Cada país tinha 20 júris e cada um deles atribuía as suas 5 canções favoritas 5, 4, 3, 2,e pontos por ordem de preferência. Todos esses pontos eram adicionados e as canções com maior número de pontos obtinham 5, 4, 3, 2, e 1 voto, por ordem.
Depois da França (vencedora do ano anterior), ter recusado organizar pela terceira vez o certame, passou-se a vez ao segundo classificado, o Mónaco que também recusou, assim como o Luxemburgo (terceiro classificado).[2] Em outubro de 1962, foi finalmente anunciado que seria o Reino Unido a organizar a edição de 1963.[3]
Esta edição apresenta uma alteração na regra de solistas e duetos. Estão autorizados a ser acompanhado por artistas principais e em segundo plano um coro de até três pessoas.
Esta edição ficou ainda marcada pela controversa votação da Noruega (que votou primeiro de uma maneira, e, quando foi novamente chamada a votar, modificou os seus resultados) e, pela primeira vez, uma mulher, Yvonne Littlewood, responsável pela produção do espetáculo.
O Festival Eurovisão da Canção 1963 ocorreu em Londres, no Reino Unido. Londres é uma das maiores cidades da Europa e já liderou a lista das maiores cidades do mundo. De uma cidade romana chamada Londínio, a capital da região administrativa romana Britannia, a cidade acabou por se tornar o centro do império britânico, contribuindo hoje com 17% do PNB de um país que é a quarta maior economia do mundo. Londres tem sido um dos mais importantes centros da política e do comércio mundiais por quase dois milénios (apesar de a capital de Inglaterra ter sido Winchester durante grande parte da Idade Média).
O festival em si realizou-se na BBC Television Centre. Inaugurado em 1960, a BBC Television Centre é uma das instalações mais facilmente reconhecíveis de seu tipo, tendo surgido como pano de fundo para muitos programas da BBC. Permaneceu como uma das maiores instalações do mundo até o fechamento em março de 2013.[7]
Visual
Como o estúdio TC1, à época o maior estúdio da Europa, não estaria pronto até abril de 1964, foram usados os estúdios TC3 e TC4. Um terceiro estúdio, o TC5, foi usado pelo júri britânico. Dois estúdios (TC3 e TC4) foram usados: um para a plateia, para o quadro de votações e para a apresentadora, Katie Boyle; e outro, com melhor acústica, para a orquestra e para os artistas. A decoração do primeiro estúdio consistia numa escadaria ladeada por pilastras douradas e grandes espelhos. O quadro de votação foi colocado à direita do palco. A decoração do segunda estúdio consistia num piso feito de vários pódios hexagonais de diferentes tamanhos. Para isso, foram adicionadas uma escada, um pórtico e outros acessórios, conforme as atuações dos vários artistas.
A principal novidade técnica da edição de 1963 (para além do uso de duas salas separadas) foi o uso de microfones suspensos. Estes, invisíveis na tela, permitiram maior liberdade de movimento aos artistas e uma encenação mais elaborada. Cada artista tinha, portanto, o direito a uma apresentação personalizada.[6] Esta técnica deu origem a persistentes, mas imprecisos rumores de que os artistas não interpretaram as músicas ao vivo.[2] Pela primeira vez, efeitos visuais foram usados para as atuações: close-ups, imagens de rastreamento, imagens sobrepostas e filtros animados. Além disso, pela primeira vez, uma máquina de vento foi usada. O objetivo desta edição foi inovar para criar um novo visual.
O sorteio da ordem de atuação foi feita a 26 de novembro de 1962, muito mais cedo do que em edições anteriores, de modo a que os artistas posteriormente na ordem de atuação não precisassem de estar presentes durante os três dias de ensaios.
Os ensaios começaram a 21 de março, com os primeiros 8 países a terem um ensaio de 55 minutos com a orquestra, composta por 45 elementos.[5]
Formato
O vídeo introdutório começou com a apresentação dos nomes dos países participantes no logótipo da Eurovisão, nas suas línguas oficiais. Depois, começou com uma vista aérea da BBC Television Center e depois dos dois estúdios. Após as saudações habituais, Katie Boyle chamou os artistas de cada vez, que se apresentaram ao público
Cada música foi introduzida por uma visão em um mapa da Europa. Uma lâmpada luminosa, colocada no local da capital, indicava o país participante. O nome deste, da música e dos artistas apareceu então sobreposto no mapa.
Inicialmente, planeava-se inserir entre cada música trinta segundos de sketches com os bonecos Pinky & Perky. Essas sequências foram, portanto, roteirizadas e gravadas nnm estúdio em Manchester, e até pré-publicitados, mas a produção mudou no último momento, não sendo transmitidas.[3]
Para o intervalo, os equilibristas Ola & Barbro interpretaram uma atuação de circo. Barbro fez algumas figuras de equilíbrio, no guidão de uma bicicleta dirigida por Ola. Esta última então realizou outras acrobacias, sozinha, na mesma bicicleta. Ambos concluíram com números de dueto.
Votação
Um novo sistema de votação foi utilizado. Assim, a votação baseou-se em 20 júris por país que atribuíram 5, 4, 3, 2 e 1 ponto às suas cinco canções favoritas, por ordem de preferência; somaram os totais de cada país e deram à canção mais votada 5 pontos, à segunda 4 pontos, à terceira 3 pontos, à quarta 2 pontos e à quinta 1 ponto. Uma outra novidade foi o facto da apresentadora também estar em ligação telefónica com um escrutinador da EBU, um árbitro cuja decisão caberia em caso de dificuldades.
Aconteceu algo de controverso durante a votação. Durante a votação norueguesa, o porta-voz do júri enganou-se ao revelar as votações esquecendo-se de ordená-las (pois a votação era dada pela ordem de actuação e não de forma decrescente). Katie Boyle, a pedido do porta-voz, adiou a divulgação dos resultados noruegueses para o final da votação dos outros júris nacionais. Quando voltou para dar os votos, o júri norueguês alterou-os e deu 5 pontos ao Reino Unido; 4 pontos à Dinamarca (anteriormente dados à Itália), 3 pontos à Itália (anteriormente dados à Suíça), 2 pontos à Alemanha (anteriormente dados à Dinamarca) e 1 ponto à Suíça (anteriormente dado à Alemanha), roubando o primeiro lugar da Suíça para a "vizinha" Dinamarca. Ainda hoje não se sabe, ao certo, se foi uma confusão ou se a alteração foi intencional para beneficiar outro país escandinavo. No entanto, sabe-se que os resultados do júri norueguês não estavam prontos quando foi chamado pela primeira vez por Katie Boyle. O seu presidente ainda estava ocupado a somar os votos dos jurados. Surpreendido, Roald Øyen teria lido os resultados provisórios.[6]
Após a segunda votação da Noruega, o Mónaco também foi chamado a divulgar os seus votos pela segunda vez, pois tinha atribuído duas vezes um ponto (para o Reino Unido e para o Luxemburgo). Após a releitura dos votos, foi retirado um ponto a o Luxemburgo, que não alterou em nada a classificação dos países[1]
Também se especulou se os júris estavam de facto no outro lado da linha ou no próprio estúdio, dada a clareza com que suas vozes podiam ser ouvidas, em vez de soar como se estivessem sendo redirecionadas por uma linha telefónica.
Esta foi também uma das votações mais renhidas da História, visto que ora liderava a Dinamarca, ora liderava a Suíça, com a primeira acabando por vencer por apenas 2 pontos.
Pela primeira vez, a ordem de votação, respeitou a ordem de atuação. A Noruega, apesar de ter sido a quinta a votar, aparece a tabela em último, por ter sido novamente chamada a votar. Sendo assim, a ordem de votação no Festival Eurovisão da Canção 1963, foi a seguinte: