Penitenciária Federal de Mossoró

Penitenciária Federal de Mossoró
Localização Mossoró, Brasil
Administração pública federal (DEPEN)
Inauguração 3 de julho de 2009 (15 anos)
Capacidade 208
Instalações 13 000 m²

A Penitenciária Federal de Mossoró é uma penitenciária inaugurada no dia 3 de julho de 2009, no município brasileiro de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte. Localizada na cidade de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, é uma das cinco penitenciárias Federais do Brasil e a única no Nordeste. A penitenciária fica localizada no Complexo Mário Negócio, a cerca de 15 quilômetros do centro de Mossoró, na rodovia que liga este município à sua vizinha Baraúna.

Características

A Penitenciária Federal de Mossoró tem capacidade para abrigar 208 homens e a área coberta é de 13 mil metros quadrados. Inspeções realizadas pelo Ministério Público observaram que a penitenciária não possui licença do Corpo de Bombeiros para funcionar e que apresenta rachaduras nas paredes. Também há falta do sistema de abastecimento de água próprio e não há uma equipe médica permanente.[1]

Fuga em fevereiro de 2024

A Força Nacional vai atuar nas buscas por fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o envio de cem homens, que se juntarão aos cerca de 500 agentes que já atuam na recaptura

Em 14 de fevereiro de 2024, o presídio foi palco da primeira fuga registrada na história do Sistema Penitenciário Federal, quando dois detentos Rogério da Silva Mendonça (vulgo "Querubim", "Chapa" ou "Cabeça de Martelo" ou Martelo) e Deibson Cabral Nascimento ("Tatu", "Deisinho" ou "Deicinho") fugiram por meio de com ajuda de um alicate, oriundo de uma obra que estava acontecendo na unidade prisional.[2]

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, declarou que os fugitivos não tinham um plano totalmente organizado e apenas aproveitaram uma série de falhas,[3] o ministro também falou que o fato pelo fato da fuga ter ocorrido durante o carnaval, os guardas costumam ficar mais “relaxados”, declaração que causou muitas criticas.[4][5] Cerca de 200 policiais federais trabalham nas buscas pelos fugitivos em parceria com policiais rodoviários federais e militares do estado. Apoiam a operação o Comando de Operações Táticas (COT) e o Grupo de Resposta Rápida (GRR), unidades de elite da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.[6][7]

Em 22 de fevereiro, a Polícia Federal prendeu três suspeitos de terem ajudado os dois fugitivos de Mossoró. Eles foram presos em flagrante na abordagem da PF durante a apuração da fuga com armas ilegais e uma quantidade de drogas, segundo a investigação. Um carro também foi apreendido.[8]

No dia seguinte, Johnney Weyd Nascimento da Silva, de 40 anos, o irmão de Deibson, foi detido pela Polícia Federal em um desdobramento das investigações sobre a fuga dos dois fugitivos em Rio Branco, no Acre.[9]

Em 24 de fevereiro, a força-tarefa localizou uma casa no meio da mata na zona rural de Baraúna, que foi usada como esconderijo pelos fugitivos por quase uma semana.[10][11]

Em 29 de março, a Força Nacional encerrou a participação nas buscas, que duram 45 dias desde o início da fuga dos criminosos.[12] No dia seguinte, as equipes da Força Nacional começaram a deixar a cidade de Mossoró, onde a operação estava concentrada.[13]

Fugitivos

Rogério da Silva Mendonça (nascido em 30 de dezembro de 1988),[14] conhecido como "Querubin", tem 35 anos e é condenado a 74 anos de prisão. Ele é natural de Rio Branco[14] e responde a mais de 50 processos, entre os quais crimes de homicídio e roubo.

Segundo o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Rogério Mendonça passou por todos os presídios do Acre e foi transferido todas as vezes por mau comportamento e tentativas de fuga.[15] O Acre tem seis unidades prisionais, sendo uma de segurança máxima.

Em 2015, a Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes, em Sena Madureira, no interior do Acre, pediu a transferência do detento Mendonça para um presídio federal. Ele foi mandado para o Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, por 360 dias.

Também conforme o Iapen, Rogério já possuía histórico de violência contra agentes penitenciários e já era classificado pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) como de "altíssima periculosidade".[16]

Deibson Cabral Nascimento (nascido em 26 de novembro de 1990),[17] também conhecido como "Tatu" ou "Deisinho", tem 33 anos, é natural de Rio Branco,[17] e tem seu nome ligado a mais de 30 processos, nos quais responde pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e roubo. No total, tem 81 anos de prisão em condenações.

De acordo com o promotor Bernardo Albano, do Gaeco, Deibson é um dos fundadores do Comando Vermelho no Acre, no final de 2013.[18] A constatação está em relatório de inteligência do Ministério Público, que aponta que ele tem certo grau de liderança na facção, apesar de estar mais voltado às atividades operacionais, como fuga e prática de crimes.[19]

Captura e prisão

No dia 4 de abril de 2024, Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça foram presos pela Polícia Federal em Marabá, no Pará.[20][21] A ideia dos fugitivos era usar a rodovia Transamazônica para ir até Rondônia e fugir do país, a prisão ocorreu depois de ambos serem rastreados pela Divisão de Inteligência Policial da PF.[22][23]

Referências

  1. Estadão - MPF-RN pede que Beira-Mar não fique em presídio local
  2. CNN, Da. «O que se sabe sobre a fuga no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN)». CNN Brasil. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  3. Amaral, Luciana. «Lewandowski vai a Mossoró neste domingo para acompanhar buscas a fugitivos de prisão». CNN Brasil. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  4. «O carnaval do sr. Lewandowski». Estadão. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  5. «Oposição pressionará Lewandowski por conta de fugas em prisão federal | Metrópoles». www.metropoles.com. 17 de fevereiro de 2024. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  6. «Investigação aponta que fugitivos em Mossoró saíram pelo teto das celas; veja dinâmica da fuga». G1. 15 de fevereiro de 2024. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  7. Gortázar, Naiara Galarraga (16 de fevereiro de 2024). «Unprecedented jailbreak in Brazil puts maximum security prisons to the test». EL PAÍS English (em inglês). Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  8. Daniela Lima, Natuza Nery e Ana Flor (22 de fevereiro de 2024). «Três pessoas são presas por suspeita de ajudarem detentos de Mossoró após fuga de prisão». G1. Consultado em 23 de fevereiro de 2024 
  9. «Irmão de foragido do presídio federal em Mossoró é preso no Acre, diz PF». G1. 23 de fevereiro de 2024. Consultado em 23 de fevereiro de 2024 
  10. «Mossoró: Esconderijo usado por foragidos ficava em casa na mata». G1. 25 de fevereiro de 2024. Consultado em 25 de fevereiro de 2024 
  11. «Mossoró: força-tarefa encontra esconderijo usado por fugitivos de presídio federal». G1. 24 de fevereiro de 2024. Consultado em 25 de fevereiro de 2024 
  12. «Gastos com buscas por fugitivos de Mossoró passam de R$ 2 milhões». G1. 29 de março de 2024. Consultado em 29 de março de 2024 
  13. «Força Nacional deixa operação de busca por fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró». G1. 30 de março de 2024. Consultado em 30 de março de 2024 
  14. a b «DA SILVA MENDONÇA, ROGÉRIO» (em inglês). Interpol. Consultado em 18 de fevereiro de 2024. Arquivado do original em 31 de janeiro de 2024 
  15. «Ministério estende por mais cinco dias restrições em prisões federais». Agência Brasil. 16 de fevereiro de 2024. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  16. «Fuga de integrantes do CV em Mossoró foi às 3h30 e captada por câmeras | Metrópoles». www.metropoles.com. 15 de fevereiro de 2024. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  17. a b «CABRAL NASCIMENTO, DEIBSON» (em inglês). Interpol. Consultado em 18 de fevereiro de 2024. Arquivado do original em 31 de janeiro de 2024 
  18. redacaoterra. «Ministério pede à Interpol que nomes de fugitivos de presídio federal sejam incluídos entre procurados». Terra. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  19. «Brasil tem primeira fuga em penitenciária federal, em Mossoró (RN)». Folha de S.Paulo. 14 de fevereiro de 2024. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  20. «Fugitivos que escaparam de presídio federal em Mossoró (RN) são presos no Pará, após 51 dias». O Globo. 4 de abril de 2024. Consultado em 4 de abril de 2024 
  21. redacaoterra. «Fugitivos do presídio de Mossoró são presos no Pará após 50 dias». Terra. Consultado em 4 de abril de 2024 
  22. «Capturados, fugitivos voltariam para celas da penitenciária de Mossoró | Metrópoles». www.metropoles.com. 4 de abril de 2024. Consultado em 4 de abril de 2024 
  23. «Após 50 dias de busca, fugitivos de Mossoró são recapturados no Pará». RP10. 4 de abril de 2024. Consultado em 4 de abril de 2024 

Ligações externas