Todos estes relacionamentos familiares tornavam Filipa uma interessante aliança matrimonial.
Casamento na Lorena
Na mesma altura, o duque Renato II da Lorena e de Bar, fortalecido pelo prestígio de sua vitória sobre o estado Borguinhão na Batalha de Nancy (1477), obtivera a anulação do seu casamento com Joana de Harcourt que não lhe dera descendência. Sob instâncias da regente de França, Ana de Beaujeu, tia de Filipa, Renato II encontrou a nova esposa, capaz de lhe garantir uma posteridade legítima e de estreitar seus laços com a França, sem descuidar a proximidade do Sacro Império Romano-Germânico; Filipa era descendente dos duques de Borgonha, e parente próxima do imperador Maximilino I.
Descendência
O seu casamento com o duque Renato II foi celebrado em Orleães a 1 de setembro de 1485 e o casal teve doze filhos:
Carlos (Charles) (morto jovem em 1486);
Francisco (François) (nascido e falecido em 1487);
António (Antoine) (1489-1544), duque de Lorena e Bar, com descendência;
Luís (Louis) (1500-1528), Bispo de Verdun até 1522, Conde de Vaudémont desde 1522, morreu no cerco de Nápoles;
Cláudia (Claude) (1502-morreu jovem)
Catarina (Catherine) (morreu jovem em 1502)
Francisco (François) (1506-1525), Barão de Lambesc, morto na batalha de Pavia.
Duquesa viúva
Com a morte de Renato II, Filipa tentou assumir a regência mas os Estados da Lorena julgaram que o seu filho António, com 19 anos, tinha idade suficiente para reinar.
Aproveitando os laços familiares com a corte francesa, ela enviou os filhos mais novos para terminar a sua formação em França. Cláudio impõe-se e viria a desempenhar um papel importante papel político no Reino de França, sendo o fundador da poderosa Casa de Guise.
João, elevado muito jovem à dignidade de Cardeal, acumula benefícios eclesiásticos e prestigiados bispados, e torna-se um dos mais influentes homens do reino e quase se tornou Papa.
O seu irmão, o duque Carlos de Gueldres, morreu em 30 de junho de 1538, sem descendência legítima, e ela reivindicou a sucessão dos ducados de Gueldres e Jülich, mas o imperador Carlos V confiscou o ducado. No entanto, a reivindicação dos estados foi transmitida ao seu filho António, que acrescentou ao Brasão dos duques da Lorena os símbolos de Gueldres e Jülich.
O duque António morreu em 1544, sucedendo-lhe o filho, Francisco I da Lorena. O jovem duque, após ter negociado as Tréguas de Crépy-en-Laonnois entre a França e o Império, morreu prematuramente, tendo reinado menos de um ano.
O filho e sucessor, Carlos III da Lorena a quem a história dará o apelido de o Grande, bisneto de Filipa, tinha apenas dois anos. A regência dos ducados foi confiada à mãe do duquesinho, Cristina da Dinamarca[3] e ao seu tio Nicolau de Lorena, bispo francófono de Toul que abandonou o estado eclesiástico para poder assegurar a sucessão da dinastia caso seu sobrinho morresse sem descendência. O futuro dos ducados parecia incerto.
Morte
A duquesa viúva Filipa morreu em 1547 com a idade de 80 anos e fama de santa, e foi sepultada no panteão ducal da Igreja dos Cordeliers de Nancy.
O seu túmulo tem esculpida a sua figura reclinada por Ligier Richier, tendo sido beatificada pela Igreja Católica.
Memória atual
Em homenagem à duquesa existe a Rue Philippe de Gueldres, em Nancy. Também em Pont-à-Mousson existe uma rua com o mesmo nome.
Em Nancy existe um ginásio batizado de Gymnase Philippe de Gueldres[4].
Henry J.-F., Philippe de Gueldre, reine duchesse et pauvre dame, Nancy, 1947;
Jacotey M.-L., Philippe de Gueldre : princesse à la cour, souveraine, épouse et mère puis religieuse : 1464-1547, impr. D. Guéniot, Langres, 2004;
Femmes célèbres de Nancy, direção de Fr. Maguin, edições Koidneuf, 2008, ISBN 978-2-9515687-8-5;
Geneviève Brest-Bautier e Pierre-Hippolyte Pénet, "Le gisant de Philippe de Gueldre par Ligier Richier, une sculpture pour l'éternité", Le Pays lorrain, setembro de 2018.