O Metro do Cairo, no Egipto, é o mais antigo sistema de metropolitano em África, permanecendo como o único do continente até a inauguração do Metrô de Argel, em 2009. Atualmente a rede consiste em três linhas Linha 1, Linha 2 e Linha 3 que formam uma rede de 88,5 quilômetros, 74 estações e transportam 2,5 milhões de passageiros por dia.[2]
Em todos os comboios do Metro do Cairo, a primeira carruagem é reservada para as mulheres.[3]
História
Antecedentes
O primeiro projeto para a implantação de um metropolitano no Cairo surgiu na década de 1930 quando o engenheiro Saiyed Abdel Wahed da Autoridade Ferroviária Egípcia sugeriu a eletrificação das ferrovias nos trechos que atravessavam a capital egípcia e a sua conversão em metropolitano. Com o início da Segunda Guerra Mundial, o projeto foi esquecido e somente depois da Revolução Egípcia de 1952 (que depôs a monarquia) que o novo governo passou a pensar oficialmente na mobilidade da capital.[4]
O governo do Egito, liderado por Nasser, se aproximou da União Soviética em 1956 e assinou acordos econômicos e militares que incluíram um projeto de metrô para o Cairo. Uma missão técnica soviética chegou ao país naquele ano e fez o primeiro projeto oficial de um metrô no Cairo. Apesar dos acordos, não houve interesse do governo egípcio e o projeto acabou arquivado naquele momento. Na década de 1960 ocorreram novos estudos de um metrô no Cairo patrocinado por japoneses (1960), franceses (1962) e outra vez pelos soviéticos (1966)[5] porém foi apenas em 1969 que o governo egípcio resolveu lançar um concurso oficial internacional para a realização de um projeto de metrô.[4]
O projeto francês
Oito empresas participaram do concurso internacional e o governo egípcio declarou vencedora a empresa francesa Sofretu.[4] O contrato foi assinado em setembro de 1970 e a empresa iniciou seus trabalhos em seguida.[6] Com a Guerra do Yom Kippur, os trabalhos foram parcialmente interrompidos. Em 1975, com o projeto concluído, o governo egípcio de Sadat assinou o primeiro acordo de financiamento com o governo francês[7], com previsão de custo de 880 milhões de dólares. Apesar do interesse dos franceses, o projeto foi arquivado em 1978 pelo ministro da economia do Egito Abdel Moneim El- Kayssouny (que o considerou caro e inviável para o país). Isso não demoveu o governo francês a negociar o financiamento com o Egito. A morte do presidente Sadat atrasou os planos, porém um acordo de financiamento foi assinado em 1982 entre o presidente Mitterrand e o sucessor de Sadat, Hosni Mubarak.[8]
Obras da primeira linha
As obras da primeira linha do metrô do Cairo foram iniciadas em fins de 1982, com o intuito de conclusão para 1985.[9] A primeira linha foi construída majoritariamente em superfície, aproveitando-se de trechos da ferrovia Cairo-Helwan, eletrificada em 1956 pela Siemens com sistema de catenária tensão de 1500 VCC.[10] As obras foram realizadas por um consórcio franco-egípcio. No centro do Cairo foi construído um túnel de 4,5 quilômetros de extensão para proporcionar a passagem do metrô pela região histórica. Atrasos nos trabalhos fizeram com que o primeiro trecho fosse inaugurado apenas em 27 de setembro de 1987.[11] A primeira linha foi concluída em 1989, quatro anos acima do previsto.[12]
O projeto japonês
Apesar de ter sido prevista desde os anos 1970 pelos estudos franceses, o projeto da Linha 2 passou por um novo estudo, elaborado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) em 1989.[13] Os estudos previam uma ligação entre os distritos de Ataba e Embaba, com 7,8 quilômetros e onze estações.[14]
Obras da Linha 2
Em 1990 a Egypt National Authority for Tunnels contratou o grupo francês Vinci para elaborar o projeto executivo da Linha 2.[15] O projeto da linha foi desenvolvido como uma linha subterrânea de 21,6 km e 20 Estações, ligando as estações Shubra El Khaima e El Mounib. Para construir a linha 2, foi necessário empregar a tecnologia de construção de túneis com Tuneladora. A obra atraiu atenção mundial por conta de um trecho passar sob o leito do Rio Nilo.[16][17]
A implantação da Linha 2 foi dividida em cinco fases e suas obras foram iniciadas no início dos anos 1990.[17] O primeiro trecho, entre as estações Shubra El Khaima – Al-Shohadaa, com 8 quilômetros e 8 estações foi inaugurado em 1 de outubro de 1996.[18]
Planos futuros
Foram propostas três linhas novas — todas com o objectivo principal de reduzir o tráfego caótico das ruas da capital egípcia &mdash a Linha 4 foi planeada de modo a juntar a zona Sudoeste de Al Ahram à zona Este de Nasr; a Linha 5 será semi-circular e unirá todas as outras quatro linhas, desde Nasr até Port Said Street e Shubra El Kheima; e a Linha 6 faria o percurso Norte-Sul do Cairo, de Shubra a Maadi.
↑ abcSalama, Saiyed (1987). Metro Al Anfaq. [S.l.]: Beirute: Dar Al Maaref. 158 páginas. ISBN 9789770221556
↑APN (4 de outubro de 1966). «Metrô do Cairo». A Luta Democrática, ano XIII , edição 3880, página 8/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 4 de julho de 2021
↑«Sadat, otimista, acredita na paz». Folha de S.Paulo, ano LIV, edição 16760, página 2. 30 de janeiro de 1975. Consultado em 4 de julho de 2021
↑João Pinheiro Neto (20 de janeiro de 1980). «Estoques estratégicos:Mais um metrô». Tribuna da Imprensa, ano XXX, edição 9269, página 9/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 9 de julho de 2021
↑UPI (25 de novembro de 1982). «Mitterrand discute sobre o Líbano». Diário de Natal, ano XLIII, edição 1632, página 9/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 9 de julho de 2021
↑Japan International Cooperation Agency (JICA) (junho de 1989). «3) Urban metro no. 2 (R003)»(PDF). Greater Cairo region transportation masterplan study in the Arab Republic of Egypt. Main report, paginas 397-401. Consultado em 29 de dezembro de 2021
↑ ab«Egito vê fogo sob as brasas». Jornal do Brasil, ano CVI, edição 177, página 16/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 2 de outubro de 1996