Nasceu no bairro de Cavalcante, mas ainda criança foi morar em Nova Iguaçu, filho de um marceneiro chamado José Filipe Diniz. Aos dez anos de idade, mudou-se para Oswaldo Cruz, subúrbio do Rio e bairro de origem da Portela. Àquela época teve de perto contato com os sambistas da escola, integrando blocos e compondo sambas ainda pequeno. Também foi nessa época que surgiu o apelido, Monarco.
Em 1950, foi convidado a integrar a ala de compositores da Portela, onde mais tarde viria a se tornar líder da velha guarda. Também foi diretor de harmonia da escola. Nunca chegou a ganhar uma disputa de samba-enredo (o samba cantado durante o desfile da escola), mas conseguiu consagrar sambas "de terreiro" ou "sambas de quadra", como são conhecidos aqueles executados nos ensaios e logo tornados emblemas do patrimônio cultural coletivo dessas associações. Um deles é "Passado de Glória", que já foi "esquenta" (samba executado na área de concentração, pouco antes do desfile) da agremiação em diversos anos.[2] Sua última disputa de samba-enredo foi em 2007, com seu filho Mauro Diniz e o presidente da Ala de Compositores da Portela, Júnior Scafura.
Seu primeiro disco solo foi lançado em 1976, com temas como "O Quitandeiro" (com Paulo da Portela) e "Lenço" (com Francisco Santana). Em 1995, Monarco tem o CD A Voz do Samba lançado no Japão. No Brasil, foi editado pelo selo Kuarup.
De outra parte, entre os momentos de desalento vividos pelo grupo, conta-se aquele do desfile da escola de samba Portela em 2005, quando, após um atraso da seção de abertura do desfile, ou seja, a do carro-alegórico chamado Abre-Alas (onde funcionários da agremiação não conseguiram encaixar as asas da águia símbolo da escola a tempo do desfile), o último setor e o chamado "carro da agremiação" foram impedidos de desfilar, pelo receio de se ultrapassar o tempo regulamentar de desfile, com as consequentes penalizações que isso implicaria. Naquele setor era onde estavam exatamente os integrantes da Velha Guarda da Portela, entre eles Monarco, Tia Surica, Casquinha e outros nobres do samba.
Em 2008 foi lançado o documentário Mistério do Samba, dirigido pelos cineastas Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, e também produzido por Marisa Monte, que levara dez anos para ser concluído, e no qual Monarco participa oferecendo relatos de sua história de vida e seus testemunhos pessoais sobre a história do samba no Rio de Janeiro. Essa produção foi incluída na seleção oficial do Festival de Cannes.[3]
Em 2010, Monarco gravou seu primeiro DVD - Monarco: A Memória do Samba - no dia 28 de setembro, no Teatro Oi Casa Grande, Rio de Janeiro. Assim como o documentário Mistério do Samba, esse projeto se pretende como um registro para a história da tradição do samba. Desse DVD, participam Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Velha Guarda da Portela e Família Diniz. A direção artística ficou a cargo de seu filho, Mauro Diniz.[4]Beth Carvalho também participa do DVD. Apesar de não poder comparecer ao show por conta da recuperação de um cirurgia na coluna, Monarco e sua banda foram à sua casa para gravar, com a chamada "madrinha do samba", a canção "Lenço". A gravação foi exibida durante o show e está presente no DVD.[5] Esse produto faz parte de um projeto da ONG Oficina do Parque, voltado para a preservação da obra do bamba portelense, e traz consigo um CD ao vivo do mesmo show e um encarte impresso intitulado “Memórias de um Bamba”, com partituras, notas musicais e biográficas, curiosidades e anedotas vividas por Monarco.
Em maio de 2011, o DVD foi lançado em um show para convidados no Teatro Rival Petrobrás, no centro do Rio de Janeiro. Lá, a ONG realizadora do projeto informou que, a princípio, o material (almanaque, CD e DVD) não estaria à venda, mas seria distribuído às bibliotecas públicas.
Em 2013, Monarco foi articulador da vitória da chapa Portela Verdade, encabeçada por Serginho Procópio como presidente e Marcos Falcon, o vice, atuando politicamente contra o então ex-presidente da Portela (Nilo Figueiredo),[6] e tornando-se então o presidente de honra da escola.[7]
Em 2015, seu álbum Passado de Glória - Monarco 80 anos foi premiado no 26.º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Álbum de Samba.[8]
Morreu em 11 de dezembro de 2021, aos 88 anos de idade, no Rio de Janeiro.[10] O sambista estava internado no Hospital Federal Cardoso Fontes, onde passou por uma cirurgia no intestino e não resistiu às complicações.[11] Monarco foi velado na quadra da Portela, em Oswaldo Cruz.[12] Foi sepultado no Cemitério de Inhaúma.[13]
Monarco é conhecido por ter feito vários êxitos no gênero do samba. Seu primeiro grande sucesso veio em 1973[15], quando Martinho da Vila gravou Tudo menos amor, canção de Monarco em parceria com Walter Rosa.[16] Outro êxito foi Lenço, interpretado por Paulinho da Viola.[16]
Beth Carvalho gravou Obrigado pelas Flores, em 1979, música que Monarco compôs ao lado de Manaceia.[15] Na voz de Zeca Pagodinho, vieram sucessos como Coração em Desalinho (1986) e Vai Vadiar (1998).[15] Estas duas últimas músicas foram feitas em parceria com Alcino Correia Ferreira.
Sambas-enredo
Apesar de ser ligado à Portela, Monarco jamais venceu uma disputa de samba-enredo pela azul e branco de Oswaldo Cruz, mas conseguiu êxitos por outras agremiações.[2] Para a Unidos de Padre Miguel, foi o autor de A Conquista de Aracy, em 1966, baseado na obra de José de Alencar.[17] Compôs quatro sambas para a Unidos do Jacarezinho: Exaltação a Frei Caneca (1967), Exaltação à cultura nacional (1968), A história de Vila Rica do Pilar (1969) e Geraldo Pereira, eterna glória do samba (1982).[2] Por também fazer parte da história da agremiação rosa e branco (morou na localidade na década de 1960 e foi presidente da escola entre 1993 e 1994), virou enredo em 2005 quando a escola desfilava pelo grupo B.[2]
Pela Portela, chegou a concorrer em 1984, na disputa pelo enredo Contos de Areia, junto com Noca da Portela.[2] Também disputou em 1987, junto com Mauro Diniz e Noca, para ser o samba de Adelaide, a pomba da paz.[2]