Entre 1834 e 1835, Maria Teresa foi princesa-abadessa do Real e Imperial Capítulo Teresiano das Nobres Damas do Castelo de Praga.[1]
Casamento
A arquiduquesa conheceu o rei Fernando II das Duas Sicílias em julho de 1836, durante uma visita deste a Viena.[2] Aliado da Áustria, o rei encontrava-se na cidade para refazer-se da viuvez recente (sua primeira esposa, Maria Cristina de Saboia, havia falecido apenas seis meses antes) e do escândalo provocado pela fuga de seu irmão, Carlos Fernando, Príncipe de Cápua, para casar-se com uma plebeia irlandesa sem o consentimento real.[3] Entretanto, o envolvimento entre Maria Teresa e Fernando II - que também serviria para consolidar os laços entre os dois países - foi mantido em sigilo até dezembro daquele ano, quando o noivado foi anunciado pelo jornal Augsburger Allgemeine. Eles casaram-se em uma cerimônia privada em Trento, em 9 de janeiro de 1837.[2]
Rainha-consorte
Diferente de sua antecessora, Maria Teresa não cativou a simpatia do povo ou da corte. Embora fosse uma pessoa afável, sua ascendência gerava a desconfiança de que estaria a serviço do chanceler austríaco Metternich num plano para dominar as Duas Sicílias.[2]
Maria Teresa foi descrita como alguém que não correspondia à imagem de um membro da realeza: vestia-se mal, detestava suas funções públicas, os protocolos e a vida na corte, passando a maior parte do tempo em seus aposentos privados, cuidando dos filhos ou dedicando-se à costura.
Tinha um bom relacionamento com o marido e com o enteado (a quem chamava de filho). Também interessava-se por política, chegando a atuar como conselheira do rei, influenciando-o a agir com maior rigor contra seus opositores. Quando não podia participar das reuniões de estado, costumava ouvir os debates por detrás das portas.
Viuvez
Quando Maria Sofia da Baviera chegou a Nápoles como esposa do futuro Francisco II, Fernando já se encontrava bastante doente. Maria Teresa passava todo o tempo à cabeceira do rei (que, mesmo acamado, insistia em continuar trabalhando), auxiliando-o durante o dia e vigiando seu sono durante a noite.
Com a morte de Fernando II e a ascensão de Francisco II, Maria Teresa fez questão de manter sua posição, agora como conselheira pessoal do enteado. A rainha-viúva, favorável à criação de um estado rigoroso e autoritário, exercia uma grande influência sobre Francisco II, completamente submisso à madrasta. Muitos historiadores consideram que Maria Teresa foi co-responsável pelo descontentamento do povo, que viria a receber Garibaldi como um libertador.
A indomável, determinada e inteligente Maria Sofia (irmã da imperatriz Sissi), entretanto, tinha uma personalidade oposta à de seu marido e não se submetia às ordens da sogra. Francisco logo se tornou o alvo da disputa das duas rainhas, dando ouvidos aos conselhos antagônicos de ambas, mas sendo incapaz de optar entre a esposa e a madrasta. Maria Sofia tinha ideias liberais e era favorável à promulgação de uma Constituição, muito diferente das inclinações absolutistas de Maria Teresa. Além das divergências no campo político, a consorte de Francisco II acreditava ser a única a vislumbrar as verdadeiras intenções de sua sogra: depor o rei e colocar seu primogênito Luís no trono.
De fato, Maria Teresa, aliando-se a generais, cortesãos e clérigos, organizou uma conspiração contra seu enteado, que foi descoberta e debelada a tempo. Apesar de Maria Sofia apresentar, perante o marido e a sogra, as provas do envolvimento da rainha-viúva no complô mal sucedido, Francisco II não quis acusá-la. Maria Teresa, por sua vez, chorou aos pés do rei, jurando inocência perante os fatos.
Exílio
Apesar da feroz oposição de Maria Teresa à promulgação de uma Constituição, o indeciso Francisco resolveu seguir os conselhos de sua esposa quando os distúrbios populares em Nápoles começaram a se tornar preocupantes. Entretanto, já era tarde demais para qualquer providência e o processo instalado não poderia mais ser revertido.
Maria Teresa e os filhos foram os primeiros a fugir de Nápoles, instalando-se em Gaeta. Logo a cidadela passou a receber cortesãos, assessores e ministros fiéis à rainha-viúva, que acabaram formando uma segunda côrte e continuaram a conspirar contra o rei. Quando o troar dos primeiros canhões chegou a Gaeta, Maria Teresa foi novamente a primeira a fugir, acompanhada por seus filhos menores.
Os fugitivos reais chegaram à Roma, onde o Papa Pio IX lhes disponibilizou o Palácio do Quirinal. Quando Gaeta capitulou, Francisco II e Maria Sofia se juntaram à Maria Teresa. Formaram-se, então, duas pequenas côrtes, vivendo paralelamente sob o mesmo teto.
Morte
Em 1867, uma epidemia de cólera forçou a população, ou pelo menos aqueles que podiam, a deixar a capital. Maria Teresa levou então seus filhos do Palácio do Quirinal à comuna de Albano Laziale, atravessando as colinas Albanas. Apesar de seus esforços, seu último filho, Januário, contraiu a doença, morrendo quase imediatamente, aos dez anos de idade.
A rainha, também infectada, foi assistida ininterruptamente pelo enteado Francisco, enquanto seus filhos fugiam, com medo do contágio. Ela recusou-se, inicialmente, a receber os cuidados médicos do Dr. Manfrè, por ele ser liberal. Depois, à mercê de fortes dores, Maria Teresa aceitou o tratamento médico, mas seu quadro já havia se agravado demais e ela morreu em seguida, aos 51 anos de idade, em 8 de agosto de 1867.[4].
↑Arrigo Petacco, La regina del sud, Milano, Mondadori, 1992. ISBN 88-04-43391-4
Bibliografia
Elvio Ciferri, Maria Teresa di Asburgo Lorena, regina delle Due Sicilie, in «Dizionario Biografico degli Italiani», 70, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana fondata da Giovanni Treccani, 2008.
Maria Antónia, Eleitora da Baviera·Arquiduquesa Maria Ana·Arquiduquesa Cristina·Maria Isabel da Áustria (1680)·Arquiduquesa Maria Isabel·Maria Ana, Rainha de Portugal·Arquiduquesa Maria Teresa da Áustria (1684)·Arquiduquesa Maria Teresa·Arquiduquesa Maria Josefa·Maria Madalena de Áustria·Arquiduquesa Maria Madalena·Arquiduquesa Maria Margarida
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também infanta de Espanha *também princesa da Toscânia **também princesa da Modena