Viajou com cartas ao Argum Cã, para o grande imperador Cublai Cã, para Caidu, Príncipe dos Tártaros, ao rei da Armênia e ao Patriarca dos Jacobitas. Nessa viagem, foram seus companheiros o Dominicano Nicolau de Pistoia e o comerciante Pedro de Lucalongo. Ele chegou a Tabriz (no Azerbaijão Iraniano), a principal cidade da Pérsia Mongol, se não de toda a Ásia Ocidental.[1][2]
Dali, partiram por mar para Madras, na baía de Bengala, Índia, onde já havia os cristãos de São Tomé. Ali, Nicolau de Pistoia veio a falecer. Em 1291 ou 1292, escreveu para sua família. Passando por São Tomé de Meliapor, chegaria à China em 1294. Chegou na mesma época da morte de Kublai Khan, tendo Temür Khan assumido o trono. Apesar da mudança de governante, não houve oposição do novo cã quanto às conversões, mas os Nestorianos mostraram-se descontentes. Foi auxiliado na sua obra de evangelização por Arnaldo da Colônia, frade alemão que a ele se reuniu em 1303.[1][2]
Em 1299, Montecorvino construiu a primeira igreja em Cambalique, e em 1305 a segunda, em frente ao palácio Imperial. Nessa época, treinou cerca de cento e cinquenta meninos entre sete e onze anos em Latim e Grego, além de ensinar Salmos e Hinos, para formar um coral. Ao mesmo tempo, foi se familiarizando com a língua chinesa. Dessa forma, traduziu para essa língua os Salmos e o Novo Testamento. Montecorvino converteu um príncipe nestoriano de nome Jorge, seguidor de Preste João, vassalo do grão-cã e mencionado por Marco Polo.[1][2]
João escreveu cartas em 8 de janeiro de 1305 e em 13 de fevereiro de 1306, descrevendo o progresso da missão católica no Extremo Oriente, apesar da oposição Nestoriana; fazendo alusão à comunidade católica fundada por ele na Índia; de um recurso recebido para evangelizar no Reino da Etiópia e ajudar a delinear rotas por terra e mar para "Catai" (o nome dado na altura para o norte da China).[1][2]
Em 1307, o Papa Clemente V, extremamente satisfeito com o sucesso do missionário, enviou sete bispos franciscanos consagrados para ajudar-lhe na evangelização dos chineses, tendo ordenado João como Arcebispo de Cambalique e Patriarca de Todo o Oriente. Destes bispos enviados para serem seus sufragâneos, apenas três chegaram a salvo na região. Em 1312, mais três bispos franciscanos foram enviados, mas apenas um chegou à Ásia Oriental.[1][2]
Durante os 20 anos seguintes, a missão continuaria com êxito. Segundo a tradição, Montecorvino teria convertido o grão-cãKhaishan Kuluk (terceiro governante Yuan, 1307 - 1311). Conseguiu grande êxito na evangelização no Norte e no Leste da China. Além de três igrejas na região de Pequim, ainda estabeleceria missões em Formosa e no porto de Amoy.[1][2]
Ele traduziu o Novo Testamento para o uigur, além da providenciar cópias de salmos, breviários e hinos para os ongudes. Ele foi fundamental para o ensino do Latim naquela região, além da formação de coros religiosos, na esperança de que algum daqueles meninos se tornasse padre.[1][2]
Quando João de Montecorvino morreu em 1328, foi reverenciado como santo (não canonizado). Ele era aparentemente o único bispo medieval europeu trabalhando em Pequim. Mesmo após sua morte, a Missão da China durou mais quarenta anos. Teve um funeral solene, assistido por uma multidão de cristãos e não-cristãos.[1][2]
Uma embaixada para o Papa Bento XII em Avinhão foi enviada por Toghon Temür, o último imperador mongol da China (dinastia Yuan), em 1336. A embaixada foi liderada por um genovês a serviço do imperador mongol, Andrea di Nascio, e acompanhado por um outro genovês, Andalò di Savignone. Estas cartas da representação do governante mongol, reclamavam da falta de um guia espiritual havia oito anos, desde a morte de Montecorvino e desejaria ardentemente ter um. O Papa respondeu às cartas, e designou quatro eclesiásticos como seu legados à corte do cã. Em 1338, um total de 50 eclesiásticos foram enviados pelo Papa para Pequim, entre os quais João de Marignolli. Em 1368, é implantada a Dinastia Ming e os mongóis são expulsos da China. Até 1369 todos os cristãos, quer sejam católicos romanos ou nestorianos, foram expulsos pela Dinastia Ming.[1][2]
Seis séculos mais tarde, Montecorvino inspirou um outro franciscano, o VenerávelGabriele Allegra, para ir para a China e completar a primeira tradução da Bíblia católica inteira para a língua chinesa em 1968.[3]
Pacifico Sella (2008). Il Vangelo in Oriente. Giovanni da Montecorvino, frate minore e primo Vescovo in terra di Cina (em italiano). [S.l.]: Ed. Porziuncola. ISBN8827006184