João António de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira nasceu em Alter do Chão, Alter do Chão, filho de Manuel de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira e de Maria Efigénia de Azevedo Coutinho da Gama Lobo Pinto Guedes, uma família com ligações aristocráticas.
Em 1884 foi promovido ao posto de guarda-marinha. Em Fevereiro de 1885 foi colocado na Divisão Naval do Índico onde cumpriu o seu tirocínio obrigatório de 3 anos. Nesse período foi enviado em comissão de serviços para Moçambique onde se destacou nas operações de ocupação colonial, distinguindo-se pela bravura e capacidade de comando de tropas.
Comandou os iates navais Tungué e Lúrio e o vapor Auxiliar, com os quais, entre 1886 e 1888, para além das operações militares em que participou, conduziu diversos trabalhos hidrográficos, entre os quais o reconhecimento da costa entre Moginquale e Ponta Bajona e o levantamento hidrográfico das barras do rio Moginquale e do rio Muite[3] em Infusse. Os resultados dos levantamentos por ele efectuados foram publicados pela Comissão de Cartografia da Marinha Portuguesa e pelo Almirantado Britânico. Como comandante do vapor Auxiliar, coadjuvou o então capitão-tenente João Augusto Botto no levantamento da planta da Baía de Lourenço Marques e dos acessos à Baía de Tungue.[4]
Terminado o tirocínio, em janeiro de 1889 regressou a Portugal, mas logo em junho daquele mesmo ano foi nomeado para nova comissão em Moçambique. Esta nomeação deveu-se à organização de um corpo expedicionário que acompanhou António Enes com o objectivo de reduzir a pressão dos povos nativos e dos britânicos sobre Lourenço Marques e o sul do território.
Nesta sua segunda comissão, entre outras ações, comandou a canhoneira Cherim quando Serpa Pinto chegou a África com a missão de manter o domínio português na região do Chire e Ruo, nas vésperas do ultimato britânico de Janeiro de 1890. Foi o comandante da rendição de Chilomo e o pacificador do réguloGambi, tendo imposto o domínio português na zona do Ruo ao Milange.
A sua acção em Moçambique levou a que 15 de janeiro de 1891, com apenas 25 anos de idade, no seu regresso a Lisboa fosse recebido em apoteose e proclamado, por decisão unânime das Cortes, como benemérito da Pátria. Ao longo da sua carreira foi agraciado com dois graus da Ordem Militar da Torre e Espada.
Foi ajudante de campo de D. Carlos I e de D. Manuel II e por várias vezes condecorado.
Nessa altura fez a Campanha do Barué[5], cujas tropas percorreram três mil quilómetros, conseguindo a pacificação completa da região[6].
Foi nomeado governador-geral de Moçambique (1905-1906). A 31 de Dezembro de 1904 teve o Título de Conselho de Sua Majestade Fidelíssima como Capitão-Tenente da Armada e Governador-Geral da Província de Moçambique, nos termos do Art.º 9.º do Decreto de 1 de Dezembro de 1869 (proposta do Ministério da Marinha e Ultramar) (Diário do Governo, n.º 3, 4 de Janeiro de 1905).[7]
Chegou a fazer parte de uma conspiração monárquica que ocorreu em diversas cidades portuguesas a 21 de Outubro de 1913, conhecida por Primeira Outubrada, dirigido por ele em Lisboa, só que o golpe foi contido porque o governo tinha um infiltrado entre os conspiradores.
Em 1919, com Aires de Ornelas, foi um dos líderes da revolta que em Lisboa apoiou a Monarquia do Norte, participando activamente na tomada de Monsanto. Pela sua acção nestes incidentes que foi preso e exilado.
Tendo beneficiado de uma das amnistias concedidas aos monárquicos pelos governos da Primeira República Portuguesa, regressou a Portugal e em 1925 foi eleito senador no Congresso da República pelo círculo eleitoral de Portalegre, integrado nas listas monárquicas.
Em 1942 foi solenemente integrado na Armada, e promovido a vice-almirante honorário. Foi então alvo de expressivas homenagens por parte do Estado Novo, nas quais se exaltou a sua vida cheia de episódios onde a coragem extrema, o respeito pelos adversários, o interesse pela cultura africana, a esclarecida capacidade e, sobretudo, o inflexível cumprimento dos deveres de fidelidade e de honra, sempre sobressaíram de forma invulgar.
A 7 de Março de 1970 procedeu-se ao lançamento ao mar da corveta NRP João Coutinho, da Marinha Portuguesa, assim denominada em sua homenagem.
Foi impressa uma nota de 50$00 de Moçambique com a sua imagem.
Casamento e descendência
João de Azevedo Coutinho casou com Maria Inês de Barahona Caldeira de Castel-Branco (n. 25 de Outubro de 1866), filha de Inácio Cardoso de Barros Castelo-Branco Barba Mouzinho e Mattos e de Maria José Barahona Fragoso Cordovil da Gama Lobo. Filhos:
↑"Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910)", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz, Guarda-Mor, 1.ª Edição, Lisboa, 2012, p. 58
↑"Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910)", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz, Guarda-Mor, 1.ª Edição, Lisboa, 2012, p. 116 indica erradamente o ano de 1908.
↑"Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910)", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz, Guarda-Mor, 1.ª Edição, Lisboa, 2012, p. 116
António M. Martinó. João de Azevedo Coutinho, Marinheiro e Soldado de Portugal. Lisboa: Edições Colibri, 2002 (ISBN 972-772-355-1).
Teixeira da Silva, Reis Arenga, Silva Ribeiro, Santos Serafim, Alburquerque e Silva e Melo e Sousa. A Marinha na Investigação do Mar. 1800-1999. Lisboa: Instituto Hidrográfico, 2001.
Marinho da Silva. João de Azevedo Coutinho. Lisboa: Colecção pelo Império (n.ºs 113-114).