A forma "Oceania" (sem acento circunflexo, ou seja, com a sílaba tónica em "ni") é usual e aceita no Brasil, sendo normal mas considerada incorreta em Portugal. A forma "Oceânia" é constante na maioria das fontes consagradas, ainda que o uso prefira a pronúncia "Oceania".[11][12][13][14]
A seguinte onda significativa de emigrantes só aconteceu em 6000 a.C., quando povos austronésios vindos de Taiwan se espalharam pelas Filipinas e Índias Orientais e chegaram à Nova Guiné, miscigenando-se com os nativos australoides, originando a heterogênea população da Melanésia. Por volta de 1500 a.C., esses austronésios, os maiores navegantes da pré-história, chegaram às Fiji — vindos de Vanuatu e, pouco depois, a Tonga e a Samoa, ponto de partida para a posterior expansão polinésia para o Pacífico Oriental, acabando na ocupação de ilhas tão distantes como o Havaí, ao norte, a Nova Zelândia ou Aotearoa (seu nome polinésio), ao sul e a ilha de Páscoa ou Rapa Nui, ao leste.
A povoação das ilhas da Micronésia teve origens étnicas distintas: filipinos em Palau e Yap, habitantes do arquipélago Bismarck nas ilhas Truk, tuvaluanos (que encontram origem nas Fiji ou MPI) nas Ilhas Marshall, por exemplo. Isso é comprovável por traços culturais e linguísticos. Já os povos da Polinésia encontram origens étnicas, linguísticas e culturais semelhantes. Símbolos da cultura polinésia conhecidos mundialmente são as estátuas tiki e a festa lūʻau, além de seu estilo de tatuagem.
Os austronésios guiaram-se unicamente com a localização dos astros, direção do vento e características das ondas — que revela a localização de ilhas. Dominavam a cerâmica, que foi um dos símbolos da cultura lápita, cujo estilo singular desta era ricamente decorado e que, em cerca de 500 a.C., foi substituída por peças simples e sem decoração na Samoa. Também dominavam a agricultura, encontrando subsistência no taro, no inhame, na batata-doce, na mandioca, na banana, no coco, na cana-de-açúcar e no arroz.
Os britânicos incorporaram a Austrália aos seus domínios em 1770. No ano da incorporação oficial, habitaram a ilha-continente cerca de 300 mil nativos, divididos em mais de 600 tribos, que falavam mais de 500 dialetos. Estes nativos eram caçadores-coletores, desconhecendo a prática da agricultura.
No século XVIII, a ocupação britânica restringiu-se à implantação de colônias penais, a mais importante delas nas proximidades da cidade de Sydney, e à fixação de um pequeno número de colonos, que constataram as grandes possibilidades de se desenvolver a pecuária com sucesso na colônia.
A pecuária e o coito, principalmente a ovina, cresceu em imponência no século XIX, bem como a atividade agrícola, principalmente voltada à produção do trigo. O que provocou um grande surto populacional na colônia ao longo desse século foi, no entanto, a descoberta de ouro na província de Vitória. Na virada do século, a população australiana era de aproximadamente três milhões de habitantes. Em 1901, a Austrália transformou-se numa federação autônoma, a Comunidade da Austrália, iniciando um acelerado processo de expansão da agropecuária e da indústria. Isso determinou a necessidade de se incrementar, particularmente no pós-guerra, as correntes migratórias. De 1945 a 1970, o país recebeu aproximadamente três milhões de imigrantes, cerca de 50% de origem britânica. Atualmente a Austrália é um dos países que exercem maior controle sobre a imigração estrangeira.
Quando a Nova Zelândia foi formalmente ocupada pelos britânicos em 1840, as suas ilhas eram habitadas pelos maoris, povo de origem polinésia. De 1845 a 1870, com a intensificação da colonização, ocorreram pesados conflitos entre britânicos e maoris, contrários à ocupação de suas terras. Derrotados, os maoris, que foram reduzidos de 300 000 para pouco mais de 40 000, assinaram uma série de acordos com os colonizadores.
A atividade agropecuária foi a mais importante para o sucedimento da colonização. Destacaram-se a criação de ovinos para produção de lã e o cultivo de trigo, na fértil planície de Canterbury. A partir de 1860, foi a extração do ouro que funcionou como importante fator de atração populacional, garantindo a continuidade do processo de colonização.
A Nova Zelândia passou à condição de colônia britânica em 1870, alcançando sua autonomia política após a Primeira Guerra Mundial. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Nova Zelândia deixou de pertencer à esfera de influência britânica, passando à esfera de influência dos Estados Unidos.
Polinésia ("muitas ilhas"): corresponde às ilhas mais distantes da Austrália, dispersas por uma grande área do Pacífico. São em sua maioria possessões britânicas, francesas e Chilena. Os países independentes da Polinésia são Tonga, Samoa, Tuvalu e, historicamente e culturalmente (o último em relação aos seus povos aborígenes), a Nova Zelândia (nome polinésio: Aotearoa). O estado estadunidense do Havaí e a ilha chilena Rapa Nui ou ilha de Páscoa também fazem parte da Polinésia.[16]
Embora grande parte das ilhas seja de origem vulcânica ou formada por atóiscoralígenos, as características físicas do continenteoceânico são muito variadas. Por isso, faremos um estudo setofizado de seus traços dominantes.[17]
Trata-se um continente sem nenhuma fronteira terrestre entre seus 14 países constituintes. A única linha divisória política terrestre é entre Ásia e Oceania, a fronteira entre a Indonésia e a Papua-Nova Guiné. Cultural, linguística e etnicamente, o estado indonésio de Irian Jaya, tido como sendo asiático, é semelhante à Papua-Nova Guiné, habitados pelos povos papuas. Geograficamente a ilha de Nova Guiné, inteira, faz parte da Australásia, portanto Oceania. Os motivos para classificar seu lado ocidental como asiático são meramente políticos.
A maior parte do país é constituída por planaltos geralmente baixos e relativamente planos, dos quais se destacam, entre outros, os montes MacDonell e Musgrave, bem como os desertos Vitória, Gibson, Simpson e outros menores, que ocupam todo o centro-oeste do território australiano.[18]
A distribuição do relevoaustraliano, mais elevado no leste, influencia a drenagem dos maiores rios do continente — Darling e Murray — que correm em direção ao sudoeste. Há ainda os rios Flinders, Vitória, Cooper, Ashburton e outros, localizados no leste e no norte do país. Em alguns desses manifesta-se uma característica da hidrografia australiana: o regime intermitente, determinado pelas condições climáticas.[18]
Pontilham o território australiano lagos cuja origem se deve à depressão relativa do relevo, inclinado para o interior, existindo grandes formações lacustres até mesmo em meio ao deserto.[18]
Em decorrência do clima, recobrem quase totalmente essa ilha as savanas e as estepes (lá denominadas scrubb), além das grandes extensões semiáridas e desérticas. Há também, entretanto, manchas de florestastropicais e subtropicais ocupando as áreas úmidas do norte, leste e sudoeste.[19]
Devido à reduzida extensão do arquipélagoneozelandês, os rios que percorrem suas ilhas são de pequeno curso, não chegando a formar grandes bacias. As formações lacustres existentes são todas de origem glacial.[20]
Nas ilhas recobertas por depósitos de coral o solo é geralmente arenoso, nem sempre propício à agricultura, mas muitas vezes fonte de recursos minerais importantes, como o fosfato.[21]
A hidrografia, em virtude da pequena extensão dos territórios, é insignificante, havendo casos de ilhas que nem sequer possuem rios ou lagos de água doce. A maior parte dos arquipélagos está sob influência do clima tropical, cujas características, no entanto, são amenizadas pela proximidade do oceano, o que propicia chuvas abundantes e amplitudes térmicas reduzidas.[21]
Em virtude dessas condições, há ilhas, ou parte delas, recobertas por densa floresta equatorial, ao passo que em outras a única vegetação existente são esparsos coqueiros ou uma pequena cobertura herbácea.[21]
Demografia
A Oceania é chamada de Novíssimo Mundo, pois foi o último continente a ser descoberto pelos europeus, que lá chegaram no século XVII. Só no fim do século XVIII teria início a colonização, com a chegada de prisioneiros britânicos obrigados a trabalhar na lavoura.[21]
A densidade demográfica dos arquipélagos varia. Por exemplo, Austrália — 2,2 hab/km² — e Papua-Nova Guiné — 7,7 hab/km² — apresentam taxas de ocupação baixíssimas, enquanto Nauru e Tonga respondem pelas duas maiores concentrações da Oceania: mais de 380 e mais de 163 hab/km², respectivamente.[22]
A distribuição populacional está ligada, geralmente, ao grau de desenvolvimento econômico. Assim, Austrália e Nova Zelândia têm 85% ou mais de sua população estabelecidos nas zonas urbanas, enquanto o restante das ilhas a maioria dos habitantes ocupa as áreas rurais, o que indica uma industrialização inexpressiva. A agricultura e o extrativismo constituem a base de sua economia. Os primitivos habitantes da Austrália, conhecidos como aborígenes, habitam o país há pelo menos 5 000 anos.[22]
No que se refere aos recursos minerais, a Austrália é o país que mais se destaca. Em 2015, a Austrália era o 12º maior produtor mundial de gás natural, 67,2 bilhões de m³ ao ano. Era o 10º maior exportador de gás do mundo em 2015: 34,0 bilhões de m³ ao ano.[25] Na produção de carvão, o país foi o 4º maior do mundo em 2018: 481,3 milhões de toneladas. A Austrália é o 2º maior exportador de carvão do mundo (387 milhões de toneladas em 2018) [26] A Austrália é o maior produtor mundial de opala e é um dos maiores produtores de diamante, rubi, safira e jade. Em 2019, o país era o 2º maior produtor mundial de ouro;[27] 8º maior produtor mundial de prata;[28] 6º maior produtor mundial de cobre;[29] o maior produtor mundial de minério de ferro;[30][31][32] o maior produtor mundial de bauxita;[33] o 2º maior produtor mundial de manganês;[34] 2º maior produtor mundial de chumbo;[35] 3º maior produtor mundial de zinco;[36] 3º maior produtor mundial de cobalto;[37] 3º maior produtor de urânio;[38] 6º maior produtor de níquel;[39] 8º maior produtor mundial de estanho;[40] 14º maior produtor mundial de fosfato;[41] 15º maior produtor mundial de enxofre;[42] além de ser o 5º maior produtor mundial de sal.[43]
Ocupava posição privilegiada a ilha de Nauru, cuja única fonte de divisas eram suas grandes jazidas de fosfato. Em virtude do pequeno número de habitantes, a receita obtida com a exportação desse produto assegurava à Nauru um PIB per capita que figurava entre os mais altos do mundo. Com isto, o país importava quase tudo de que precisava, desde alimentos até remédios e artigos manufaturados. Suas reservas de fosfato extinguiram-se no ano 2000.[24][44]
A pesca é significativa nas Ilhas Salomão, em Fiji e em Quiribáti; este último tem no guano (depósitos de fosfato derivados do excremento de aves marinhas) outro importante recurso econômico.[24]
Agricultura
Como, em geral, o solo se mostra pouco propício, a atividade agrícola na maioria das ilhas não alcança grande envergadura, produzindo quase sempre apenas para consumo interno. São exceções: Papua-Nova Guiné, com suas colheitas de café, cacau e chá; em menor grau, Samoa, onde se cultiva cacau, milho, frutas cítricas, coco, banana e abacaxi, e Tonga, que exporta bananas e sementes oleaginosas. A pecuária nas pequenas ilhas é insignificante ou inexistente.[24]
Já os dois maiores e mais desenvolvidos países apresentam outro panorama. A Austrália, além de exportar trigo, possui grandes rebanhos ovinos e bovinos, que, fornecendo lã e carne, constituem outra fonte de divisas. Na economia da Nova Zelândia, cuja produção agrícola abastece o mercado interno, destaca-se a pecuária, que propicia carne, lã e laticínios exportados em larga escala.[46]
Condições totalmente diferentes são as encontradas na Austrália e na Nova Zelândia, cujo amplo parque industrial compreende desde as indústrias de base até as de bens de consumo. São os únicos países do continente que integram o bloco dos países desenvolvidos segundo o IDH.[46]
Para a Nova Zelândia, menos industrializada que a Austrália, a atividade industrial representa também cerca de um quarto do Produto Interno Bruto, sendo significativa a produção de alimentos, seguida dos setores têxteis, de construção, siderúrgicos e outros.[46]
Comércio
A importância mundial da economia japonesa vem tornando o leste asiático uma região cada vez mais destacada, tornando-se um dos polos econômicos mundiais. Na Oceania, devido ao seu grau de desenvolvimento social e industrialização, a Austrália vem adquirindo maior destaque em toda a área do Pacífico.[47]
A tradicional influência britânica vem-se mesclando à norte-americana e à japonesa e as relações comerciais regionais tornam-se cada vez mais fortes. Além disso, Austrália e Nova Zelândia têm procurado uma posição política e diplomática independente, assumindo pequenos papéis de liderança em relação aos pequenos países do continente.[47]
Na Papua Nova Guiné o esporte mais popular é o rugby league, em Nauru o futebol australiano. Atualmente, Vanuatu é o único país da Oceania que tem o futebol como esporte nacional, no entanto, é também o esporte mais popular em Quiribáti, Ilhas Salomão e Tuvalu, e tem uma popularidade significativa (e crescente) na Austrália.[49]
A Austrália sediou duas vezes os Jogos Olímpicos de Verão: Melbourne em 1956 e Sydney em 2000. Além disso, a Austrália sediou cinco edições dos Jogos da Commonwealth (Sydney 1938, Perth 1962, Brisbane 1982, Brisbane 1982, Melbourne 2006, Gold Coast 2018). Enquanto isso, a Nova Zelândia já sediou os Jogos da Commonwealth três vezes: Auckland 1950, Christchurch 1974 e Auckland 1990. Os Jogos do Pacífico (anteriormente chamados de Jogos do Pacífico Sul) são um evento poliesportivo, muito parecido com os Jogos Olímpicos em uma escala muito menor, com participação exclusiva de países do Oceano Pacífico.[50]
Notas
↑Em Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas (Lisboa, 1958), Vasco Botelho do Amaral afirma que Oceania era a pronúncia tradicional portuguesa, mas que esta vinha sendo substituída, apenas em Portugal, pela pronúncia Oceânia: "Quando principiei a estudar geografia, aprendi que existia uma parte do mundo chamada Oceania. Tal designação englobava o continente australiano e as numerosas ilhas situadas no Oceano Pacífico. Mas depois comecei a ouvir, com mais frequência, a pronúncia Oceânia. Cabe notar que em português sempre houve hesitação na pronúncia de palavras em "ia". A pronúncia Oceania está a ceder lugar a Oceânia, talvez por analogia com Melanésia, Austrália, Tasmânia. Neste caso, em português, só o uso poderá e deverá decidir. De minha parte, vou adoptando a pronuncia Oceania, a exemplo de Hungria, Turquia. Mas não me é lícito fazer reparos a quem pronuncie Oceânia." Hoje, ambas as pronúncias se ouvem em Portugal, com predominância da grafia Oceânia, mas da pronúncia Oceania. No Brasil, ouve-se quase que apenas Oceania, mas não é tampouco incomum deparar com a grafia Oceânia.
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