Menção Honrosa na categoria de pintura a óleo da VII Exposição da Sociedade de Belas Artes (1909); Terceira Medalha na categoria de pintura a óleo da XI Exposição da Sociedade de Belas Artes (1914); Terceira Medalha na categoria de aguarela da Terceira Exposição de Aguarela, Desenho e Miniatura da Sociedade de Belas Artes (1917); Medalha de Ouro do Júri Internacional de Gravura (1937); Prémio Sousa Cardoso (1944); Prémio de Desenho José Tagarro (1949); Prémio de Pintura Columbano (1951); Prémio Luciano Freire Prémio da CM Almada em Exposição de Artes Plásticas
Nascida Émilie Possoz a 4 de dezembro de 1888, em Lisboa, era filha de Henri Émile Possoz, antigo oficial de artilharia do exército belga e engenheiro químico, e de Jeanne Anne Rosalie Leroy, ambos cidadãos belgas da alta burguesia, nascidos em Antuérpia e Liège, radicados em Portugal em 1888 quando Henri Émile aceitou exercer como professor de Química aplicada à Cerâmica na Escola Industrial das Caldas da Rainha. Registada e baptizada como Emília Possoz nas Caldas da Rainha, Mily e a sua irmã Jeanne beneficiaram de uma educação artística esmerada tendo ingressado na Escola Alemã, quando a família se fixou em Lisboa para o pai exercer as funções de procurador e chefe de secção marítima na firma Burnay & Cª, pertencente a Henrique Burnay, sendo posteriormente nomeado chanceler do Consulado Geral da Bélgica, em Lisboa, e distinguido como Cavaleiro da Ordem de Leopoldo da Bélgica. Inseridos na pequena comunidade belga da capital portuguesa e na sociedade lisboeta, a sua família convivia com artistas, intelectuais e figuras de renome como Alfredo Roque Gameiro, José Vianna da Motta ou Alexandre Rey Colaço e a sua filha Alice.
Durante a sua segunda estadia em terras francesas, Mily Possoz tornou-se membro activo e única sócia feminina da sociedade Jeune Gravure Contemporaine, expôs no Museu Nacional de Arte Moderna e na Galeria de Marcel Guiot em Paris e travou amizade com o artista japonêsTsuguharu Foujita, com quem estabeleceu alguns jogos plásticos, evidentes em algumas das suas litogravuras e pontas-secas. Apesar do seu sucesso profissional, em 1922 o casal foi rejeitado pela Sociedade de Belas Artes, devido às ideias proferidas por Possoz sobre o conservadorismo e atraso artístico da sociedade de artistas. Indignado, Eduardo que já era sócio da mesma sociedade e nunca havia sido recusado de expor nas suas exposições, decidiu organizar uma exposição para artistas modernistas e de diferentes vanguardas, nomeadamente com a criação do I Salão de Outono (1925), onde Possoz expôs vários trabalhos. Apesar de se apoiarem mutuamente, em 1926, Eduardo terminou o seu noivado abruptamente e partiu para Bruxelas. Retomaram a relação dois anos depois, contudo em 1930 a relação terminou novamente. Possoz permaneceu em Paris até 1937, visitando ocasionalmente Portugal para expor ou visitar familiares. Nesse mesmo ano, participou na Exposição Internacional de Paris e na Exposição de Gravura Francesa, realizada em Cleveland, nos Estados Unidos, que lhe garantiu a medalha de ouro e a aquisição de obras suas para o Museu de Cleveland.
Na década de cinquenta e sessenta, a convite do seu vizinho e amigo Bartolomeu Cid dos Santos, começou a colaborar com a Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, da qual permaneceu membro até à data da sua morte, conheceu o coleccionador de arte Joaquim Machaz, que lhe encomendou vários quadros para a decoração do Hotel Tivoli, após a remodelação pelo arquitecto Pardal Monteiro, começou a dar aulas privadas de pintura a vários discípulos, como os filhos do Conde de Paris, no atelier que tinha em casa, continuou a criar ilustrações para livros como "Bom Dia Tristeza" (1954) de Françoise Sagan e "Mascarados e máscaras populares de Trás-os-Montes" (1960) de Sebastião Pessanha, realizou a sua terceira exposição individual na Galeria Diário de Notícias, expôs nas câmaras municipais de Sintra e Almada e ainda apoiou jovens artistas a expor pela primeira vez em diversos espaços. Apesar de viver num meio mais calmo do que a capital portuguesa, Possoz estimava bem as suas amizades e era visitada frequentemente pela sua irmã Jeanne Lucie e o seu cunhado Jean Demoustier, assim como por Maria Helena Vieira da Silva, Árpád Szenes, Abel Manta e Clementina Carneiro de Moura, entre outras figuras de renome.
A 17 de junho de 1968, Mily Possoz faleceu em Lisboa, na casa de sua irmã. Pintora de sólido ofício, sensível a uma modernidade a que não será alheia a herança pós-impressionista, Mily Possoz deve a sua fortuna crítica "à amabilidade feminil do seu traço e dos seus motivos: paisagens, retratos reais ou inventados, gatos e cenas urbanas, quase sempre tingidos por valores feéricos, ingénuos e matriciais, que lhe permitiram envelhecer como uma eterna menina".[4]
A sua obra mais conhecida acabou por ser o programa decorativo do antigo Livro da segunda classe, com a primeira de muitas edições a ser publicada em 1958.
Prémios
Breve selecção:
1937 - Medalha de Ouro do Júri Internacional de Gravura
↑A.A.V.V. – Verde Gaio: Uma Companhia Portuguesa de Bailado (1940-1950). Lisboa: Museu Nacional do Teatro, 1999. ISBN 972-776-016-3
↑Silva, Raquel Henriques da – "Mily Possoz, o ritmo da paisagem". In: A.A.V.V. – Panorama Arte Portuguesa no Século XX. Porto: Fundação de Serralves; Campo das Letras, 1999, p. 114.
Bibliografia
Mily Possoz, Uma Gramática Modernista, Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, Lisboa, 2009.
Milly Possoz (1888-1979): Percurso e Afirmação de uma Artista no Modernismo Português, Maria Pilar Antunes Mendes, Universidade de Lisboa, 2010 [1]