A ordem coríntia começa a ser utilizada no século IV a. C. como uma evolução estilizada da ordem jónica. As suas proporções são, igualmente, esbeltas e elegantes, o fuste decorado com caneluras semicilíndricas, mas o capitel apresenta uma decoração exuberante com folhas de acanto, coroadas por volutas jónicas. O entablamento e o frontão também apresentam motivos decorativos. Esta ordem integra-se no espírito mais ornamentista que caracterizou o século IV a. C. e viria a ser muito apreciada pelos Romanos que a expandiram por todo o Império.
Descrição de Vitrúvio
Vitrúvio descreve a ordem Coríntia como inventada por Calímaco, um arquiteto e escultor ateniense que se inspirou em um cesto de acantos.[1] Nas palavras de Vitruvius, em seu Livro 4, Da Arquitetura:[1]
“Por seu turno, o terceiro, que é chamado coríntio, procura reproduzir a delicadeza virginal, pois as donzelas, em razão da tenra idade, formadas por membros mais graciosos, produzem com seus adereços efeitos mais agradáveis. (...) Uma virgem de Corinto, mal chegada à idade núbil, acometida por uma enfermidade, faleceu. Após seu sepultamento, sua ama reuniu e dispôs num cesto as poucas coisas às quais ela se afeiçoara enquanto vivera. Levou-as a seu túmulo e as colocou sobre ele, e, para que elas se conservassem dia após dia, teceu por cima delas um pequeno teto. O cesto havia sido colocado casualmente sobre raízes de acanto, e, nesse ínterim, premidas por seu peso, verteram na primavera, folhagens e hastes em profusão. As hastes do acanto, crescendo ao longo das bordas do cesto e empurradas pela beira do teto, em razão do seu empuxo, foram forçadas acurvar suas extremidades. Calímaco, então, que em virtude da elegância e da graça de sua arte de trabalhar o mármore foi denominado pelos atenienses o príncipe dos artífices, passando perto desse monumento, reparou no cesto e na delicadeza da folhagem que medrava ao redor, e, encantado com a novidade das formas produzidas, executou para os coríntios colunas segundo esse modelo e instituiu suas proporções, e atribuiu as relações da ordem coríntia a partir daquilo que está presente na perfeição de suas obras”.
Sendo assim o formato do capitel coríntio sugere folhas de acanto e quatro espirais simétricas e foi usado para substituir o capitel jônico como uma variante luxuosa desta ordem.
Suas principais características:
Acantos estilizados, com pontas curvadas para fora, com 4 volutas menores nos cantos;
Precisão de detalhes que visava a expressão de luxo e poder.
Principais templos e monumentos
O mais antigo exemplo da coluna coríntia é o Templo de Apolo Epicúrio em Bassas na Arcádia, 450–420 AC. Não é parte da ordem do templo, que possui uma colunata Dórica que o contorna. Uma única coluna Coríntia localiza-se centrada no interior do templo.
Poucos exemplos de colunas coríntias na Grécia durante o século seguinte são todos utilizados todos no interior dos templos. Um exemplo famoso e o primeiro documentado sobre o uso da ordem coríntia no exterior da estrutura é o circular Monumento Corégico de Lisícrates, construído em 334 AC.
Capital coríntia romana do Templo de Vesta, Tivoli, Itália, com uma grande fleuron (flor) no ábaco, provavelmente uma flor de hibisco estilizada com espiral pistilo, fileiras de acantos comprimidas e flautas quadradas no topo, em vez de arredondadas como numa coluna coríntia padrão, século I a.C.
Capital coríntia romana com gorgoniões do Coliseu, Roma, 70-80 d.C.
Reinterpretações rococó da ordem coríntia em desenho de altar, com capitéis assimétricos e acantos mais sinuosos em forma de S, de Franz Xaver Habermann, 1740–1745, água-forte sobre papel, Rijksmuseum
Capitéis de pilastra do neo-grego na fachada do edifício do Parlamento austríaco
Colunas coríntias do neo-grego do Bowling Green Offices Building, cidade de Nova Iorque, uma mistura das da Torre dos Ventos e das do Monumento Corágico de Lisicrates, de W. & G. Audsley, 1895–1898[16]
Reinterpretação Beaux-Arts da ordem coríntia na Rotunda do Palácio de Belas Artes, São Francisco, EUA, com figura completa na capital, ovo e dardo no astragal que se encontra logo abaixo do capitel, e duas volutas extra mais pequenas e um elemento em forma de alça nas volutas canónicas do canto do capitel, por Bernard Maybeck, 1913–1915
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