Batalha do Ambidizi

Batalha do Ambidizi
Guerra Civil do Congo

Reino do Congo e vizinhos ca. 1711
Data Junho de 1670
Local rio Ambidizi
Desfecho Vitória portuguesa
Beligerantes
Reino de Portugal Reino de Angoio
Principado de Soio
Comandantes
João Soares de Almeida Conde Estêvão da Silva
Príncipe Paulo da Silva
Forças
Desconhecido Desconhecido, mas com
mosqueteiros holandeses
Baixas
Baixas Desconhecido, mas
incluiu Paulo da Silva

A Batalha do Ambidizi (Mbidizi) ou Ambriz[1] foi um confronto militar em junho de 1670 entre as forças do Principado do Soio e as da colônia portuguesa de Angola durante a Guerra Civil do Congo (1665 1709). Fez parte de uma campanha militar para quebrar o poder do Soio na região. Os portugueses obtiveram uma vitória decisiva, infligindo pesadas baixas e matando o líder local.


Antecedentes

Em 1665, o Reino do Congo entrou em confronto com os seus antigos aliados, os portugueses, na Batalha de Ambuíla.[2] O combate resultou numa esmagadora vitória portuguesa que terminou com a morte do manicongo António I (r. 1661–1665) e de grande parte da nobreza do reino. Posteriormente, o Congo rachou numa guerra civil brutal entre a Casa de Quinzala, a qual António pertencia, e a Casa de Quimpanzo.[3] Soio, lar de muitos partidários Quimpanzo, estava ansioso para tirar vantagem do caos.[4] Poucos meses depois da tragédia em Ambuíla, o príncipe do Soio invadiu a capital de São Salvador e instalou no trono o seu protegido Afonso II. Isso aconteceu novamente em 1669 com a colocação de Álvaro IX no trono.[5]

A esta altura, tanto os portugueses como as autoridades centrais do Congo estavam a ficar cansados da intromissão de Soio. Enquanto os Quinzala e outros no Congo viviam com medo de uma invasão do Soio, o governador de Luanda temia seu poder crescente.[5] Com acesso a mercadores holandeses dispostos a vender-lhes armas e canhões, além de acesso diplomático ao papa, estava a caminho de se tornar tão poderoso quanto Congo antes de Ambuíla. Comprometendo-se com o impensável, a fraca autoridade central do Congo pediu a Luanda que invadisse Soio. Em troca, a Portugal foi prometido dinheiro, concessões minerais e o direito de construir uma fortaleza em Soio para impedir a entrada dos holandeses.[6]

Luta e rescaldo

Em resposta ao apelo de Rafael (r. 1670–1673), um exército colonial português de Luanda foi despachado para conquistar Soio em junho de 1670. Conde Estêvão e seu irmão, o príncipe Paulo da Silva, moveram-se com uma força de mosqueteiros congos misturados com infantaria pesada segurando escudos pelos quais os soldados congos eram famosos. Os exércitos lutaram ao norte do Ambidizi. Os lusitanos foram logo bem-sucedidos tal como em Ambuíla e Bumbi. O uso português da metralha causou muitas baixas ao exército do Soio e forçou-o a recuar. Paulo da Silva estava entre os mortos.[7][8] Empolgados com a vitória, os portugueses capturaram os escudos dos inimigos e marcharam ainda mais, antecipando um novo confronto e esperando uma chance de mostrar seus próprios talentos na esgrima.[9] Os portugueses avançaram ainda mais para o Congo, onde foram interceptados e derrotados por Soio em Quitombo.[7]

Referências

  1. M'Bokolo 2003, p. 193.
  2. Thornton 1999, p. 103.
  3. Thornton 1998, p. 69.
  4. Thornton 1998, p. 78.
  5. a b Gray 1990, p. 38.
  6. Birmingham 1999, p. 61.
  7. a b Thornton 1999, p. 121.
  8. Campos 1996, p. 166.
  9. Thornton 1999, p. 105.

Bibliografia

  • Birmingham, David (1999). Portugal and Africa. Londres: Palgrave Macmillan 
  • Campos, Fernando (1996). «O rei D. Pedro IV Ne Nsamu a Mbemba. A unidade do Congo, Africa». São Paulo: Universidade de São Paulo. Revista do centro de Estudos Africanos (18-19): 159-199 
  • Gray, Richard (1990). Black Christians & White Missionaries. New Haven, Conecticute: Imprensa da Universidade de Yale 
  • M'Bokolo, Elikia (2003). África negra: Até ao século XVIII. Lisboa: Vulgata 
  • Thornton, John K. (1998). The Kongolese Saint Anthonty: Dona Beatriz Kimpa Vita and the Antonian Movement, 1684-1706. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia 
  • Thornton, John K. (1999). Warfare in Atlantic Africa 1500-1800. Londres e Nova Iorque: Routledge