O Pilatus PC-7 Turbo Trainer é uma aeronave de treinamentomonomotorturboélice, desenvolvido e produzido pela Pilatus, da Suíça. A aeronave é capaz de todas as funções básicas de treinamento, incluindo acrobacias aéreas, vôo por instrumentos, vôo tático e vôo noturno. Lançado nos anos 70, o PC-7 é operado por mais de vinte forças aéreas em todo o mundo como aeronave de treinamento primário, com maioria das 500 aeronaves produzidas ainda em serviço. A Pilatus substituiu o PC-7 em seus catálogos pelo PC-9 e o PC-21.[1]
História
Desenvolvimento Inicial
O trabalho nos projetos do PC-7 iniciaram durante os anos 60. A aeronave era baseada no Pilatus P-3, tendo o primeiro protótipo sido um P-3 modificado (designado P-3B, inicialmente), com seu motor a pistão Lycoming O-435 trocado por um turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-20, de 550 shp (410 kW).[2] Em 12 de abril de 1963, o protótipo modificado fez seu primeiro vôo, porém, o programa foi cancelado, devido a um pouso de emergência que danificou o protótipo e a falta de interesse por um treinador turboélice no mercado da época.[3][2]
Em 1973, a Pilatus decidiu retomar o projeto, modificando um Pilatus P-3 da Força Aérea Suíça com um motor turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-25 (normalmente, o motor geraria 650 shp (485 kW), porém, foi limitado para 550 shp (410 kW)) e uma hélice Hartzell, tripá, de velocidade constante.[2] Após essas modificações, a aeronave teve seu primeiro vôo em 12 de maio de 1975, comandado pelo piloto de provas da Pilatus, Hans Galli. Ao longo dos ensaios, (com a aeronave já designada PC-7 Turbo Trainer) várias modificações foram feitas, como a adoção de uma asa em peça única com tanques de combustível integrais (projetados com auxilio da Dornier, da Alemanha), empenagem modificada, trem de pouso reforçado e canopi bolha deslizável.[2] A primeira aeronave de produção teve seu primeiro vôo em 18 de agosto de 1978.
Produção
Em 5 de dezembro de 1978, a aeronave foi homologada pela Agência Federal de Aviação Civil (FOCA), tendo suas primeiras unidades já entregues para a Bolívia e Myanmar no mesmo ano.[3] Em 1981, a Força Aérea Suíça adquiriu 40 unidades do PC-7, com as entregas finalizando em 1983.[2] A aeronave se provou bastante popular no mercado de aeronaves de treinamento, com 455 unidades construídas e vendidas até o fim da produção da aeronave em 2000.[2]
Em julho de 1998, a Pilatus entrou em acordo com a firma norte americana Western Aircraft para distribuir o PC-7 no mercado civil norte americano.[4] Nessa época, havia somente cinco PC-7 civis registrados nos Estados Unidos, a Pilatus acreditava que o mercado norte americano era um mercado viável para modelos remanufaturados e novos, vendidos por US$ 1 e 2 milhões, respectivamente. Com o passar do tempo, foi reconhecido que o mercado era limitado, com a Western Aircraft vendendo poucas aeronaves por ano.[4]
Desenvolvimento Adicional
Em 1984, a Pilatus ofereceu a opção de instalar o assento ejetor Martin-Baker Mk.15A na aeronave (que não contava com assentos ejetores originalmente), tanto em aeronaves novas quanto como um pacote de retrofit para aeronaves já operativas.[2]
Durante o fim dos anos 90, a firma de engenharia israelense Radom ofereceu um pacote de modernização para o PC-7, com nova aviônica, computadores de missão, head up display (HUD), sistemas de comunicações e de lançamento de armas.[5]
Em 1992, foi lançado o PC-7 Mk.II, um desenvolvimento do PC-7, se utilizando da fuselagem e aviônica do PC-9 com as asas e o motor do PC-7, com a intenção de diminuir os custos de vôo e manutenção, atendendo requisições da África do Sul.[2][6] O primeiro vôo do PC-7 Mk.II ocorreu em 18 de setembro de 1992, com a África do Sul aceitando a aeronave para serviço em 1993. O lote de 60 aeronaves adquiridas foram montadas na África do Sul entre 1994 e 1996.
Histórico Operacional
Uso Geral
Todas as exportações do PC-7 deveriam ser aprovadas pelo governo suíço.[7] A venda de aeronaves com capacidade de combate é um assunto controverso na Suíça e muitas vezes, pressão política era aplicada para que os PC-7 fossem exportados sem capacidade de portar armas. O governo suíço ocasionalmente segurou ou simplesmente recusou licenças de exportações para alguns países, provocando a perda de vários contratos militares, como na Coréia do Sul e no México.[7]
Além da adoção por vários clientes governamentais, o PC-7 é utilizado por clientes civis. O PC-7 é homologado pela Agência Federal de Aviação Civil (FOCA) e pela Administração Federal de Aviação (FAA). Vários operadores civis utilizam a aeronave em patrulha acrobáticas.
Uso em Combate
Alguns PC-7 foram empregados pela Força Aérea da Guatemala em missões de ataque e apoio aéreo aproximado (CAS) durante a Guerra Civil da Guatemala. Estas aeronaves eram baseadas em La Aurora, sendo armadas com casulos de metralhadoras e foguetes.[8]
Durante a Guerra Irã-Iraque, é alegado oficiais iranianos ameaçaram armar seus PC-7 com explosivos e utiliza-los para ataques suicidas contra navios da Marinha dos Estados Unidos que se encontravam no Golfo Pérsico.[9] Em 1984, um AH-1J Sea Cobra iraniano foi abatido por um PC-7 iraquiano durante a Operação Khyber.[10]
Em 1994, a Força Aérea Mexicana utilizou aeronaves PC-7 para executar missões de ataque contra o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) durante o Conflito de Chiapas. Essa ação foi considerada ilegal pelo governo suíço, devido as aeronaves terem sido vendidas especificamente para treinamento. O governo suíço, devido a isso, decidiu vetar a venda de unidades adicionais para o México.[11] Na época, a Força Aérea Mexicana era a maior operadora do PC-7 e pretendia adquirir mais unidades da fabricante, com o veto sendo visto como um grande golpe contra a Pilatus.[7]
Nos meados dos anos 90, a Executive Outcomes, uma empresa militar privada sul africana, utilizou três aeronaves PC-7 (ex-Força Aérea da Bophuthatswana) em missões de apoio aéreo aproximado (CAS) durante as operações da empresa em Serra Leoa.[12][13]
Durante o fim dos anos 2000, a Força Aérea do Chade utilizou seus PC-7 para missões de ataque contra posições rebeldes em seu território e no Sudão.[14]
Variantes
PC-7: Treinador básico biplace, propelido por um turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-25A, desenvolvido 550 shp (410 kW);[3]
PC-7 Mk.II: Treinador básico biplace, propelido por um turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-25C, desenvolvido 700 shp (522 kW). É uma aeronave híbrida, com a fuselagem do PC-9 e as asas originais do PC-7;[15]
NCPC-7: Versão modernizada do PC-7 com glass cockpitIFR e nova aviônica para a Força Aérea Suíça.[16][17]
PC-7M: Versão modernizada do PC-7 com glass cockpit, nova aviônica e reforços na fuselagem para a Real Força Aérea Neerlandesa.[18]
PC-7 Mk.X: Versão modernizada do PC-7 Mk.II, com nova aviônica e sistemas de treinamento.[19][20]
↑Wastnage, Justin (30 de abril de 2002). «Peace Dividend». Flight Global. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 16 de junho de 2019
↑Venter, Al (21 de agosto de 1996). «Gunships for Hire». Flight Global. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 16 de julho de 2019
↑Fontanellaz, Adrien; Cooper, Tom; Matos, José Augusto (2020). War of Intervention in Angola, Volume 3: Angolan and Cuban Air Forces, 1975-1985. Warwick, Reino Unido: Helion & Company Publishing. ISBN978-1-913118-61-7
↑Bulgaria, DualM studio-dualm dot com- web site design development, Veliko Turnovo. «Taming Sari». https://aerobaticteams.net/ (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023
↑Jackson, Paul (2003). Jane's All The World's Aircraft 2003–2004. Coulsdon, Reino Unido: Jane's Information Group. ISBN0-7106-2537-5