Quanto à data de composição, tem certa discrepância, ja que outros estudosos, como o pai Martí de Barcelona, OFM Cap, data a obra por volta de 1396. Curt Wittlin inclina-se não obstante a datar a obra entre 1387 e 1392 com base em dois fatores. Em primeiro lugar, neste libro trata Eiximenis de maneira abreviada matérias das que iba a tratar noutros libros não escritos de Lo Crestià. Pode-se crer, então, que aproveitou a ocasão de lhe escrever para utilizar estos materiais que ja tinha preparados. Em segundo lugar, este livro tem muitas referências aos anjos. Como astuciosamente indica o professor Wittlin, o aver tantas referências a este tema explica-se porque Eiximenis com certeza ja tinha in mente a composição da sua seguinte obra, o Llibre dels àngels (Livro dos anjos), dedicada a este tema, e escrito em 1392.[2]
Estructuração e contido
O livro consta de trezentos noventa e seis capítulos, divididos em cinco partes, despois duma introdução geral. Estas cinco partes correspondem co'os diversos estados da mulher: menina, solteira, casada, viúva e freira.
Educação da mulher segundo diretrices medievais
O livro, nos capítulos iniciais, pretende ser um manual de instrução das mulheres, parecido a outros deste tempo. Parece influído aquí por outros compêndios desta classe, como De eruditione filiorum nobilium (Sobre a erudição dos filhos dos nobles) (circa 1250), de Vincent de Beauvais, OP, que influiu muito em toda a Idade Média ja que dava directrices básicas para a educação femenina.[3]
A parte final, não obstante, a dedicada ás freiras, que é a mais longa, é um pequeno compéndio de teología, onde pode-se perceber a finalidade divulgadora e ao mesmo tempo catequizadora da obra eiximeniana. É nesta parte onde Eiximenis junta bona parte de materiais (ainda que sejan a nível elemental e esquemático), destinados sem dúvida a volumes não escritos de Lo Crestià. Desta maneira, trata das virtudes teologais (sobre as que deveria ter tratado o Cinquè, ou quinto volume), as virtudes cardinais (sobre as que deveria ter tratado o Sisè, ou sexto volume), e sobre os dez mandamentos (sobre os que deveria ter tratado o Setè, ou sétimo volume).
Doutras matérias que aparecem neste livro de maneira dispersa deveriam ter tratado igualmente outros volumes não escritos de Lo Crestià. Por exemplo falamos do matrimônio e da penitência (lembremos que o Desè, ou décimo volume, deveria ter tratado os sacramentos), ou da votos religiosos e da contemplação (o Onzè, ou onze avos volume, deveria ter tratado sobre o estamento eclesiástico) ou dos capítulos finais, que tratam sobre temas escatológicos (o Tretzè, ou treze avos volume, deveria ter tratado sobre Escatologia e o fim do mundo, e sobre o prémio ou castigo que recibiram as pessoas então, segundo a mentalidade medieval.
Além disso, volta a tratar de maneira resumida temas dos que ja tinha falado no Terç (Terceiro volume de Lo Crestià), como por exemplo dos sete pecados capitais e dos cinco sentidos corporais.[4]
Traduções ao espanhol
Deste livro se fizeram muitas traduções ao espanhol, e inclusive se utilizou una dessas traduçções para a educação das quatro filhas dos Reis Católicos.[5]
Se fez, ademais, uma adaptação, de autor hoje desconhecido, com algumas mudanças, também em espanhol, publicada em 1542, conhecida co'o nome de Carro de las Donas.[6]
Edições digitais
Incunábulos
[3] Edição na Biblioteca Digital Hispánica da edição incunábula impressa por Joan Rosembach (Barcelona, 8 maio de 1495).[7]
Edições antigas
[4] Edição em Somni (Coleção digitalizada do fondo antigo da Universidade de Valência) da edição do Carro de las Donas feita por Juan de Villaquigrán em Valladolid em 1542.
↑Isto pensa o eminente estudoso eiximeniano Curt Wittlin na introdução da edição do Llibre de les dones (Barcelona. Curial Edicions Catalanes. 1981, p. XIV. (em catalão)
↑VideBrines, Lluís. Biografia documentada de Francesc Eiximenis. Valência. T-Ink Factoría de Color. 2018. Pp. 162 ss. (em catalão)
↑Cantavella, Rosanna. “Lectura i cultura de la dona a l’edat mitjana: opinions d’autors en català”. Caplletra, 3. Outono 1988, p. 114.(em catalão)
↑Llibre de les dones. Barcelona. Curial Edicions Catalanes. 1981, p. XIV-XV. Introdução de Curt Wittlin (em catalão)
↑Psalterium alias Laudatorium Papae Benedicto XIII dedicatum. Toronto. Pontifical Institute of Mediaeval Studies. 1988, p. 7. Introdução de Curt Wittlin (em inglês)
↑Meseguer, Juan. OFM El traductor del Carro de las donas, de Francisco Eximénez, familiar y biógrafo de Adriano VI. Hispania, XIX. 1959. p. 236 (em castelhano)
↑Esta edição também se pode consultar na Memòria Digital de Catalunya[1] e na Biblioteca Virtual Joan Lluís Vives[2](em catalão)