O conceito de uma emissora de televisão educativa era defendido pelo professor Gilson Amado, que sempre justificou o uso da televisão como instrumento de ensino à distância. Gilson já tinha experiência em programação educativa desde 1962, quando conquistou o horário das 22h30, na então TV Continental, canal 9 do Rio de Janeiro, para apresentar suas mesas-redondas.
No dia 3 de janeiro de 1967, Gilson Amado inaugurou a Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (FCBTVE), que embora tenha um período pré-histórico que remete aos idos de 1952 e às figuras de Roquette Pinto e Tude de Souza, não pôde, por motivos políticos, ser concretizada. Gilson, porém, com experiência na área, uma vez que já havia trabalhado na TV Continental, bem como na TV Tupi, levou a ideia adiante e deu início aos trabalhos de educar a distância via televisão. Tinha como objetivo alfabetizar o maior número de pessoas do país. Inicialmente, a FCBTVE obteve concessão para se estabelecer como rádio e televisão através da Portaria Interministerial n° 408, em 1970 e do decreto federal n° 72637, em 1973. Passou seus primeiros anos operando apenas em circuito fechado, em condições precárias, num pequeno apartamento de quarto e sala situado no 10º andar de uma edifício comercial, localizado na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na capital fluminense. Esta fase de experiências serviu como treinamento da equipe.
Em 1972, a emissora, que ainda não tinha sido inaugurada, recebeu da Fundação Konrad Adenauer, da Alemanha, os primeiros equipamentos para seu estúdio, o Telecentro, localizado na Avenida Gomes Freire, 474, no Centro, onde antes funcionava o Teatro República. A FCBTVE ganhou a concessão do canal 2 VHF, onde a filial carioca da TV Excelsior operou entre 1963 e 1970.
Mas antes de ganhar a concessão de seu próprio canal, a TVE, desde 1971, tinha permissão para veicular seus programas no horário diurno de quase 30 emissoras comerciais. Após diversos cursos, treinamentos, seminários e estudos, a TV Rio canal 13, veiculou, no dia 26 de novembro de 1973, o 1º programa da FCBTVE, João da Silva, que consistia numa mescla entre telenovela e curso supletivo de 1° grau, com o ator Nelson Xavier.
No dia 5 de novembro de 1975, a TVE fez sua primeira transmissão através do canal 2, ainda em caráter experimental. A emissora só passou a operar em definitivo no dia 4 de fevereiro de 1977, exibindo 6 horas de programação diária.[2]
No dia 3 de dezembro de 1979, entrou no ar a Rede de Televisão Educativa, composta por 20 emissoras. Os programas É Preciso Cantar e Pequena Antologia da MPB, apresentados por Grande Otelo, tinham a preocupação com a memória nacional. Financiados pela Rede Globo e produzidos pela TVE, surgiram dois bem sucedidos seriados da teledramaturgia infantil: Pluft, o Fantasminha (1975) e Sítio do Picapau Amarelo (1977). Também nesta fase inicial, destacou-se a série Patati Patatá, premiada no Japão como o melhor programa de conteúdo pedagógico do mundo em 1981. Neste ano, Flávio Migliaccio estreou o seriado As Aventuras de Tio Maneco, no qual Flávio interpretava Tio Maneco, personagem no qual ele já tinha interpretado no cinema em dois filmes, um de 1971 e outro de 1978.
Já o trabalho voltado para as crianças revelou artistas como Gualba Pessanha (interpretando o personagem Plim-Plim, o Mágico do Papel), Daniel Azulay (em A Turma do Lambe-Lambe) e Bia Bedran (em Canta Conto). O programa I Love You ensinava inglês através de músicas. Abordando os mais variados assuntos, Lúcia Leme comandou os debates, as entrevistas e os bate-papos do programa Sem Censura, que chegou a alcançar o 2° lugar na audiência vespertina em 1987, no Rio de Janeiro. Em 1988, através da iniciativa do publicitário Carlos Alberto Vizeu, estreou o programa Intervalo, que recordava antigos comerciais da TV brasileira. Na década de 1990, estreava o programa Um Salto para o Futuro, com a proposta de disseminar programas de educação à distância, visando a reciclagem de professores do ensino básico.
No dia 8 de outubro de 1981, a FCBTVE passou a englobar 4 centros de comunicação (televisão, rádio, informática e multimeios), criando assim o Fundo de Financiamento da Televisão Educativa (FUNTEVÊ). No dia 26 de novembro, o centro de televisão recebeu o nome Centro Brasileiro de Televisão Educativa Gilson Amado, em homenagem ao professor, falecido há exatos dois anos. A TVE era parte da extinta Fundação Roquette Pinto, órgão vinculado à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Em 1992, a TVE passa a adotar a denominação Rede Brasil, que é usada até 1996. No dia 16 de janeiro de 1998, a fundação tornou-se Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (ACERP), passando a captar patrocínio para financiar parte de sua programação. No dia 28 de outubro, é criada, em São Paulo, a Rede Pública de Televisão, uma divisão da ACERP para unificar conteúdos de todas as emissoras educativas do país, onde a TVE coordenava junto com a TV Cultura. Em 2001, o canal volta a ser denominado como Rede Brasil. A partir de 2005, a Rede Brasil passa a ser denominada como TVE Brasil.
Em 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina um decreto que criaria a Empresa Brasil de Comunicação (feita a partir de uma fusão entre a ACERP e a Radiobrás, de Brasília, unificando também os órgãos de rádio e televisão educativas governamentais), além de uma emissora de televisão de caráter público.[3] Às 12 horas (horário de Brasília) do dia 2 de dezembro, reunindo-se com os canais da extinta Radiobrás, a TVE Brasil é extinta e em seu lugar, entra no ar a TV Brasil. No mesmo dia, foi lançado o sinal de televisão digital na capital paulista, inaugurando a nova tecnologia no Brasil.
Programas
Em toda a sua existência, a TVE Brasil exibiu os seguintes programas:[4]