As folhas são do tipo lauroide, em geral de coloração verde escuro, lustrosas, frequentemente acastanhadas na face inferior do limbo e com células ricas em óleos essenciais fragrantes.[9]
As flores são apétalas, agrupadas em pequenas inflorescência do tipo panícula. As espécies africanas e de Madagáscar todas apresentam flores bissexuais (com órgão masculinos e femininos), enquanto a maioria da espécies americanas são unissexuais (com flores que são exclusivamente masculinas ou femininas).[3]
Os frutos são bagas globosas ou oblongas, com 3–5 cm de comprimento, duras e carnudas, apresentando na região de junção com o pedúnculo parte do fruto recoberto por uma calíbio (ou cúpula) em forma de taça, ocasionalmente achatado,[10] que confere ao fruto uma aspecto semelhante a uma pequenas bolota. O fruto é verde escuro, escurecendo progressivamente ao maturar, mas com a cúpula na base do fruto frequentemente apresentando uma coloração brilhante. Cada fruto contém apenas uma semente envolvida por uma camada de tecido endurecida que em muitas espécies é lenhificada.
A madeira de muitas das espécies apresenta um aroma forte e característico, nem sempre agradável (daí o nome comum inglês stinkwood aplicado a algumas espécies, entre as quais Ocotea bullata e Ocotea foetens).[11] Noutros casos o aroma é considerado agradável e semelhante ao da cânfora (espécie do género Cinnamomum, filogeneticamente próximo de Ocotea).
A maioria das espécies de frutos relativamente pequenos são de grande importância ambiental porque serem o alimento de muitas aves e mamíferos endémicos, especialmente em ilhas e em florestas premontanas e montanas.[8]
As folhas de espécies de Ocotea são a principal fonte de alimento para as lagartas de várias espécies endémicas, incluindo várias espécies do género Memphis.[13] Algumas lagartas de Memphis alimentam-se exclusivamente das folhas de uma única espécie de Ocotea (por exemplo Memphis mora alimenta-se apenas de folhas de Ocotea cernua e Memphis boisduvali alimenta-se exclusivamente das folhas de Ocotea veraguensis.[13]
A maioria das espécies arbóreas africanas de Ocotea são antigas espécies paleoendémicas,[22] que em tempos antigos tiveram uma ampla distribuição naquele continente.[17][22] Contudo, esta não é a situação nas Américas, onde apenas na Venezuela foram colectadas 89 espécies distintas.[23]
Algumas espécies de Ocotea servem de local de nidificação para formigas, as quais que podem viver em bolsas na base das folhas ou em caules ocos. As formigas patrulham as suas plantas hospedeiras com maior frequência em resposta a perturbações ou ao aparecimento de pragas de insectos, entre os quais gafanhotos.[26]
Usos
As plantas do género Ocotea produzem óleos essenciais ricos em cânfora e safrol, que nalguns casos têm importância económica. É o caso das espécies O. cymbarum, O. caudata, O. pretiosa e O. usambarensis que são exploradas comercialmente.
Canela Sassafrás é uma das arvores brasileiras nativas de madeira mais estimadas para confecção de toneis para envelhecimento de cachaça.
Algumas espécies arbóreas de Ocotea de crescimento rápido são utilizadas em silvicultura comercial para produção de madeira. Entre essas espécies contam-se Ocotea puberula (da América Central e do Sul), Ocotea bullata (comercializada como black ou true stinkwood na África do Sul) e Ocotea usambarensis. A madeira destas espécies é valorizada pela sua resistência à decomposição por fungos.
O género Ocotea inclui mais de 200 espécies, quase todas neotropicais. A lista que se segue, embora não é exaustiva, apresenta as espécies mais relevantes de Ocotea:[27]
A distinção entre as espécies de Ocotea e as de Nectandra e outros géneros filogeneticamente próximos é problemática. As espécies do género Povedadaphne podem melhor ser integradas em Ocotea.
As seguintes espécies foram tradicionalmente colocadas no género Ocotea mas estudos de filogenia molecular confirmaram a sua pertença a outros géneros:[28]
↑Palaeoenvironmental analysis of the Messinian macrofossil floras of Tossignano and Monte Tondo (Vena del Gesso Basin, Romagna Apennines, northern Italy) - Vasilis Teodoridis, Zlatko Kvacek, Marco Sami and Edoardo Martinetto - December 2015 DOI: 10.14446/AMNP.2015.249.
↑ abDaniel H. Janzen. «About Memphis mora». Ontario Genomics Institute. Consultado em 1 de maio de 2012. Arquivado do original em 26 de setembro de 2011
↑P. Renvall & T. Niemelä (1993). «Ocotea usambarensis and its fungal decayers in natural stands». Bulletin du Jardin botanique national de Belgique / Bulletin van de National Plantentuin van België. 62 (1/4): 403–414. JSTOR3668286
↑W. A. Lübbe & G. P. Mostert (1991). «Rate of Ocotea bullata decline in association with Phytophtora cinnamomi at three study sites in the Southern Cape indigenous forests». South African Forestry Journal. 159 (1): 17–24. doi:10.1080/00382167.1991.9630390
↑Jean Stout (1979). «An association of an ant, a mealy bug, and an understory tree from a Costa Rican rain forest». Biotropica. 11 (4): 309–311. JSTOR2387924