A crise venezuelana de 1895[a] ocorreu pela disputa de longa data da Venezuela com o Reino Unido pelo território de Essequibo e Guayana Esequiba, que a Grã-Bretanha reivindicava como parte da Guiana Britânica e a Venezuela via como parte do território venezuelano. Como a disputa converteu-se em uma crise, a questão principal tornou-se a recusa da Grã-Bretanha de incluir na proposta de arbitragem internacional o território ao leste da "Linha Schomburgk", que um topógrafo havia desenhado meio século antes como uma fronteira entre a Venezuela e o antigo território neerlandês da Guiana britânica. [1] A crise em última análise, viu a Grã-Bretanha aceitar a intervenção dos Estados Unidos na disputa para forçar a arbitragem de todo o território disputado, e tacitamente aceitar o direito de intervir dos Estados Unidos sob a Doutrina Monroe. Um tribunal reuniu-se em Paris em 1898 para decidir a questão, e, em 1899, concedeu a maior parte do território disputado para a Guiana Britânica. [2]
A disputa tornou-se uma crise diplomática em 1895, quando um lobista venezuelano William L. Scruggs procurou argumentar que o comportamento britânico sobre a questão violava a Doutrina Monroe de 1823, e usou sua influência em Washington, D.C. para insistir no assunto. Em seguida, o presidente dos Estados UnidosGrover Cleveland adotou uma interpretação ampla da Doutrina que não apenas proíbe novas colônias europeias, mas declara um interesse estadunidense em qualquer assunto dentro do continente. [3] O primeiro-ministro britânico Lorde Salisbury e o embaixador britânico em Washington, Julian Pauncefote, menosprezaram a importância que o governo estadunidense colocou na disputa, prolongando a crise antes de finalmente aceitar a demanda estadunidense pela arbitragem [4][5] de todo o território.
Ao apoiar uma nação latino-americana contra as potências coloniais europeias, Cleveland melhorou as relações com os vizinhos do sul dos Estados Unidos, mas a maneira cordial na qual as negociações foram conduzidas também produziram boas relações com os britânicos. [6] No entanto, ao recuar em face de uma declaração forte dos Estados Unidos de uma interpretação agressiva da Doutrina Monroe, a Grã-Bretanha aceita tacitamente a Doutrina e fornece à crise, assim, uma base para a expansão do intervencionismo dos Estados Unidos no Hemisfério Ocidental. [7] O historiador britânico Robert Arthur Humphreys posteriormente chamou a crise de "um dos episódios mais importantes de toda a história das relações anglo-americanas em geral e das rivalidades anglo-americanas na América Latina em particular." [8]
Notas
↑Às vezes chamada de "primeira crise venezuelana", sendo a crise de 1902-1903 a segunda.
↑Paul Gibb, "Unmasterly Inactivity? Sir Julian Pauncefote, Lord Salisbury, and the Venezuela Boundary Dispute," Diplomacy and Statecraft, Mar 2005, Vol. 16 Issue 1, pp 23–55
↑Nelson M. Blake, "Background of Cleveland's Venezuelan Policy," American Historical Review, Vol. 47, No. 2 (Jan., 1942), pp. 259–277 in JSTOR
↑Nevins, Allan. Grover Cleveland: A Study in Courage (1932). ASIN B000PUX6KQ., 550, 633–648
↑Historian George Herring wrote that by failing to pursue the issue further the British “tacitly conceded the U. S. definition of the Monroe Doctrine and its hegemony in the hemisphere.” – Herring, George C., From Colony to Superpower: U.S. Foreign Relations Since 1776, (2008) pp. 307–308
↑R. A. Humphreys (1967), "Anglo-American Rivalries and the Venezuela Crisis of 1895", Presidential Address to the Royal Historical Society 10 December 1966, Transactions of the Royal Historical Society, 17: pp131-164