Em 1999, mudou-se para São Paulo, onde iniciou o doutorado em Teoria Literária na USP.[9] Em 2000, desligou-se da Universidade Federal do Amazonas e do programa de Pós Graduação da USP para se dedicar exclusivamente à literatura. Onze anos após a publicação do primeiro romance, Milton publica Dois Irmãos. Foi colunista do Terra Magazine, da revista Entrelivros, do jornal O Globo e do jornal O Estado de São Paulo. Vem publicando também em jornais e revistas brasileiras e estrangeiras e dando cursos e palestras em escolas, universidades e instituições.
Em 2023, é a vez de O Rio do desejo, uma adaptação do conto "O adeus ao Comandante", com direção de Sergio Machado.
A adaptação de Relato de um certo Oriente é aguardada para 2024, com a direção de Marcelo Gomes.[12]
Dois Irmãos foi adaptado para quadrinhos pelos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon. O HQ foi publicado em vários países e vencedor do prestigioso Eisner Award for "Best Adaptation from Another Medium".[13]
Literatura
Estilo
Hatoum é conhecido por misturar experiências e lembranças pessoais com o contexto sociocultural da Amazônia e do Oriente.[2] Sobre o primeiro livro, assim ele explica: "No Relato de um certo Oriente há um tom de confissão, é um texto de memória sem ser memorialístico, sem ser auto-biográfico; há, como é natural, elementos de minha vida e da vida familiar. Porque minha intenção, do ponto de vista da escritura, é ligar a história pessoal à história familiar: este é o meu projeto. Num certo momento de nossa vida, nossa história é também a história de nossa família e a de nosso país (com todas as limitações e delimitações que essa história suscite)."[14]
O colunista Roberto Amorim considera a escrita de Milton possuidora de "uma linguagem caudalosa e envolvente que faz o leitor sentir a força da boa literatura."[2] Flora Sussekind observa que a prosa de Hatoum deixa de lado velhos temas típicos do regionalismo, como o conflito do homem com a natureza e os seringueiros e destaca o grande esforço técnico na estruturação de seu primeiro romance.[6]
Reputação
A partir do romance Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum vem gozando de um reconhecimento muito grande por parte dos críticos e também dos leitores do seu país e do exterior.[14] O primeiro livro, assim como seu recente Órfãos do Eldorado, são considerados por diversos críticos como "obras-primas".[2] Milton já foi chamado de "O escritor que coleciona prêmios",[15] mas disse certa vez: "não escrevo para ganhá-los".[2] Foi considerado pelo crítico literário Luiz Costa Lima "um dos grandes ficcionistas do milênio".[6]
Bibliotecas
Desde a infância, Hatoum sempre frequentou bibliotecas, que considera "um lugar democrático do saber, do conhecimento, na medida em que os livros transmitem saber, conhecimento, permitem viagens imaginárias".[16]
Novos Trabalhos
As novas obras de Milton Hatoum começam a ganhar novas fronteiras. Dois livros do escritor e um conto foram adaptados para o cinema, e Dois Irmãos ganhou uma minissérie exibida na TV Globo — além de uma versão em quadrinhos lançada há pouco tempo. Hatoum ainda trabalha num novo livro, O Lugar Mais Sombrio e diz, a ser levado ou não a sério, que, depois dessa publicação, não irá mais escrever, pois considera que não terá mais nada a dizer.[17]
Romances
Relato de um Certo Oriente (romance). São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
Dois Irmãos (romance). São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
↑ abcGONÇALVES, Dayane de Oliveira; GAMA, Mônica (1 de fevereiro de 2020). «Milton Hatoum e a ficção brasileira contemporânea». Universidade Federal da Grande Dourados. Raído. 14 (34): 77-88. Consultado em 22 de abril de 2023
↑ abSTELLA, Marcello Giovanni Pocai (2021). «Milton Hatoum: um clássico contemporâneo». Universidade de São Paulo. Tempo Social: revista de Sociologia da USP. 33 (1): 267-285. Consultado em 22 de abril de 2023
Carneiro, Flávio. "A casa, a memória, o rio". In: No país do presente: ficção brasileira no início do século XXI. Rio de Janeiro: Rocco, 2005, pp. 53-55.
Pellegrini, Tânia. Prosa brasileira: um difícil enigma. Jornal do Brasil, 05 abril 2008.
Chiarelli, Stefania. Na biblioteca de Hatoum: leituras de mediações. In: Chiarelli, Stefania, *Dealtry, Giovanna e Lemos, Masé (orgs.). Alguma Prosa. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007.
Carreira, Shirley. Diferença e alteridade em Cinzas do Norte, de Milton Hatoum. In: Revista Vertentes, São João del-Rei, n.34, p.20-28, jul./dez. 2009.
Carreira, Shirley. Imigrantes: a representação da identidade cultural em Relato de um certo Oriente e Amrik. In: Adelaide Clhman de Miranda [et al.] Protocolos críticos. São Paulo: Iluminuras, Itaú Cultural,2008.
Garcia, Mireille Marie. Milton Hatoum, Identités, territoires et mémoires. Rennes: Press Universitaires de Rennes, 2017.