A Taifa de Dénia foi uma taifa do Alandalus cuja capital foi a cidade de Dénia (Valência). Apareceu em 1010, após a fragmentação do Califado de Córdova no final do século X e início do XI. Em 1076, foi conquistada pela Taifa de Saragoça.
História
Mujaide Almuafaque
A Taifa de Dénia (al-Dàniyya) foi criada em 1010, após a desintegração do Califado de Córdova, pelo eslavo muito arabizado Mujaide Alamiri Almuafaque à frente de um grupo de afetos a Almançor, dando lugar à dinastia reinante em Dénia: os Amíridas. Mujaide foi um alto funcionário público do tempo do califado amírida, que possuía conhecimentos profundos de filologia árabe.
Em 1011, converteu-se na primeira taifa em cunhar moeda, numa fábrica de moeda própria na atual Elda, embora passe fazer legítima a sua dinastia, reconheceu formalmente a um dos califas omíadas em litígio durante a fitna de Alandalus, Abedalá Almuaiti, a quem acolheu em Dénia até ser expulso em 1016.
O reino muçulmano de Dénia era pequeno, incluía algumas comarcas muito férteis e cidades entre as que se encontrava Bairén, Orba, Altea, Callosa, Sagra, Cocentaina e Bocairent.
Em 1015, no comando de uma poderosa frota naval, ficou com as Baleares e dali empreendeu a conquista da ilha de Sardenha —com cento vinte naves e mil soldados segundo notícias de Ibne Alcatibe—, sobre a qual manteve soberania durante um ano (1015-1016). O verão de 1016 o Papa Bento VIII convocou as frotas de Pisa e Génova, que reconquistaram Sardenha e fizeram prisioneiros a mulher e o príncipe herdeiro de Mujaide, Ali Icbal Adaulá, que não pôde ser resgatado até 1032. Durante os anos seguintes, a sua esquadra com base em Dénia e com apoio nos fundeadoiros das Baleares, realizou diversas incursões nas costas de Génova, Pisa, a Toscana e Lombardia.
Mujahid acolheu a importantes intelectuais, sobretudo escritores e ulemas, que fugiam dos conflitos cordoveses, onde o próprio Mujaide se educara como eslavo ao serviço da corte de Almançor.
O grande poeta ibne Darraje, que parou na corte de Mujaide de 1028 até a sua morte em 1030, elogiou o poderio marítimo de Mujaide:[1]
“
Naves que são como esferas celestes e onde os seus arqueiros/ são estrelas, armadas de ponta em branco./ Cruzas com elas os abismos do mar,/ e as suas ondas fatigam-se pelo peso estonteante.
”
Ali Icbal Adaulá
Após a morte de Mujaide Almuafaque em 1045, faz-se cargo do poder o seu filho primogênito Ali Icbal Adaulá, nascido de mãe cristã. Soube manter o legado do seu pai durante trinta e um anos, iniciando um período de paz e de bonança econômica, fundamentada na importante frota comercial que Dénia reunira.
Em 1050, o governador da Taifa de MaiorcaAbedalá ibne Aglabe começou nestas ilhas uma política de autonomia respeito de Dénia, que conservou apenas os seus territórios peninsulares, território que compreendia à conquista por parte de Amade Almoctadir de Saragoça de 1076, enquanto a Taifa de Maiorca empreendeu uma existência independente até os almorávidas conseguir em 1116 conquistá-la.
Sua corte, e a do seu antecessor, foi refúgio de sábios, intelectuais e poetas, e destacadamente, de gramáticos, como o lexicógrafoibne Sidá, o filólogocorânicoad-Dana ou o vizir e destacado prosista Abu Amir ibne Garcia. Todos eles cultivaram a poesia, como era habitual nos homens de letras do Alandalus. Mas o poeta árabe deniense mais destacado foi ibne Alabana (h. 1045-1113), que desenvolveu o seu trabalho poético em louvor da corte hudida da taifa de Saragoça, na Sevilha de Almutâmide e na taifa de Maiorca.
Tem sido destacada, assim mesmo, a sua tolerância para com os moçárabes, talvez porque a sua própria mãe foi cristã. Em 1058 concedeu um privilégio pelo qual incluía aos moçárabes dos seus reinos de Dénia e Maiorca dentro da jurisdição do episcopado de Barcelona, doando em perpetuidade todas as igrejas das Baleares e de Dénia à catedral da Santa Cruz e Santa Eulália de Barcelona e ao bispo barcelonês Gilaberto.
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Taifa de Denia», especificamente desta versão.
Bibliografia
Juan Martos Quesada, «Los reinos de Taifas en el siglo XI», em Ana I. Carrasco, Juan Martos y Juan A. Souto, Al-Andalus, Madrid, Istmo (Historia de España. Historia medieval, VI), 2009, pp. 201–205. ISBN 978-84-7090-431-8
Félix Retamero, «La formalización del poder en las monedas de los Mulūk de Denia (siglo V h./XI d. C.)», Al-Qantara. Revista de estudios árabes, vol. 27, fasc. 2, jul-dezembro de 2006, pp. 417–445. ISSN 0211-3589. Para la descarga directa del articulo
Juan Vernet, Literatura árabe, Barcelona, El Acantilado, 2002. ISBN 84-95359-81-2