As formações de albedo clássicas de Marte são as regiões claras e escuras em Marte que podem ser avistadas através de um telescópio baseado na Terra. Antes da era das sondas espaciais, vários astrônomos elaboraram mapas de Marte nos quais eles deram nomes às formações que eram visíveis. O sistema de nomenclatura mais popular foi definido por Giovanni Schiaparelli, que utilizou nomes inspirados na antiguidade clássica. Atualmente, o maior conhecimento sobre Marte possibilitado pelas sondas espaciais tornou vários nomes clássicos obsoletos para fins cartográficos; no entanto, alguns dos nomes antigos continuam sendo utilizados para descrever formações geográficas no planeta.
História
Os astrônomos telescópicos pioneiros, observando Marte a partir de uma grande distância através de instrumentos primitivos (apesar de avançados para a época), encontravam-se limitados ao estudo dos contrastes de albedo na superfície do planeta. Estes contrastes de albedo raramente correspondiam a formações topográficas, e em muitos casos, as escondiam. As origens dos contrastes de albedo eram um mistério. As manchas brancas nos polos foram corretamente interpretadas como sendo constituídas de uma substância congelada, seja água ou dióxido de carbono, mas a natureza das manchas escuras que se sobrepunham à superfície avermelhada de Marte permaneceu incerta por séculos. Quando Giovanni Schiaparelli iniciou suas observações de Marte em 1877, ele supôs que as formações escuras fossem mares, lagos, e pântanos, e deu a elas seu nome correspondente em latim (mare, lacus, palus, etc.). Em poucas décadas, porém, a maioria dos astrônomos já concordava que Marte não possuía grandes corpos de água superficial. Alguns acreditavam que as formações escuras fossem indicativas de uma vegetação marciana, tendo em vistas que estas variavam em forma e intensidade no curso do ano marciano. Sabe-se agora que as manchas escuras são regiões em que o vento soprou a poeira superficial, deixando à mostra uma superfície rochosa, mais escura; suas delimitações variam em resposta às tempestades de vento na superfície que carregam a poeira, alargando ou estreitando as formações.
O primeiro astrônomo a dar nomes às formações de albedo e Marte foi Richard A. Proctor, que criou um mapa em 1867, baseado em parte nas observações de William Rutter Dawes, no qual várias formações receberam nomes de astrônomos envolvidos no mapeamento de Marte; em alguns casos, alguns nomes foram utilizados em várias formações geológicas. Ele foi seguido por Giovanni Schiaparelli, cujas observações diferiam das de Proctor, e utilizou-se dessas diferenças para justificar uma revisão completa de um novo esquema de nomenclatura em latim, inspirada nos mitos e na história da antiguidade clássica, em paralelo com outras fontes. A nomenclatura de Proctor competiu com a de Schiaparelli por várias décadas, e foram utilizadas em alguns dos notáveis mapas desenhados por Camille Flammarion em 1876 e Nathaniel Green em 1877. A nomenclatura de Proctor é atualmente considerada completamente obsoleta. Em 1958, a União Astronômica Internacional criou uma lista oficial de formações de albedo de Marte, incluindo vários, mas não todos os nomes utilizados por Schiaparelli.[1]
O advento das sondas espaciais revolucionou o entendimento científico de Marte, e algumas das formações de albedo clássicas se tornaram obsoletas, na medida em que se verificava que elas não correspondiam claramente com as imagens detalhadas fornecidas pelas sondas espaciais. Porém, muitos dos nomes utilizados em formações topográficas em Marte ainda são baseados na nomenclatura clássica da localidade da formação; como por exemplo, a formação de albedo 'Ascraeus Lacus' empresta o nome para o vulcão Ascraeus Mons.
Além disto, como a maioria dos telescópios amadores baseados na Terra não é potente o bastante para definir as formações topográficas de Marte, os astrônomos amadores ainda utilizam vários termos da antiga nomenclatura para se orientar e registrar suas observações.
Nomes comuns de formações de albedo
Várias palavras em latim listadas abaixo são substantivos comuns. Essas palavras vem geralmente, mas nem sempre, após o nome, mas são normalmente ignoradas na ordem alfabética seguinte:
Campi (ˈkæmpaɪ) - campos
Cherso (ˈkɛrsoʊ) - península
Cornu (ˈkɒrnjuː) - chifre, península
Depressio (dɨˈprɛʃioʊ) - depressão
Fastigium (fæsˈtɪdʒiəm) - pico
Fons (ˈfɒnz) – fonte
Fretum (ˈfriːtəm) – estreito
Insula (ˈɪnsjʊlə) – ilha
Lacus (ˈleɪkəs) - lago
Lucus (ˈljuːkəs) - bosque
Mare (ˈmɑriː, ˈmɛəriː) – mar
Nix (ˈnɪks) – neve
Palus (ˈpeɪləs) - marisma
Pons (ˈpɒnz) – ponte
Promontorium (ˌprɒmənˈtɔəriəm) – cabo
Regio (ˈriːdʒioʊ) - região
Silva (ˈsɪlvə) – mata, selva
Sinus (ˈsaɪnəs) – baía
Lista de formações de albedo
Os "canais" marcianos também observados por Schiaparelli não são listados aqui, a relação dos canais pode ser vista em Lista de canais de Marte.