A Língua Atlante (Dig Adlantisag) é uma linguagem artística historicamente construída, criada por Marc Okrand para o filme de 2001 Atlantis: The Lost Empire da Disney e mídias associadas.[1] A Língua Atlante é então baseada tanto em reconstruções históricas quanto no mythos de fantasia/ficção científica elaborado em Atlantis: The Lost Empire. Os princípios ficcionais na qual a Língua Atlante foi construída são: Atlante é a “linguagem Torre de Babel”, o ”dialeto raiz” da qual todos os idiomas descendem; ela tem existido sem mudança desde por volta de 100,000 A.C, desde a Primeira ou Segunda Era de Altlantis até atualmente.
Para conseguir isso, Dr. Okrand procurou por características em comum entre vários idiomas ao redor do mundo e também foi altamente inspirado pela Língua protoindo-europeia. Sua fonte principal de palavras (raízes e caules) para a linguagem são do Protoindo-Europeu,[1] mas Okrand também combina com o Hebraico Bíblico, e linguagens indo-europeias posteriores tais como Latim e Grego e uma variedade de outras linguagens antigas conhecidas ou reconstruídas.[2][3][4]
Sistemas de escrita
Atlante tem seu próprio alfabeto criado expressamente para o filme por John Emerson com a ajuda de Marc Okrand, sendo inspirado por alfabetos antigos, sendo o Semítico o mais notável. Existem, entretanto, tipos diferentes de transliteração para o Alfabeto latino.
Alfabeto Atlante
Não há pontuação ou letra maiúscula no Sistema de Escrita Atlante nativo. Okrand usou como base sistemas antigos de escrita. O Alfabeto Atlante é normalmente em Bustrofédon, o que quer dizer que é escrito da esquerda à direita na primeira linha, direita à esquerda na segunda e esquerda à direita de novo na terceira, continuando o padrão. Essa ordem também foi sugerida por Okrand, baseada em sistemas antigos de escrita e foi aceita pois, como explicou, "É um movimento de trás para frente, tipo o fluxo da água, então funcionou."[1][5]
O alfabeto Atlante incluí mais letras do que de fato são usadas no idioma. Essas letras, c, f, j, q, v, x, z, ch ou th, foram criadas para que o Atlante possa ser usado como um código simples de cifra para propósitos promocionais. Elas também são baseadas em diversas letras antigas, tal como o resto do alfabeto.[1]
Alfabeto Romano
Aparte do alfabeto Atlante criado para o filme, a linguagem pode ser transcrita usando o alfabeto Romano. Aqui estão duas versões:
Transcrição Padrão,[6] como a linguagem é transliterada por Marc Okrand.
Alfabeto do Leitor,[6][7] uma notação do estilo Berlitz planejada por Okrand, qual ele esperava facilitar a leitura dos atores.
Exemplo:
Nishentop Adlantisag, kelobtem Gabrin karoklimik bet gim demottem net getunosentem bernotlimik bet kagib lewidyoh.
NEE-shen-toap AHD-luhn-tih-suhg, KEH-loab-tem GAHB-rihn KAH-roak-lih-mihk bet gihm DEH-moat-tem net GEH-tuh-noh-sen-tem behr-NOAT-lih-mihk bet KAH-gihb LEH-wihd-yoakh.
Esta sentença, por exemplo, pode ser quebrada como:
Nishentop Adlantisag, kelobtem Gabrin karoklimik bet gim demottem net getunosentem bernotlimik bet kagib lewidyoh.
spirit-pl-voc Atlantis-gen, chamber-obl2nd.pl.fam-gen defile-pperf-1st.sg for and land-obl into intruder-pl-obl bring-pperf-1st.sg for 1st.sg-dat forgive-imp-pl
"Spirits of Atlantis, forgive me for defiling your chamber and bringing intruders into the land."
"Espíritos de Atlantis, perdoem-me por profanar sua câmara ao trazer intrusos à ilha."
E adiante está uma tabela que mostra as correspondências entre os modos diferentes de transcrição com valores prováveis do AFI.[5][8][9]
John Emerson, Marc Okrand e os cineastas também criaram numerais de 0 à 9. Entretanto, são empilhados horizontalmente e levam valores de 1, 20 e 400. Seus componentes são baseados nos Numerais maia e internalmente compostos para a fonte (exemplo acima) tais como a Numeração romana. Se usado de acordo com as direções do, agora offline, site oficial, ficam de forma alternada, tais como os Algarismos indo-arábicos.[1][6][10]
Ordinais são formados adicionando o sufixo - (d)lag: sey 'três, seydlag 'terceiro'. O d é omitido se a raiz acaba com um consoante obstruente ou nasal: dut 'dois, dutlag 'segundo'.[13] Frações são formadas com o sufixo -(d)lop: kut 'quatro', kutlop 'quarto', sha 'cinco', shadlop 'quinto (parte)'.[14] E finalmente, distributivos são formados com o sufixo noh: din 'um', dinnoh 'um por vez, um para cada'.[13]
Onde os símbolos ocorrem em pares, o da esquerda representa o consoante mudo e o da direita representa o consoante falado.
Vogais
O inventário fonético Atlante inclui um sistema de vogais com os cinco fonemas acima. Muitas vogais tem duas realizações alofônicas proeminentes, dependendo de se ocorrem numa sílaba tônica ou átona.
Os vogais em sílabas tônicas tendem a serem tensos. De forma parecida, as átonas tendem a serem mais relaxadas. Também, por exemplo, /i/ é visto respectivamente como [i] ou [ɪ] em sílabas tônicas ou átonas. Da mesma forma, /e/ é visto como [e] ou [ɛ] e etc. Tem três ditongos: ay, ey, oy.
Além do sistema de vogais baseado em sílabas tônicas, o único outro exemplo de um fenômeno fonológico proeminente parece ser um tipo especial de sandhi ocorrente nos verbos, quando o pronome é combinado com um marcador de aspecto.
Quando o sufixo para a primeira pessoa do singular -ik combina com tensos que utilizam -i, -o (tensão do Passado e Futuro), se torna -mik.
bernot-o-ik → bernot-o-mik
Mas quando combinado com sufixos que apresentam -e (tensão do Presente), o mesmo sufixo se torna -kik.
bernot-e-ik → bernot-e-kik
Gramática
Atlante tem uma ordem Sujeito-Objeto-Verbo bem estrita e sem desvios permitidos. Adjetivos e verbos no caso genitivo seguem os verbos que eles modificam. Adposições apenas aparecem na forma de posposições, verbos modais seguem os verbos que eles modificam e subsequentemente pegam todos os sufixos pessoais e aspectuais. Entretanto, advérbios precedem verbos. A linguagem incluí o uso de uma partícula interrogativa para formar questões, sem variação na ordem das palavras.[1]
Algumas sentenças parecem utilizar alguns tipos de partículas, as vezes chamadas de "conectores de sentença". Essas partículas tem um significado obscuro, mas é teorizado que tem relação com duas cláusulas numa maneira lógica, mas ainda assim idiomática.[1]
O significado exato e o uso dessas partículas não são conhecidos, mas sem elas é difícil reconciliar as sentenças com suas traduções.
Exemplo:
Wiltem neb gamosetot deg duweren tirid.
city-accdem see-pres-3rd.sgpart outsider-pl all.
No outsiders may see the city and live. But literally: "He sees the city particle all outsiders."
Nenhum estrangeiro pode ver a cidade e viver. Mas literalmente: "Ele vê a cidade partícula todos os estrangeiros."
No exemplo acima não há menção real das consequências para os estrangeiros, mas ainda assim a legenda do filme a traduz como um aviso, mesmo sem mencionar a questão de sobrevivência ou morte. Uma possibilidade é que, com o objetivo de equalizar o movimento labial dos personagens com o tempo do diálogo, a linguagem teve que ser encurtada, as vezes deixando de fora partes chave da sentença. É sabido que os trechos em Atlante no filme foram posteriormente redublados.
Outro exemplo:
Tab.top, lud.en neb.et kwam gesu bog.e.kem deg yasek.en gesu.go.ntoh.
father-voc, person-pldem-plneg help be.able-pres-1st.sgpart noble-pl
Father, these people may be able to help us. But literally: "Oh Father, we cannot help these people particle they will help the nobles."[1]
Pai, talvez essas pessoas possam nos ajudar. Mas literalmente: "Oh Pai, nós não podemos ajudar essas pessoas partícula elas vão ajudar os nobres."
Neste exemplo, parece que as sentenças estão conectadas de forma melhor e a partícula é processada como quase "mas, ainda assim". Entretanto, é difícil reconciliá-las.
Substantivos
Atlante tem sete casos para substantivos, apenas cinco para pronomes e dois números.
de qualquer forma, com me (usando), via eu, etc. [nota 7]
Verbos
Verbos são flexionados com dois sufixos, um como tenso/aspecto e o próximo para pessoa/número.[1]
Sufixos de Tenso/aspecto
Sufixos de Tenso/aspecto
Nome
Sufixo
Exemplo
Português
Outros exemplos
Português
Presente Simples
-e
bernot.e.kik
Eu trago
sapoh.e.kik
Eu vejo
Presente Perfeito
-le
bernot.le.kik
Eu trouxe
Presente Obrigatório
-se
bernot.se.kik
Eu sou obrigado a trazer
kaber.se.kem
nós somos obrigados a avisar
Passado Simples
-i
bernot.i.mik
Eu trouxe
es.i.mot, sapoh.i.mik
isso foi, eu vi
Passado Imediato
-ib
bernot.ib.mik
Eu acabei de trazer
Passado Perfeito
-li
bernot.li.mik
Eu trouxe
Futuro Simples
-o
bernot.o.mik
Eu trarei
komtib.o.nen
você encontrará
Futuro Possível
-go
bernot.go.mik
Talvez eu traga
gesu.go.ntoh
eles podem ajudar
Futuro Perfeito
-lo
bernot.lo.mik
Eu trarei
komtib.lo.nen
você encontrará
Futuro Obrigatório
-so
bernot.so.mik
Eu serei obrigado a trazer
komtib.so.nen
você será obrigado a encontrar
Sufixos de Humor e Voz
Mood suffixes
Nome
Sufixo
Exemplo
Português
Singular de Humor Imperativo
sem sufixo
bernot!, nageb!
traga!, entre!
Plural de Humor Imperativo
-yoh
bernot.yoh!, nageb.yoh!
(todos vocês) tragam!, (todos vocês) entram!
Voz Passiva
-esh
pag.esh.e.nen, bernot.esh.ib.mik
você está agradecido (obrigado), Eu acabei de trazer
Infinitivo
-e
bernot.e, wegen.e, gamos.e
para trazer, para viajar, para ver
Notas
↑Transliterado como sh no Alfabeto do Escritor e no Alfabeto do Leitor.
↑Transliterado como h no Alfabeto do Escritor (bibɪx, capa interna do Subterranean Tours) e "kh" no Alfabeto do Leitor.
↑Transliterado como y no Alfabeto do Escritor e no do Leitor.
↑Com exceção de "mat", "mãe", que usa o Sufixo Filial Maternal -tim. Note que apenas um outro termo de parentesco, "pai", "tab" usa o comum -top
↑Como discutido no "The Shepherd's Journal" no "Collector's DVD": ketub-kup (página 4) e setub-mok-en-tem (página 10), setub-mok-en-ag (página 5) e setub-kup (página 1–4)
↑Como discutido no "The Shepherd's Journal" do "Collector's DVD": derup-tem e derup-nuh (página 5)
↑O análogo do pronome no verbo do sufixo instrumental é o -esh. Aparece em "First Mural Text" no "Collector's DVD": tug-is.
↑ abcdefghi"Production Notes." Atlantis-The Lost Empire. Ed. Tim Montgomery, 1996–2007. The Unofficial Disney Animation Archive. 13 de janeiro de 2007.
Animationarchive.net[ligação inativa]
↑Kalin-Casey, Mary. “Charting Atlantis the crew behind Disney’s latest animated adventure takes you behind the scenes.” Features Interviews. 17 de janeiro de 2007 Reel.comArquivado em 2006-01-18 no Wayback Machine
↑Murphy, Tab, Platon, David Reyolds, Gary Trousdale, Joss Whedon, Kirk Wise, Bryce Zabel, and Jackie Zabel. Atlantis the Lost Empire: The Illustrated Script [Abridged Version with Notes from the Filmmakers], 55.
↑Kurtti, Jeff. Atlantis Subterranean Tours: A Traveler’s Guide to the Lost City (Atlantis the Lost Empire). New York: Disney Editions: 2001, Inside Front Cover.
↑Hahn, Don; Wise, Kirk; Trousdale, Gary et al. 2-Disc Collector’s Edition: Atlantis: The Lost Empire, especially Features "How to Speak Atlantean", "The Shepherd's Journal".
↑John, David. Atlantis: The Lost Empire: The Essential Guide. New York: Dorling Kindersley Publishing, Inc., 2001, 33.
↑Kurtti, Jeff. Atlantis Subterranean Tours: A Traveler’s Guide to the Lost City (Atlantis the Lost Empire). New York: Disney Editions: 2001, 60.
↑Kurtti, Jeff. Atlantis Subterranean Tours: A Traveler’s Guide to the Lost City (Atlantis the Lost Empire). New York: Disney Editions: 2001, 31.
↑ abEhrbar, Greg. Atlantis: The Lost Empire. Milwaukee: Dark Horse Comics: Junho de 2001.
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