Félix Miélli Venerando

Félix
Félix
Informações pessoais
Nome completo Félix Miélli Venerando
Data de nasc. 24 de dezembro de 1937
Local de nasc. São Paulo, São Paulo, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Morto em 24 de agosto de 2012 (74 anos)[1]
Local da morte São Paulo, São Paulo, Brasil
Altura 1,76 m[2]
destro
Apelido Papel
Informações profissionais
Período em atividade Como jogador: 1953-1978 (25 anos)
Como treinador: 1978-1982 (4 anos)
Posição goleiro
Clubes de juventude
Nacional-SP
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos (golos)
1953–1955
1955–1957
1957–1960
1961–1968
1968–1978
Juventus-SP
Portuguesa
Nacional-SP (emp.)
Portuguesa
Fluminense



305
319 (-260)
Seleção nacional
1965–1972 Seleção Brasileira 39 (-37)
Times/clubes que treinou
1978–1980
1982
1982
2007
Fluminense (Prep. de goleiros/Cat. de base)
Botafogo (interino)
Avaí
Inter de Limeira (Diretor-técnico)


18 (6V 4E 8D)

Félix Miélli Venerando, mais conhecido como Félix (São Paulo, 24 de dezembro de 1937São Paulo, 24 de agosto de 2012), foi um treinador e futebolista brasileiro, que atuava como goleiro. Foi campeão com a Seleção Brasileira de Futebol no Copa do Mundo FIFA de 1970.[1][3][4]

Carreira

Futebol paulista

Sua carreira começou bem cedo, nas divisões de base do Nacional-SP da capital paulista e, com apenas 15 anos de idade, profissionalizou-se no Juventus-SP da Mooca. Félix ficou no Moleque travesso até 1955, quando foi contratado pela Portuguesa, no dia 23 de julho de 1955. Sua estreia, porém, só veio acontecer no dia 26 de março de 1956, no Torneio Rio-São Paulo Internacional, pois Cabeção estava defendendo a seleção, e Félix jogou na vitória por 2 a 1 contra o Newell's Old Boys.[5]

Com a saída de Cabeção em 1957, a Portuguesa contratou, no ano seguinte, o goleiro Carlos Alberto, que havia jogado no Vasco da Gama. Félix passou a treinar com os aspirantes e foi campeão paulista em 1957. Depois, foi emprestado ao Nacional-SP. Retornou à Portuguesa no final de 1960, a pedido do treinador Nena, e assim, finalmente, vestiu a camisa número 1 da Lusa. Foi titular absoluto de 1961 até 1963. De 1964 até 1968, Félix passou a revezar com Orlando, que havia sido contratado junto ao São Cristóvão.[5]

Em 1964, a Portuguesa foi convidada para tomar parte nos eventos ligados à Feira Internacional de Nova York, e teve de enfrentar, em Massachusetts, uma seleção local. O time da Portuguesa era respeitável, com Ivair (o príncipe) e Henrique Frade, entre outros. O jogo estava tão fácil que, quando já estava 9 a 0, Orlando entrou no gol e Félix, em vez de deixar o campo, decidiu jogar no ataque. Após um cruzamento de Almir pela direita, Félix entrou na área e marcou o décimo gol. O jogo acabou 12 a 1.[6]

Jogando pela Portuguesa, disputou quatro partidas pela Seleção Brasileira. Estreou no Estádio do Pacaembu, em 22 de novembro de 1965, defendendo a chamada "Seleção Azul" na vitória por 5 a 3 sobre a Hungria. Esta seleção era composta somente por jogadores de clubes paulistas, que neste dia jogou desta maneira: Félix, Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Procópio e Edílson (Geraldino); Lima e Nair; Marcos, Prado (Coutinho), Servílio e Abel. Félix também disputou a Copa Roca em Montevidéu, contra o Uruguai, entre 25 de junho e 1 de julho de 1967, em três empates (0 a 0, 2 a 2 e 1 a 1).[6]

Sua despedida pela Portuguesa aconteceu no dia 3 de março de 1968, quando enfrentou o São Paulo e empatou por 0 a 0. Foi vendido para o Fluminense, no dia 20 de julho de 1968, um dia antes do aniversário de 66 anos da equipe, por 150 mil cruzeiros.[7]

Jogando pela Lusa, Félix participou de 305 jogos, com 147 vitórias, 71 empates e 87 derrotas, além de ter um gol marcado pelo clube rubro-verde.[6]

Fluminense

Quando chegou ao Fluminense, Félix já tinha 30 anos, experiente, não se abalava com as eventuais falhas e retomava a confiança rapidamente, passando segurança para os companheiros de time.[8]

Pelo Fluminense, Félix foi campeão carioca em 1969, 1971, 1973, 1975 e 1976, campeão também de três edições de taças guanabaras, duas delas, em 1969 e 1971, competições independentes do Campeonato Carioca, além ter conquistado também o Campeonato Brasileiro de 1970, quatro turnos de campeonatos cariocas com outros nomes, e outros torneios, esses, amistosos, tendo sido indicado para o Tricolor por ninguém menos que Telê Santana. Atuou em 319 partidas entre 1968 e 1978, com 152 vitórias, 82 empates e 85 derrotas, sofrendo 260 gols (0,82 por partida).[9] Foram cinco decisões de Campeonato Carioca como titular, e quatro títulos, em 1969, 1971, 1973 e 1975, sendo vice em 1972.[10]

Uma de suas defesas mais espetaculares aconteceu na vitória do Fluminense sobre o Botafogo por 2 a 1, pela Taça Guanabara de 1975, no dia 21 de abril, quando o então atacante alvinegro Nílson Dias, matou a bola no peito na meia-lua da grande área, e de costas para o gol, deu uma bicicleta, com Félix saltando do meio do gol e encaixando a bola no ângulo direito, perante 109.705 espectadores pagantes, garantindo a vitória e a classificação do Tricolor para a final da Taça Guanabara contra o America, quando o Fluminense se sagraria campeão.[11]

Jogou em dois times vitoriosos do Fluminense apelidados de "Máquina Tricolor", o de 1969-70-71,[12] e o de 1975-76-77.[13]

O seu apelido era "papel", devido a sua magreza e aos voos espetaculares que dava para agarrar a bola (voava como um papel).[5]

Seleção Brasileira

Pela Seleção Brasileira, Félix disputou 48 partidas, conquistando o bicampeonato da Copa Rio Branco em 1967 e 1968, e o tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1970.[14] Nesta competição, Félix fez defesas importantes. No difícil jogo contra a Inglaterra, na primeira fase, quando o jogo estava empatado sem gols, aos 12 minutos do primeiro tempo, fez uma defesa difícil em cabeçada de Francis Lee à queima-roupa, e ainda sofreu falta no lance, pois ele deu rebote e o atacante inglês tentou recuperar a bola, mas acabou acertando seu rosto, o que valeu um cartão amarelo ao atacante inglês. Nas semifinais, ele fez o que muitos consideram como a "defesa que valeu por um título". O Brasil vencia o Uruguai por 2 a 1, quando, aos 40 minutos do segundo tempo, uma bola levantada da esquerda por Julio César Cortés foi cabeceada por Luis Cubilla, que ia para o canto esquerdo, à meia altura, e Félix voou para espalmar a bola e, na sequência, a zaga afastou o perigo. Foi a última chance uruguaia para levar o jogo para a prorrogação. Dois minutos depois, o Brasil faria o terceiro gol, através de Roberto Rivellino, e garantiria sua vaga na final diante da Itália.[11]

Técnico, empresário e dirigente

No ano de 1982, Félix foi técnico interino do Botafogo e efetivo do Avaí.[15] Atuou como tal por 18 jogos, obtendo 6 vitórias, 4 empates e 8 derrotas pelo Leão da Ilha da Magia.[16]

Depois que encerrou sua carreira futebolística, Félix foi diretor comercial de uma empresa cujo proprietário era seu genro, casado com Lígia, uma das três filhas. Em seus últimos anos, coordenou uma escolinha de futebol comunitária, voltada para as crianças carentes, além de passar sua experiência dentro e fora dos gramados, em palestras para empresas e faculdades. Em 2007, assumiu o cargo de diretor-técnico da Inter de Limeira, que disputou a Série A-2 do Campeonato Paulista, tendo passado antes nas categorias de base de alguns clubes e ter se aposentado como preparador de goleiros do Fluminense ainda em 1977, onde ficou até 1980.[17]

Morte

Félix sofria de enfisema pulmonar e ficou internado no Hospital Vitória, em São Paulo, por 6 dias.[18] Faleceu às 7h da manhã do dia 24 de agosto de 2012, após várias paradas cardiorrespiratórias.[1][19][20][21]

Títulos

Seleção Brasileira

Fluminense

Prêmios individuais

  • Em 1970, ganhou o Prêmio Belfort Duarte, que homenageava o jogador de futebol profissional que passasse dez anos sem sofrer uma expulsão, tendo jogado pelo menos 200 partidas nacionais ou internacionais.[11]

Ligações externas

Referências

  1. a b c «Que Fim Levou? Félix». TerceiroTempo.com. Consultado em 16 de novembro de 2016 
  2. «Félix». worldfootball.net (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2023 
  3. «Félix». SitedaLusa.com. 7 de outubro de 2010 
  4. «Titular na Copa de 1970, ex-goleiro Félix morre em São Paulo». Terra.com. 24 de agosto de 2012 
  5. a b c «Que Fim Levou? Félix». TerceiroTempo.com. Consultado em 16 de novembro de 2016 
  6. a b c Site MUNDO LUSÍADA - Félix: Morre um herói luso, página editada em 27 de agosto de 2012 e disponível em 16 de novembro de 2016.
  7. «Félix». Flumania.com. Arquivado do original em 31 de janeiro de 2011 
  8. Site oficial do FLUMINENSE FOOTBALL CLUB - Ex-goleiro do Fluminense e da Seleção Brasileira, morre aos 74 anos, página editada em 24 de agosto de 2012 e disponível em 16 de novembro de 2016.
  9. DE FREITAS LIMA, Ricardo. «Jogadores - Letra F - Félix-1978». Fluzão.info. Consultado em 14 de novembro de 2016 
  10. DE FREITAS LIMA, Ricardo. «Jogos». Fluzão.info. Consultado em 16 de novembro de 2016 
  11. a b c Site GLOBOESPORTE - Ídolo do Flu e tricampeão mundial em 70, ex-goleiro Félix morre em SP, página editada em 24 de agosto de 2012 e disponível em 16 de novembro de 2016.
  12. Revista Placar nº 41, de dezembro de 1970.
  13. Site IMPORTAIS DO FUTEBOL- Craque Imortal - Félix, página editada em 25 de agosto de 2012 e disponível em 16 de novembro de 2016.
  14. CBF.com (6 de dezembro de 2010). «Heróis do tri começam a chegar». CLNews.com. Consultado em 28 de julho de 2013 
  15. «Félix é o novo técnico do Botafogo». Jornal dos Sports. 27 de março de 1982. Consultado em 21 de novembro de 2017 
  16. DIEGUEZ, Marcelo de Paula - FELIX, ex-goleiro do Nacional-SP, Juventus-SP, Portuguesa-SP, Fluminense-RJ e Seleção Brasileira, página disponível em 16 de novembro de 2016.
  17. «Que Fim Levou? Félix». TerceiroTempo.com. Consultado em 16 de novembro de 2016 
  18. «Ídolo do Flu e tricampeão mundial em 70, ex-goleiro Félix morre em SP». GloboEsporte.com. 24 de agosto de 2012. Consultado em 28 de julho de 2013 
  19. LancePress! (24 de agosto de 2012). «Campeão da Copa de 70, ex-goleiro Félix morre em São Paulo». Lance!Net. Consultado em 28 de julho de 2013 
  20. «Morre ex-goleiro Félix, campeão do mundo com a seleção brasileira em 1970». Estadão.com. 24 de agosto de 2012. Consultado em 28 de julho de 2013 
  21. ENTINI, Carlos Eduardo & BATISTA, Liz (24 de agosto de 2012). «Félix e a certeza do título». AcervoEstadão.com. Consultado em 28 de julho de 2013 
  22. Assaf, Clóvis Martins e Roberto (7 de dezembro de 2023). História dos Campeonatos Cariocas de Futebol 1906-2023. [S.l.]: Mauad Editora Ltda 

Precedido por
Cláudio Wágner
Técnico do Avaí Futebol Clube
1982
Sucedido por
Ladinho