Resultados do Grande Prêmio do Canadá de Fórmula 1 realizado em Montreal em 13 de junho de 1982.[2] Oitava etapa da temporada, foi palco do acidente fatal de Riccardo Paletti.[3] Reiniciada a prova, a vitória coube ao brasileiro Nelson Piquet, da Brabham-BMW, que subiu ao pódio em dobradinha com Riccardo Patrese, da Brabham-Ford,[nota 1] enquanto John Watson foi o terceiro colocado em sua McLaren-Ford.
Resumo
Brigas antes dos treinos
Três franceses nas primeiras posições do grid e atrás deles Nelson Piquet.[4] Uma descrição tão sucinta dos treinos em Montreal traz a ideia de calmaria, mas na sexta-feira o ambiente estava conflagrado, graças a uma troca de socos entre Raul Boesel e Chico Serra, quando o primeiro foi acusado de prejudicar seu compatriota quando o piloto da March não lhe deu passagem durante o treino,[5] mas foi solícito a ponto de não bloquear a Williams de Keke Rosberg. Irritado, o piloto da Fittipaldi agrediu Boesel e sofreu o revide. Logo uma multidão cercou os brigões e tratou de separá-los. Na somatória dos tempos Boesel ficou em vigésimo primeiro lugar enquanto Serra não se classificou.[6] John Watson, líder do campeonato, ficou em sexto lugar com sua McLaren-Ford enquanto Didier Pironi marcou a pole position utilizando uma nova suspensão em sua Ferrari e ficou adiante de René Arnoux e Alain Prost, dupla da Renault.
Marcado para o mesmo dia em que começava a Copa do Mundo FIFA de 1982, o Grande Prêmio do Canadá ocorreu sob consternação pela morte de Gilles Villeneuve há pouco mais de um mês na Bélgica e por isso o Circuito da Ilha de Notre-Dame, em Montreal, foi rebatizado como Circuito Gilles Villeneuve.[7] Sobre a prova, a mesma teve o horário alterado para permitir a exibição do jogo de abertura da Copa do Mundo entre Argentina e Bélgica, no qual os europeus venceram por um a zero.[8]
Riccardo Paletti (1958-1982)
No domingo houve uma demora para acionar o sinal de largada e com isso a Ferrari de Didier Pironi apagou. Temeroso, o francês gesticulou pedindo a anulação do procedimento de largada, mas a direção de prova ignorou o fato e autorizou o início da prova. Ato contínuo, vários pilotos desviaram do bólido de Pironi, contudo o carro vermelho foi atingido pela March de Raul Boesel num prenúncio da desgraça que ocorreu a seguir: o italiano Riccardo Paletti estava a 150 km/h e não conseguiu desviar atingindo em cheio o carro de Pironi. A força do impacto foi tamanha que compactou a parte frontal da Osella e esmagou o tórax de Paletti. Disposto a ajudar, Pironi foi ao encontro de seu companheiro ferido mas, de repente, a Osella explodiu devido aos mais de 200 litros de combustível em seu tanque. O fogo foi extinto, entretanto Paletti só foi retirado das ferragens após vinte e cinco minutos.[3] Enviado de helicóptero para o Hospital Rainha Vitória, Riccardo Paletti não resistiu às múltiplas fraturas, queimaduras e hemorragias internas no tórax e no abdome sofridas no momento do acidente e morreu na mesa de operação na antevéspera de seu aniversário de 24 anos.[9] Sepultado no Cemitério Maggiore em Milão, Riccardo Paletti foi homenageado quando batizaram o Autódromo de Vairano (nas cercanias de Parma) com seu nome.[3]
Primeira vitória da BMW
Enquanto a pista de Montreal permaneceu interditada, o corpo técnico da Fórmula 1 tratou de repor os bólidos danificados: Didier Pironi recebeu um outro carro, mas como o mesmo não possuía uma suspensão similar à do que foi danificado, o piloto da Ferrari fez tão somente uma corrida decorativa, enquanto Raul Boesel (March) e Eliseo Salazar (ATS) largaram com seus carros reserva, solução que não foi possível para Geoff Lees (Theodore).[9] Por respeito ao ocorrido com Riccardo Paletti, a Osella retirou Jean-Pierre Jarier da prova antes da relargada.
Por conta do acidente fatal de Riccardo Paletti o Grande Prêmio do Canadá foi interrompido por duas horas[10] e na terceira volta um novo susto: Bruno Giacomelli chocou sua Alfa Romeo contra a Lotus de Nigel Mansell e por isso o britânico sofreu lesões sendo enviado ao mesmo hospital onde estava Paletti.[11] Naquela altura Didier Pironi liderara apenas a primeira volta e caíra para o quarto lugar atrás de Arnoux, Piquet e Prost. Graças ao bom rendimento de seu Brabham BT50 com motor BMW, o brasileiro Nelson Piquet assumiu a liderança na nona volta. No vigésimo sétimo giro o italiano Riccardo Patrese assumiu o segundo lugar com seu Brabham BT49 impulsionado pelo velho e confiável motor Ford, firmando uma dobradinha para o time de Bernie Ecclestone. Dois giros mais tarde o Renault de René Arnoux rodou, saiu da pista e teve o motor apagado e pouco tempo depois Alain Prost teve o propulsor quebrado e assim o referido time francês deixou a prova.[3]
Com os carros da Brabham liderando a prova, Andrea de Cesaris e Eddie Cheever lideravam um segundo pelotão até que ambos ficaram a pé por falta de combustível, destino similar ao de Derek Daly. Somente Nelson Piquet, Riccardo Patrese (na primeira dobradinha da Brabham desde o Grande Prêmio da Itália de 1978) e John Watson (McLaren-Ford) terminaram na mesma volta enquanto Elio de Angelis, Marc Surer e Andrea de Cesaris completaram a zona de pontuação.[2] Foi a primeira vitória de Nelson Piquet após conquistar o título mundial e a única do brasileiro naquela temporada, bem como o primeiro triunfo do motor BMW na Fórmula 1.[12]
Diante dos resultados a liderança do mundial de pilotos ficou nas mãos de John Watson com 30 pontos ante os 20 de Didier Pironi, enquanto a McLaren-Ford era a melhor entre os construtores com 42 pontos contra os 26 da Ferrari. Ressalte-se que este foi o primeiro Grande Prêmio do Canadá de Fórmula 1 a ser disputado no mês de junho.
Classificação
Treinos classificatórios
Corrida
Tabela do campeonato após a corrida
- Classificação do mundial de pilotos
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- Classificação do mundial de construtores
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- Nota: Somente as primeiras cinco posições estão listadas. Entre 1981 e 1990 cada piloto podia computar onze resultados válidos por temporada não havendo descartes no mundial de construtores.
Notas
- ↑ Nelson Piquet e Riccardo Patrese usaram motores BMW nas provas da África do Sul, Bélgica, Países Baixos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Áustria, Suíça, Itália e Las Vegas. Nas corridas do Brasil e do Oeste dos EUA ambos correram com motores Ford, sendo que a Brabham não disputou o GP de San Marino. Fato curioso, porém, ocorreu nas provas de Mônaco, Detroit e Canadá onde Piquet correu com a chancela da BMW e Patrese utilizou os propulsores Ford.
- ↑ Voltas na liderança: Didier Pironi 1 volta (1); René Arnoux 7 voltas (2-8); Nelson Piquet 62 voltas (9-70).
Referências