Igreja Adventista do Sétimo Dia

Igreja Adventista do Sétimo Dia
Igreja Adventista do Sétimo Dia
Logo oficial.
Orientação
Fundador
Origem 21 de maio de 1863; há 161 anos
Sede Silver Spring, Maryland, Estados Unidos
Líder espiritual Ted N. C. Wilson [1]
Número de membros 22 234 406 membros (2022)[2]
Número de igrejas 97 811 (2022)
Países em que atua mundial, principalmente nas Américas, África e Ásia; presente em 235 países dos 237 reconhecidos pela ONU.
Página oficial https://www.adventistas.org/pt/

A Igreja Adventista do Sétimo Dia[3] é uma denominação cristã[4][5] protestante[6] restauracionista[7] e sabatista. Como seu próprio nome sugere, a Igreja Adventista do Sétimo Dia é distinguida por sua ênfase na iminente segunda vinda de Jesus Cristo[8] e pela observância do sábado como dia sagrado, assim como é para o judaísmo.[9]

A igreja adventista do sétimo dia surgiu após o Grande Desapontamento de 22 de outubro de 1844, desencadeado pelo Movimento Millerita nos Estados Unidos, durante a primeira metade do século XIX, sendo formalmente criada em 21 de maio de 1863.[10] Entre seus vários pioneiros destaca-se Ellen White,[11] cujos escritos são considerados pelos adventistas como havendo sido inspirados por Deus.[12][13]

Grande parte da teologia dos adventistas do sétimo dia corresponde aos ensinamentos tradicionais cristãos como a trindade,[14][15] a concepção virginal de Jesus, seu batismo e milagres literais, sua vida e ministério sem pecados, seu sacrifício substituto na cruz, sua ressurreição, ascensão e segunda vinda, o juízo final e a ressurreição dos mortos. Além disso, os adventistas sustentam vários ensinos dos protestantes tradicionais como o sola scriptura, a infalibilidade bíblica,[16] a justificação pela fé,[17] e a salvação por meio da graça.[17] Eles praticam as ordenanças do lava-pés, da santa ceia e do batismo por imersão. Os adventistas do sétimo dia também possuem crenças evangélicas menos populares, distintas da maioria (mas não de todas) das denominações protestantes tais como a vigência dos dez mandamentos, a guarda do sábado, a criação literal conforme narrada no livro de Gênesis, a natureza holística do homem, o estado inconsciente dos mortos, o aniquilacionismo e o continuísmo dos dons espirituais - incluindo o dom de profecia. Finalmente, a denominação apresenta crenças peculiares como a escatologia historicista, o remanescente escatológico, e a doutrina do juízo pré-advento.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é conhecida por sua ênfase na alimentação salutar e na mensagem de saúde, por sua compreensão indivisível entre corpo, mente e alma, e pela promoção dos princípios morais e pelo estilo de vida conservador.[18]

Em maio de 2007, os adventistas eram o décimo segundo maior corpo religioso do mundo[19] e o sexto maior movimento religioso internacional.[19] A Igreja Adventista do Sétimo Dia também é a oitava maior organização internacional de cristãos do mundo.[20] No mundo, os adventistas são regidos por uma Conferência Geral, com pequenas regiões administradas por divisões, uniões, associações e missões locais. Possuía em 2022 mais de 22 milhões de membros, com igrejas em 213 países e territórios, e 97 811 igrejas.[21]

A igreja adventista do sétimo dia age por diversos meios: escolas, universidades, hospitais, clínicas médicas móveis, programas e canais de televisão, abrigos, orfanatos, asilos, fábricas de alimentos naturais e editoras em todo o mundo, bem como uma proeminente organização de ajuda humanitária conhecida como Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA).[22]

História

James White (1821-1881)
J. N. Andrews (1829-1883)
Joseph Bates (1792-1872)
Ellen G. White (1827-1915)

A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) é a maior dos vários grupos adventistas que surgiram a partir do Movimento Millerita, que emergiu do Segundo Grande Despertamento dos anos 1840.[23][24] Nessa ocasião, muitos norte-americanos saíram do deísmo secular para o cristianismo,[25] incluindo o originador do movimento: Guilherme Miller. Membro da Igreja Batista,[26] Miller concluiu que Jesus Cristo retornaria à Terra entre março de 1843 e março de 1844. Quando esse período passou, ocorreu o primeiro desapontamento do movimento iniciado pelo pregador batista, sem, contudo, desanimar completamente a fé daqueles crentes. Este primeiro desapontamento levou-os a uma pesquisa ainda mais profunda, na qual chegou-se à conclusão, mediante as apresentações de Samuel Snow, de que Cristo viria a 22 de outubro de 1844.[27]

Tal compreensão profética foi pautada em Daniel 8:12-14, a qual refere-se à purificação do santuário. Todavia, haja vista que Daniel 8:11 indica que o santuário terrestre estaria destruído nesse período, e dado o fato de que a própria profecia de Daniel 8:17, 19 e 26 indica que seu cumprimento se situa no "tempo do fim", os milleritas lançaram mão do método de interpretação historicista dos primeiros reformadores protestantes, que aceita o chamado princípio dia-ano[28], em que cada dia profético corresponde a um ano real (Levítico 25:8, Números 14:34 e Ezequiel 4:4-6), levando-os a concluir que a profecia de Daniel 8:14 referia-se a um tempo de 2.300 anos literais, com cumprimento no tempo do fim.

Esta interpretação ficou ainda mais solidificada com o fato de que o próprio livro de Daniel 11:13 indica que os períodos de tempos proféticos do livro não são literais e representam anos. Assim, situando o início desses 2.300 anos baseados na explicação dada pelo próprio anjo ao profeta em Daniel 9:20-26, os milleritas compreenderam que o início da contagem do tempo se deu no ano 457 a.C., conforme indica Esdras 7:6-11. Fundamentados no calendário judaico caraíta, chegaram à data de 22 de outubro de 1844. Contudo, os milleritas seguiram a interpretação protestante popular da época de que o santuário descrito em Daniel 8:14 referia-se ao planeta Terra, concluindo que a purificação do santuário correspondia à purificação da Terra pelo fogo, que se dará com a segunda vinda de Cristo — motivo pelo qual pregaram que Jesus voltaria à Terra em 22 de outubro de 1844.

Como a interpretação relativa à vinda de Cristo não aconteceu na data prevista, houve o chamado Grande Desapontamento, e a maioria dos milleritas acabou desistindo da fé ou mesmo voltando às suas igrejas de origem,[29] visto que o movimento adventista millerita era interreligioso, envolvendo diversas denominações, tais como batistas, metodistas, presbiterianos, episcopais, congregacionais, e conexão cristã.

A maior parte dos milleritas que não voltaram às suas igrejas originais continuou a marcar novas datas, e deu origem à Igreja Cristã Adventista, que acreditava que o evento indicado por Miller estava correto, mas a data apontada por Samuel Snow estava errada. Um pequeno número de milleritas, contudo, continuou a estudar a profecia e concluiu que os cálculos estavam corretos, todavia, a interpretação estava equivocada.[30] Estas pessoas, após as considerações de Hiram Edson, chegaram à conclusão de que Daniel 8:12-14 predizia a purificação do Santuário Celestial (Hebreus 8:1-5; Hebreus 9:22-24; Apocalipse 11:19; Apocalipse 15:5) — onde Cristo já intercedia como advogado da humanidade junto ao Pai (1 João 2:1-2). Assim, longe de representar a segunda vinda de Cristo, essa purificação do santuário celestial (Hebreus 9:23) seria um reflexo (Hebreus 10:1-12) da purificação do santuário terrestre (Levítico 16:16), que era um símbolo do dia do juízo (Levítico 16:4-22), levando os milleritas adventistas a concluírem que o juízo já havia começado (1 Pedro 4:17 e Apocalipse 14:6-7).

Ao longo da década seguinte, esse entendimento evoluiu para a doutrina do juízo pré-advento,[31] um processo escatológico que teve início em 1844, onde os cristãos estão sendo julgados. Este julgamento vindica a justiça de Deus em salvar os que creem em Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Os adventistas do sétimo dia pregam que a segunda vinda de Cristo é iminente e real, contudo, desaprovam que se marquem datas para o regresso do Senhor, conforme Mateus 24:36, Marcos 13:32 e Atos 1:7.

Observância do sábado

Congregação Frederick Wheeler, a primeira igreja adventista guardadora do sábado, Washington, New Hampshire.

Com o movimento adventista consolidado, a pergunta sobre qual seria o dia bíblico de repouso e de culto foi levantada.[32] O principal proponente da observância do sábado entre os primeiros adventistas foi Joseph Bates. Bates entrou em contato com a doutrina do sábado, através de um folheto escrito pelo pastor millerita Thomas M. Preble. O pastor Thomas havia sido influenciado por Rachel Oakes Preston, uma jovem da Igreja Batista do Sétimo Dia,[33] que em 1844 ensinou a crença a respeito do sábado do sétimo dia ao também pastor Frederick Wheeler, o qual após estudar o assunto, abraçou esta doutrina, ensinando-a à sua igreja. Assim, forma-se na cidade de Washington, a primeira congregação adventista guardadora do sábado, ainda no ano de 1844.

Organização e reconhecimento

Por cerca de vinte anos, o movimento adventista era um pequeno grupo livremente constituído por pessoas que vieram de muitas igrejas, cujo principal meio de conexão e interação foi através de Tiago White e o periódico The Advent Review and Sabbath Herald.[34] Eles abraçaram a doutrina do sábado, a interpretação de Daniel 8:14 sobre o santuário celestial, a mortalidade da alma e a expectativa do retorno de Cristo antes do milênio. As figuras mais proeminentes da fundação da igreja foram Joseph Bates, John Andrews, Urias Smith e Tiago White. Ellen White passou a ocupar um papel de respeito na igreja; suas visões centradas na Bíblia e a liderança espiritual que ela exerceu ajudaram a IASD a se consolidar.

Inicialmente, os adventistas resistiram à ideia de se organizar formalmente como uma igreja. No entanto, sob a liderança de James e Ellen White, o nome adventistas do sétimo dia foi adotado em outubro de 1860. Nos anos seguintes, as primeiras federações de igrejas adventistas foram formadas em 1861 e 1862. Em 1863, essas federações se uniram formalmente para dar origem a Conferência Geral, estabelecendo uma estrutura denominacional com 3.500 membros. A sede da igreja foi originalmente localizada em Battle Creek, Michigan, mas mais tarde foi transferida para Takoma Park, Maryland, permanecendo lá até 1989, quando se mudou para sua localização atual em Silver Spring, Maryland.[35]

Até 1870 a igreja teve uma política da "porta fechada" focada nos veteranos que passaram pela experiência de 1844, vendo-os como um remanescente salvo.[36] A adesão foi de apenas 5.400 e a igreja se não se abria a novos membros. Somente a partir de 1870, a denominação voltou-se para o trabalho missionário e renovou-se, triplicando sua participação para 16.000 em 1880 e estabelecendo sua presença além da América do Norte durante o final do século XIX, com as missões internacionais de John N. Andrews na Europa. O rápido crescimento continuou, com 75.000 membros em 1901. Por essa altura, funcionavam duas faculdades, uma escola de medicina, algumas dezenas de academias, 27 hospitais e 13 editoras. Em 1945, a igreja informou que tinha 226.000 membros nos EUA e Canadá, e 380.000 em outros lugares. O orçamento foi de US $ 29 milhões e as matrículas em escolas da igreja chegaram a 40.000.[37]

Início das instituições adventistas

Baseando-se nos ensinamentos da Bíblia e nos conselhos de Ellen White, os adventistas iniciaram uma reforma em seu estilo de vida nas áreas de vida familiar, saúde e educação. As primeiras instituições surgiram: o Instituto de Reforma Sanitária em 1866, o Colégio de Battle Creek em 1874, a gráfica Pacific Press na Califórnia em 1874, além de restaurantes vegetarianos e centros de ajuda aos desfavorecidos. Durante cerca de sessenta anos, John Harvey Kellogg, o famoso médico e cirurgião, autor de 57 livros sobre saúde, inventor dos Flocos de milho, da Manteiga de amendoim e de carnes vegetais substitutas, precursor do jogging, dirigiu o Sanatório de Battle Creek.[38]

Igreja Adventista em Castlemaine, Victoria.

Início das missões adventistas

Em 1864, Michael Czechowski, um ex-padre polonês, que havia imigrado para os Estados Unidos, retornou à Europa. Ele fundou as primeiras igrejas adventistas na Itália e na Suíça. O primeiro missionário adventista oficial foi John Andrews, o maior teólogo adventista da época. Em 1874, ele se estabeleceu na Suíça, de onde fundou a revista francófona Signes des Temps.[39] Em 1876, o canadense francófono Daniel Bourdeau estabeleceu a primeira igreja adventista na França. No início do século 20, os adventistas haviam estabelecido presença em todos os continentes, especialmente na Austrália, Alemanha, Escandinávia, Sudeste Asiático, África do Sul e no Caribe[40] Colônias adventistas também se estabeleceram na Ciscaucásia, que na época fazia parte do Império Russo.[41]

A internacionalização da Igreja Adventista

Campus adventista do Salève, França.

Em 1900, havia 42 missões adventistas ao redor do mundo. Em 1930, esse número havia crescido para 270.[42] Essa internacionalização do adventismo foi acompanhada pela criação de diversas instituições locais como escolas, hospitais, gráficas, orfanatos e organizações humanitárias ao serviço dos membros e das populações indígenas. Após a morte de Ellen White, o Ellen G. White Estate encarregou-se de preservar e disseminar seus escritos ao redor do mundo. Na França, o Campus adventista do Salève abriu suas portas em 1921.[43] Em 1926, o evangelista Harold Richards fundou a Voice of Prophecy, a primeira rádio adventista, que hoje transmite para o mundo inteiro.[44]

Por volta do ano 1900, os missionários da denominação haviam se espalhado por todo o mundo e conquistado muitos conversos. Os esforços de evangelização dos adventistas no exterior tiveram tanto sucesso que, atualmente, a igreja está presente em mais de 200 países. Embora continuem acreditando que o retorno de Cristo é iminente, a organização realizou grandes investimentos em instituições médicas, educacionais e de publicações em todo o mundo. Em 2015, os adventistas foram reconhecidos pelo Pew Research Center como o grupo religioso de maior diversidade étnica e racial nos Estados Unidos.[45]

Crenças

Um pastor batiza jovem em Moçambique.

A Bíblia - A hermenêutica da interpretação bíblica dos adventistas do sétimo dia diferencia-se da maior parte dos movimentos cristãos da atualidade, haja vista que os adventistas não aceitam interpretações individuais das Escrituras. Para os adventistas do sétimo dia, a Bíblia interpreta-se a si mesma, como pode ser observado por declarações da própria Escritura Sagrada (Isaías 28:9 a 13; Lucas 24:27, 44 e 45; I Coríntios 2:13 a 15). Segundo os adventistas, a interpretação particular das Escrituras é vedada ao homem (II Pedro 1:19 a 21), e como tal, ninguém deve "ir além do que está escrito" (I Coríntios 4:6). Os adventistas também defendem a infalibilidade bíblica (Antigo e Novo Testamentos) e sua inspiração divina. Compreendem, no entanto, que foram os escritores da Bíblia que foram inspirados, e não necessariamente as palavras, correspondendo a Bíblia, devido isso, à revelação divina em linguagem humana.

Apesar de considerarem os escritos de Ellen White como tendo sido inspirados, os adventistas do sétimo dia aceitam apenas a Bíblia como Escritura Sagrada, rejeitando qualquer literatura como tendo cunho canônico, se não estiver inserida no Antigo e no Novo Testamentos. Apenas a Bíblia é a revelação abalizada e definitiva para a igreja, e seus ensinos consistem na padrão autêntico e final em questões de norma, doutrina e conduta cristã.[46][47]

Igreja Adventista na Califórnia - EUA

Os adventistas do Sétimo dia aceitam a Bíblia como sua única regra de fé (os escritos de Ellen White são considerados por ela mesma e pelos adventistas como uma fonte de conforto do povo de Deus e correção dos que se desviam das verdades bíblicas[48]) e mantém 28 crenças fundamentais[49] como sendo o ensino das Escrituras Sagradas. A aceitação dessas 28 crenças é um pré-requisito para a adesão à igreja.[50] Entretanto, essas 28 crenças fundamentais não devem ser lidas ou recebidas como um credo definido e imutável. Os adventistas afirmam ter apenas um credo: A Bíblia e somente a Bíblia.[51]

Crenças comuns com o cristianismo tradicional

Carl Bloch, O Sermão da Montanha (1877).
Os adventistas acreditam que Jesus Cristo é Deus e que existe eternamente.

Compartilhando as crenças ortodoxas do cristianismo, os adventistas do sétimo dia creem na Trindade em um Único Deus, onde cada Pessoa da Divindade exerce um papel distinto no plano da redenção, contudo, não havendo classificação hierárquica entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Os adventistas creem que Jesus Cristo é totalmente Homem e totalmente Deus (I Timóteo 2:5), sendo Deus incriado e eterno (João 1:1 a 3 e 14), e sendo Cristo a expressa imagem de Deus revelada ao mundo (Colossenses 1:15 a 20); Também creem que o Espírito Santo possui natureza divina (Atos 5:3 a 4), possui personalidade (Romanos 8:26 a 27) e é o representante de Cristo, nesta Terra, sendo o nosso Consolador prometido por Cristo (João 15:26).

As doutrinas adventistas se assemelham à teologia restauracionista tradicional, com ênfase no Pré-milenismo e no arminianismo. Os Adventistas também defendem a infalibilidade bíblica (Antigo e Novo Testamentos) e sua inspiração divina; a crença na Trindade em um Único Deus; o nascimento virginal de Jesus Cristo, Seus milagres, Sua expiação substitutiva na cruz, ressurreição, ascensão, e Sua vinda; também creem na ressurreição dos mortos e na justificação pela fé, como também na gratuidade relativa da salvação possibilitada por Cristo. Os adventistas creem que o homem é pecador e necessita da graça de Cristo para chegar à salvação. Essas crenças fazem da Igreja Adventista uma denominação de características ortodoxas. Como os adventistas reúnem uma série de crenças distintivas do movimento da Reforma Protestante dos Séculos XVI a XVIII, os adventistas também são considerados reformadores restauracionistas haja vista trazer de volta crenças que haviam sido esquecidas ao longo dos séculos. O verbete "Adventism" da Encyclopedia of Evangelicalism de Randall Balmer, pág.7, descreve a Igreja Adventista como "uma denominação cristã Restauracionista". O Christian Research Institute afirma que "o objetivo final do adventismo é primeiramente o evangelho", no sentido de que "a grande maioria dos estudiosos adventistas, professores e pastores… acreditam firmemente na salvação pela graça através da fé"[52][53]

A Igreja Adventista do Sétimo Dia possui outras crenças em comum com outras Igrejas cristãs, como a prática do batismo por imersão, a cerimônia de dedicação de crianças (visto que o batismo infantil não encontra apoio nas Escrituras Sagradas para ser praticado), as cerimônias da Santa Ceia memorial, do lava-pés (também conhecido como cerimônia da humildade), aberto a todos indistintamente (e não apenas para um grupo de pessoas), a unção dos enfermos também na prática e do Casamento heterossexual e monogâmico. Sustentam também a crença nos dons espirituais. Também creem que toda a humanidade está envolvida no Grande Conflito cósmico entre Cristo e Satanás, no qual nenhum ser humano é neutro pois o fruto de suas escolhas e ações mostra o lado escolhido nesta batalha. Ademais, creem na liberdade religiosa, e no livre arbítrio de escolha individual na questão da salvação.

Posição e crenças distintas

Rembrandt, Moisés com as Tábuas da Lei (1659).
Os Dez Mandamentos são considerados pelos adventistas como a norma de vida e conduta para a humanidade.

Os adventistas se destacam nos cenários acadêmicos por manterem-se firmes na crença da criação em seis dias literais, conforme relatado em Gênesis 1:1–31 e Gênesis 2:1–3. De fato, o movimento criacionista moderno começou com o adventista George McCready Price, que teria sido inspirado numa visão de Ellen White.[54]

Afora isso, há um conjunto de doutrinas que distingue os adventistas de outras denominações cristãs, o que faz alguns os observarem como "heterodoxos", apesar de nem todos estes ensinamentos serem totalmente exclusivos dos adventistas:

Lei (crença 19) – Os grandes princípios da lei de Deus estão incorporados nos Dez Mandamentos dados no Sinai. A chamada Lei Moral é eterna e imutável, expressando o caráter de Deus e possuindo assim validade ainda hoje para os cristãos (Êxodo 20: 3 a 17; 31:18; Mateus 5:17 a 19; 19:17; João 14:15; Romanos 3:31; Apocalipse 12:17 e 14:12);

Sábado (crença 20) - O Sábado comemora o ato criativo de Deus ainda na origem de todas as coisas, tendo sido santificado e abençoado pelo próprio Deus, e reservado como dia de descanso para todos os homens. Para os adventistas, o sábado deve ser observado no sétimo dia da semana, assim como diz em Êxodo 20:8, a partir de sexta-feira do pôr do sol até o pôr do sol do sábado, conforme as Escrituras. Segundo as Escrituras, os primitivos cristãos e o próprio Jesus observaram o sábado. (Gênesis 2:1 a 3; Êxodo 16; 20:8 a 11; Neemias 13:15 a 22; Isaías 58:13 e 14; 66:22 e 24; Ezequiel 20:12 e 20; Mateus 12:8; 24:20; Marcos 2:27 a 28; Lucas 4:16; 23:54 a 56; Atos 13:27, 42 e 44; 16:13; 18:4; Hebreus 4:4 a 11; Apocalipse 1:10);

Segunda Vinda de Cristo e o Tempo do Fim (crenças 25 a 28) - Jesus Cristo voltará visivelmente à Terra depois do “tempo de angústia", durante o qual o sábado será um teste de fidelidade. A segunda vinda será seguida por um reinado milenar dos santos no céu. A escatologia adventista baseia-se no método historicista de interpretação profética. Para os adventistas, a vinda de Cristo será literal, universal, visível e gloriosa (Salmo 50:3; Isaías 24:16 a 24; Mateus 24:29 a 31; Atos 1:10 a 11; II Tessalonicenses 1:6 a 10; 2:8; Tito 2:13; Hebreus 9:28; II Pedro 3:3 a 13; Apocalipse 1:10; 14:14; 20:1 a 10);

Holística da natureza humana (crenças 7 e 26) - O homem é uma unidade indivisível. Não possui uma alma imortal, mas se tornou alma vivente após receber o sopro de vida (ou espírito) de Deus. A morte é um sono inconsciente, vulgarmente conhecido como sono da morte. (Gênesis 2:8; Jó.3:17 a 21, 14:13 a 14; Salmo 6:5; 115:17; 146:4; Eclesiastes 3:19; 9:5, 6 e 10; Ezequiel 18:4; João 5:28 a 29; 11:11 a 14; Romanos 6:23; I Coríntios 15:51 a 56; I Tessaloniceses 4:14 a 18; I Timóteo 6:16);

Imortalidade condicional (crença 27) - Os ímpios sofrerão tormento por tempo indeterminado mas não eterno. O Aniquilacionismo é o seu destino, mas não sofrerão o tormento eterno no inferno. (Salmos 1:3-6; 2:9-12; 11:1-7; 34:8-22; 58:6-10; 69:22-28; 145:17, 20; Isaías 1:28; 65:6; Sofonias 1:15, 17, 18 e Oseias 13:3; Malaquias 4:1; Mateus 13:30, 40 e 48; Lucas 17:29; 19:27; II Tessalonicenses 1:9; Apocalipse 21:8; 20:14; 2:11; 20:6);

O Grande Conflito (crença 8) - A humanidade está envolvida em uma "grande controvérsia" entre Cristo e Satanás, a qual começou no céu quando um ser angelical (Lucifer) se rebelou contra Deus e Seu governo. Foi expulso do Céu e caiu na Terra perfeita (Éden), onde enganou Adão e Eva por meio do fruto proibido, e começou a dominar o planeta, que agora estava imperfeito por causa do pecado. (Gênesis 3:15; Isaías.14:12-14; Ezequiel.28:14 e 15; ver Efésios.6:12; I Pedro.5:8; Apocalipse 12:7 a 11);

Santuário Celestial e o Juízo Investigativo (crença 24) - Existe um Santuário no Céu, onde Jesus Cristo apresenta-se como nosso Sumo Sacerdote e Intercessor. Em 1844, como Sumo Sacerdote, Cristo iniciou o processo de purificação do santuário celestial, em cumprimento ao Dia da Expiação, descrito na Bíblia. O julgamento dos professos cristãos começou em 1844, onde os livros de registro são examinados para todo o universo ver. O juízo investigativo visa deixar claro a justiça de Deus perante a humanidade no desfecho do Grande Conflito entre o bem e o mal.(Êxodo 25:8, 9 e 40; Números.14:34; Ezequiel.4:6 e 7; Levítico.16; Daniel.7:9-27; 8:13 e 14; 9:24-27; João 1:29; Gálatas 3:23; Hebreus.8:1-5; 4:14-16; 9:11-28; 10:19-22; 1:3; 2:16 e 17; I João 2:1 a 2; Apocalipse.14:6 e 7; 20:12; 14:12; 22:12);

A Igreja e o Remanescente (crenças 12 e 13) – A Igreja Universal (invisível) é composta por todos aqueles que verdadeiramente amam a Jesus Cristo e o aceitam como único e suficiente Salvador. Estes filhos e filhas de Deus servem-no de acordo com toda a luz que sobre eles têm incidido, e sobre tais pessoas repousa a terna e paternal solicitude de Deus. Mas no fim dos tempos um remanescente que guarda os mandamentos de Deus e tem o "testemunho de Jesus" (Apocalipse 12:17) será chamado para terminar a obra do Evangelho em todo o mundo. Este remanescente anunciará a "Mensagem de Apocalipse 14:6-12 para todos os povos, nações, tribos e línguas. (Apocalipse. 12:17; 14:6-12; 18:1-4; II Coríntios. 5:10; Judas 3 e 14; I Pedro 1:16-19; II Pedro 3:10-14; Apocalipse. 21:1-14);

Espírito de Profecia (crença 18) - O Ministério de Ellen G. White é frequentemente relacionado ao Espírito de Profecia. Segundo a igreja, seus escritos são considerados inspirados e úteis para orientação, instrução e correção, embora esteja sujeito à Bíblia, que é a única e mais alta autoridade escriturística de fé, conduta, doutrina e prática para os adventistas do sétimo dia.[55] (Joel 2:28 e 29; Atos 2:14-21; Hebreus.1:1-3; Apocalipse. 12:17; 19:10);

Relação Igreja e Estado

Os Adventistas do Sétimo Dia apoiam enfaticamente a separação Igreja-Estado. A Igreja possui o Departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa que incentiva, onde for possível, a necessidade de um Estado laico. Os Adventistas também acreditam que a liberdade religiosa é um direito humano básico.[56] Por isso, a igreja tem sido ativa por mais de 100 anos em defender a liberdade de religião das pessoas independente de sua fé. Em 1893 os líderes adventistas fundaram a International Religious Liberty Association (Associação Internacional da Liberdade Religiosa),[57] que é universal e não sectária. O Seventh-day Adventist Church State Council (Conselho de Estado da IASD) serve para proteger os grupos religiosos da legislação que possam afetar suas práticas religiosas. Os Adventistas promovem em todo o mundo simpósios nesse assunto. Nos Estados Unidos publicam uma revista especializada em liberdade religiosa, chamada Liberty.

Papel da mulher na organização eclesiástica

Em 1990, na Sessão da Conferência Geral, os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia impediram a ordenação de mulheres. A votação resultou em 1.173 votos contra e 377 a favor. Aqueles que apoiaram a ordenação de mulheres eram, principalmente, da Europa e América do Norte, enquanto os delegados da África, Ásia e América do Sul foram fortemente contra.[58] Cinco anos depois, foi negado um pedido da Divisão Norte-Americana para que suas conferências locais pudessem ordenar mulheres.[59]

Em 29 de julho de 2012, a Conferência da União de Columbia, cuja sede está localizada em Maryland, votou com 80% de aprovação a favor da ordenação de mulheres. Em 19 de agosto de 2012, a Conferência da União do Pacífico, com sede na Califórnia, votou 79% a favor e 21% contra a ordenação de mulheres. Os líderes mundiais da igreja ficaram desapontados com as ações dessas duas conferências e consideraram que suas decisões não estavam em harmonia com a igreja global. Em 2012, havia 320 mulheres pastoras na igreja, sendo que na América do Norte havia 120 pastoras e 4.100 pastores homens.[59] Em 2013, a Conferência do Sudeste da Califórnia elegeu pela primeira vez uma mulher como presidente.[60]

Em 8 de julho de 2015, os líderes que representavam a Igreja Adventista do Sétimo Dia votaram na Sessão da Conferência Geral em San Antonio, Texas contra a ordenação de mulheres como pastoras. O resultado foi de 1.381 votos contra e 977 a favor. Os adventistas ocidentais que se opõem à proibição argumentam que isso os impede de atuar plenamente em sua cultura, enquanto os que apoiam a proibição justificam sua posição com base na Bíblia. Nas divisões da América do Norte, Europa e algumas outras regiões, as mulheres vêm sendo ordenadas como pastoras. Entretanto, as mulheres são proibidas de liderar conferências locais e de criar ou fechar igrejas.[61] Ted N. C. Wilson, que foi reeleito para um segundo mandato de cinco anos como presidente, votou contra, enquanto o ex-presidente Jan Paulsen votou a favor.[60]

Tensões teológicas

Como acontece com qualquer movimento religioso, as tensões teológicas existentes dentro do adventismo é comparável, por exemplo, as tensões entre o fundamentalismo-conservador e o liberalismo-moderado. Uma variedade de grupos, movimentos ou subculturas dentro da igreja apresentam pontos de vista diferentes sobre as crenças e o estilo de vida adventista. Em todo caso, teóricos adventistas em geral rejeitam a nomenclatura fundamentalista visto que a mesma é compreendida hoje como alvo de uma forte distorção semântica pelas ciências sociais.[62]

O lado conservador da teologia adventista é representado pelos Adventistas Tradicionais. Eles são caracterizados por sua oposição às tendências teológicas dentro da denominação desde a década de 1950. Eles tendem a ver a teologia adventista moderna como sendo compromissada com os evangelicalistas. Por isso, procuram defender os ensinamentos mais antigos, como por exemplo a expiação completa na cruz mas não definida até o fim do juízo investigativo e a perfeição de caráter que todo indivíduo pode alcançar, assim como Cristo alcançou somente pela comunhão com Deus.[63]

Os mais "liberais" da igreja são geralmente conhecidos como Adventistas Progressistas. Eles tendem a manter uma perspectiva moderna sobre questões controversas como a inspiração de Ellen White, a doutrina da "Igreja Remanescente " e o juízo investigativo.[63][64] O movimento progressista parece ser o mais forte entre os estudiosos da denominação,[65] onde encontra a sua posição em organismos como a Association of Adventist Forums e em revistas como a Spectrum e a Adventist Today.

Cultura e práticas

A conferência geral publicou uma visão das práticas adventistas em todo o mundo. Isso foi feito como uma resposta às perguntas mais frequentes que os membros da igreja adventista recebiam dos seus amigos.[66]

Atividades no sábado

Igreja Adventista do Sétimo Dia nos Estados Unidos

Para manter o sábado como um dia sagrado, os adventistas se abstêm de trabalho secular. Eles também evitam formas puramente seculares de lazer, como esportes competitivos e programas de TV não-religiosos durante este dia. No entanto, proselitismo religioso, passeios em meio à natureza, atividades com a família, obras de caridade e outras atividades que visem atendimento de urgência ao próximo são incentivadas.[66]

A sexta feira é considerada como o dia da preparação. Isso porque grande parte do dia é gasto na preparação para o sábado: vários arrumam a casa, aprontam refeições, entre outras atividades. No final da tarde, há geralmente um pequeno culto domestico de boas-vindas do sábado, uma prática denominada como "culto do pôr do sol". A Escola Sabatina começa com a reunião dos professores, vindo logo após a divisão de grupos ou classes para o estudo ou recapitulação da lição da semana. Há noticias dos campos missionários, coleta de ofertas para as missões ou despesas da Escola Sabatina, mensagem musical cantada por um grupo ou solista, encerramento e enfoque no trabalho missionário, oração. Depois se inicia o Culto de Adoração que é mais solene com seleções musicais especiais, ofertas e o serviço culmina com a pregação seguida por apelo de conversão ou renovação dos compromissos da fé.[66]

No sábado à tarde as atividades variam, dependendo do contexto cultural, étnico e social. Em algumas igrejas, membros e visitantes participam de um almoço, que geralmente, é realizado na própria igreja ou na residência de algum membro ou família. Em outros lugares, o sábado à tarde é o dia de visitar doentes e dar estudos bíblicos.[66]

Alguns retornam à igreja para o programa JA (Jovens Adventistas) ou culto jovem. O sábado se encerra ao por do sol na igreja com bênçãos para a nova semana quando há concertos ou programações vespertinas. Do contrário, famílias e amigos se despedem do sábado com orações e cânticos em seus lares.[66]

Serviço de adoração

Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Florianópolis.

O culto principal ocorre no sábado. Geralmente começa com a Escola Sabatina, onde são estruturados pequenos grupos para uma recapitulação do que foi estudado em casa durante a semana. A maioria dos adventistas faz uso da Lição de Escola Sabatina. Essas lições tratam de um determinado assunto, livro bíblico ou doutrina a cada trimestre. Elas são preparadas, geralmente, com 3 ou 5 anos de antecedência e tratam do mesmo assunto, de acordo com a faixa etária, em todas as congregações adventistas do sétimo dia ao redor do mundo simultaneamente. Existem também classes especiais fornecidas para crianças e jovens em diferentes faixas etárias durante a Escola Sabatina, como o Rol do Berço (0 a 2 anos), o Jardim da Infância (3 a 5 anos), o Primário (6 a 9 anos), os Juvenis (10 a 12 anos), os Adolescentes (13 a 17 anos), os Jovens (18 a 30 anos) e os Adultos (31 anos adiante). Cada classe possui um(a) professor(a), um(a) professor(a) associado(a) e um(a) secretário(a) que são responsáveis por sua classe e desenvolvimento dos alunos. Os métodos pedagógicos utilizados pelos adventistas para elaboração de suas lições têm proporcionado grande instrução doutrinária à igreja.[66]

A Escola Sabatina é diversa e as congregações são livres para organizá-las de acordo com suas necessidades locais, todavia, preservando o momento de louvor, oração, confraternização, estudo e testemunhos locais e de missões internacionais. Estima-se que cerca de 35 milhões de pessoas frequentam a Escola Sabatina, a cada sábado, ao redor do mundo.[66]

Após uma breve pausa para anúncios locais, toda igreja se reúne novamente para o serviço religioso de adoração. É seguido o formato de culto típico dos evangélicos, com o sermão ocupando a parte central. O canto congregacional, as leituras bíblicas, as orações e a arrecadação de ofertas (incluindo o dízimo), são outras características padrão. Os instrumentos e formas de música de adoração variam muito em toda a Igreja a nível mundial. O piano é o instrumento musical mais utilizado, mas nos últimos anos a liderança da Igreja Adventista vem estimulando a formação de pequenas orquestras para acompanhamento musical nas congregações locais.[67] Muitos jovens, principalmente nas igrejas da América do Norte, têm como estilo a música cristã contemporânea, ao passo que outras igrejas ao redor do mundo se utilizam de hinos mais tradicionais, incluindo os encontrados no Hinário Adventista.[66]

Cerimônia de Santa Ceia

Os adventistas geralmente praticam a Santa Ceia quatro vezes por ano mas não há limite para a celebração. A Santa Ceia é um serviço aberto que está disponível tanto para membros da igreja como para não membros. Ela começa com a cerimônia do lava-pés. Conhecida como "Cerimônia da Humildade", é baseado no relato de João 13. O lava-pés é utilizada para simbolizar a humildade de Cristo em lavar os pés de seus discípulos na Última Ceia. Assim, os seus participantes lembram da necessidade de humildemente servir uns aos outros e reconciliarem-se. Os participantes são separados por sexo para salas a fim de realizar esse ritual. Algumas congregações permitem que casais realizem a cerimônia juntos e incentivam que toda a famílias participe em conjunto. Após a conclusão, os participantes voltam para a igreja a fim de participar da Santa Ceia, que consiste em pão ázimo (sem fermento) e suco de uva não fermentado.[66]

Saúde e dieta

Embalagem de flocos de milho de 1906.
O refeitório principal do Sanatório de Battle Creek, fundado em Michigan por adventistas e administrado por John Harvey Kellogg. O sanatório servia apenas refeições vegetarianas.

Desde a década de 1860, quando foi organizada, a Igreja Adventista tem dado ênfase na integridade do corpo e na saúde.[68] Os adventistas são conhecidos por apresentarem uma mensagem de saúde que recomenda a seus membros o vegetarianismo e fazerem adesão às leis de saúde encontradas em Levítico 11. A obediência a essas leis significa abstinência de carne de porco, frutos do mar e outras carnes tidas como impuras (veja, Lev. 11). A Igreja também desestimula os seus membros fazerem uso de álcool, abandonarem o tabaco e não fazer desnecessário uso de outras drogas lícitas e ilícitas. Os pioneiros da Igreja Adventista influenciaram na implantação de cereais na dieta ocidental. O moderno conceito comercial de alimentos cereais originou-se entre os adventistas.[69] John Harvey Kellogg foi um dos pioneiros que trabalhou na área da saúde. Seu desenvolvimento de cereais como alimento saudável levou à fundação da companhia Kellogg’s, administrada pelo seu irmão William. Na Austrália e na Nova Zelândia, a igreja é proprietária da Sanitarium Health Food Company, uma das fabricantes líderes de produtos relacionados a saúde a ao vegetarianismo. No Brasil, os adventistas administram a Indústria Adventista da Produtos Naturais (Superbom). Recentemente a parte de Cereais foi vendida à Kellogs.[70]

Uma pesquisa financiada pelo National Institutes of Health mostrou que na média o adventista vive na Califórnia de 4 a 10 anos a mais do que o californiano. A pesquisa, conforme citada pela reportagem de capa da edição de novembro de 2005 da National Geographic, afirma que "os adventistas vivem mais tempo porque não fumam nem fazem uso de bebida alcoólica, mantêm o descanso semanal, se preocupam em manter uma vida saudável e mantêm uma dieta vegetariana que é rica em frutas e feijão além de possui um baixo teor de gordura." A coesão de redes sociais adventistas também foi apresentada pela reportagem “como uma explicação da sua vida útil e prolongada.”[71][72] Desde 2005, o repórter Dan Buettner escreve a história sobre a longevidade adventista. Em seu livro, The Blue Zones: Lessons for Living Longer, ele fala das pessoas que vivem por muito tempo. São os habitantes de Loma Linda, situada na zona sul da Califórnia, onde se encontra uma grande concentração de adventistas do sétimo dia. Dan cita a ênfase da igreja na saúde, na dieta vegetariana e na observância do sábado como fatores primordiais para a longevidade adventista.

Estima-se que 35% dos adventistas pratiquem o vegetarianismo, de acordo com uma pesquisa realizada em 2002 em todo mundo, pelos líderes da igreja local.[73][74]

Recentemente um artigo da U.S. News & World Report apresentou os “10 hábitos de saúde que ajudarão você a viver até os 100”.[75] No ponto número oito o conselho é: “Viva como um adventista do sétimo dia”. Eles destacaram o estilo de alimentação e também o foco adventistas na família e na comunidade. O trecho do artigo pode ser lido abaixo:

Viva como um Adventista do Sétimo dia - Americanos que definem a si mesmos Adventistas do Sétimo dia têm uma esperança média de vida de 89 anos, cerca de uma década a mais do que o americano médio. Um dos princípios básicos da religião é que seu corpo é o templo do Espírito Santo, ou seja, um empréstimo de Deus, o que significa não fumar, não abusar do álcool, ou doces. Seguidores tipicamente mantêm uma dieta vegetariana baseada em frutas, legumes, feijões, e nozes, além de praticarem exercício físicos. Eles são também muito centrados na família e na comunidade.[75][76]

No Brasil, o SBT Realidade[77] e o Fantástico[78] já fizeram reportagens sobre o estilo de vida adventista.

Ética

Essas são posições oficiais dos Adventistas sobre algumas questões éticas:

  • Sobre o aborto, "por razões de controle de natalidade, seleção de sexo ou conveniência, essa prática não é tolerada pela Igreja." Entretanto, às vezes as mulheres podem ter de enfrentar circunstâncias excepcionais, que apresentam sérios dilemas morais ou médicos, tais como ameaças significativas para a saúde ou para a vida da gestante, graves defeitos congênitos no feto e gravidez resultante estupro ou incesto. Nesses casos a igreja respeita e aconselha a mulher a tomar sua própria decisão.[79]
  • O adultério é um dos motivos admitidos para o divórcio, embora a reconciliação seja incentivada sempre que possível. Os Adventistas incentivam e prezam a virgindade para homens e mulheres antes do casamento.
  • Quanto à eutanásia - A Igreja é contra a eutanásia ativa, mas permite a retirada passiva de apoio médico para permitir que a morte ocorra.[80]
  • Sobre a contracepção - A favor para os casais, se usado corretamente. Mas contra o aborto por motivos de controle de natalidade e de sexo antes do casamento.[81]
  • Clonagem humana - Contra a clonagem, enquanto a tecnologia não é segura, pois poderia resultar em nascimentos defeituosos ou abortos.[82][83]
  • Homossexualidade - De acordo com a declaração oficial da Conferência Geral,[84] o casamento heterossexual é o único tipo de relação biblicamente ordenada para a união entre seres humanos. Isso porque a Bíblia condena as práticas homossexuais em termos fortemente negativos. Por isso, os adventistas não realizam casamentos de pessoas do mesmo sexo e os homossexuais não podem ser ordenados para o ministério.

Casamento

A definição adventista de casamento é um compromisso legalmente vinculativo e vitalício entre um homem e uma mulher. O Manual da Igreja afirma que o casamento se originou como uma instituição a partir da história bíblica de Adão e Eva, e que sua união deve ser usada como padrão para todos os outros casamentos.[85]

Os adventistas acreditam que o casamento é uma instituição divina estabelecida por Deus durante os eventos do Livro de Gênesis, antes da expulsão de Adão e Eva do Éden. Eles creem que Deus celebrou a união de Adão e Eva e que o conceito de casamento foi um dos primeiros presentes de Deus ao homem, sendo "uma das duas instituições que, após a queda, Adão levou consigo além das portas do Paraíso."[86]

Os textos do Antigo e do Novo Testamento são interpretados por alguns adventistas como ensinando que as esposas devem se submeter a seus maridos no casamento.[87]

Os adventistas consideram que casamentos heterossexuais são os únicos fundamentos biblicamente ordenados para a intimidade sexual. A Igreja não realiza casamentos entre pessoas do mesmo sexo e indivíduos abertamente homossexuais não podem ser ordenados, mas podem ocupar cargos na igreja e ser membros se não estiverem ativamente envolvidos em relacionamentos homossexuais. A política atual da igreja estabelece que pessoas abertamente homossexuais (e "praticantes") devem ser bem-vindas aos serviços da igreja e tratadas com o amor e a bondade devidos a qualquer ser humano.[88] [89]

Ética e Sexualidade

A Igreja Adventista do Sétimo Dia se opõe ao aborto, acreditando que pode ter efeitos negativos de longo prazo tanto nos indivíduos envolvidos quanto na sociedade como um todo. Em uma declaração oficial sobre a "Visão Bíblica da Vida Não Nascida", a igreja declarou que um feto é considerado por Deus como um indivíduo vivo.[90] No entanto, existem circunstâncias em que a vida da mãe está em risco, e hospitais adventistas realizarão abortos de emergência.[91]

Os adventistas incentivam a abstinência sexual para homens e mulheres antes do casamento. A igreja desaprova a coabitação fora do casamento.[92]

Os adventistas se opõem a atividades e relacionamentos homossexuais, citando a crença de que as escrituras não fazem acomodações para a homossexualidade.[93]

A igreja adventista emitiu declarações oficiais em relação a outras questões éticas, como a eutanásia (contrária à eutanásia ativa, mas permissiva ao desligamento passivo de suporte médico para permitir que a morte ocorra),[94], controle de natalidade (a favor do uso correto por casais casados, mas contra aborto como método contraceptivo e sexo premarital em qualquer caso)[95] e clonagem humana (contra, se a tecnologia puder resultar em nascimentos defeituosos ou abortos).

Vestuário e entretenimento

Os adventistas tradicionalmente mantêm atitudes socialmente conservadoras em relação ao vestuário e entretenimento. Essas atitudes são refletidas em uma das crenças fundamentais da igreja:

Para que o Espírito recrie em nós o caráter do nosso Senhor, devemos nos envolver apenas em atividades que promovam a pureza, saúde e alegria à semelhança de Cristo em nossas vidas. Isso significa que nossa diversão e entretenimento devem atender aos mais altos padrões de gosto e beleza cristã. Embora reconhecendo as diferenças culturais, nosso vestuário deve ser simples, modesto e limpo, condizente com aqueles cuja verdadeira beleza não consiste em adornos externos, mas no ornamento imperecível de um espírito gentil e tranquilo.[96]

De acordo com isso, os adventistas se opõem a práticas como piercing e tatuagens e evitam o uso de joias, incluindo itens como brincos e pulseiras. Alguns também se opõem ao uso de alianças de casamento, embora a proibição do uso de alianças de casamento não seja a posição da Conferência Geral.[97] Em 1986, a Divisão Norte-Americana permitiu o uso de alianças de casamento.[98] Antes disso, foi uma fonte de atrito, já que adventistas no exterior usavam alianças de casamento há muitas décadas.[99]

Adventistas conservadores evitam certas atividades recreativas que são consideradas uma influência espiritual negativa, incluindo danças, música rock e teatro secular.[100] No entanto, grandes estudos realizados a partir de 1989 descobriram que a maioria dos jovens adventistas na América do Norte rejeita alguns desses padrões.[101]

Em 29 de junho de 2000, a Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia adotou uma resolução sobre jogos de azar. A igreja incentiva seus membros a não jogarem e não aceita financiamento proveniente de jogos de azar.[102]

Desbravadores

Ver artigo principal: Clube de Desbravadores

O Departamento de Jovens da Igreja Adventista dirige uma organização de meninos e meninas entre 10 e 15 anos chamado Clube de Desbravadores. Possui crianças de diferentes classes sociais, cor, raça e religião. Os Desbravadores têm reuniões uma ou duas vezes por semana a fim de desenvolver os talentos, habilidades, percepções e o gosto pela natureza.[103] Depois que um adolescente chega aos 16 anos, ele passa a fazer parte da liderança do clube. Possui aspectos semelhantes com o escotismo.

Os Clubes de Desbravadores estão presente em mais de 160 países, com 90.000 sedes e mais de dois milhões de participantes. Existem oficialmente desde 1950. Apesar de ser um programa oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, meninos e meninas de qualquer fé religiosa podem participar.[104]

Aventureiros

Ver artigo principal: Clube de Aventureiros

O Clube de Aventureiros é destinado a crianças entre 6 e 9 anos. As atividades se baseiam no tripé família-igreja-escola. O objetivo dos aventureiros é de auxiliar pais, mães e responsáveis na tarefa de desenvolver os aspectos físico, mental, espiritual e social das crianças, num ambiente seguro e agradável.[105] A programação e o planejamento do Clube dos Aventureiros é simples, curto e criativo. Em alguns aspectos os clubes de Desbravadores e Aventureiros são parecidos, mas o programa dos Aventureiros é desenvolvido separado dos Desbravadores.

Acampamento Jovem

Ver artigo principal: Campori

Os Adventistas do Sétimo Dia fazem acampamentos em toda a América e em muitas outras partes do mundo. Cada campo varia em atividades. Os acampamentos jovens na América do Norte têm arco e flecha, natação, cavalos, artes e ofícios ligados a natureza, desafio de cordas além de muitas outras atividades comuns.

A atividade varia de acordo com a região. Em outras localidades, os jovens adventistas fazem acampamentos para praticarem surf, esqui aquático, escalada, golfe, skate, mountain bike, ciclismo, basquete, futebol entre outras atividades.

Organização

Estrutura e organização política

Igreja Adventista do Sétimo Dia da Universidade Loma Linda, em Loma Linda, California

A Igreja Adventista do Sétimo é regida por uma forma de democracia e representação, o sistema de governo eclesiástico representativo, que se assemelha ao sistema Presbiteriano de organização da igreja. Cinco níveis de organização existem dentro da denominação.[106][107]

  • Igreja local - É o nível de fundação da estrutura organizacional e o “rosto” público da denominação. Todo adventista batizado é membro da igreja mundial e de uma igreja local e tem poder de voto dentro dessa igreja. Cada igreja local possui uma comissão administrativa voluntária, escolhida anualmente pela própria igreja, que dirige os planos e atividades da igreja local. A organização de diversas igrejas locais sob a jurisdição de um pastor é chamada de distrito. Toda igreja local pertence a algum distrito. Os distritos variam em número de igrejas, mas suas igrejas locais são unidas teologicamente, além de possuirem estratégias e planos evangelisticos em parceria para uma determinada localidade em curto e médio prazo. A união de vários distritos formam uma Missão/Associação.
  • Missão ou associação local - Acima da igreja local fica a missão/associação local. Essa parte da estrutura administra a organização e fundação de igrejas locais em estados, províncias ou territórios. A missão/associação é responsável por nomear os ministros, comprar terras para igreja, ajudar nas construção de templos, organizar a distribuição dos dízimos e ofertas, e fazer os pagamentos aos pastores, obreiros e funcionários da igreja. A Missão geralmente compõe uma faixa territorial menor e não possui meios financeiros de se manter sozinha. A Associação, contudo, pode compreender parte de um estado, província ou território maior, e possui meios financeiros para sua manutenção e ainda ajudar às missões. A organização de várias missões e associações forma a união.
  • União - Acima da associação/missão local fica a união, que incorpora um conjunto de associações/missões locais dentro de um território mais vasto. A união pode ser formada por vários estados, províncias e territórios. A mesma traça a organização da igreja para determinada localidade, planos evangelísticos a médio e longo prazo, organizações humanitárias a atende às necessidades das associações, missões e distritos. A união de várias "Uniões" forma a divisão.
  • Divisão - Acima da união está a divisão. A divisão é formada por vários países e possui presidentes que coordenam todos os departamentos da igreja de forma continental. A divisão traça metas quinquenais, estabelece escolas, universidades, hospitais, publicadoras, centros de mídia (TV, Rádio e Internet), planos de penetração em locais sem presença adventista, treinamentos, evangelismos em massa em metropoles ou países, escolhe os líderes de cada união, associação e missão, envia missionários, e promove os eventos gigantescos da igreja. Ao todo existem 13 Divisões em todo o planeta que abrangem 235 países em todo o mundo.
    Igreja Adventista do Sétimo Dia Betel na cidade de New York City
  • Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia - O nível mais alto de hierarquia dentro da estrutura da igreja é a Associação Geral, que é a autoridade máxima da igreja e tem a última palavra em matéria de conjectura, doutrina, e questões administrativas. Ela é encabeçada por um presidente, que atualmente é o Pastor americano Ted Wilson, cerca de 10 vice-presidentes, secretários e tesoureiros, além dos presidentes de todos os departamentos e ministérios da igreja a nível mundial e seus respectivos secretários. Os líderes das Divisões, Uniões, Associações, Missões, delegados de algumas igrejas locais e membros leigos reúnem-se a cada 5 anos e escolhem os líderes da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia por voto democrático nas sessões da Conferência Geral. A Associação Geral é responsável por todos os recursos financeiros, envio de ofertas para missões evangelísticas, construção de templos, formação, treinamento e envio de missionários para países sem presença adventista, missões evangelísticas globais, além de se responsabilizar pela unidade administrativa e doutrinária da igreja, combatendo heresias, movimentos independentes ou ministérios que possam de alguma maneira minar a unidade adventista. A sede da Associação Geral fica localizada em Washington - USA.
    • Sessão da Conferência Geral - São reuniões quinquenais administrativas. Nessas reuniões, faz-se presente cerca de 60 a 70 mil adventistas visitantes e cerca de 5000 delegados de todo o planeta, os mesmos avaliam o crescimento da igreja mundial e traçam estratégias e projetos para o próximo quinquênio. Nestas reuniões, os votos são tomados democraticamente, o Manual da Igreja Adventista é revisado e alguma nova doutrina pode ser inserida, esclarecida ou ampliada.

Finanças

Os adventistas creem no sistema bíblico de dízimos e ofertas (Levítico 27:30–32; Salmos 96:8; Provérbios 3:9–10; Malaquias 3:8–12; Mateus 23:23; I Coríntios 9:13–14; II Coríntios 9:6–7). Os dízimos e ofertas voluntárias são coletados dos membros da igreja, contudo, não são utilizados diretamente pelas igrejas locais. Somente 60% das ofertas ficam nas igrejas locais para o pagamento de despesas como água, eletricidade, zeladoria, materiais didáticos, materiais de limpeza, compras de remédios, cestas básicas, etc. Os 40% restantes são enviados às Missões/Associações para compra de Bíblias, produção de folhetos, estudos bíblicos, CDs, DVDs, materiais para crianças, lições bíblicas, livros devocionais, pagamento de alugueis de igrejas, construções de igrejas, congressos, treinamentos, manutenção dos centros de mídia (TVs, Programas em TVs Seculares, Rádios, Sites da Internet, Evangelismos Via Satélite, etc), compra de projetores para igrejas locais, etc. As arrecadações são feitas voluntariamente e os membros têm total acesso à tesouraria da igreja local e/ou missão/associação para prestação de contas. Todo o dinheiro arrecadado é investido nas igrejas.

Os dízimos são repassados para as Associações/Missões que redistribui os mesmos nas despesas da associação incluindo o salário dos pastores. 10% de todo o dinheiro arrecadado vai para as Uniões locais que por sua vez são repassados também 10% para as Divisões que por sua vez são repassados também 10% para a Associação Geral, que em seguida, distribui as finanças para pagamento das necessidades da igreja. Os dízimos arrecadados são distribuídos de forma igualitária. Todos os pastores, obreiros e funcionários da igreja, independente do tamanho ou riqueza da congregação local, ou do seu cargo, recebem a mesma quantia, desta forma, nenhum pastor ganha mais que outro, e os membros também têm acesso ao relatório das finanças pastorais, se assim o desejarem. De fato, os próprios pastores também são dizimistas. Um outro detalhe entre os adventistas é que seus pastores não podem exercer uma outra função empregatícia, ou seja, nenhum pastor adventista pode ter um emprego secular sendo o seu serviço dedicado exclusivamente à igreja.

A Escola Sabatina também tem um plano sistemático de ofertas, onde no último sábado de cada trimestre, 25% das ofertas arrecadadas em todo o planeta é enviado para realização de algum projeto evangelístico em algum lugar específico do mundo. Durante o trimestre, semanalmente, os membros da igreja escutam relatórios e notícias das atividades evangelísticas realizadas no lugar em questão, e ao fim do trimestre, as ofertas são enviadas para o referido lugar (que varia a cada 3 meses)

O Manual da Igreja contém disposições para cada nível de governo, além de orientações para a criação de instituições educacionais, médicas, publicações e outras instituições que são vistos no contexto da chamada Grande Comissão. Em 2016, o fundo para missões globais era de mais de 83 milhões de dólares.[108]

Oficiais da igreja

A pessoa ordenada na igreja adventista é conhecidos como ministro ou pastor. Os ministros não são eleitos nem empregados pelas igrejas locais, mas são nomeados pelas missões/associações locais, que lhes atribui responsabilidade sobre uma igreja ou um grupo de igrejas. A ordenação é o reconhecimento formal outorgado a pastores do sexo masculino geralmente após um certo número de anos de serviço. Atualmente, não se pode dar o título de "ordenado" as mulheres, embora algumas sejam empregadas no ministério, podendo ser encarregadas em algum departamento da igreja.

Dentro de uma igreja local, existem leigos que podem ter cargos ordenados: são eles os anciões e diáconos. Eles são nomeados pelo voto de uma igreja local ou por uma reunião de comissão da igreja local. O Ancião têm um papel essencialmente administrativo e pastoral, mas também deve ser capaz de fornecer liderança religiosa (especialmente na ausência de um ministro ou pastor ordenado). O papel dos diáconos é contribuir para o bom funcionamento de uma igreja local e para manter a propriedade da igreja.

Adesão e crescimento

Ano Igrejas Membros
1863 125 3.500[109]
1900 1.892 75.767[109]
1950 10.237 756.812[109]
1960 12.975 1.245.125[109]
1970 16.505 2.051.864[109]
1980 21.555 3.480.518[109]
1990 31.654 6.694.880[109]
2000 48.933 11.687.239[109]
2010 70.188 16.923.239[109]
2011 72.144 17.479.890[109]
2012 74.299 17.881.491[109]
2013 76.364 18.143.745[109]
2014 78.810 18.478.982[109]
2015 81.552 19.126.438[109]
2016 84.207 20.008.779[110]
2017 86.576 20.727.347[110]
2018 88.718 21.414.779[111]
2019 91.140 21.556.837[112]
2020 92.876 21.723.992[112]
2021 95.297 21.912.161[113]
2022 97.811 22.234.406[113]

O pré-requisito essencial para a adesão a Igreja Adventista é o batismo por imersão. De acordo com o manual da igreja, esse batismo só deve ocorrer depois que o candidato tiver sido submetido à instrução correta sobre o que a igreja acredita.

Em outubro de 2009, segundo dados da Igreja havia 11 049 101 membros batizados. Mais de um milhão de pessoas se uniram à Igreja Adventista num período de 12 meses (de 30 de junho de 2008 a 30 de junho de 2009), através do batismo e da profissão de fé. Até julho de 2010, a IASD já registrava cerca de 13.000.000 de membros. A igreja é uma das organizações de crescimento mais rápido do mundo, principalmente devido a aumentos de participação no desenvolvimento e ajuda das nações. Hoje, menos de 7% dos membros da igreja residem nos Estados Unidos. Grande parte deles estão na África e na América Central e América do Sul.

Adventistas por milhão de habitantes por país.
  0–9
  10–99
  100–499
  500–999
  1000–4999
  5000–9999
  10,000–49,999
  50,000–99,999
  ≥100,000

De acordo com o livro Uma Igreja Mundial, do historiador adventista George R. Knight, os adventistas chegaram a 1 milhão entre 1955 e 1961, crescendo para cinco milhões em 1986. Na virada do século XXI, a igreja tinha mais de 10 milhões de membros, crescendo para mais de 14 milhões em 2005 e 16 milhões em 2009. Acredita-se que mais de 35 milhões de pessoas vão ao culto semanal em alguma igreja adventista ao redor do mundo. Em 2017, a igreja operava em 235 dos 237 países e áreas reconhecidas pelas Nações Unidas.

Em 2022, segundo estatísticas da própria denominação, tinha cerca de 22.234.406 de membros, em 97.811 igrejas, em todo o mundo.[113]

Expansão

Gráfico com o crescimento da IASD ao longo dos anos

A IASD concentrou-se na América do Norte até 1874, quando John N. Andrews foi enviado para a Suíça como primeiro missionário oficial além-mar. A África teve seu primeiro contato com o adventismo em 1879, quando o Dr. H. P. Ribton, um recém-convertido na Itália, mudou-se para o Egito e abriu uma escola, mas o projeto foi encerrado quando houve uma revolução nas redondezas da escola. O primeiro país não-protestante a ser atingido foi a Rússia em 1889 com a chegada de um ministro.[114]

Em 20 de outubro de 1890 a escuna Pitcairn aportou em São Francisco, Califórnia e logo se ocupou em levar missionários para as Ilhas do Pacífico. Os adventistas do sétimo dia entraram em países não-cristãos pela primeira vez em 1894 – Costa Dourada, (Gana), África Ocidental, e Matabeleland, África do Sul. Neste mesmo ano missionários foram enviados à América do Sul, e em 1896 havia também representantes no Japão.

Em 1929, o pastor H.M.S. Richards transmitiu uma série de temas bíblicos na rádio KNX, em Los Angeles, Califórnia. Na ocasião, os amigos de Richards o repreenderam dizendo que usar o rádio para a pregação era um engano de satanás. Apesar das críticas ele prosseguiu seu trabalho com grandes resultados, se tornando um pioneiro na pregação do Evangelho nos meios eletrônicos.

Em 1937, a série bíblica passou a ser apresentada em uma rede de rádio e transmitida em vários estados americanos. Foi aí que o programa passou a chamar-se A Voz da Profecia, programa que até hoje é transmitido em vários países e línguas. A IASD tem apresentando um crescimento notável na América do Sul e África com atuação reconhecida na área de saúde. Nos Estados Unidos a denominação apresentou crescimento líquido de 11% no período de 1990 a 2001, segundo estudo da City University of New York,[115] indo de 668000 a 724000 membros. Atualmente apresenta naquela localidade 908450 membros (crescimento de 25% em 5 anos).

Em um século e meio, a Igreja Adventista do Sétimo Dia cresceu de um grupo de pessoas de várias denominações que estudavam a Bíblia, para uma comunidade mundial, totalizando em 2017 mais de 20 milhões de membros batizados e outros 6 milhões de simpatizantes espalhados em 235 países do globo.[108]

Adventismo no Brasil

Igreja de Gaspar Alto, no município de Gaspar (SC): a primeira congregação adventista estabelecida no país.

No Brasil são 1.600.000 membros da IASD em 2008 sob a coordenação de sete Uniões que administram as Associações e Missões. As instituições da IASD do Brasil e de sete países latino-americanos formam a Divisão Sul Americana, com sede em Brasília, DF.

Adventismo em Portugal

Hoje existem cerca de 9 mil membros batizados. Porém, adicionando os jovens e crianças (a Igreja Adventista do Sétimo Dia defende o batismo somente após tomada de consciência e de maturidade sobre a decisão que é individual), todos envolvidos no ministério jovem que é dividido em clubes: 6 a 9 anos denominados Tições, de 10 a 15 Desbravadores, de 16 a 21 de Companheiros e de 21 para cima Seniores. Os inscritos na Escola Sabatina, chegaram aos 15 mil membros.

Missão adventista

A obra missionária adventista, iniciada no final do século 19, hoje alcança pessoas em mais de 200 países e territórios.[116] Os missionários adventistas buscam pregar o evangelho, promover a saúde por meio de hospitais e clínicas, realizar projetos de desenvolvimento para melhorar os padrões de vida e fornecer ajuda em tempos de calamidade.[117]

O trabalho missionário da Igreja Adventista do Sétimo Dia é voltado não apenas para não cristãos, mas também para cristãos de outras denominações. Os adventistas acreditam que Cristo chamou seus seguidores na Grande Comissão para alcançar o mundo inteiro. No entanto, os adventistas são cautelosos para garantir que o evangelismo não interfira ou invada os direitos básicos do indivíduo. A liberdade religiosa é uma posição que a Igreja Adventista apoia e promove.[118]

Instituições da Igreja

O Biblical Research Institute é o centro de pesquisa teológica da Igreja.

O Ellen G. White Estate foi criada em 1915 depois da morte de Ellen White, conforme especificado em seu testamento legal. Sua finalidade é atuar como zelador e pesquisador de seus escritos. Desde de 2006 o conselho conta com 15 membros.

O Geoscience Research Institute, sediado em Loma Linda University, foi fundada em 1958 para investigar as evidências científicas sobre as origens da vida. É uma instituição de viés criacionista.

Educação adventista

Ver artigo principal: Rede Adventista de Educação
Moran Hall na Universidade Oakwood
Edifício do Centro Estudantil da Universidade Adventista Spicer

A IASD mantém um sistema unificado de educação protestante no mundo. Operam 7.500 unidades de educação básica, ensino médio e universitário, incluindo faculdades, seminários e escolas médicas em mais de 150 países. Este sistema envolve 75 mil professores e 1,5 milhões de estudantes.[119] O sistema tem clara definição por ensino religioso agregado, defesa do criacionismo, porém aceita estudantes de todas as religiões.

A Rede possui duas publicações a nível mundial que servem de apoio a sua missão. A Revista da Educação Adventista, um periódico bimestral destinado a professores e gestores educacionais: cada edição apresenta artigos de variados temas relacionados à educação cristã.

Já a Revista Diálogo Universitário é uma publicação voltada para estudantes do nível Superior de ensino: aborda questões relativas à interface entre o cristianismo e a cultura contemporânea. A Diálogo possui leitores em mais de 100 países, pois é impressa em quatro línguas: português, inglês, francês e espanhol.

América do Sul

Na América do Sul são mais de 850 instituições com aproximadamente 280 mil alunos distribuídos em Ensino Fundamental, Médio e Superior. Mais de 140 mil no Brasil e 90 mil no Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai. Cerca de 15 mil professores são responsáveis pela formação integral dos estudantes, visando o preparo físico, mental e espiritual.

Em 1896 começou a funcionar em Curitiba, Paraná, o Colégio Internacional sob a direção de Guilherme Stein Jr. A partir daí, o trabalho educacional cresceu e muitas escolas foram agregadas a essa, formando a Rede da Educação Adventista no país. Atualmente, a rede conta com mais de 300 unidades escolares, 8.440 professores que atendem cerca de 140 mil alunos. Além destas unidades, a organização mantém 15 colégios em regime de internato, sendo que 12 oferecem da Educação Básica à Pós-Graduação e um Centro Universitário (UNASP).

Instituições de saúde

Ver artigo principal: Rede Adventista de Saúde
Centro Médico da Universidade Loma Linda
Hospital Adventista de Tóquio

Existe uma ênfase da Igreja Adventista na reforma de saúde e na abstinência do álcool e do fumo. A igreja organiza periodicamente cursos "Como Deixar de Fumar em 5 dias", de abordagem comportamental ao vício tabágico através de palestras por profissionais de saúde, sem caráter proselitista.

Sobre este aspecto, a forte ênfase sobre saúde e hábitos alimentares e em especial nos oito remédios naturais, foi objeto de estudo do Governo dos Estados Unidos, através do NIH, que constatou entre adventistas do estado da Califórnia uma sobrevida maior de sete anos em relação a população em geral.

Os Adventistas administram um grande número de hospitais e instituições relacionadas a saúde. Sua maior escola de medicina e hospital na América do Norte está localizado na Universidade Loma Linda; em seu anexo, o Medical Center. Em todo o mundo, a Igreja administra uma ampla rede de hospitais, clínicas e sanatórios. Estes desempenham um papel ao redor do planeta de disseminar a mensagem de saúde e as missões.

A Adventist Health System é a maior organização sem fins lucrativos, protestante, do sistema de saúde multi-institucional nos Estados Unidos. O sistema de saúde é patrocinado pela Igreja Adventista e cuida de mais de 4 milhões de pacientes por ano. Atualmente existem no mundo 532 instituições de saúde adventistas.

Investigação teológica

Ver artigo principal: Biblical Research Institute

O Biblical Research Institute é o centro de investigação teológico oficial da igreja. A igreja possui duas organizações profissionais para os teólogos adventistas que estejam associados à denominação. A Adventist Society for Religious Studies foi formada para promover uma comunidade entre os teólogos adventistas que frequentam o Society of Biblical Literature e os estudiosos da religião que frequentam a American Academy of Religion. Em 2006, a instituição foi votada para continuar suas reuniões em conjunto com a o Society of Biblical Literature. Durante os anos 1980, a Adventist Theological Society foi criada a fim de proporcionar um fórum para atender os teólogos mais conservadores. Ela é realizada em conjunto com a Evangelical Theological Society.

Organismos sociais

Por mais de 50 anos, a igreja tem sido ativa na ajuda humanitária através do trabalho da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA). A ADRA é uma organização não governamental de âmbito mundial, presente em mais de 120 países, incluindo o Brasil. A ADRA atua como uma agência de socorro não-sectária em 125 países e regiões do mundo. A ADRA recebeu o Status Consultivo Geral do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. Em todo o mundo, a ADRA emprega mais de 4.000 pessoas para ajudar a fornecer socorro em crises, bem como desenvolvimento em situações de pobreza.

A igreja assume um compromisso oficial com a proteção e cuidado do meio ambiente[120] e também toma medidas para evitar os perigos da mudança climática:[121] "O adventismo do sétimo dia defende um estilo de vida simples e saudável, onde as pessoas não entram na corrida pelo consumo desenfreado, acumulação de bens e produção de resíduos. É necessária uma reforma no estilo de vida, baseada no respeito pela natureza, moderação no uso dos recursos do mundo, reavaliação das próprias necessidades e reafirmação da dignidade da vida criada."[122]

Mídia

Os adventistas têm sido há muito tempo defensores de ministérios baseados em mídia. Os esforços evangelísticos tradicionais adventistas consistiam em missões de rua e na distribuição de panfletos como A Verdade Presente, publicado por James White já em 1849. Até que J. N. Andrews foi enviado para a Suíça em 1874, os esforços globais adventistas consistiam inteiramente na postagem de panfletos, como os de White, para várias localidades.

No último século, esses esforços também fizeram uso de mídias como rádio e televisão. O primeiro deles foi o programa de rádio Voice of Prophecy de H. M. S. Richards,[123] que foi transmitido inicialmente em Los Angeles em 1929. Desde então, os adventistas têm estado na vanguarda do evangelismo midiático; It Is Written,[124] fundado por George Vandeman, foi o primeiro programa religioso a ser transmitido em televisão colorida em março de 1965 e o primeiro grande ministério cristão a utilizar tecnologia de uplink via satélite. Amazing Facts[125] foi fundado em 1965 por Joe Crews em Baltimore como um ministério de rádio. Amazing Facts transmite "Bible Answers Live" todos os domingos, onde ouvintes telefonam ou enviam perguntas bíblicas que são respondidas ao vivo.[126] Hoje, a Hope Channel, a rede oficial de televisão da igreja lançada em outubro de 2003, opera mais de 8 canais internacionais transmitindo 24 horas por dia por cabo, satélite e internet.[127]

Em 1971, a Adventist World Radio foi fundada e alugou em Portugal sua primeira estação de rádio de ondas curtas. Mais tarde, construiu sua própria estação de rádio de ondas curtas em Guam. A Adventist World Radio cobre a terra em mais de 100 idiomas com rádio de ondas curtas, podcasts e 1.700+ estações de AM/FM.[128][129][130]

Evangelistas adventistas como Doug Batchelor, Mark Finley e Dwight Nelson realizaram diversos eventos evangelísticos internacionais transmitidos via satélite, abordando audiências em até 40 idiomas simultaneamente.[131]

Em 2016, a Igreja lançou o filme Tell the World.[132]

Publicações

Ver artigo principal: Casa Publicadora Brasileira
Review and Herald Publishing Association em 1868

A publicação e distribuição de literatura foram os fatores mais importantes no crescimento do Movimento Adventista. O Adventist Review and Sabbath Herald (atual Adventist Review), o principal periódico da igreja, foi fundado em Paris, Maine, em 1850; a Youth Instructor em Rochester, Nova York, em 1852; e a Signs of the Times em Oakland, Califórnia, em 1874. A primeira casa publicadora denominacional em Battle Creek, Michigan, começou a funcionar em 1855 e foi legalmente incorporada em 1861 com o nome de Associação de Publicações dos Adventistas do Sétimo Dia.

No Brasil, a Casa Publicadora Brasileira é a editora oficial da igreja adventista, enquanto que em Portugal é a Publiadora SerVir.

Atualmente o principal meio de divulgação das publicações adventistas é a colportagem.

Atividade ecumênica

A Igreja Adventista geralmente se opõe ao ecumenismo, embora apoie alguns dos outros objetivos do ecumenismo. A Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia divulgou uma declaração oficial sobre a posição adventista em relação ao movimento ecumênico, que contém o seguinte parágrafo:

Devem os adventistas cooperar ecumenicamente? Os adventistas devem cooperar na medida em que o evangelho autêntico seja proclamado e as necessidades humanas urgentes estejam sendo atendidas. A Igreja Adventista do Sétimo Dia não deseja associações envolventes e recusa quaisquer relações comprometedoras que possam diluir seu testemunho distinto. No entanto, os adventistas desejam ser "cooperadores conscientes". O movimento ecumênico como uma agência de cooperação tem aspectos aceitáveis; como uma agência para a unidade orgânica das igrejas, é muito mais suspeito.[133]

Embora não seja membro do Conselho Mundial de Igrejas,[134] a Igreja Adventista participou de suas assembleias na qualidade de observadora.[135]

Influência Cultural

Selos postais da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Ryazan

Muitas formas de mídia fazem menções ao Adventismo do Sétimo Dia. Exemplos:

  • A Cry in the Dark, um filme sobre a morte de Azaria Chamberlain, destaca o preconceito que seus pais enfrentaram devido a concepções equivocadas sobre sua religião.[140][141]

Muitas outras formas de mídia incluem menções ao Adventismo do Sétimo Dia. Muitos serviços postais de países ao redor do mundo criaram selos postais em homenagem à Igreja Adventista do Sétimo Dia ou a um adventista. Em 2020, o Iraqi Post lançou um conjunto de oito selos comemorativos para homenagear as igrejas cristãs no país. O conjunto incluía uma fotografia da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Bagdá.[142]

Críticas aos adventistas

Doutrinas

Vários ensinamentos que passaram por escrutínio são a visão aniquilacionista do inferno, o juízo investigativo (e uma visão relacionada da expiação) e o sábado. Críticos como o evangélico Anthony Hoekema (que sentia que os adventistas estavam mais de acordo com o arminianismo) argumentaram que algumas doutrinas adventistas eram heterodoxas. Além disso, Hoekema também afirmou que a doutrina adventista sofre de legalismo.[143]

Embora críticos como Hoekema tenham classificado o adventismo como um grupo sectário com base em suas doutrinas atípicas, ele foi aceito como mais mainstream pelos evangélicos protestantes desde suas reuniões e discussões com evangélicos na década de 1950.[144] Billy Graham convidou os adventistas para serem parte de suas cruzadas depois que Eternity, uma revista cristã conservadora editada por Donald Barnhouse, afirmou em 1956 que os adventistas são cristãos. Ele também afirmou mais tarde: "Eles estão corretos nas grandes doutrinas do Novo Testamento, incluindo graça e redenção através da oferta vicária de Jesus Cristo 'uma vez por todas'".[145] Walter Martin, que é considerado por muitos o pai do movimento de apologética contra cultos escreveu A Verdade Sobre os Adventistas do Sétimo Dia (1960), que marcou um ponto de virada na maneira como o adventismo era visto por outros evangélicos:[146][147] "é perfeitamente possível ser um adventista do sétimo dia e ser um verdadeiro seguidor de Jesus Cristo, apesar de conceitos heterodoxos".[148]

Mais tarde, Martin planejou escrever um novo livro sobre o adventismo, com a assistência de Kenneth R. Samples.[149] Samples subsequentemente escreveu "Da Controvérsia à Crise: Uma Avaliação Atualizada do Adventismo do Sétimo Dia", que defende a visão de Martin "para aquele segmento do adventismo que se mantém na posição afirmada em QOD, e expressa ainda mais no movimento evangélico adventista das últimas décadas." No entanto, Samples também afirmou que o "Adventismo Tradicional" parecia "estar se afastando de várias posições tomadas em QOD", e pelo menos em Glacier View parecia ter "ganhado o apoio de muitos administradores e líderes".[150]

Ellen G. White e Seu Status

Ellen G. White em 1865

O status de Ellen G. White como uma profetisa moderna enfrentou críticas, especialmente durante a era das Questões sobre doutrina, quando evangélicos expressaram preocupações sobre como o adventismo compreende seus escritos em relação ao cânon inspirado das Escrituras. As crenças fundamentais adventistas afirmam que "a Bíblia é o padrão pelo qual todo ensinamento e experiência devem ser testados."[151]

Uma crítica notável, amplamente divulgada por autores como Walter T. Rea, Ronald Numbers e outros, é a acusação de plágio nos escritos de White.[152][153][154] Em resposta, um advogado independente especializado em plágio, Vincent L. Ramik, foi contratado no início dos anos 1980 para estudar os escritos de Ellen G. White, concluindo que eram "conclusivamente não plagiados."[155]

Durante o final dos anos 1970 e início dos anos 1980, as acusações de plágio geraram um debate significativo, levando a Conferência Geral Adventista a encomendar um estudo abrangente do Dr. Fred Veltman, conhecido como o "Projeto de Pesquisa da Vida de Cristo". Veltman examinou quinze capítulos selecionados aleatoriamente de O Desejo de Todas as Nações em busca de evidências de dependência literária e concluiu que aproximadamente 31,4% do texto foi influenciado por fontes literárias.[156] As descobertas estão disponíveis nos Arquivos da Conferência Geral.[157] Vários estudiosos, incluindo Dr. Roger W. Coon,[158] David J. Conklin,[159] e Dr. Denis Fortin,[160] também abordaram essas acusações de plágio. Em seu relatório, Ramik concluiu:

É impossível imaginar que a intenção de Ellen G. White, refletida em seus escritos e nos indiscutivelmente prodigiosos esforços envolvidos, fosse qualquer coisa além de um esforço sinceramente motivado e altruísta para apresentar as compreensões das verdades bíblicas de uma forma coerente para todos verem e compreenderem. Certamente, a natureza e o conteúdo de seus escritos tinham uma única esperança e intenção, ou seja, o avanço da compreensão da palavra de Deus pela humanidade. Considerando todos os fatores necessários para chegar a uma conclusão justa sobre esta questão, é afirmado que os escritos de Ellen G. White eram conclusivamente não plagiados.[161]

Exclusivismo

Críticos alegaram que certas crenças e práticas adventistas são de natureza exclusivista e apontaram para a reivindicação adventista de ser a "Igreja Remanescente" e a associação protestante tradicional do Catolicismo Romano com "Babilônia."[162][163][164] Essas atitudes são consideradas como legitimadoras do proselitismo de cristãos de outras denominações. Em resposta a essas críticas, teólogos adventistas afirmaram que a doutrina do remanescente não exclui a existência de cristãos genuínos em outras denominações, mas está preocupada com instituições.[165]

Oposição aos adventistas

Muitos grupos religiosos classificam a Igreja Adventista como "seita",[166] como Aurélio Buarque de Holanda cita o adventismo:

"Adventista : diz-se de, ou membro de qualquer das seitas cristãs que acreditam em uma segunda vinda de Jesus Cristo à Terra".Aurélio Buarque de Holanda, Dicionário Aurélio Júnior.

Esse termo algumas vezes pode ser usado principalmente por líderes religiosos apologéticos como um mecanismo de autodefesa, destinado a inibir as pessoas de se relacionarem com pretensos hereges. Em relação aos adventistas, diferentes justificativas são sugeridas para considerá-los como sectários. Uma das mais comuns é a afirmação de que os adventistas advogam algumas doutrinas distintivas (como a observância do sábado, a inconsciência dos mortos, destruição final dos ímpios, o juízo investigativo pré-advento) que não são compartilhadas pelo credo religioso da grande maioria dos cristãos.[167]

Defesa adventista

Em defesa, à Igreja Adventista afirma que não é uma seita, devido à sua aceitação de doutrinas essenciais da Bíblia, como a crença na trindade, a revelação de Deus através das sagradas escrituras, a necessidade de salvação e a crença na segunda vinda de Cristo, afirmam que "uma seita é todo o movimento que não aceita toda a Bíblia como regra de fé e não aceita a Jesus como Salvador e Deus" e citam várias passagens bíblicas, entre elas está Atos 24: 14 - "Porém confesso-te isto: que, segundo o caminho, a quem chamam seita, assim eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com a lei, e nos escritos dos profetas."[168]

Ministérios independentes, ramificações e divisões

Ministérios independentes

Os adventistas prezam por sua unidade de fé e de organização, mas já surgiram em seu seio inúmeros grupos dissidentes não ligados à Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, com congregações que não constam no rol de membros das Uniões, Missões e Distritos locais. Há também movimentos e correntes organizadas internamente entre membros, como os Adventistas Progressistas e os adventistas carismáticos.

Além dos ministérios e das instituições que são formalmente administradas pela Igreja Adventista, existem numerosas organizações e ministérios independentes. Entre esses ministérios, estão inclusos vários centros de saúde, hospitais, editoras, ministérios de mídia e organizações de ajuda humanitária. Um bom número de ministérios independentes foi estabelecido por grupos dentro da Igreja Adventista que possuem uma posição teológica distinta ou que tem um desejo de promover uma mensagem específica. Alguns desses ministérios têm uma relação tensa com a igreja oficial. Recentemente, a instituição manifestou preocupação por causa da possibilidade desses ministérios ameaçarem a unidade adventista.

Desdobramentos e cismas

Ao longo da história da denominação, tem havido uma série de grupos que deixaram a igreja e formaram seus próprios movimentos. Estes, não são afiliados à Igreja Adventista do Sétimo Dia de qualquer forma. Eles operam em seu próprio sistema de crenças e são considerados inteiramente separados da igreja. Entre esses grupos estão a Igreja de Deus do Sétimo Dia, a Igreja Adventista da Promessa, a Igreja Adventista do Pacto, a Igreja Adventista Pentecostal, a Igreja Adventista do Sétimo Dia Movimento de Reforma, a Igreja Adventista da Completa Reforma - Ministério de 1931, a Igreja Adventista do Sétimo Dia da Reforma Completa, os Adventistas do Sétimo Dia Remanescentes, os Adventistas do Sétimo Dia Davidianos, a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia Davidianos (Waco, TX), a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia Davidianos (Mountain Dale, NY), a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia do Ramo Davidiano, a Associação Geral Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Davidianos (Plantation, FL), o Centro Monte Carmelo (Salem, SC), a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia Davidianos (Bashan Hill) [Exeter, MO], a Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina, Assembly of God (Eldon, IA), The Branch: The Lord Our Righteousness, a Igreja de Deus - Conferência de Salem, a Igreja Comunhão de Graça Internacional, a Igreja Universal de Cristo, os Missionários Voluntários, a Igreja Adventista do Sétimo Dia Movimento do Advento, a Igreja Remanescente Dualista dos Primogênitos, o Ramo Davidiano, o Ministério Adventista Bereano, a Igreja Este Brasil é Adventista, a Comunidade Adventista Independente, a Igreja Cristã Bíblica Adventista, a Comunidade Cristã de Ex-Adventistas, a Igreja Adventista da Reforma Última Voz de Misericórdia, a Igreja Adventista Remanescente de Laodicéia e a Igreja Cristã do Advento.

Ver também

Referências

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