Química amadora
A química amadora ou química doméstica é a busca da química como um hobby particular.[1] A química amadora é feita, geralmente, com quaisquer substâncias químicas disponíveis para obtenção na privacidade de sua casa. Não deve ser confundida com a química clandestina, que envolve a produção ilícita de drogas ilegais . [a] Alguns químicos amadores notáveis foram Oliver Sacks e Sir Edward Elgar .[2][3]
História
Origens
A química amadora compartilha a sua origem com a da química em geral. Os pioneiros da química moderna, como Robert Boyle e Antoine Lavoisier, foram cientistas independentes que realizaram as suas pesquisas independentemente da sua fonte de rendimentos.[4][5] Somente com a chegada da era industrial e da ascensão das universidades como instituições de pesquisa, surgiu uma distinção significativa entre amadores e profissionais. Ainda assim, o progresso amador durou até o século XIX. Por exemplo, em 1886, Charles Martin Hall co-inventou o processo Hall-Héroult para extrair alumínio do seu óxido enquanto trabalhava num barracão de madeira atrás da casa da sua família.[6] A história da química amadora se encaixa bem com a história da química em geral. A história da química representa um período de tempo da antiguidade até o presente. No ano 1000 a.C., as civilizações usavam tecnologias que formariam a base para os vários ramos da química. Esses processos incluem: extrair metais a partir dos seus minérios, fazer cerâmica e esmaltes, fermentar cerveja e vinho, extrair químicos de plantas para remédios e perfumes, transformar gordura em sabão, produzir vidro e fazer ligas metálicas como bronze.
A química como um hobby
Durante grande parte do século XX, a química amadora foi um hobby comum, com conjuntos de química de alta qualidade prontamente disponíveis e fornecedores de laboratório vendendo livremente para amadores. Por exemplo, Linus Pauling não teve dificuldade em adquirir cianeto de potássio aos onze anos de idade.[2] No entanto, devido às crescentes preocupações sobre terrorismo, drogas e segurança, os fornecedores tornaram-se cada vez mais relutantes em vender a amadores, e os conjuntos de produtos químicos foram diminuindo constantemente.[7] Esta tendência continuou gradualmente, deixando entusiastas em muitas partes do mundo sem acesso à maioria dos reagentes .
Químicos amadores notáveis
- O pioneiro da Internet, Vint Cerf, o co-fundador da Intel, Gordon Moore, e o co-fundador da Hewlett Packard, David Packard costumavam praticar química amadora.[1]
- O neurologista britânico Oliver Sacks era um químico amador entusiasmado na sua juventude, como descrito no seu livro de memórias "" .[2]
- O químico Linus Pauling, vencedor de um Prémio Nobel, praticou química amadora na sua juventude.[8]
- O co-fundador da Wolfram Research, Theodore Gray, é um químico amador e colecionador de elementos .[9] As suas façanhas (principalmente a construção de uma mesa de madeira em forma de tabela periódica, com compartimentos que continham amostras reais de cada elemento) renderam-lhe o prémio Ig Nobel de química de 2002,[10] que ele aceitou como uma grande honra.[11] Gray escreve uma coluna para a revista Popular Science, onde apresenta as suas experiências caseiras.[12]
- O fogueteiro amador (e mais tarde engenheiro da NASA ) Homer Hickham, junto com os seus colegas Rocket Boys, experimentou uma série de propulsores de foguete caseiros. Estes propulsores incluíam o "Rocket Candy", feito de nitrato de potássio e açúcar, e o "Zincoshine", feito de zinco e enxofre, mantidos juntos com álcool de Moonshine .[13]
- O compositor Sir Edward Elgar praticava química amadora num laboratório montado no seu quintal.[3] O manuscrito original do prelúdio de O Reino está manchado de produtos químicos.[14]
- Robert Boyle é hoje amplamente considerado o primeiro químico moderno e, portanto, um dos fundadores da química moderna e um dos pioneiros do método científico experimental moderno.
Restrições
Embora este hobby seja, provavelmente, legal na maioria das jurisdições, [b] o relacionamento entre químicos amadores e as forças de segurança é geralmente acidentado. Os químicos amadores são frequentemente afetados por leis destinadas a combater drogas e terrorismo . Além disso, muitas empresas de fornecimento de químicos recusam-se a vender a amadores, com estas políticas sendo, algumas vezes, declaradas abertamente.[15][16]
Canadá
No Canadá, uma ampla gama de reagentes básicos de laboratório, como ácido nítrico e peróxido de hidrogénio, são restritos como "precursores de explosivos".[17]
Alemanha
Químicos amadores alemães foram perseguidos pela polícia, apesar de não estarem na posse de produtos químicos ilegais.[18][19]
Estados Unidos da América
Nos Estados Unidos, algumas regiões possuem regulamentos rigorosos sobre a posse de produtos e equipamentos químicos. Por exemplo, uma vez o Texas exigiu o registo até mesmo dos artigos de vidro de laboratório mais básicos.[20] No entanto, esse requisito foi revogado a 6 de junho de 2019.[21]
A United Nuclear, uma fornecedora da ciência amadora com sede no Novo México, foi invadida a pedido da Comissão de Segurança de Produtos para Consumidores dos EUA [1] e posteriormente multada em 7.500$ pela "Venda de componentes ilegais de fogos de artifício".[22]
A Administração de Repressão a Drogas dos Estados Unidos mantém listas relacionadas à classificação de drogas ilícitas, que contêm produtos químicos usados na fabricação de substâncias controladas/drogas ilícitas. As listas são designadas pela Lei de Substâncias Controladas, 21 U.S.C. § 802 , parágrafos 34 (lista I) e 35 (lista II).
Veja também
Notas
- a. ^ Os termos "química amadora" e "química clandestina" não são rigidamente definidos e podem depender do contexto. Para maior clareza, este artigo define "química amadora" como a prática da química como um hobby, e não como um meio para um fim ilegal. Enquanto a química clandestina é frequentemente química amadora, nem toda química amadora é química clandestina.
- b. ^ O estatuto legal da química amadora por si só é um pouco ambíguo. Embora pareça não haver legislação que proíba explicitamente esta atividade, também existem poucas evidências para confirmar sua legalidade.
Referências
- ↑ a b c Silberman, Steve (junho 2006), Don't Try This at Home, Wired Magazine, consultado em 18 de julho de 2008
- ↑ a b c Sacks, Oliver (2001), Uncle Tungsten: Memories of a Chemical Boyhood, ISBN 0-375-40448-1, Vintage Books
- ↑ a b Weintraub, Stanley, «Shaws's Musician: Edward Elgar» (PDF), Annual of Bernard Shaw Studies (Requires subscription), consultado em 21 de julho de 2008
- ↑ Rosenfeld, Louis (1999), Four Centuries of Clinical Chemistry, ISBN 90-5699-645-2, Taylor and Francis
- ↑ University of Wisconsin - General Chemistry - The Law of Conservation of Mass, consultado em 19 de julho de 2008, cópia arquivada em 24 de junho de 2008
- ↑ Emsley, John (2001), Nature's Building Blocks: An A-Z Guide to the Elements, ISBN 0-19-850341-5, Oxford University Press, pp. 451–53
- ↑ Fuscaldo, Donna (11 de dezembro de 2007), The Grinch Who Stole the Chemistry Set, Fox Business, consultado em 19 de julho de 2008, cópia arquivada em 14 de dezembro de 2007
- ↑ Goertzel (1995), Linus Pauling: A Life in Science and Politics, ISBN 0-465-00672-8, Basic Books
- ↑ Theodore Gray's website, consultado em 18 de julho de 2008
- ↑ Winners of the Ig Nobel Prize, consultado em 18 de julho de 2008
- ↑ Theodore Gray's website: 2002 Ig Nobel Prize in Chemistry, consultado em 18 de julho de 2008
- ↑ Popular Science: Gray Matter column, consultado em 18 de julho de 2008
- ↑ Hickam, Homer (1998), Rocket Boys: A Memoir, ISBN 0-385-33320-X, Delacorte Press
- ↑ Sir Edward William Elgar; Amateur Chemist-Composer (PDF), consultado em 10 de agosto de 2008, cópia arquivada (PDF) em 3 de outubro de 2008
- ↑ Timstar Laboratory Suppliers Ltd: Ordering information, consultado em 18 de julho de 2008, cópia arquivada em 9 de maio de 2008
- ↑ Stratlab Web Shop - Laboratory Supplies - Chemicals and reagents, consultado em 10 de agosto de 2008, cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2012
- ↑ Natural Resources Canada: New Regulations Tighten Controls on Restricted Chemicals, Marketwire, 19 de maio de 2008, consultado em 8 de agosto de 2008
- ↑ Winsemann, Bettina (2 de agosto de 2008), Von Chemikalien, Aquarianern, Sprengstoffen und Drogen (em alemão), Telepolis, consultado em 8 de agosto de 2008
- ↑ Winsemann, Bettina (21 de dezembro de 2008), Terrorfahndung in Kinderzimmern] (em alemão), Telepolis, consultado em 8 de agosto de 2008
- ↑ Texas Administrative Code: Title 37, Public Safety And Corrections; Part 1, Texas Department Of Public Safety; Chapter 13, Controlled Substances; Subchapter E, Precursors And Apparatus, consultado em 19 de julho de 2008, cópia arquivada em 7 de janeiro de 2009
- ↑ [1]
- ↑ (PDF) (Nota de imprensa) http://www.usdoj.gov/civil/ocl/cases/Cases/UnitedNuclear/CPSC%20press%20release%202007.pdf
Ligações externas
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