercanias na rua de mesmo nome em Buenos Aires, e se reuniam na Confitería Richmond, que incluiu nomes como os de Victoria Ocampo, Leopoldo Marechal, Oliverio Girondo, entre outros escritores argentinos, em oposição à dialética literária com o que é lembrado o Grupo Boedo, que publicava na Editorial Clareza e se reunia no Café O Japonês, de tradição bem mais humilde, com integrantes como Roberto Arlt, entre outros.[12]
Em 2020, organizou-se no Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires (MNBA) uma exposição retrospectiva sobre toda sua obra. A mostra tem como título Norah Borges, uma mulher na vanguarda e se junta a mais de 200 obras, entre pinturas, gravuras, ilustrações, tapeçarias e textos, curada pelo pesquisador Sergio Baur.[13][14][15]
Seus restos mortais se encontram na abóbada familiar de Cemitério da Recoleta, junto a seu esposo e seus pais.[16]
↑Cultura, Equipo de Desarrollo de la Dirección de Sistemas | Secretaría de Gobierno de. «Museo Nacional de Bellas Artes». www.bellasartes.gob.ar. Consultado em 2 de junho de 2021
↑Efemérides Culturales Argentinas. Jorge Luis Borges: familia. Ministerio de Educación de la Nación. Subsecretaría de Coordinación Administrativa. Página acessada em 21-12-07.