Apresenta o terceiro maior PIB (em 2011) e o segundo melhor IDH entre os municípios da região do sul fluminense (em 2010), e o décimo quinto maior PIB e o quinto mais alto IDH entre os demais municípios do estado. De fato, em 2011, o PIB do município foi estimado em R$ 5,62 bilhões, o 107° maior PIB municipal do Brasil no mesmo ano. E seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em 2010, de acordo com a PNUD, alcançou o patamar de 0,768 (66.3% da população adulta possuía ensino fundamental completo naquele ano, com uma expectativa de vida média de 75,3 anos de vida e rendaper capita de R$ 915,21), classificado como "elevado" pela entidade e sendo posicionado como o 249° município com melhor IDH do Brasil naquele ano.
Seu território faz divisa com os estados de São Paulo e Minas Gerais, além de outros municípios fluminenses ao lado citados. Historicamente, é uma das cidades mais valiosas do Brasil, remanescente da época do Brasil Colônia. É, com efeito, o município mais antigo de sua região. Entre os séculos XIX e XX, das terras que originalmente compunham Resende, formaram-se os demais municípios do Vale do Paraíba Fluminense.
Resende é um importante polo industrial, automotivo, metalúrgico, de energia nuclear, turístico e sede do segundo maior complexo militar do mundo e maior da América Latina, a Academia Militar das Agulhas Negras, a única na formação de oficiais combatentes do exército no país, cuja área total é de 67 km². Resende tem importância nacional e é conhecida internacionalmente por abrigar a Fábrica de Combustível Nuclear, complexo das Indústrias Nucleares do Brasil, única capaz de promover o enriquecimento de urânio no país.
História
Resende era habitada originalmente por índiospuris, que a chamavam Timburibá. O desenvolvimento do lugar foi rápido, devido a fatores como estar a meio caminho entre Rio de Janeiro e São Paulo, além da proximidade com a capitania de Minas Gerais. A descoberta de ouro e diamantes no século XVIII nas capitanias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais levou ao desbravamento de suas terras e de toda a região do vale do rio Paraíba, ao longo do percurso do rio Paraíba do Sul. Em 1744 coronel paulista Simão da Cunha Gago conseguiu autorização da Coroa portuguesa para desbravar a região em busca dessas riquezas. Nessa empreitada, chegou à região da atual Resende, dando ao povoado o nome de "Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova".[5]
Em 29 de setembro de 1801, o povoado torna-se a "Vila de Resende", nome dado em homenagem ao Conde de Resende, então vice-Rei do Brasil. Com a expansão da cultura cafeeira no século XIX, a Vila de Resende passa por significativo crescimento. Vários sobrados foram construídos nessa época, sendo o primeiro deles o de Benedita Gonçalves Martins, conhecida como a "Rainha do Café". Devido à expansão econômica, e com uma população de cerca de 19 000 habitantes (sendo aproximadamente a metade constituída por escravos), a Vila de Resende foi emancipada à condição de cidade em 13 de julho de 1848 pela Lei Provincial n.º 438. Seis distritos integravam o recém criado município: Cidade, Campos Elíseos, Bom Jesus de Sant'Ana dos Tocos (que acabou submerso pela represa do Funil), Boa Vista (atual Engenheiro Passos), Santo Antônio da Vargem Grande e São Vicente Ferrer (atual Fumaça).[5]
O café era transportado no lombo de burros para o Porto de Angra dos Reis, percurso que demandava cerca de oito dias, o que levou ao início da navegação pelo rio Paraíba. Eram utilizadas mais de sessenta barcas, que levavam o café até Barra do Piraí. Nessa cidade era feita a baldeação para os trens da Estrada de Ferro D. Pedro II, que seria depois a Estrada de Ferro Central do Brasil. Os trilhos da estrada de ferro chegaram a Resende em 1873, levando ao fim do transporte do café por via fluvial. As riquezas provenientes da produção de café transformaram a vida da cidade. Não apenas o aspecto físico das edificações, que passaram a ser mais urbanizadas e menos rústicas, mas também os costumes e estilo de vida da aristocracia local tornaram-se requintados. Passa-se a importar seda porcelana da Europa, os filhos dos fazendeiros começam a aprender inglês e francês, indo depois estudar no exterior.[5]
A partir de 1850, o tráfico de escravos foi proibido e a mão de obra nos cafezais tornou-se dispendiosa. Além disso, a partir de 1870 as terras passaram a ser menos produtivas, pelo excesso de utilização. No final da década, vários cafeicultores vão para o Oeste Paulista, região da atual Ribeirão Preto, onde havia boas perspectivas para a produção. Com o êxodo das famílias, as terras resendenses passaram a se desvalorizar, atraindo emigrantes vindos de Minas Gerais, que se instalavam com seu gado nos cafezais abandonados. Iniciava-se assim o ciclo da pecuária na região, levando Resende a produzir um terço da produção leiteira e ser o segundo produtor de queijo e manteiga do estado, no início do século XX. Na década de 1940 tem início a industrialização de Resende, sendo implantada também nessa época a Academia Militar das Agulhas Negras. Com a inauguração da rodovia Presidente Dutra no início dos anos 50, acentua-se a expansão industrial da cidade.[5]
O distrito de Engenheiro Passos é criado e anexado ao município de Resende pela Lei Estadual n.º 1 695, de 26 de setembro de 1952. Em 6 de julho de 1988, pela Lei Estadual n.º 1 330, parte dos distritos de Engenheiro Passos, Agulhas Negras e Itatiaia são desmembrados de Resende para formar o município de Itatiaia. Pela Lei Estadual n.º 2 494, de 28 de dezembro de 1995, é criado o município de Porto Real, distrito desmembrado de Resende.[5]
O relevo do município é típico de vale, estando o município localizado em uma grande planície às margens do rio Paraíba do Sul. Conforme nos afastamos dela encontramos um planalto com leves colinas achatadas e, mais longe, o Maciço do Itatiaia, que compreende uma escarpa da Serra da Mantiqueira, com o pico das Agulhas Negras ao fundo. No outro extremo do município, junto à divisa paulista, encontramos o início das formações da Serra do Mar, com a presença de elevações que geralmente ultrapassam os 600 metros de altitude.
O Rio Paraíba do Sul tem, como seus principais afluentes dentro do município, o Córrego Preto e os rios Alambari, Sesmaria, Lavapés e Salto, que serve de divisa entre Resende e o município de Queluz no estado de São Paulo.[11][12]
O clima de Resende é tropical de altitude, a temperatura média anual é de 21 °C, com mínimas de 12 °C, em julho e máxima de 31 °C, em fevereiro. As maiores precipitações são no período de outubro a março. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a menor temperatura registrada em Resende desde maio de 1944, quando se iniciaram as medições climatológicas na cidade, foi de 1,4 °C em 1° de junho de 1979 e a maior atingiu 39,3 °C em 21 de outubro de 2021. O maior acumulado de precipitação em 24 horas alcançou 226,6 mm em 26 de novembro de 1975, seguido por 171,4 mm em 28 de outubro de 2021 e 162,7 mm em 6 de dezembro de 1950.[7][8] Desde setembro de 2006, a maior rajada de vento alcançou 44,5 m/s (160,2 km/h) em 30 de setembro de 2021 e a menor umidade relativa do ar (URA) ocorreu na tarde de 17 de setembro de 2015, quando o índice chegou a 10%.[13]
Fonte: INMET (temperatura e precipitação: normal climatológica de 1991-2020; umidade e horas de sol: normal 1981-2010;[14] recordes de temperatura: 21/05/1944-presente)[6][7][8]
Resende está dividida em cinco zonas e 81 bairros.[16]
Economia
Indústrias
Com um amplo parque industrial em franco desenvolvimento, cuja área total é de 23 milhões de metros quadrados,[carece de fontes?] Resende abriga importantes unidades fabris de grande porte, com destaque para os setores metal-mecânico e químico-farmacêutico. Além disso, tornou-se o 2º maior polo automobilístico do país, ficando atrás apenas de São Bernardo do Campo-SP. As principais indústrias são:
O município é servido pelo tronco ferroviário mais importante do país, da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), hoje explorado pela MRS Logística. O tronco é disponível para transporte de carga, com projeto em andamento para instalação de ramal dentro do Polo Industrial e instalação de um Centro de Movimentação de carga e descarga às margens da Rodovia Presidente Dutra.
O município de Resende é atravessado em parte pela Ferrovia do Aço e em sua grande parte pelo Ramal de São Paulo da Estrada de Ferro Central do Brasil.[18] Os últimos trens de passageiros (com destino à São Paulo e ao Rio de Janeiro) circularam pelo município em 1998, porém já não paravam mais em sua estação ferroviária para embarque e desembarque de passageiros desde a primeira metade da década de 1980.[19]