Zé Ramalho é o álbum de estreia solo do cantor brasileiro Zé Ramalho, lançado em 1978.[1]
Antecedentes
As músicas que figuram no álbum foram criadas em viagens pelos estados da Paraíba e Pernambuco entre 1975 e 1976, quando Zé ainda cursava medicina na Universidade Federal da Paraíba.[1]
Com essas faixas na bagagem, Zé deixou a faculdade e viajou para o Rio de Janeiro, onde contatou diversos produtores e executivos para tentar emplacar seu primeiro disco. Contudo, a maioria não gostava do material que ouvia ("Avôhai", "Vila do Sossego" e "Chão de Giz") e dispensava o cantor.[1] Foi só na CBS que Zé encontrou uma porta aberta, na pessoa do então presidente Jairo Pires.[1]
Produção, "Avôhai" e repercussão
O bom foi que o artista permitiu que trabalhássemos em equipe por uma linguagem diferente do que havia na música brasileira. Usamos as percussões regionais, dando ênfase às partes das violas, porque o Zé tem uma veia country rock muito forte, e o regional nordestino.[1]
Carlos Alberto Sion, produtor
O álbum conta com a participação de vários artistas, como Sérgio Dias, Dominguinhos, Altamiro Carrilho, Bezerra da Silva, Paulo Moura e o tecladista Patrick Moraz (com passagem na banda inglesa Yes), na faixa "Avôhai".[2] O produtor Carlos Sion mantinha contato com Moraz, e foi daí que surgiu a oportunidade do tecladista fazer a participação especial. Ele tocou em um teclado que Carlos alugou de Lincoln Olivetti.[1]
"Avôhai" foi composta em homenagem ao avô de Zé, que o adotou após o pai morrer afogado dois anos depois de seu nascimento.[3][4] Zé diz que a inspiração para a música veio após uma experiência com cogumelos alucinógenos na fazenda de uns amigos. Ele olhou para o céu e viu a "sombra de uma gigantesca nave espacial", e uma voz disse "Avôhai" em seu ouvido.[3][5] Ele estava na fazenda para realizar um estudo para a faculdade.[4] "Avôhai" é uma junção das palavras "Avô" e "Pai".[3][4] Esta foi a primeira das suas canções que Zé ouviu no rádio, quando estava em um táxi[4] indo para o Aeroporto do Galeão para pegar um avião para mais uma etapa da divulgação da obra.[1]
O álbum não repercutiu muito na época e recebeu críticas negativas da imprensa. Zé acredita que isso se deu por puro preconceito contra sua origem nordestina.[1][5] Uma matéria da Folha de S.Paulo publicada em 1980, contudo, diz que os críticos "comentaram com bons olhos" o disco, e que alguns estabeleceram na época comparações de Zé com Bob Dylan. Sobre isso, na mesma matéria, Zé comentou que eles o fizeram porque "não conheciam Otacílio Batista" - um dos melhores repentistas do Brasil, segundo ele.[6]
Faixas
Todas as músicas escritas por Zé Ramalho, exceto onde indicado.
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1. |
"Avôhai" | |
4:57 |
2. |
"Vila do Sossego" | |
3:54 |
3. |
"Chão de Giz" | |
4:45 |
4. |
"A Noite Preta" | Alceu Valença, Lula Côrtes, Zé Ramalho |
3:33 |
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5. |
"A Dança das Borboletas" | Alceu Valença, Zé Ramalho |
5:23 |
6. |
"Bicho de 7 Cabeças" | |
2:24 |
7. |
"Adeus Segunda-Feira Cinzenta" | |
4:43 |
8. |
"Meninas de Albarã" | |
4:34 |
9. |
"Voa, Voa" | |
3:10 |
Duração total: |
37:37 |
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10. |
"Avôhai (Voz e Violão)" | |
5:02 |
11. |
"Chão de Giz (Voz e Violão)" | |
4:55 |
12. |
"Bicho de 7 Cabeças (Voz e Violão)" | |
4:55 |
13. |
"Vila do Sossego (Voz e Violão)" | |
3:54 |
14. |
"Rato do Porto (Voz e Violão)" | |
2:40 |
Créditos
- Patrick Moraz — sintetizador em "Avôhai"
- Sérgio Dias — guitarras
- Chico Julien — baixo[1]
- Chico Batera — bateria[1]
- Jairo Pires — direção artística
- Carlos Alberto Sion — direção de produção
- Zé Ramalho — arranjos de base
- Manoel Magalhães e Eugênio de Carvalho — técnicos de gravação
- Eugênio de Carvalho — técnico de mixagem
- Amelinha e Elba Ramalho — côro em "Chão de Giz"
Reedição de 2003
- Marcelo Fróes: produção
- Joselha Teles: coordenação geral
- Daniela Conolly: coordenação gráfica
Referências