As eleições de 2006 aconteceram em meio a uma nítida reorganização das forças políticas do país. Nas eleições gerais anteriores, após três tentativas consecutivas, o Partido dos Trabalhadores (PT), representado pelo seu candidato Luiz Inácio Lula da Silva chegava pela primeira vez à Presidência da República, em meio a um temor generalizado por parte do mercado financeiro internacional com relação a riscos de desestabilização econômica e descumprimento de contratos. O Partido da Social-Democracia Brasileira, que ocupara anteriormente o cargo durante oito anos, viu sua força política reduzida à medida que o novo governo passava a assumir uma política econômica próxima à do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
À época foi iniciada a cogitação de que o PT tomava o lugar do PSDB como representante do Brasil da social-democracia.[carece de fontes?] Posteriormente, constatou-se que isto ocorreu à medida em que as políticas de governo do PT foram nesta linha[1] e o PSDB abandonou a social-democracia e tornou-se um partido mais à direita.[2]
Candidatos
Nota: a tabela a seguir está organizada por ordem alfabética de candidatos.
Lula obteve 58.295.042 votos (60,83% dos votos válidos), contra 37.543.178 (39,17%) de Geraldo Alckmin[9], que, por sua vez, registrou um marco histórico ao receber menos votos no segundo turno em relação ao primeiro. No segundo turno o TSE divulgou que foram realizadas 441 prisões, contra 932 do primeiro turno.[10]
A escolha presidencial no Brasil é feita em dois turnos nas ocasiões em que nenhum dos candidatos alcança a maioria simples dos votos válidos (50% mais um voto), sendo eleito no segundo turno o candidato com maior número de votos. Todos os candidatos que possuem cargo executivo (exceto os candidatos à reeleição) devem se desincompatibilizar (ou seja, abrir mão do cargo) até 2 de abril, de modo a concorrer a qualquer cargo, segundo norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Quase nenhum partido lançou mão de eleições primárias e seus candidatos foram escolhidos por meio de convenções internas a realizadas no primeiro semestre de 2006.
Antes mesmo do período eleitoral brasileiro ter início, vários partidos buscaram apoio de outros partidos. O motivo que costuma despertar tal interesse nos partidos maiores costuma ser a somatória de tempo disponível para as propagandas gratuitas em rádio e em televisão: cada partido tem direito a um tempo mínimo específico mais um tempo calculado a partir do número de deputados federais eleitos pela legenda. Partidos menores procuram legendas de maior porte para tentar driblar a cláusula de barreira eleitoral, que limita a participação de "partidos nanicos" no Congresso Nacional.
Teve candidatura própria para a disputa, uma vez que o partido discorda de posicionamentos ideológicos das demais legendas (especialmente PT e PSTU, as que mais são criticadas em artigos veiculados em seu website). Rui Costa Pimenta é escolhido novamente para disputar a presidência pela legenda. Seu vice foi Pedro Paulo de Abreu Pinheiro. A candidatura de Rui Costa Pimenta correu risco sofrer processo de impugnação e foi suspensa até a última semana, quando o programa eleitoral de Rui Costa Pimenta voltou a veicular.
O principal partido de oposição anunciou Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo que renunciou ao cargo para poder concorrer à presidência, como seu candidato para as eleições de 2006. Em 11 de junho de 2006 esse anúncio foi confirmado na Convenção Nacional do partido.[12] O então senador de Pernambuco José Jorge, do PFL, foi o candidato a vice-presidente de sua chapa. Alckmin foi ao segundo turno com Lula, mas não se elegeu.
César Maia, prefeito da cidade do Rio de Janeiro, desistiu de sua candidatura para apoiar Geraldo Alckmin. Apesar de desentendimentos pontuais quanto a questões estaduais e circunstâncias políticas (tais como as ondas de violência em São Paulo desde maio de 2006), a aliança dos dois foi firmada na chamada "Coligação por um Brasil Decente", composta apenas pelos dois partidos. No entanto, o Partido Popular Socialista (PPS) os apoia informalmente (e coligou-se oficialmente com os dois partidos em alguns estados).
Como outros partidos de menor expressão, teve candidatura própria à Presidência da República. Lançou como candidato o empresário Luciano Bivar, com o objetivo de dar maior visibilidade ao partido para que este consiga cumprir a cláusula de barreira - que não foi atingida. Esta cláusala define um percentual dos votos nas eleições para deputado federal a ser alcançado para que um partido não perca direito a alguns benefícios a partir do ano seguinte.
Heloísa Helena, senadora, fundou o PSOL e anunciou sua candidatura após ter sido expulsa do PT. O nome da senadora foi oficializado pelo partido no dia 28 de maio.[13] O seu vice é o economista César Benjamin, também do PSOL e egresso do PT, do qual foi fundador.
O candidato do partido é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2002 e que concorre à reeleição. A nova candidatura foi lançada em 24 de junho de 2006. Lula veio a ser reeleito no segundo turno.[14]
Margem de erro: 2 pontos percentuais para mais ou para menos
Total de entrevistados: 3.010
Número de registro: 18053/06
Primeiro turno
30 de setembro
Os demais candidatos não alcançaram 1% das intenções de voto.
Margem de erro: 2 pontos percentuais para mais ou para menos
Total de entrevistados: 7.528
Número de registro: 18053/06
21 de setembro
Os demais candidatos não alcançaram 1% das intenções de voto
Margem de erro: 3.0 pontos percentuais para mais ou para menos
Total de entrevistados: 3.010
Número de registro: 18052/06
8 de setembro
Os demais candidatos não alcançaram 1% das intenções de voto.
Margem de erro: 2.0 pontos percentuais para mais ou para menos.
Total de entrevistados: 3.010
Número de registro: 15882/06
Influência da mídia
A pesquisa de doutorado [15] de Pedro Santos Mundim avaliou os efeitos no comportamento eleitoral das eleições presidenciais de 2002 e 2006, a partir de dados de quatro grandes jornais de grande circulação no Brasil. Os jornais trabalhados foram: Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.
A pesquisa utilizou estudos anteriores sobre a cobertura eleitoral referente aos presidenciáveis veiculada nesses quatro jornais, assim como também se valeu de dados das pesquisas de intenção de voto do Ibope e do Datafolha. Com essas informações foi possível cruzar as informações "negativas" e "positivas" sobre os candidatos com as intenções de voto neles ao longo da campanha.
Através de um modelo matemático, o autor realizou esse cruzamento utilizando resultado das variações de intenções de voto dos principais candidatos à presidência em 2006.
De acordo com o trabalho, Geraldo Alckmin alcançou o posto de principal concorrente de Lula após a propaganda político-institucional do PSDB. O horário político eleitoral do segundo turno também foi importante para a imagem de Alckmin. Contudo, o desempenho nos quatro últimos debates na televisão prejudicaram o candidato tucano. Cristovam Buarque e Heloísa Helena conseguiram alguns votos dos chamados "indecisos", que assim o fizeram como forma de "protesto".
O artigo ainda aponta que a cobertura da imprensa, apesar de negativa, não teve impacto nas intenções de voto de Lula em 2006. Isso porque os eleitores de Lula que já estavam decididos, no começo da campanha, que iriam votar nele, não mudaram suas escolhas, a despeito da cobertura predominantemente negativa sobre o governo nos jornais durante o período eleitoral.
A avaliação retrospectiva dos quatro anos anteriores de governo Lula, entre 2002 e 2006, ou seja, conhecimento prévio do candidato por ele estar disputando a reeleição, funcionou como uma espécie de escudo contra a cobertura da imprensa do período.
Pedro Santos Mundim defende em outra pesquisa,[16] a partir de dados demográficos, que a cobertura da imprensa contribuiu, no longo prazo, para o “realinhamento eleitoral” observado em 2006, principalmente no que se refere às bases que costumavam a votar em Lula nas eleições anteriores.
O pesquisador observou que parte do eleitorado, no caso específico, dos mais escolarizados, moradores das regiões Sul e Sudeste, e mais ricos, tiveram uma tendência de voto em candidatos que faziam oposição ao Lula. O autor levanta, assim, a hipótese que houve influência da cobertura da imprensa nesse público ao longo das eleições (entre 2002 e 2006), pois esse é o perfil de eleitor que mais se expõe à mídia na busca por informação política.
Para corroborar com sua hipótese, Mundim usou dados pesquisas do Latin America Public Opinion Project - LAPOP[17], realizados em 2007 e 2008, em que ele observou que sua hipótese se confirmava: eleitores das classes mais altas, mais escolarizados e moradores das regiões Sul e Sudeste do Brasil, que tinham mais acesso ao conteúdo que a imprensa veiculava, foram os que mais mudaram seu comportamento eleitoral em relação às eleições anteriores, ratificando a ideia de que a cobertura da imprensa ajudou, ao longo dos anos, no realinhamento eleitoral das bases de Lula.
Com isso, os estudos de Pedro Mundim demonstram que, apesar da cobertura da imprensa em 2006 não ter conseguido alterar as intenções de voto em Lula, a sua influência ganha plausibilidade no longo prazo. Isso porque o público que mais intensamente se informa sobre política através da mídia foi justamente aquele que mais abandonou as bases eleitorais de Lula.
Os seis presidenciáveis em 2006 que participaram de debates televisionados, mas não de forma simultânea
A eleição presidencial de 2006 de forma generalizada, foi interpretada por alguns analistas da conjuntura política brasileira como um plebiscito para que através do voto pautando a corrupção, avaliar se o candidato Lula (que se absteve a debater no primeiro turno com os candidatos Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque) possuiu participação, na eclosão de casos de corrupção como o mensalão.
O candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva informou a sua ausência no debate televisionado da Rede Globo no primeiro turno três horas antes do evento. A emissora deixou uma cadeira vazia e permitiu que os concorrentes fizessem perguntas que seriam dirigidas ao presidenciável ausente.[carece de fontes?] Na época o candidato Lula disse não se arrepender de ter se ausentado.[18]
Cronologia dos debates televisionados nas eleições presidenciais no Brasil de 2006 - Primeiro turno
O debate televisionado esteve norteado em modelo arquitetado nos Estados Unidos, baseado em 12 perguntas feitas por eleitores que se dizem estar na condição de indecisão.[19]