Formado em direito pela Faculdade de Direito do Ceará da Universidade Federal do Ceará em 1961[2], iniciou sua carreira na TV Ceará na década de 1960, viajando posteriormente para o sul, onde trabalhou em vários programas nas mais variadas emissoras, como TV Excelsior, RecordTV e TV Tupi. Nesta época, criou o personagem Didi Mocó, com o qual estrelou uma série de humorísticos, como Os Adoráveis Trapalhões e Os Insociáveis. Em 1974, retornou a Tupi, desta vez ao lado dos amigos Dedé Santana, Mussum e Zacarias, com qual formou o quarteto humorístico Os Trapalhões, que posteriormente transferiram-se para a TV Globo, tornando-se um sucesso de público e audiência por três décadas consecutivas. Ao mesmo tempo, Aragão construiu uma sólida carreira no cinema, tendo atuado, escrito e produzido mais de 40 filmes, tanto em carreira solo, como em produções dos Trapalhões, ambos sucessos de bilheteria, sendo que sete filmes do grupo estão na lista dos "dez mais vistos na história do cinema brasileiro".
Após o fim definitivo dos Trapalhões em 1995, Aragão permaneceu em carreira solo, participando de vários programas e estrelando filmes. Em 1998, criou um novo programa, A Turma do Didi, que permaneceu no ar até 2010, tendo sido substituído por um derivado, Aventuras do Didi, cujo término ocorreu em 2013. Após o fim do contrato com a Globo em 2020, Aragão permaneceu ativo, principalmente nas redes sociais, onde passou a compartilhar registros de seu dia no aplicativo Instagram com os fãs.
Aos 24 anos, inscreveu-se num concurso da TV Ceará para trabalhar como "realizador" - uma espécie de diretor, redator e produtor de programas. Ele venceu, demonstrando seu talento e em pouco tempo já trabalhava como ator. O primeiro programa de televisão de que participou foi Vídeo Alegre. Em 1964, Renato mudou-se para o Rio de Janeiro a fim de estudar direção de programas e logo foi contratado pela TV Tupi de São Paulo para trabalhar no humorístico A, E, I, O...URCA. A mudança para a TV Excelsior em 1966, lhe proporcionou a oportunidade de criar um humorístico próprio; nascia então Os Adoráveis Trapalhões, em que contracenava com Wanderley Cardoso, Ivon Curi e Ted Boy Marino.[6]
Apesar de ter participado de muitos outros programas humorísticos, Aragão nunca se esqueceria da fórmula utilizada em Adoráveis Trapalhões, e finalmente conseguiria consagrá-la em 1974, ao estrear Os Trapalhões, já regresso à TV Tupi, ao lado de Dedé Santana, Mussum e Zacarias). Renato Aragão atuou em diversos filmes, tendo alguns recebido premiações estrangeiras, como Os Vagabundos Trapalhões e O Cangaceiro Trapalhão, no Festival Internacional de Cinema para a Infância e Juventude (Portugal), em 1984, e Os Trapalhões e a Árvore da Juventude, no III Festival de Cine Infantil de Ciudad Guayana (Venezuela), em 1993. Entre outras grandes personalidades, Renato Aragão atuou com Pelé em 1986 no filme Os Trapalhões e o Rei do Futebol, quando gravou cenas em um Maracanã lotado antes de uma partida de seu clube de coração, o Vasco da Gama. Fundou, em 1977, a Renato Aragão Produções Artísticas Ltda., responsável pela produção de filmes, programas de televisão, vídeos e shows, dentre outros. Recebeu, em 1980, o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e, em 1982, o título de Personalidade Ilustre do Estado do Rio de Janeiro, ambos concedidos pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Em 1991, tornou-se representante especial do UNICEF e embaixador do mesmo órgão, em prol da infância brasileira. Foi condecorado chanceler da Ordem do Rio Branco, título concedido pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), em 1994. Nesse mesmo ano, foi agraciado com a admissão na Ordem Nacional do Mérito Educativo, no grau de oficial, por indicação do Ministério da Educação e do Desporto. Ainda em 1994, Renato Aragão estreou um programa em Portugal, a convite da emissora portuguesa SIC, com a participação dos atores Dedé Santana e Roberto Guilherme, além de vários artistas portugueses. Em 1995, recebeu o título de Cidadão Paulistano, concedido pela Câmara Municipal de São Paulo. O grupo "Os Trapalhões" entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes, em 1997, como o humorístico brasileiro que permaneceu por mais tempo em exibição na TV.
Renato ficou afastado da TV depois da morte de seus companheiros Zacarias e Mussum (sem esquecer o querido Tião Macalé). Em 1998, estreou um programa inédito, com formato diferente, A Turma do Didi. No ano 2000, festejou seus 40 anos de carreira. Em 2002, sua empresa Renato Aragão Produções Artísticas Ltda comemorou 25 anos de sucesso. Nesse mesmo ano, Renato lançou o livro Meus Caminhos. Em 2004, os personagens Didi e Dedé, interpretados por Renato Aragão e Dedé Santana, se reconciliaram no programa Criança Esperança, ao som da canção "No Mundo da Lua", de Michael Sullivan e Paulo Massadas. Em 2011, foi homenageado pela escola de samba paulista X-9 Paulistana. O enredo foi: "De eterna criança a embaixador da esperança... Renato Aragão, Didi Trapalhão!".
No dia 30 de junho de 2020, a Rede Globo comunicou a Renato Aragão a não renovação do seu contrato, se desligando assim da emissora após 44 anos de vínculo empregatício.[7]
Vida pessoal
Casamentos
Aragão foi casado com a cearense Marta Rangel entre 1959 a 1991, com quem teve quatro filhos: Paulo Aragão Neto (n. 1960), Ricardo "Caxa" Aragão (n. 1962), Renato Aragão Jr. (n. 1968), e Juliana Rangel Aragão (n. 1977). Após divorciarem-se, Aragão assumiu um relacionamento com a fotógrafa e empresária Lílian Taranto, trinta e três anos mais nova que ele, com quem teve uma única filha, a atriz Lívian "Lili" Aragão (n. 1999).
Dois episódios marcantes evidenciaram seu lado religioso: ele escalou o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, para beijar a mão da estátua, um sonho que realizou no programa comemorativo de 25 anos, exibido no dia 27 de agosto de 1991, da formação dos Trapalhões, e fez uma caminhada de São Paulo a Aparecida, levando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, para pagar uma promessa feita à santa, dias antes da exibição do projeto Criança Esperança de julho de 1999.
O Criança Esperança é uma maratona televisiva da Rede Globo, criada em 1986, onde Renato Aragão apresenta um show tradicional e anual ao vivo para todo o Brasil e para o mundo inteiro, com todo o elenco da Globo e artistas diversificados. O programa tem inserção dos profissionais da Jornalismo Globo, Esporte Globo e do Entretenimento Globo. O programa é um projeto da Rede Globo em parceria com a UNESCO, antes UNICEF.
Didi Mocó é o personagem de maior sucesso interpretado por Renato Aragão. O personagem é tão famoso que Renato Aragão é mais conhecido pelo nome Didi do que pelo seu próprio nome. O nome completo do personagem é Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo[11][12] (ou "Didi Mocó Sonrisépio Colesterol Novalgino Mufumbo"[13] e por vezes, Didi, ao mencionar seu nome completo, alertava que o nome Mufumbbo se escrevia "com dois bês" e o nome Mocó, com dois acentos no "o"). Renato conta que o nome Didi Mocó foi criado de improviso em um programa de auditório[14] Didi foi interpretado por Renato Aragão não só apenas no programa televisivo da Globo, Os Trapalhões, onde foi o líder do quarteto e um dos Trapalhões mais engraçados, mas também em vários filmes do grupo, nos programas A Turma do Didi, Zorra Total (primeira temporada),[15]Aventuras do Didi, Acampamento de Férias, Criança Esperança e nos programas Especiais da Rede Globo.
Controvérsias
"Doutor Renato"
Tornou-se amplamente conhecida na internet um ocorrido no qual Aragão teria demitido um funcionário por chamá-lo de "Seu Didi", alegando que o tal deveria se referir a ele como "Dr. Renato". O rumor, que possui várias versões diferentes, teria se originado na década de 2000, porém ganhado forças no ano de 2012 quando foi publicado pela jornalista Fabíola Reipert.[16] O fato repercutiu e tornou-se uma espécie de lenda urbana nas mídias sociais, prejudicando a imagem do humorista, que em entrevistas, desmentiu toda a polêmica, alegando que a história era caluniosa e sensacionalista.[17][18]
Filme polêmico
Em 2012, foi noticiado que um novo filme de Aragão estava em desenvolvimento. A produção se chamaria O Segundo Filho de Deus e traria o personagem Didi como um enviado dos céus para cumprir a missão de Jesus.[19] A história causou polêmica, principalmente entre grupos evangélicos que acusaram Aragão de heresia. O título chegou a ser alterado para O Segredo da Luz, mas o projeto acabou cancelado.[20][21]
Processos contra fake news
O nome de Aragão vem sendo alvo de diversas notícias falsas, as chamadas fake news, nos últimos anos. Em 2019, foi noticiado que Aragão tratava mal seus funcionários, exigindo ser chamado de "Seu Renato" e os obrigando a levarem as próprias refeições de casa. Através do Instagram, o humorista veio a público desmentir o ocorrido e alegou que iria entrar com um processo contra os responsáveis.[22]
Em 2024, um perfil do TikTok começou a espalhar notícias falsas sobre o estado de saúde de Aragão. Logo, alguns portais começaram a repostar tais notícias, que afirmavam que o humorista estaria sofrendo de alzheimer e não reconhecia mais a família. As mesmas matérias afirmavam que sua família teriam o internado num asilo devido ao seu estado de saúde. Outras informações alegavam que Aragão havia morrido.[23] Novamente, o humorista e sua família vieram a público através das redes sociais para esclarecer as tais mentiras.[24]