É conhecido por suas óperas, sobretudo Der Rosenkavalier e Salomé; por suas lieder, especialmente Quatro Últimas Canções (Vier letzte Lieder); por seus poemas sinfônicos, como Till Eulenspiegels lustige Streiche, Also sprach Zarathustra, Morte e Transfiguração (Tod und Verklärung), Uma Sinfonia Alpina (Eine Alpensinfonie) e grandes obras orquestrais, como Metamorphosen, geralmente interpretada como uma meditação sobre a bestialidade da guerra - diante da Alemanha devastada pela guerra, da destruição de Munique e de lugares muito caros ao compositor, como a Ópera da sua cidade, onde ele atuara como principal maestro, entre 1894 e 1896.
Seu pai, Franz Strauss, era primeiro trompista da orquestra da Ópera de Munique, tendo participado da estreia de Tristão e Isolda e Die Meistersinger, sendo muito elogiado pelo próprio Wagner, que gostava de ouvi-lo tocar solos das partes de trompa de suas óperas e pediu-lhe que revisasse as partes desse instrumento na partitura de Siegfried.[1] Ainda criança, Strauss estudou violino e harpa com membros dessa mesma orquestra, e antes de completar dez anos, já havia escrito uma serenata para instrumentos de sopro.
Entre 1886 e 1898 Richard Strauss assombrou o mundo com uma série de poemas sinfônicos e sinfonias. Em 1893, ele se casou com a soprano Pauline de Ahna, a primeira a cantar o papel de Freihild em sua primeira ópera, Guntram. Mas quando ele conheceu o poeta Hugo von Hofmannsthal, por volta de 1909, uma nova fase se abriu na sua produção musical, dedicada principalmente à ópera.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Strauss foi ardente partidário da dinastia dos Hohenzollern. Apesar disso, durante a década que se seguiu à derrota da Alemanha o músico foi acolhido internacionalmente com calor e respeito.
Após a subida ao poder de Hitler (1933), Richard Strauss foi nomeado diretor do Reichsmusikkammer (1934). Isso levou a suspeitas de simpatia com o nazismo, o que fez com que o compositor sofresse o desdém de outros músicos, que protestaram veementemente contra o regime nazista, entre os quais Toscanini, Arthur Rubinstein e Otto Klemperer. É sabido que Strauss dedicou uma canção a Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha Nazista.[2] Por outro lado, sabe-se também que ele colaborou com o escritor judeuStefan Zweig, autor do libreto de uma de suas óperas, Die Schweigsame Frau,[3] e fez tudo para proteger sua nora, Alice von Grab, que era judia.
Após a derrota de Hitler, em 1945, os Aliados instalaram na Alemanha um comitê de "desnazificação", e Strauss foi chamado a depor, mas o tribunal o inocentou de qualquer filiação ao Partido Nazista. Convidado a reger seus concertos em Londres em 1947, foi recebido entusiasticamente.
Pouco depois, compôs sua última obra, Vier Letzte Lieder (Quatro Últimas Canções). Morreu em sua casa em Garmish-Partenkirchen, a 8 de setembro de 1949.[4] Os restos mortais de Strauss foram cremados. A urna está enterrada no cemitério de Garmisch em Garmisch-Partenkirchen num túmulo onde se encontravam a sua esposa Pauline (1863–1950), o seu filho Franz (1898–1980) e a sua esposa Alice (1904–1991), o seu neto Richard (1927–2007) e cuja esposa Gabrielle , nascida Hotter (1939-2020), bem como o neto Christian (1932-2020) e a sua esposa Brigitte, nascida Eckhardt (1925-1988), foram sepultados.
Strauss era ateu, duvidava de todas as religiões. "Eu nunca me converterei, e eu permanecerei fiel a minha velha religião clássica até o fim de minha vida", declarou pouco tempo antes de sua morte.
Como compositor de óperas, pode-se dizer que a maioria das óperas de Richard Strauss tem por título um nome de mulher e está centrada num personagem feminino. O mesmo acontece com Puccini, mas há uma diferença. As heroínas de Puccini são criaturas dóceis e submissas, inteiramente dedicadas aos seus amantes, a quem são fiéis até à morte, com excepção de Turandot. Já nas óperas de Richard Strauss há todo tipo de mulher: a revoltada como Elektra; a megera, protótipo da femme fatale (Salomè); a doçura, a sabedoria e a delicadeza da Marechala de Der Rosenkavalier; a mulher doente de amor (Ariadne auf Naxos); o bom gosto e o refinamento da Condessa Madeleine em Capriccio, incapaz de escolher entre um poeta e um músico - e Strauss aproveita para fazer a apologia da poesia e da música, as duas artes irmãs nesta ópera. Um subtítulo geral para as óperas de Richard Strauss poderia ser "a mulher no divã" ou psicanálise feminina. O poeta Hugo von Hofmannsthal, amigo do compositor, compartilhava dos mesmos gostos e das mesmas tendências, razão por que a colaboração entre os dois foi tão frutífera.
Musicalmente, Richard Strauss levou a atonalidade a paroxismos de histeria em Salomè e, principalmente, em Elektra, a mais atonal das partituras do compositor. No entanto, em Der Rosenkavalier, ele resolveu voltar atrás, misturando valsas e suaves melodiastonais com todo o arrojo das tendências musicais contemporâneas, e este foi mais ou menos o caminho que trilhou até o fim de sua vida. Strauss nunca escondeu que seus compositores favoritos eram Wagner e Mozart, e de fato encontra-se uma forte influência de ambos em sua obra, o que não impede que ele seja uma personalidade musical única.
Strauss deixou estas reflexões, que expressam as ideias que o norteavam, especialmente no que se refere à composição operística:
Quando somos jovens, imagina-se que um libreto só é interessante se contém cenas violentas e assassinatos terríveis. Depois começa-se a compreender que também nos pequenos acontecimentos da vida quotidiana há coisas que merecem ser notadas e exaltadas com intenso lirismo. É preciso aprender a descobrir quanto existe de profundo nos fatos e nas coisas que parecem humildes. Debaixo de um manto de púrpura muitas vezes vive uma mesquinha criatura; sob a roupa desalinhada de um pequeno-burguês dos nossos dias palpita às vezes um coração de herói. Temos que nos curar da mania do heroísmo cenográfico, e especialmente renunciar aos venenos, aos punhais e aos incestos.
Wilhelm, Kurt (1989). Richard Straus: An Intimate Portrait. Londres: Thames & Hudson. ISBN 0-500-01459-0.
Youmans, Charles (2005). Richard Straus's Orchestral Music and the German Intellectual Tradition: the Philosophical Roots of Musical Modernism. Bloomington: Indiana University Press. ISBN 0-253-34573-1.