Filho do farmacêutico pernambucano Cristóvão Buarque de Hollanda e da dona de casa fluminense Heloísa Gonçalves Moreira Buarque de Hollanda, Sérgio estudou em São Paulo, na Escola Caetano de Campos e no Ginásio São Bento, onde foi aluno de Afonso d'Escragnolle Taunay. Em 1921, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde participou do movimento Modernista de 1922, tendo sido nomeado por Mário de Andrade e Oswald de Andrade representante da revista Klaxon na mesma cidade.[1]
De volta ao Brasil no começo dos anos 30, continuou a trabalhar como jornalista. Em 1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito Federal. Neste mesmo ano, casou-se com Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim, com quem teve sete filhos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo, além dos músicos Ana de Hollanda, Cristina Buarque, Heloísa Maria (Miúcha) e Chico Buarque. Ainda em 1936, publicou o ensaio "Raízes do Brasil", que foi seu primeiro trabalho de grande fôlego e que, ainda hoje, é o seu escrito mais conhecido.
Em 1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito Federal, incorporada depois na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atual UFRJ, não se confundindo com a Universidade do Distrito Federal criada posteriormente e que deu origem a UEG e depois a UERJ. Em 1939, extinta a Universidade do Distrito Federal, passou a trabalhar na burocracia federal. Em 1941, passou uma longa temporada como visiting scholar em diversas universidades dos Estados Unidos.
Reuniu, no volume intitulado "Cobra de Vidro", em 1944, uma série de artigos e ensaios que anteriormente publicara nos meios de imprensa. Publicou, em 1945 e 1957, respectivamente, "Monções" e "Caminhos e Fronteiras", que consistem em coletâneas de textos sobre a expansão oeste da colonização da América Portuguesa entre os séculos XVII e XVIII.
Em 1946, voltou a residir em São Paulo, para assumir a direção do Museu Paulista, que ocuparia até 1956, sucedendo então ao seu antigo professor escolar Afonso Taunay. Em 1948, passou a lecionar na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na cátedra de história econômica do Brasil, em substituição a Roberto Simonsen.
Viveu na Itália entre 1953 e 1955, onde esteve a cargo da cátedra de estudos brasileiros da Universidade de Roma. Em 1958, assumiu a cadeira de "História da Civilização Brasileira", agora na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. O concurso para esta vaga motivou-o a escrever "Visão do Paraíso", livro que publicou em 1959, no qual analisa aspectos do imaginário europeu à época da conquista do continente americano. Ainda em 1958, ingressou na Academia Paulista de Letras e recebeu o "Prêmio Edgar Cavalheiro", do Instituto Nacional do Livro, por "Caminhos e Fronteiras".
No contexto da "História Geral da Civilização Brasileira", publicou, em 1972, "Do Império à República", texto que, a princípio, fora concebido como um simples artigo para a coletânea, mas que, com o decurso da pesquisa, acabou por ser ampliado num volume independente. Trata-se de um trabalho de história política que aborda a crise do Império do Brasil no final do século XIX, explicando-a como resultante da corrosão do mecanismo fundamental de sustentação deste regime: o poder pessoal do imperador.
Permaneceu intelectualmente ativo até 1982, tendo ainda, neste último decênio, publicado diversos textos. De 1975 é o volume "Vale do Paraíba - Velhas Fazendas" e de 1979, a coletânea "Tentativas de Mitologia".[3] Nestes últimos anos, trabalhou também na reelaboração do texto de "Do Império à República" - que não chegou a concluir.
Morreu em São Paulo, vítima de complicações pulmonares, em 24 de abril de 1982.[5]
Seus escritos representam uma importante contribuição ao conhecimento da história nacional e, segundo Voltaire Schilling, é um dos principais intelectuais brasileiros do século XX.[6] Há um navio batizado em homenagem a seu nome, construído em 2012.[7]
CANDIDO, Antônio (org.). Sérgio Buarque e o Brasil. São Paulo, 1998.
CARVALHO, Raphael Guilherme de. Sérgio Buarque de Holanda: escrita de si e memória. Curitiba: Editora UFPR, 2021.
DIAS, Maria Odila. Sergio Buarque na USP. Revista de Estudos Avançados, n. 22, 1994. [1]
FRANÇOSO, Mariana. Um outro olhar: a etnologia alemã na obra de Sérgio Buarque de Holanda. Campinas, 2004. [2]
IGLÉSIAS, Francisco. Sérgio Buarque de Hollanda, historiador. In: Vários autores. Sérgio Buarque de Holanda: 3º Colóquio UERJ. Rio de Janeiro, 1992, p. 9-53.
MONTEIRO, Pedro M. A Queda do Aventureiro: aventura, cordialidade e os novos tempos em Raízes do Brasil. Campinas, 1999.
NICODEMO, Thiago Lima. Urdidura do Vivido. Visão do Paraíso e a obra de Sérgio Buarque nos anos 1950. Prefácio de Laura de Mello e Souza. São Paulo, EDUSP, 2008>
ROCHA, João Cezar de Castro. Literatura e cordialidade. O público e o privado na cultura brasileira. Rio de Janeiro, 1998.
WEGNER, Robert. A conquista do oeste. A fronteira na obra de Sergio Buarque de Hollanda. Belo Horizonte, 2002.
Cinebiografia
DOS SANTOS, Nelson Pereira (dir.). Raízes do Brasil – Uma cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda. 2 Partes. 2001.