Durante a sua juventude, tinha como modelo de vida Catão e Cícero o coloca como partidário dos optimates.[1] Em 54 a.C., Isáurico foi eleito pretor e, durante seu mandato, opôs-se à proposta de conceder um triunfo a Caio Pontino. Quanto irrompeu a guerra civil, desertou o partido aristocrático, liderado por Pompeu, e uniu-se a César. Foi colega de César como cônsul em 48 a.C. e, quando ele partiu de Roma para lutar contra Pompeu na Grécia, Isáurico comandou a República.
Primeiro consulado (48 a.C.)
Vácia Isáurico tornou-se uma figura muito polêmica depois que César seguiu para a Grécia para lutar contra Pompeu. Isáurico e Caio Trebônio foram os principais responsáveis pela falência total da economia romana e o líder populistaMarco Célio Rufo liderou uma revolta contra o regime ainda no mesmo ano, que foi duramente sufocada.
Em março, Célio, que era um pretor peregrino, tentou aprovar um perdão total das dívidas. A aristocracia romana começou a sentir a pressão do povo, muito endividado, e um exemplo famoso foi a esposa de Cícero, Terência, que foi obrigada a vender a maior parte de suas joias para pagá-las. Célio não tinha competência alguma para legislar sobre o assunto, uma vez que sua magistratura só lhe dava poderes sobre os estrangeiros em Roma. Trebônio era o responsável. Célio então montou um tribunal de cancelamento de dívidas, mesmo tendo sido advertido por Trebônio e Vácia Isáurico. Este, depois de saber da notícia, imediatamente foi enfrentar o magistrado rebelde seguido de seus doze lictores, próprios de seu imperiumproconsular, todos levando suas fasces. Depois de um acalorado debate no tribunal de Célio, Vácia Isáurico tomou uma delas e destruiu a cadeira de madeira (cadeira curul) própria do posto de Célio. Os dois chegaram a brigar, mas a população presente cercou Isáurico e seus lictores tiveram que protegê-lo para que não fosse morto.
Ele então iniciou uma campanha para desacreditar Célio em maio do mesmo ano, quando este voltou ao Fórum Romano para pedir o cancelamento das dívidas, sem se importar com as consequências. Acredita-se que as demandas de Célio foram motivadas pelas ameaças que Vácio havia lhe feito de que o prenderia. Quando Vácia conseguiu suas tropas, que vinham da Gália para ajudar César na luta contra Pompeu, ele não hesitou em utilizá-las. O exército lutou através do Fórum Romano e, quando os legionários tentaram capturar Célio, a população se revoltou. Foi a primeira vez que o povo romano atacou um exército romano dentro de Roma.
Célio zombou de Vácia Isáurico decorando sua cadeira curul com tiras de couro, uma referência a um conhecido rumor que circulava na cidade de que o pai dele lhe batia com uma cinta de couro, o que era uma humilhação. Vácia Isáurico, como resposta, pediu a seu pai que lhe batesse ainda mais forte como demonstração de sua hombridade. No final, Célio teve que fugir de Roma e uniu-se a Tito Ânio Papiano Milão, que tramava uma insurreição contra César, mas os dois foram rapidamente capturados e executados.
Quando Otaviano foi prometido a sua filha Servília,[7] Isáurico fez as pazes com Marco Antônio e abandonou a causa do Senado. Por isto, seu nome não aparece nas listas de proscritos e Cícero o chama, em suas cartas a Bruto, de "Homo et furiosus insolens".
Quando se formou o Segundo Triunvirato, em 43 a.C., Otaviano rompeu seu noivado com Servília para casar-se com Clódia Pulcra, filha de Fúlvia, a terceira esposa de Marco Antônio. Como reparação, Vácia foi eleito cônsul em 41 a.C. com Lúcio Antônio, o irmão do triúnviro. Ele estava em Roma quando Lúcio se apoderou da cidade em sua luta contra Otaviano (Campanha de Perúsia), mas permaneceu neutro.[8]
Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
Canfora, Luciano (1999). Giulio Cesare. Il dittatore democratico (em italiano). [S.l.]: Laterza. p. 445-446. ISBN88-420-5739-8
Carcopino, J. (1993). Anna Rosso Cattabiani (trad.), ed. Giulio Cesare (em italiano). [S.l.]: Rusconi Libri. ISBN88-18-18195-5
Bartels, Jens (2001). Der Neue Pauly. S. Isauricus, P (em alemão). 11. [S.l.: s.n.] p. 467