Nota: Este artigo é sobre o mosteiro fortificado de origem muçulmana. Se procura a antiga fortaleza da Arrifana, construída no Século XVII, veja Fortaleza da Arrifana.
O Ribat de Arrifana (ou da Arrifana), igualmente conhecido como Castelo da Arrifana e Ribat da Atalaia, foi um complexo religioso e militar do período muçulmano, situado nas imediações da aldeia da Arrifana, no município de Aljezur, em Portugal.[1] Segundo as fontes islâmicas, era utilizado como um convento para monges guerreiros, tendo começado a ser construído por volta de 1130 por Ibn Qasi, um líder muçulmano de Silves.[2] Foi parcialmente convertido numa torre de atalaia no século XIV, que durou até ao século XVIII.[3] Foi identificado pelos arqueólogos em 2001 nas ruínas da Ponta da Atalaia.[4] É considerado como um dos principais vestígios do período mouro em Portugal, tendo sido classificado como Monumento Nacional em 2013.[4]
Descrição
Localização
O Ribat da Arrifana está situado na ponta da Atalaia, um pequeno promontório rochoso,[5] na zona do Vale da Telha, na freguesia e concelho de Aljezur, parte do Distrito de Faro.[2]
A zona da Ponta da Atalaia foi escolhida principalmente por motivos de importância estratégica, uma vez que permitia, nos dias de céu limpo, vigiar a faixa costeira desde o Cabo de São Vicente até ao Cabo Sardão, no Alentejo.[3] Além disso, estava situado numa área que nessa altura formava a fronteira entre a região reconquistada pelos cristãos e a que ainda era dominada pelos muçulmanos, e ao mesmo tempo estava afastado de Faro e Silves, que estavam controlados pelos inimigos de Ibn Qasi.[3] Por outro lado, aquele local também tinha vantagens do ponto de vista religioso, estando situado relativamente perto de uma alcaria ou de um local de grande importância espiritual, de forma a melhor difundir tanto a mensagem sufista como os próprios ideais de Ibn Qasi, que seriam o princípio de um novo governo teocrático.[3] A sua localização costeira, numa zona situada nos finais do mundo conhecido, também significava a ligação entre a terra e mar, e servia de metáfora entre os domínios do material e do espiritual.[3]
Protecção e importância
O Ribat da Arrifana é uma estrutura única no território nacional, sendo provavelmente o único complexo religioso do período muçulmano na zona ocidental da Península Ibérica.[3] Com efeito, em toda a península apenas se identificou outro Ribat, o de Guardamar, perto de Alicante.[3] A importância do Ribat de Arrifana também advém da considerável quantidade de fontes que subsistem sobre o complexo e o seu fundador, Ibn Qasi, sendo relativamente bem conhecida a evolução histórica do Ribat, incluindo as causas e datas da sua construção e declínio.[3] O Ribat é considerado o monumento do seu género mais importante em toda a Península, tendo a sua descoberta sido alvo das atenções de vários investigadores em toda a Europa.[5] O sítio arqueológico foi visitado desde então por cidadãos de várias nações islâmicas, incluindo diplomatas e príncipes.[5] O Ribat também é muito visitado pelos turistas.[6]
O conjunto foi classificado como Monumento Nacional pelo Decreto n.º 25/2013, de 25 de Julho.[2] Foi o primeiro vestígio arqueológico a possuir aquela categoria no concelho de Aljezur.[5] Em 2014, o estado ainda tinha iniciado o processo para a aquisição dos terrenos onde se encontrava o Ribat, apesar de ter sido planeado no âmbito das obras da Sociedade Polis Litoral Sudoeste.[5]
Significado e composição
Um Ribat ou Rîbat é um complexo fortificado que também tinha funções religiosas, servindo de base a monges guerreiros de origem muçulmana, que faziam voto de pobreza.[5] Desta forma, possuía vários edifícios religiosos, como uma mesquita, e outros que funções mais militares, como uma cavalariça.[7] O complexo foi organizado de forma hierarquizada, de forma a corresponder a vários níveis de funcionalidade e simbolismo,[2] tendo sido identificadas quatro grandes áreas, de funções diferentes, adaptadas à situação do terreno onde se encontravam.[8] A península em que se situava o Ribat estava rodeada, do lado de terra, por um longo muro, do qual foram escavadas pelo menos duas partes.[3]
O Ribat da Arrifana partilha algumas características com o de Guardamar e com outros no Norte de África, como a organização urbanística aberta, a falta de uma muralha de defesa, e a adaptação das estruturas à ondulação do terreno.[8] No contexto do interior do Algarve, o Ribat fazia parte de um conjunto de estruturas militares relacionadas com Silves, que também incluía o Castelo de Alferce.[9]
Entrada e necrópole (Sector 4)
A entrada do Ribat fazia-se pelo lado Sudeste,[2] onde estavam vários edifícios, incluindo duas[8] ou três mesquitas, sendo talvez nesta área que se fazia a introdução aos princípios sufistas.[3] Também no lado Sueste existia uma necrópole,[2] como se pode comprovar pela existência de sessenta e cinco sepulturas, das quais sete foram totalmente investigadas.[3] Estas sepulturas possuem formas rectangulares ou trapezoidais,[8] mas são de tamanhos e constituições diferentes, tendo algumas sido anexadas às paredes das qiblas das mesquitas na zona da entrada.[3] As sepulturas possuíam tumuli baixos em terra e estavam rodeadas por muretes em xisto,[8] Cada sepultura foi utilizada para um só indivíduo, que foram enterrados em decubitus lateral, sobre o lado direito, no sentido de Sudoeste para Nordeste, e com a face virada para Sudeste, na direcção de Meca.[8] Além das sepulturas de origem muçulmana, foram encontradas três que tinham orientação cristâ, que podem ter pertencido a combatentes cristãos que lutassem como islâmicos.[6] Os túmulos tinham estelas anepígrafas de pequenas dimensões, excepto por duas delas, onde tinham sido gravados textos maiores, e que ainda se encontravam no local.[3] Estas estelas epigrafas são consideradas de grande interesse, uma vez que são as únicas do período islâmico encontradas no seu local de origem, em toda a Península Ibérica.[5] Segundo a arqueóloga Rosa Varela Gomes, a necrópole ainda se encontrava em bom estado de preservação, algo de pouco comum entre as estruturas daquele tipo do período islâmico.[5] No limite Norte da necrópole encontrou-se um edifício que provavelmente serviria para a lavagem e preparação dos cadáveres para o enterramento, e que possuía uma bancada, um depósito para água e uma tina que tinha sido escavada no solo, e cujo pavimento e paredes foram revestidos com massa.[3] Junto à necrópole existia uma zona, identificada como sector 4, que estava separada por um muro, e onde se situava uma escola corânica ou madraça, que tinha um pátio de grandes dimensões e várias celas anexas no sentido sueste.[2] A necrópole pode ter sido rodeada por um muro.[8]
Acesso à Ponta da Atalaia (Sectores 1 e 2)
Na zona Oeste, onde a península de estreitava, existia outra zona própria, classificada como sector 1, que seria provavelmente a parte mais activa dentro do ribat, e que serviria como ponto de controlo no acesso ao promontório da Atalaia.[2] Esta seria a única forma de aceder à ponta em si, que era naturalmente protegida pelas arribas da costa.[2] Esta zona de acesso estava densamente ocupada por edifícios, incluindo quatro mesquitas de planta rectangular, uma delas de grandes dimensões, que estava compartimentadas e tinham o mirabe virado para Meca, na mesma parede em que estava o portal de entrada.[8] Também foram identificados vários edifícios rectangulares, dois deles de dimensões superiores,[2] com pátios e divididos em vários compartimentos, que seriam certamente habitações.[8] Foram descobertos edifícios residenciais de características muito semelhantes no Castelo de Salir.[8] A poucos metros de distância das casas,[8] no sentido Sul, fica o sector 2, onde estava uma pequena mesquita com vários anexos, mesmo junto à orla costeira, que provavelmente estaria reservada para uma figura de alta importância.[3]
Ponta da Atalaia (Sector 3)
No topo do promontório, classificado como sector 3,[2] existia outro grupo de edifícios,[3] incluindo uma mesquita com muro para orações e um minarete de planta circular.[2] Aquele local seria provavelmente o mais sagrado em todo o complexo.[3] Este núcleo terá sido provavelmente a primeira parte do Ribat a ser construída, podendo a mesquita ter sido utilizada pelo mestre, devido à sua localização simbólica, e à presença do minarete, que era utilizado para chamar os crentes para as suas orações diárias.[3] Este minarete muito provavelmente também serviria para vigiar a costa, utilização que continuou a ter após a reconquista cristã,[3] tendo sido reaproveitado no século XIV como torre de vigia.[2]
As paredes dos edifícios foram construídas em taipa estucada e caiada sobre um embasamento de alvenaria em xistos, grauvaques e arenitos, enquanto que as coberturas seriam em madeira com telha de canudo, formando telhados de uma só água, ou terraços em madeira e terra crua.[2] O solo dos edifícios era em terra batida.[2]
Espólio
No local foi encontrada uma quantidade de artefactos mais reduzida do que o habitual em contextos habitacionais,[8] o que pode ser explicado pelo reduzido período de ocupação.[2] Foram encontradas peças relacionadas com várias actividades diárias, tal como a preparação e o consumo de alimentos, caça e pesca, captura de moluscos, e fiação e tecelagem, e outras que apontam para uma utilização espiritual, como placas de xisto epigrafadas dentro da estrutura dos edifícios, muitos candis, alguns amuletos, e várias inscrições de fé a Deus.[8] As peças de cerâmica encontradas são fragmentos de taças, púcaros, jarros ou jarras, alguidares e panelas, cujo estilo simples e decoração apontam para o intervalo entre os séculos XII e XIII.[8] Também foi descoberta uma garrafa de vidro, cossouros, pesos de tear, vários objectos em osso e pedra, e outros em metal, como rolos de chumbo[8] e armas.[10] Também foram descobertos restos de alimentação, como vestígios de moluscos.[8] Na necrópole, foram encontradas partes de esqueletos humanos.[2]
História
Construção e declínio
O Ribat foi fundado por Ibn Qasi, um líder islâmico natural de Silves.[7] Originalmente um funcionário na alfândega daquela cidade, decidiu dedicar-se a fundo na religião, tendo entrado numa zauia ou azóia (ermida islâmica) na Arrifana, para iniciar uma vida de meditação e recolhimento, e oferecido metade dos seus bens aos mais pobres.[7] Afirmou-se como mahdi,[2] e criou um novo grupo político religioso, conhecido como movimento murídino.[7] Envolveu-se numa Jihad (guerra santa) pelo domínio da região Sudeste da península, tendo combatido contra as dinastias almorávida e almóada, que controlavam as cidades de Silves e Faro.[3] Ibn Qasi desenvolveu a azóia com o que restava dos seus bens, tornando-a num ribat,[7] que seria a base para a sua força espiritual e militar.[10] A fundação do Ribat em si foi feita por volta de 1130.[2] O complexo passou por três fases distintas de expansão, como pode ser provado pelos vestígios de obras de ampliação e renovação dos edifícios, principalmente na maior mesquita.[8]
O Ribat atingiu uma grande importância ainda durante o domínio mouro, tendo sido referido por vários historiadores e geógrafos daquele período, incluindo Ibn al-Abbār, que referiu que Ibn Qasi se tinha retirado para o mosteiro da Arrifana, que estava localizado na costa marítima, e Yaqût, que no século XIII descreveu a zona de al-Rihana (Arrifana) como estado situada na faixa costeira a Norte do cabo do Algarve, posteriormente conhecido como Cabo de São Vicente.[3] Outra figura importante que referiu Ibn Qasī foi Alexandre Herculano, que o identificou como aliado do primeiro monarca português, Dom Afonso Henriques.[3] Ao fim de alguns anos, os murídinos assumiram-se como a maior potência na região, tendo chegado a dominar em 1144 a taifa de Silves, todo o Algarve e parte do Baixo Alentejo, derrotando as forças da família Banu Al-Mallah e dos Almorávidas.[7] Em 1151, Ibn Qasi fez uma tentativa de aliança com o primeiro monarca português, Dom Afonso Henriques, contra Abde Almumine, senhor do Gharb al-Ândalus, embora tenha falhado devido ao assassinato de Ibn Qasi nesse mesmo ano, em Silves.[11] Devido à morte de Ibn Qasi, o ribat foi abandonado apenas alguns anos depois.[2] O movimento muridíne ainda continuou durante alguns nos após a morte do seu mentor, tendo mantido a praça de Tavira até 1167.[7]
Ocupação posterior
No século XIV, o antigo minarete foi convertido numa torre de atalaia, que resistiu até ao século XVIII, e que deu o nome à Ponta da Atalaia.[3] Posteriormente, foram construídos dois edifícios em cima das ruínas, na zona sueste, consistindo numa casa rural e num posto da guarda fiscal.[2]
Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, a zona da Arrifana e da Ponta da Atalaia foi palco da Batalha de Aljezur, entre aviões britânicos e alemães.[12]
Redescoberta
A localização primitiva do Ribat da Arrifana perdeu-se, tendo vários historiadores avançado a hipótese que estava situado no interior Castelo de Aljezur ou no Forte da Arrifana, situado nas proximidades da praia com o mesmo nome.[3] Embora as ruínas na área da Ponta da Atalaia sejam conhecidas pelo menos desde o século XIX, só em 2001 é que estas foram identificadas como sendo o antigo Ribat de Arrifana,[3] pelo casal de arqueólogos Mário e Rosa Varela Gomes.[13] Em seguida, foram feitas várias pesquisas arqueológicas no local, tendo sido encontrados vestígios de edifícios em pedra e taipa, incluindo várias mesquitas, uma grande necrópole, um muro para orações,[3] a base de um minarete circular, uma escola corânica (madrasa).[5] As escavações arqueológicas iniciaram-se em 2002, sobe a orientação de Rosa Varela Gomes e Mário Varela Gomes.[5]
Em 2012, foi descoberta a lápide de uma sepultura, com o nome Ibrāhīm bn Sulaymān bn Hayyān, falecido em 1148, que poderia ter sido um peregrino ou um monge que morreu no local, ou um guerreiro que teria perecido em batalha e depois transferido para a Arrifana.[5] Em 17 de Julho de 2013, o Ribat foi classificado como monumento nacional, tendo o decreto correspondente ordenado a preservação das ruínas, tanto as originais como as relativas à reutilização do complexo nos séculos XIV e XV, quando foi reaproveitado o minarete.[2] Determinou igualmente a demolição das ruínas de dois edifícios construídos posteriormente, um posto da guarda fiscal e uma habitação rural.[2]
Em 22 Julho de 2014, a Universidade Nova de Lisboa noticiou que estavam a decorrer pesquisas arqueológicas no local, coordenadas por Rosa Varela Gomes e Mário Varela Gomes, professores do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e arqueólogos do Instituto de Arqueologia e Paleociências da mesma universidade.[14] Nas investigações colaboraram as antropólogas Nathalie Antunes Ferreira e Filipa Amado dos Santos, e vários alunos de arqueologia da Faculdade.[14] Durante as pesquisas, foram encontradas várias sepulturas, das quais quatro ainda encerravam vestígios osteológicos, que iriam permitir a realização de estudos bioantropológicos e relativos a rituais.[14] De forma a serem analisados, os fragmentos de ossos foram enviados para o Laboratório de Arqueologia da Faculdade.[5] No total da campanha arqueológica, foram escavadas sete sepulturas e encontrados sete esqueletos, sendo um deles pertencente a um individuo do sexo feminino, algo de considerado pouco usual, dada a natureza do Ribat, embora pudesse ter vivido no seu interior.[5] Um dos principais achados durante a campanha foi a descoberta de um lanço da muralha, com cerca de 10 m.[5] Esta campanha foi financiada pela fundação suíça Max van Berchem.[14] Ao contrário do que se passou em anos anteriores, a campanha de 2014 não teve o apoio da Fundação Gulbenkian nem da autarquia de Aljezur.[5] Até 2014, apenas tinha sido escavado um terço da área do Ribat, uma vez que as campanhas arqueológicas realizadas até essa altura apenas tinham sido de curta duração.[5]
Em Junho de 2015, a Associação Sócio Cultural de Aljezur e a Direcção Regional de Cultura do Algarve organizaram um encontro nacional de artistas em Aljezur, que incluiu um passeio a pé com passagem pelo Ribat da Arrifana.[15]
Em Agosto de 2016, o Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, visitou o Ribat da Arrifana, e esteve em reunião com o representante em Portugal da fundação suíça Aga Khan Trust For Culture, o presidente da Câmara de Aljezur, José Amarelinho, membros da Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, a directora regional de Cultura do Algarve, e o director de Bens Culturais da Direcção-Geral da Cultura.[6] Nessa altura, a fundação Aga Khan mostrou-se interessada em fazer uma parecia com o governo português, de forma a continuar as pesquisas arqueológicas no Ribat, e construir um centro de interpretação.[6] No entanto, o processo estava num impasse devido à resistência do dono dos terrenos onde estava o Ribat, com o qual as negociações já decorriam há vários anos, sem sucesso.[6] O proprietário exigia o valor de 1,2 milhões de Euros pelo terreno, quantia considerada exagerada pelo governo, uma vez que aquela área estava situada no parque natural e mesmo junto à falésia, o que impossibilitava a construção de um empreendimento turístico.[6] O ministro admitiu igualmente que, caso as negociações não tivessem sucesso, o governo poderia avançar com a expropriação dos terrenos, de acordo com a classificação do Ribat como monumento nacional.[6] O governante classificou igualmente o Ribat como um tesouro nacional, devido à sua localização, e ao seu valor histórico, patrimonial e cultural.[6] Por seu turno, o representante da fundação Aga Khan em Portugal, o comendador Nazim Ahmad, sublinhou que a valorização deste monumento seria não só importante a nível concelhio e nacional, mas também a nível internacional, sendo de interesse para as instituições de ensino superior, e para os arqueólogos e outros investigadores de cultura islâmica.[6] Desta forma, defendeu a construção de um centro de interpretação e de estudos, que além de informar os turistas, também iria apoiar os arqueólogos, os estudantes e outros investigadores.[6]
Em Agosto de 2018, o historiador marroquinho Ahmed Tahiri lançou o seu livro Aljezur e o Ribāt al-Rayhâna na história do Gharb al-Andalus, na Junta de Freguesia de Aljezur.[13] Esta obra, publicada pela Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, foi escrita em português e árabe, e procurou estudar a fundo vários aspectos de Aljezur e do Ribāt da Arrifana, no contexto geográfico do Gharb Al-Andalus.[13] Nesse ano, os terrenos onde se encontravam o Ribat ainda eram propriedade privada, o que impedia a realização de estudos mais rigorosos e a valorização do complexo.[13] Em Novembro desse ano, a secretária de estado da cultura, Ângela Ferreira, discursou sobre os investimentos na cultura do Algarve, tendo apontado a o Ribat da Arrifana como uma das obras a iniciar em 2019, e afirmado que a questão do Ribat estava a ser tratada entre o Ministério da Cultura e a Direcção Geral do Património Cultural.[16] Numa entrevista em Março de 2019, Adriana Freire Nogueira, directora regional de Cultura do Algarve, informou que a intervenção no Ribat da Arrifana, no valor de 500 mil Euros, era uma das seis consideradas urgentes nos monumentos do Algarve, até 2020.[17]
Em 10 de Julho de 2019, foi assinado um protocolo de cooperação para a investigação e preservação do Ribat da Arrifana, entre a Universidade Nova de Lisboa, o Ministério da Cultura, a autarquia de Aljezur e a associação Aga Khan Trust For Culture.[4] Aquele protocolo tinha como propósito a investigação, preservação e valorização do complexo, e promovê-lo junto do público, através da construção de um centro interpretativo.[4] Além de manter o monumento em si e o seu espólio, também deveria ser preservado o contexto paisagístico em se insere o Ribat.[18] Em Novembro de 2021, foi assinado o Plano de Acção Plurianual para a implementação e gestão do Centro Interpretativo do Ribat da Arrifana, na Câmara Municipal de Aljezur, cerimónia que contou com a participação da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e a secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira. Este plano foi criado no âmbito do protocolo assinado em 2019, e incluiu um conjunto de medidas para a preservação, estudo e aproveitamento do monumento, como a instalação de um centro interpretativo e a realização de mais trabalhos arqueológicos, tendo sido principalmente financiado pelo fundo Aga Khan. Graça Fonseca destacou principalmente a construção do centro interpretativo, que iria «permitir mais conhecimento e mais investigação, e que mais pessoas venham conhecer este espaço que conta um pouco da história do nosso país, numa perspectiva que cruza cultura com turismo e que, acreditamos, é um bom modelo de desenvolvimento económico do ponto de vista territorial».[19]
CAPELO, Rui; MONTEIRO, Augusto; NUNES, João; et al. (1994). História de Portugal em Datas. Lisboa: Círculo de Leitores. 480 páginas. ISBN972-42-1004-9
Leitura recomendada
TAHIRI, Ahmed (2018). Aljezur e o Ribât Al-Rayhâna na história do Gharb Al Andalus. Traduzido por SILVÉRIO, Silvina e TAHIRI, Ahmed. Aljezur: Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur e Fundação al-Idrisi Hispano Marroquina. 98 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de tradutores (link)
GOMES, Rosa Varela; GOMES, Mário Varela; TORRES, Carmen Barceló (2008). O ribat da Arrifana (Aljezur). Albufeira: Câmara Municipal de Albufeira. 27 páginas. ISBN978-972-8124-33-5 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Referências
↑GORDALINA, Rosário. «Ribat da Arrifana». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 29 de Dezembro de 2024
↑ abcdefghijklmnopqrstuvwPORTUGAL. Decreto nº 25, de 25 de Julho de 2013. Presidência do Conselho de Ministros. Publicado no Diário da República n.º 142, Série I, de 25 de Julho de 2013.
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