Engenheiro responsável pelos projetos estruturais que permitiram a construção dos mais importantes monumentos de Brasília e do Conjunto Arquitetônico da Pampulha — obras mais complexas da carreira de Oscar Niemeyer —, Cardozo revolucionou a concepção estrutural do concreto armado com seus métodos de cálculo, contribuindo para a renovação da arquitetura mundial.[5] Para Niemeyer, Joaquim Cardozo era "o brasileiro mais culto que existia".[6][7][8][9]
Biografia
O poeta
Suas primeiras poesias datam de 1924, entretanto o primeiro livro Poemas surgiu apenas em 1947 e por pura insistência dos amigos. Joaquim Cardozo, que tinha uma memória prodigiosa, sabia de todos os seus poemas decorados e não os modificava, em nenhuma vírgula, quando os recitava publicamente em períodos distintos.
Eu não sou bem um poeta. Minha vida é que é cheia de hiatos de poesia.
Ao todo, foram publicados onze livros de sua autoria, dos quais destacam-se o inaugural Poemas, que teve prefácio do poeta Carlos Drummond de Andrade, um dos seus maiores admiradores, duas de suas obras teatrais, O Coronel de Macambira e De uma Noite de Festa, e suas Poesias Completas. Um livro Aceso e Nove Canções Sombrias foi seu último livro, publicado postumamente. Sua atuação na imprensa inclui passagem pelo Diario de Pernambuco como chargista, e passagens como colaborador e diretor da Revista do Norte, da Revista do Patrimônio Histórico e das revistas Para Todos e Módulo.
Após fazer o curso secundário no Ginásio Pernambucano, Joaquim Cardozo começou a estudar na Escola de Engenharia de Pernambuco, em 1915. Formou-se somente quinze anos depois, por causa da morte do pai e das dificuldades econômicas, período no qual prestou serviço militar e trabalhou como topógrafo. No ano em que viria a concluir o curso de engenharia, tornou-se desenhista em projetos de irrigação e perfuração de poços tubulares do Governo de Pernambuco, com o engenheiro alemão Von Tilling. Após a morte de Von Tilling, Joaquim Cardozo ainda estudante foi encarregado do projeto de irrigação de uma das ilhas do rio São Francisco. Em seguida, executou os cálculos das curvas parabólicas verticais da primeira rodoviária com pavimentação em concreto do Nordeste, no Recife.[2][3]
Não visualizo qualquer incompatibilidade entre poesia e a arquitetura. As estruturas planejadas pelos arquitetos modernos são verdadeiras poesias. Trabalhar para que se realizem esses projetos é concretizar uma poesia.
Joaquim Cardozo
A partir de 1931, já formado, trabalha na Secretaria Estadual de Viação e Obras Públicas como engenheiro rodoviário. Em 1934, Joaquim Cardozo incorpora-se à equipe do arquiteto Luiz Nunes, especialmente contratado para organizar a Diretoria de Arquitetura e Construção, primeira instituição governamental criada no Brasil com essa finalidade. Foi também professor da Escola de Engenharia e um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Pioneiro da arquitetura moderna, Cardozo renovou a concepção estrutural do concreto armado e os métodos de cálculo, contribuindo para a evolução da engenharia civil. Lecionou até 1939, ano em que sofreu medidas repressivas do Estado Novo por suas críticas aos procedimentos governamentais no campo da arquitetura e da engenharia. Transferiu-se então para o Rio de Janeiro, onde se associou a Oscar Niemeyer.[2][3]
Os muros das construções são o papel onde se inscreveram as páginas da história, onde ainda se inscrevem as mensagens para o futuro. E escrever estas mensagens, cabe ao arquiteto.
Joaquim Cardozo
O envolvimento de Cardozo com a arquitetura não se limitou à sua atuação como engenheiro estrutural de edifícios projetados por Oscar Niemeyer, Luiz Nunes e outros arquitetos. Cardozo (que chegou a ser o catedrático responsável pela cadeira "Teoria e Filosofia da Arquitetura" na antiga Escola de Belas Artes de Pernambuco) deixou escritos que, apesar de extremamente sumários, contém ideias significativas para a construção de uma Teoria da Arquitetura.
Vida pessoal
Visto como um homem discreto e sem ego, Joaquim Cardozo não teve filhos e morreu solteiro, o que dificultou a difusão de sua obra.[13]
1936 - Reassume as cadeiras nas Escolas de Engenharia e de Belas Artes
1939 - Paraninfo da turma de Engenharia, de 1939, discurso subversivo e consequente confronto com o governo de Pernambuco. Transfere-se para o Rio de Janeiro