Gangsta rap (ou gangster rap, inicialmente conhecido como reality rap) é um subgénero da música hip hop que surgiu em meados dos anos 1980 como um subgénero distinto mas altamente controverso do rap, cujas letras afirmam a cultura e a realidade das ruas e dos subúrbios, as vezes com um estilo gangster e valores típicos das gangues de rua.[2]
Muitos gangsta rappers ostentam associações com verdadeiras gangues de rua americanas, como os Crips e os Bloods. [3] Os primeiros pioneiros do gangsta rap foram o rapper da FiladélfiaSchoolly D e o rapper Ice-T de Los Angeles, e o género foi levado aos holofotes em 1988 pelo grupo N.W.A. (Niggaz Wit Attitudes).[4] Em 1992, através do produtor discográfico Dr. Dre, o rapper Snoop Dogg e o seu som pioneiro G-funk, o rap gangsta tomou a dianteira do género rap e tornou-se popular.
O rap gangster tem sido repetidamente acusado de promover uma conduta desordeira e uma ampla criminalidade, especialmente assaltos, homicídios e tráfico de drogas, misoginia, promiscuidade e materialismo.[5] Os defensores do gangsta rap têm-no caracterizado de forma variada como representações artísticas da realidade do crime nas ruas, mas não como endossos literais da vida real nos guetos americanos, ou sugerido que algumas letras expressam raiva contra a opressão social ou brutalidade policial, e têm frequentemente acusado os críticos de hipocrisia e preconceito racial. [5] Ainda assim, o gangsta rap tem sido atacado mesmo por algumas figuras públicas negras, nos anos 90 pelo pastor Calvin Butts e pela activista de direitos civis Delores Tucker e mais tarde pelo realizador Spike Lee.
Um dos mais ferrenhos críticos do gangsta rap é o diretor cinematográficoSpike Lee, que acusou o estilo de incentivar a ignorância dos afro-americanos. Os artistas de gangsta rap, por sua vez, defendem-se das acusações alegando que suas letras não falam de nada além da realidade vivida nas periferias e procuram, através das mesmas, chamar a atenção das autoridades.
Mais tarde, em 1988, o álbum "Straight Outta Compton" foi o primeiro da categoria a fazer grande sucesso e ajudou a divulgar o gênero e a estabelecer a costa oeste como capital do hip-hop por algum tempo. O single de gangsta rap com maior controvérsia foi "Fuck tha Police", deste mesmo álbum. A letra que fala sobre a agressividade policial nos guetos americanos resultou numa carta do FBI enviada ao grupo, aconselhando-o a amenizar o conteúdo de suas letras
Em 1992, Dr. Dre, lançou seu primeiro álbum solo, "The Chronic", um dos mais vendidos da história do rap. Alguns dos singles de Dr. Dre são até hoje considerados como ícones dos anos 90, como "Nuthin' But A G' Thang". O álbum também contou com a participação do então novato no rap Snoop Dogg, na supra-citada faixa e em várias outras. Snoop Dogg, com a ajuda de Dr. Dre, lançou seu primeiro disco, "Doggystyle", em 1993, o qual bateu inúmeros recordes e recebeu diversos prêmios.
Em 1995, Tupac Shakur, rapper já com sucesso, integrou-se à gravadora e lançou em 1996 o multi-platinado "All Eyez On Me". Mais tarde nesse mesmo ano, e já depois da morte de Tupac Shakur, Snoop Dogg lança o seu segundo álbum "Tha Doggfather", uma semana depois do primeiro álbum póstumo de Tupac Shakur, o sucesso "The Don Killuminati: The 7 Day Theory" ser lançado. Apesar de ambos os álbuns terem sucesso, foi a partir do final de 1996 que a Death Row começou rapidamente a cair, não tendo jamais a mesma força no hip-hop como tinha tido até então, o que fez não só o gangsta rap ficar um pouco menos importante no mundo do hip-hop, como também fez todo o rap da costa oeste cair rapidamente consigo, dando lugar a cidades como Atlanta, Nova Iorque e Nova Orleães como principal foco no mundo do hip-hop.
Entre 1993 e 1995 houve, no outro lado dos Estados Unidos, a renascença do rap da costa leste, que utilizava igualmente o gangsta rap.
Especialmente no início da década de 2000 o gangsta rap tinha ainda algum espaço dentro do mainstream, graças a rappers como Young Jeezy, Jay-Z, T.I, Cam'ron, DMX e especialmente a 50 Cent, ao seu grupo G-Unit e ainda graças ao ex-membro desse mesmo grupo, o rapper The Game, mas na segunda metade da década o gangsta rap esteve na sua pior fase de sempre, com quase nenhuma popularidade no mainstream.