Barbato ficou famoso por seu papel como oficial militar patrício durante um período crucial da Terceira Guerra Samnita, quando Roma finalmente derrotou a coalizão de estados vizinhos que a ameaçava: os etruscos, úmbrios e samnitas, ajudados pelos gauleses sênones, o que permitiu a extensão de sua soberania e dominância por quase toda a península Itálica.
Carreira
Primeiros anos
Antes de 298 a.C., a guerra já havia irrompido entre Roma e a Etrúria quando os etruscos decidiram invadir Roma apoiados por mercenáriosgauleses, uma violação do tratado anterior. Os gauleses abandonaram a aliança e os etruscos se viram sozinhos para enfrentar um exército liderado pelo cônsulTito Mânlio, que, contudo, morreu depois de cair do cavalo numa demonstração de suas habilidades equestres. A eleição para substituí-lo elegeu Marco Valério Corvo como cônsul sufecto. Ele seguiu para a Etrúria e começou a devastar o território tentando atrair os etruscos para uma batalha campal, o que eles lhe negaram.[1]
Em 298 a.C., Ápio Cláudio Cego e Públio Sulpício se tornaram interreges por razões desconhecidas. Sulpício realizou uma eleição, que elegeu Lúcio Cornélio Barbato e Cneu Fúlvio Máximo Centumalo.[2] Os lucanos falaram perante o Senado para reclamar que os samnitas estavam devastando seu país e pediram a proteção de Roma em troca de um tratado e reféns. O Senado concordou depois de algumas deliberações e enviou embaixadores para pedir que os samnitas se retirassem da Lucânia. Encontrando o exército samnita, os embaixadores foram informados que se levassem essa demanda até Sâmnio sairiam com vida; consequentemente, o Senado declarou guerra. No sorteio para decidir qual o cônsul que lideraria qual a campanha, Barbato foi o escolhido para ir para a Etrúria e Centumalo deu início às hostilidades da Terceira Guerra Samnita.[3]
Os etruscos imediatamente perante a cidade de Volterra. Uma batalha de um dia não levou nenhum dos lados à vitória, mas, durante a noite, os etruscos se retiraram para suas cidades fortificadas deixando seu acampamento e equipamentos para os romanos. Acampando seu exército na fronteira etrúria, Barbato liderou uma coluna de infantaria leve para devastar o território inimigo.[1]
No ano seguinte, os etruscos pediram a paz. Os recém-eleitos cônsules para 297 a.C., Quinto Fábio Máximo Ruliano e Públio Décio Mus lideraram seus exércitos contra Sâmnio, com Barbato atuando como legado de Fábio Máximo. Conforme avançavam devastando o território samnita, os samnitas esperavam surpreendê-los numa emboscado num vale em Tiferno[a]. Com uma força acampada ali para atrair os romanos, eles esconderam seu exército principal nas colinas atrás. Fábio percebeu o estratagema e levou seu exército numa formação quadrangular até o "esconderijo" dos samnitas, que foram forçados a descer para lutar uma batalha convencional.
Incapaz de conseguir a vitória, Fábio recuou os hastados de sua primeira legião da linha e enviou-os furtivamente, sob o comando de Barbato, por trás do flanco inimigo até o alto das colinas atrás deles, de onde eles haviam descido. Barbato recebeu ordens de coordenar um ataque pela retaguarda com uma carga de cavalaria especialmente vigorosa à linha de frente samnita. O plano deu completamente errado: a carga veio cedo demais e foi repelida. Um contra-ataque começava a romper a linha romana quando os homens de Barbato apareceram na colina e foram confundidos com um segundo exército romano, liderado por Décio Mus, o que seria um desastre para os samnitas se fosse verdade. Eles abandonaram o campo de batalha apressadamente deixando para trás 23 estandartes, 3 400 mortos e 830 prisioneiros. Na realidade, Décio Mus estava muito longe, no sul de Sâmnio.[5]
Tendo derrotado o exército samnita, os dois cônsules começaram a sistemática destruição de Sâmnio pelos cinco meses seguintes enquanto não se realizava a nova eleição. Décio Mus marchou pelo território samnita conduzindo a partir de 45 acampamentos enquanto Fábio Máximo utilizou outros 86.[6]
As eleições de 295 a.C. precisavam ser realizadas e Flama foi convocado a Roma para conduzi-las. Fábio Máximo e Décio Mus foram eleitos novamente e Ápio Cláudio recebeu a função de pretor. Fábio Máximo insistiu em comandar as ações na Etrúria sem esperar o resultado do sorteio e, depois de intenso debate, o Senado cedeu ao seu pedido.[8] Ele logo seguiu para lá, liberou Cláudio de seu comando e enviou-o de volta alegando que ele era um comandante que nada fazia por permitir que seus homens sentassem o dia todo no acampamento sem sequer exercitá-los com marchas para patrulhas e treino. Graças a Cláudio, Máximo foi logo reconvocado por causa de sua conduta na campanha etrusca e receber novas ordens. Cornélio Barbato aparece novamente no relato, indicando que ele permaneceu sob o comando de Fábio Máximo o tempo todo: ele é nomeado propretor da Legio II por Fábio, estacionada temporariamente em Clúsio e segue para Roma;[9]
Censor (280 a.C.)
Quase na época de sua morte, Cornélio Barbato foi eleito censor, em 280 a.C., juntamente com Cneu Domício Calvino Máximo. Seu mandato foi notável por ser o primeiro para o qual há um registro confiável, embora a posição em si já fosse muito antiga.
↑Dos três assentamentos da Itália antiga chamados Tiferno, dois ficavam na Úmbria e o terceiro, de localização exata incerta, acredita-se ter ficado na fonte do rio Tiferno (Biferno) aos pés do monte Tiferno (Matese), uma fortaleza samnita.[4]
Broughton, T. Robert S. (1951). The Magistrates of the Roman Republic. Volume I, 509 B.C. - 100 B.C. (em inglês). I, número XV. Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas