Cândido Batista de Oliveira (Porto Alegre, 15 de fevereiro de 1801 — barco a vapor Pelouse, em águas baianas, 26 de maio de 1865) foi um diplomata, engenheiro e político brasileiro.[4] Exerceu os cargos de senador pela Província do Ceará (1850 a 1865),[3] presidente do Banco do Brasil (1859 a 1865),[1] diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1851 a 1859)[2] e deputado geral pela Província do Rio Grande do Sul (1830 a 1834).[3] Foi ainda ministro de Estado por breves períodos e membro do Conselho de Estado.[4]
Oliveira foi o principal defensor da implementação do sistema métrico no Brasil.[6]
Família e educação
Oliveira nasceu em Porto Alegre, na Província do Rio Grande do Sul. Era filho de Francisco Batista dos Anjos e de Francista Cândida de Oliveira. Seus pais destinaram-o aos estudos eclesiásticos. Em 1817, ingressou no Seminário São José, no Rio de Janeiro, cursando humanidades. Sem vocação para o sacerdócio, mudou-se para Portugal em 1820, onde cursou matemática e filosofia na Universidade de Coimbra. Em 1824, tornou-se bacharel. No ano seguinte, continuou seus estudos na França.[7][8]
Na França, Oliveira estudou na École Nationale des Ponts et Chaussées, onde realizou vários cursos.[9][6] Outras fontes referem que teria estudado na Escola Politécnica, em Paris.[10][11][5] Foi amigo e discípulo de François Jean Dominique Arago.[9][6] Também criou laços com o físico e astrônomo Domingos Francisco Arago.[4]
Carreira
De regresso ao Brasil, em 1827, Oliveira foi lente da Escola Militar, onde seria, mais tarde, catedrático de mecânica racional, aposentando-se em 1847.[8] Ingressou no Partido Conservador e foi eleito deputado geral pelo Rio Grande do Sul, em 1830. Depois foi nomeado inspetor geral do Tesouro Nacional.[8][7] No cargo, exerceu atividades importantes ligadas às finanças públicas, eventualmente tornando-se um especialista na área.[7]
Oliveira pode ser considerado o mais ferrenho defensor da adoção do “Systema Métrico Francêz” pelo Brasil, tendo dedicado mais de três décadas de sua vida a esta iniciativa. No dia 12 de junho de 1830 foi apresentada no parlamento do Império do Brasil a proposta do jovem deputado gaúcho para a adoção imediata das unidades métricas do sistema francês no país.[12]
Em 1834, Oliveira deixou o cargo no Tesouro Nacional por motivo de saúde, sendo nomeado em 1835 ministro junto à Sardenha. Em 1839 foi chamado para ministro da Fazenda e de Estrangeiros.[8] Novamente por motivo de saúde, foi nomeado ministro em São Petersburgo e, depois, em 1843, em Viena.
De volta ao Brasil, retomou o ensino na Escola Militar e, em 1844, foi chamado como ministro da Marinha, onde permaneceu um ano, tendo neste período criado o corpo de fuzileiros navais. Deixou o ministério em 1848 (ver Gabinete Alves Branco) e foi encarregado do levantamento topográfico da fronteira sul do Brasil, terminado em 1849.[8]
Amigo do imperador Dom Pedro II, Oliveira integrou o Conselho de Estado.[7] Em 1851, foi designado diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, função que ocupou até 1859.[2] No mesmo ano, foi nomeado diretor e presidente do Banco do Brasil, ali permanecendo até sua morte, em 1865.[1] Como senador do Império, representou a Província do Ceará de 1850 até sua morte.[8]
Obras
Oliveira foi autor de vários trabalhos de literatura, economia e política, entre eles o Systema Financial.[8] O escopo de seu trabalho era abrangente, incluindo escritos econômicos, trabalhos matemáticos e astronômicos, manuais e tabelas sobre o sistema métrico decimal, bem como escritos com uma defesa moderada do abolicionismo.[7]
Na década de 1850, Oliveira foi o fundador e editor da Revista Brazilera. A publicação tratava trimestralmente de ciências, letras e artes. Em 1856, participou da fundação da sociedade Palestra Científica do Rio de Janeiro.[7] Foi também sócio de diversas agremiações, entre elas o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.[8]
- Publicações
- Compêndio de aritmética composto para uso das escolas primárias do Brasil. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional. 1832. 49 páginas
- A escravatura no Brasil e a época provável de sua extinção. São Petersburgo: [s.n.] 1842
- Reconhecimento topográfico da fronteira do Império do Brasil na província de São Pedro do Rio Grande do Sul na parte confinante com o Estado Oriental do Uruguai. Rio de Janeiro: [s.n.] 1850
- Apontamentos sobre alguns fatos importantes da conquista do Rio da Prata pelos espanhóis. Rio de Janeiro: [s.n.] 1851
- Sistema métrico decimal. Rio de Janeiro: [s.n.] 1865
- Memória sobre a teoria da orientação do plano oscilatório do pêndulo simples e sua aplicação à determinação aproximada do achatamento esferóide terrestre. Rio de Janeiro: Revista Brasileira. 1857–1861
- Parecer sobre a memória do coronel J. J. Machado de Oliveira sobre a questão de limites entre o Brasil e Montevidéo, 1853. Rio de Janeiro: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 1853
Morte
Em 26 de maio de 1865 Oliveira morreu a bordo do barco a vapor Pelouse, durante viagem para a França, onde realizaria tratamentos médicos. No momento, a embarcação navegava em águas pertencentes à Província da Bahia.[7]
Referências
Ligações externas