Menção Honrosa na Exposição 50 Artistas Independentes, da Sociedade Nacional de Belas Artes SNBA, 1959
Manuel Jorge Pacheco Barbosa (Dafundo, 25 de Abril de 1924 - Lisboa, 15 de Fevereiro de 2015) foi um artista plástico e pintor, que também assinou como Majo, na fase inicial da sua carreira. Mais tarde viria a assinar como M. Jorge. Nos seus primeiros tempos enquadrou-se nas chamadas correntes Modernista (3ª geração de pintores modernistas portugueses) e do Neorrealismo e tendo posteriormente enveredado por temáticas e técnicas mais academistas, já na década de 1960.
Biografia
Fez parte do MUD Juvenil, organização de oposição ao regime do Estado Novo, criado em 1945 e findo em 1948. Já depois do 25 de Abril de 1974 tornou-se militante do Partido Comunista Português (PCP), onde participou em diferentes iniciativas culturais, nomeadamente nas bienais de artes plásticas.
Nascido no Dafundo, no Concelho de Oeiras, cedo demonstrou interesse pelo desenho e pela pintura. Ingressou na Armada, em 1941, e posteriormente foi enfermeiro nos Hospitais Civis de Lisboa. Nesses períodos, a pintura foi uma actividade paralela, mas não interrompida.
A sua obra caracteriza-se por diferentes períodos. Inicialmente influenciado por Paul Cézanne e Pablo Picasso. Mais tarde veio a interessar-se pelo Neorrealismo. Nas últimas três décadas do seu trabalho artístico enveredou por uma técnica mais academista e por temáticas populares lisboetas e portuguesas. Pese embora esta evolução, nunca abandonou completamente uma inspiração neorrealista.
A técnica da pintura a óleo marcou o seu trabalho desde o início da sua carreira. Dominando também as técnicas do vitral, fresco e da arte com a técnica Namban, com aplicação de folha de ouro. Acabaria, sua fase final, por escolher aguarela como meio de expressão preferencial.
Os retratos de homens do povo, nomeadamente pescadores e peixeiras da Nazaré, varinas, figuras típicas de Lisboa e ceifeiras do Alentejo, foram inspiração recorrente.
Paralelamente a estas temáticas, Manuel Jorge manteve sempre, residualmente, um trabalho de ligação a temas contemporâneos, já não neorrealistas, mas de realismo não politizado e de grandes mestres da escola flamenga. Nesses trabalhos manteve a influência de Cézanne, nomeadamente nas naturezas-mortas, como de Rembrandt e Vermeer, relativamente ao modo de iluminação das cenas.
O Tejo e suas embarcações e os bairros populares da capital portuguesa foram, provavelmente, os temas mais representados nas últimas décadas de trabalho artístico. Não se cingindo à realidade, Manuel Jorge assumidamente inventou a cidade que o viu crescer e onde residiu durante quase toda a sua vida.
Como muitos artistas da sua geração, Manuel Jorge esteve ligado ao teatro, em várias salas do Parque Mayer, e pintura de panos murais de promoção de filmes. Durante vários anos esteve ligado ao ateliê de arquitectura de Frederico George. Através desse gabinete participou na Feira Industrial Britânica (sem referência a data), Feira Internacional Portuguesa (sem referência a data), Feira Mundial de Bruxelas (1958), Teatro Nacional de São Carlos, Palácio do Marquês de Fronteira (sem referência a data) e Museu de Marinha (sem referência a data).
Nas últimas décadas de trabalho, Manuel Jorge esteve patente permanentemente nas Galerias Sesimbra e Galerias Yela, ambas de Lisboa.
Reconhecido entre os pares como um pintor emocional e «repentista», foi-lhe dada a alcunha de «Arte Pura», pelo pintor e escultor Alípio Brandão.
A construção da biografia de Manuel Jorge é um trabalho de difícil conclusão, visto o pintor não ter deixado qualquer currículo completo, ordenado e totalmente documentado, faltando, por vezes, referência precisa quanto a local e data.
Manuel Jorge tem entrada no livro «Portuguese 20th Century Artist, A Biographical Dictionary, de Michael Tannock». Porém, esta publicação, das mais completas referentes à temática da arte contemporânea portuguesa, pouco informa.
Além dessas exposições, estão documentadas as presenças nas colecções de Mr. & Mrs. Joseph Samiljan (Swampscott, Massachusetts) e de Miss Orquidea Estevez (Miami).
Devido a problemas de saúde, quer de visão quer de controlo da mão direita, Manuel Jorge deixou a actividade artística permanente em 1998. Contudo, continuou a participar, com obras do seu espólio, na Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante.
1965 – Exposição individual na Galeria Yela, em Lisboa.
1967 – Exposição de Pintura Portuguesa Contemporânea, em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos da América.
1968 - Elaboração de reproduções de biombos Namban, da colecção do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), para exposição no Hotel Alvor, Alvor, Portimão.
1968 – Contrato para representação no Reino Unido com a Arnot Fine Arts.
1971 – Exhibition of Portuguese Art, Filadélfia, Estados Unidos da América.
1974 – Exposição colectiva do Conselho Português para a Paz e Cooperação, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
1975 – Elaboração de reproduções de biombos Namban, da colecção do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), para exposição no Hotel Altis, em Lisboa.
1975 – Participação na obra colectiva de pintura mural no Mercado 31 de Janeiro, em Lisboa.
1977 – Participação na 1ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante.
1978 – Participação no trabalho colectivo de criação do mural do Centro de Trabalho do Partido Comunista Português, da Rua Soeiro Pereira Gomes, em Lisboa.
1979 – Participação na 2ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante.
1980 (Junho) – Exposição para o IV Centenário de Camões, promovida pela Sociedade Nacional de Belas Artes.
1980 – Quinzena da Cultura e da Paz, da Sociedade Nacional de Belas Artes.
1983 – Participação na 4ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante.
1987 – Participação na 5ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante
1989 – Participação na 6ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante
1990 – Exposição colectiva da Euroarte – Galeria de Arte Europeia, Lisboa
1991 – Participação na 6ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante
1993 – Participação na 7ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante
1997 – Participação na 8ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante
Bibliografia
Camões Poeta do Povo e da Pátria, Sociedade Nacional de Belas Artes, 1980.
Catálogo da 2ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante.
Brochura da VII Exposição Anual do Círculo Artístico e Cultura Mário Augusto.
Brochura da Exhibition of Portuguese Contemporary Painting, comissariada pela Alaska Methodist University, de Ancorage, Alasca, Estados Unidos da América.
Catálogo do Museu Armindo Teixeira Lopes, da Câmara Municipal de Mirandela.
Catálogo da Quinzena da Cultura e da Paz, da Sociedade Nacional de Belas Artes.
Catálogo da Exhibition of Portuguese Art, Filadélfia.
Catálogo da Exposição 50 Artistas Independentes, da Sociedade Nacional de Belas Artes.
Catálogo da Exposição individual na Galeria Yela, em Lisboa.
Brochura da Exposição do Comité José Dias Coelho, Barreiro.
Catálogo da Exposição colectiva da Euroarte – Galeria de Arte Europeia, Lisboa.
Diário Popular, 15 de Março de 1975.
Catálogo da Exposição Prémio Jovem de Pintura, da Galeria de Março, em Lisboa.
Brochura promocional das Galerias Yela.
Brochura da Colecção Mr. & Mrs. Joseph Samiljan, Swampscott, Massachusetts.
Brochura do trabalho colectivo de criação do mural do Centro de Trabalho do Partido Comunista Português, da Rua Soeiro Pereira Gomes.
Catálogo da Exposição colectiva Quinzena da Cultura e da Paz, da Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
Catálogo da Exposição colectiva do Conselho Português para a Paz e Cooperação, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
O Diário, 15 de Junho de 1983.
Catálogo da Grupo Português de Aguarelistas.
Contrato entre o pintor e o Hotel Altis, Lisboa.
Contrato entre o pintor e o Hotel Alvor, Lisboa.
Apontamentos manuscritos do autor.
Minuta de contrato com a Arnot Fine Arts.
Catálogos das Bienais de Artes Plásticas da Festa do Avante.
Entrada no livro Portuguese 20th Century Artist, A Biographical Dictionary, de Michael Tannock, editado pela Phillimore & Co LTD, Shopwyke Hall, Chichester, West Sussex, England, 1978.