A história de Itaquaquecetuba, município brasileiro de São Paulo, remonta origens indígenas consolidada por povos guaianases e tupis. Posteriormente, tornou-se reconhecida como uma das 12 aldeias fundadas pelo padre jesuítaJosé de Anchieta, durante sua longa permanência no Brasil colonial. Dois séculos depois, ainda intitulada distrito de Mogi das Cruzes, é emancipada em 1953, referindo-se até os dias atuais como centro estadual.
Sua origem contempla a fundação da capela católica de Nossa Senhora d'Ajuda, que foi fundada pelo próprio padre em 8 de setembro de 1560, sendo nomeada após a santa por missionários católicos em 1624.
Em um breve período de tempo, Itaquaquecetuba manteve o nome de "Vila da Nossa Senhora d'Ajuda" e, em princípio, sua primeira forma denominada foi de origem tupi, taquaquicé-tuba, sendo responsável por, posteriormente, prover ao nome Itaquaquecetuba,[1] que abordava o "tacuakyssé", uma espécie de taquara que servia para fazer instrumentos cortantes, tal a navalha, sendo uma gramínea abundante em Itaquá. Significando, portanto, um local de "ajuntamento de taquaras-faca", através de junção dos termos takûara (taquara), kysé (faca) e tyba (ajuntamento).[2][3][4][5]
Itaquaquecetuba já recebia esse topônimo quando era aldeia indígena, mas teve seu legitimo nome quando foi elevada à categoria de vila, passando a denominar-se de Vila de Nossa Senhora d’Ajuda,[a] nome dado pelo então presidente da província de São Paulo, Bernado Gavião Peixoto, durante o século XIX, sendo este seu primeiro topônimo definido.[6][7] Posteriormente, foi elevada à condição de distrito de Mogi das Cruzes, pela lei provincial nº 17, de 28 de fevereiro de 1838, passando a chamar-se de Itaquaquecetuba, nome que prevalece atualmente.[8] O topônimo de Itaquaquecetuba vem de seus primórdios indígenas, quando a região era habitada por povos da nação tupi-guarani, no caso, os guaianases, tribo vinda de Guarulhos.[8]
Quando estes povos se aglomeraram na região, começaram a cultivar alimentos para sua sobrevivência, como mandioca, milho, batata-doce, amendoim, feijão etc, no entanto, o principal cultivo abundante do povoado era a planta "tacuakyssé", uma espécie de bambu da Taquara, ou até mesmo proveniente da Taboca.[9]
A rigor, o topônimo significa ajuntamento ou reunião de taquaras-faca (uma espécie de taboca ou taquara com cujos ramos, cortantes, se faziam facas), e é formado pela composição de takûara (taquara, taboca), kysé (faca) e tyba (ajuntamento, reunião, abundância), referindo-se a um imenso taquaral que existia na aldeia, no tempo de sua fundação, margeando os rios Tietê e Tipóia. O “i” parece que é uma prefixação arbitrária, isto é, não vem do tupi, e talvez tenha sido motivado pela grande quantidade de topônimos formados pela palavra pedra em tupi, que é itá.[6]
O nome adotado nessa ocasião, de origem tupi, era proveniente de sua primeira forma taquaquicé-tuba,[1] cujo significado completo é “lugar abundante de taquaras cortantes como facas”.[10][11][6][12][3][8][13]
História
Origens, período pré-cabralino e primeiros povos
(...) recentes datações (...) das areias amostradas na cava da Itaquareia, em Itaquaquecetuba, SP, fornecem idades deposicionais variáveis de 47 000 (mais ou menos) 6 000 a 89 000 (mais ou menos) 12 000 anos.[14]
— USP, trecho da Revista do Instituto de Geociências.Ver bibliografia
Compreende-se que a história do município de Itaquaquecetuba inicia-se desde seus primórdios de formação territorial. Sob o ponto de vista paleontológico, a área que atualmente consta como o município se formou há variáveis 47 000 ou 89 000 anos. Um estudo feito em Itaquareia (indústria que extrai minérios e outros suprimentos em Itaquaquecetuba),[15] consolidou a ideia de que, há muitos anos, a região em que hoje é Itaquá tinha um rico conteúdo fossilífero, representado por macro e microrrestos palinomorfos (fósseis orgânicos, como ovos, sementes, e cutículas vegetais). A extração desses elementos (comumente feitos pela Itaquareia),[15] e da areia na escavação da empresa, forneceram uma idade deposicional da formação de Itaquaquecetuba, que, como dito anteriormente, é variável e bastante antiga.[14]
A região do atual estado de São Paulo já era habitada por povos indígenas desde aproximadamente 12 000 a.C. – sendo que esta aglomeração indígena iniciou onde hoje é o interior de São Paulo, e depois começou a se expandir para todo o estado paulista –, posteriormente, os povos indígenas, principalmente os tupi-guaranis, invadiram o litoral do estado por volta do ano mil, procedentes da Amazônia durante os deslocamentos nomadistas.[16][17] Após a costa do Brasil no século XI ter sido distribuído por grupos indígenas, a maior parte deles (mas não todos) dos povos tupi-guarani, este grupo começou a povoar a região que hoje é Itaquaquecetuba por volta do século XII, aproximadamente na metade da década de 1100, a rica proliferação de árvores na região da cidade – em especial ao taquaral que margeava os rios Tietê e Tipoia – fizeram com que os povos se aglomerassem em comunidades de subsistência para que os cultivassem, inciando um povoado agrícola-intensivo.[18] Durante o crescimento dos povos indígenas em Itaquaquecetuba, era comum o cultivo de palmeiras, batata-doce, mandioca, milho, amendoim, feijão etc,[16][19] assim como em Indaiatuba.
Fundação da aldeia e colonização
Itaquaquecetuba, aldeamento anchietano [b] (1560, 1580?), tem sua capela dedicada a Nossa Senhora da Ajuda em 1624.[5]
— Augusto Bicalho, trecho de seu livro de 2005.Ver bibliografia
José de Anchieta, padre jesuíta nascido na Espanha, foi indicado por sacerdotes para vir ao Brasil Colonial, em 1553, a fim de ajudar o padre Manuel da Nóbrega na evangelização dos índios.[20] Chegando a região de Piratininga (que posteriormente se elevaria a Vila, e mais tarde receberia o nome de 'São Paulo de Piratininga'), José de Anchieta junto com Manuel da Nóbrega e outros padres, iniciou ali um povoado, em janeiro de 1554.[21][20][7] Anos mais tarde, após a realização bem sucedida de catecúmenos entre os nativos, Anchieta soube como era necessário a catequização da maioria dos povos indígenas da região, e juntamente com vários missionáriosjesuítas, percorreu caminhos próximos ao ribeirão Anhangabaú e Tamanduateí, que banhavam a vila e desaguava em outro rio.[22]
Já margeando o rio Tietê, que cortava São Paulo de Piratininga, os padres chegaram onde hoje é Itaquaquecetuba, e em aproximadamente 1560 ou 1563, foi fundada Itaquá, junto com outras 12 aldeias.[8]
Até por volta de 1810, a área onde está situada a região do município de Santa Bárbara d'Oeste não passava de mata virgem. Naquele ano, o lugar começou a ser desbravado com a abertura de uma estrada de rodagem ligando a freguesia de Santo Antônio de Piracicaba à Vila de São Carlos de Campinas. Com essas obras, descobriu-se uma região de solo massapé propício para o cultivo e banhada por muitas águas. A partir disso, novas sesmarias foram demarcadas para venda.[13]
foi fundada em aproximadamente 1563, quando o padre José de Anchieta, juntamente com vários missionários, chegou à região, com a finalidade de catequizar os índios e neste local iniciaram o povoado.
Em 1624, foi construída a Capela Nossa Senhora da Ajuda. O povoado por muito tempo permaneceu sem progresso até que, em 1838, tornou-se freguesia, fixando o nome dessa como Itaquaquecetuba.
A partir de 1925, Itaquaquecetuba viveu um grande período de crescimento e prosperidade, motivado pela chegada da Estrada de Ferro Central do Brasil.[23]
O primeiro Censo realizado na Aldeia de Nossa Senhora D'Ajuda, em 1765, apresentou os seguintes resultados: 59 "iogos" que eram habitados por 109 mulheres e 117 homens.
Pouco cresceu a aldeia que neste estado permaneceu quase 200 anos. Foi com a inauguração da Variante da (EFCB), em 1925 que Itaquaquecetuba começou a crescer e a prosperar.
Criação da estação ferroviária de Itaquaquecetuba
Dois séculos depois, Itaquaquecetuba torna-se distrito de Mogi das Cruzes e, após a emancipação de 28 de outubro de 1953, é elevada a categoria de município independente, sendo, atualmente, uma das cidades mais antigas do estado de São Paulo.[24] Boa parte de seu desenvolvimento se deu a construção da primeira estação ferroviária de Itaquaquecetuba em 1926,[25] antes da emancipação da cidade. O topônimo indígena Itaquaquecetuba, que significa "abundância de taquaras que cortam", deve-se à existência, na época da fundação da Aldeia, de imenso taquaral, margeando os Rios Tietê e Tipóia.[2]
Inaugurada em 07 de fevereiro de 1926, com acesso a elevadores e parcialmente adaptado para portadores de deficiência.[26] A variante de Poá, também chamada de variante de Calmon Viana, teve a construção iniciada em 1921, mas a linha foi aberta somente em 1 de janeiro de 1934, depois de uma interrupção de oito anos nas obras. Com o tempo, foi se transformando em linha de trens de subúrbio, os trens metropolitanos de hoje, e é uma das linhas mais movimentadas da CPTM em São Paulo, embora com os piores trens.[25]
Demografia
Segundo o último Censo Demográfico a população de Itaquaquecetuba é de aproximadamente 350.000, e que votam neste distrito aproximadamente 140.000, com uma população aproximadamente de 86% de nordestinos.[27]
O desenvolvimento de Itaquaquecetuba, no entanto, teve início em meados de 1624, ano no qual o padre João Álvares decidiu construir um oratório em louvor a Nossa Senhora D’ Ajuda iniciando o processo de povoação do município. Hoje no local onde foi instalado o oratório funciona a Igreja Matriz, na Praça Padre João Álvares.[28]
Até meados dos anos 80 ou 90, ocorriam na praça da Igreja da Ajuda as festas da Santa Cruz, na qual, um grande cruzeiro era erguido em frente ao templo, o que era imitado pelos moradores, que fincavam cruzes menores em frente às casas. Após a missa, ocorriam as rezas feitas pelos capelães aos pés da Santa Cruz, e diante dela eram feitas as chamadas "voltas" da dança da Santa Cruz, ao som de violas e sapateados, seguindo uma estrutura semelhante ao que acontece até hoje na Aldeia de Carapicuíba. Hoje, a festa no Largo da Matriz foi extinta, permanecendo viva somente em pagamentos de promessas nas áreas rurais e Itaquá e de cidades vizinhas, como Mogi das Cruzes, Arujá e Guararema. Perdendo os moldes de antigamente, por vezes tem lugar a festa de São Benedito, que é ladeado da Santa Cruz, a fim de manter, mesmo que de forma pequena, um traço da história.
A denominação reduzida para Itaquaquecetuba ocorreu somente no século XX, quando se separou de Mogi das Cruzes, com sua elevação a município,[28] e com o território do respectivo distrito, pela lei Nº 2.456, de 30 de dezembro de 1953, posta em execução a 01 de janeiro de 1954. Como município, ficou constituído de um único distrito, o de Itaquaquecetuba.[3]
Notas
↑Há certas desavenças sobre qual foi o nome da Vila, sob o ponto de vista mais comum, o nome foi realmente Vila de Nossa Senhora d’Ajuda, já que certas imagens mostram o presidente da província de São Paulo próximo a um armazém na região de Itaquaquecetuba com esse nome. Porém, outros historiadores afirmam que o nome era da Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itaquaquecetuba.
↑De acordo com Augusto Bicalho, a expressão "aldeamentos anchietanos" designam aldeias fundadas pelo padrejesuítaJosé de Anchieta (consequentemente, foi do sobrenome do padre que derivou o nome "anchietano" da expressão), quando este ainda estava no Brasil Colonial, juntamente com vários de seus missionários; estes, colaboradores nas fundações das aldeias (Itaquaquecetuba era uma destas).[5]
↑VASCONCELOS, Simão de, padre. Crônica da Companhia de Jesus. Citado em Teodoro Sampaio, pág. 233.
↑KEHL, Luiz Augusto. Simbolismo e Doutrina na Fundação de São Paulo. in: BUENO, Eduardo (org.). Os Nascimentos de São Paulo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. pág. 93-93.
↑ abGiesbrecht, Ralph Mennucci (28 de março de 2015). «Estação Itaquaquecetuba». Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo. Consultado em 31 de maio de 2015