Em 1884, os empreiteiros Dauderni & Duparchy, que tinham sido contratados para a construção dos molhes no Porto de Leixões, construíram um ramal ferroviário de via estreita desde as Pedreiras de São Gens até à área portuária, cruzando esta estação.[2] Após o término das obras do porto, o ramal foi aproveitado para o transporte de passageiros e mercadorias, sob a gestão da Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão, tendo a circulação principiado em 1893.[2] Inicialmente, apenas existia uma concordância a Norte da estação, mas foi construída uma segunda concordância a Sul, autorizada por uma portaria de 30 de Maio de 1898, de forma a se poderem efectuar serviços directos entre Porto-Boavista e Matosinhos.[2]
Após a conclusão das obras, este ramal foi inicialmente aproveitado como a primeira ligação ferroviária ao Porto de Leixões, mas as suas características técnicas limitavam muito a sua utilização comercial, motivo pelo qual começou a ser pensada uma nova linha desde o porto até à rede ferroviária nacional.[5] Assim, nos finais do século XIX, foram estudadas vários traçados para este caminho de ferro, tendo a comissão técnica que foi nomeada para delinear o Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego defendido a construção de uma nova linha desde o ponto quilométrico 2,500 da Linha do Minho (um pouco a norte de onde viria a ser Contumil), passando por esta estação.[6] Esta ligação, denominada Linha de Leixões, entrou ao serviço muito mais tarde, em 1938, com um traçado modificado que não passa por esta estação.[7]
Rede ferroviária do Vouga na Década de 1930, incluindo o projecto cancelado para a Linha de Crestuma, que teria ligado esta estação (⯈) à Linha do Vouga, na Arrifana (⯇).
Século XX
Décadas de 1900 e 1910
Nos princípios do século XX, iniciaram-se os primeiros esforços para a fusão da Companhia da Póvoa com a Companhia do Caminho de Ferro de Guimarães e outras empresas interessadas na construção de caminhos de ferro de via estreita, formando uma grande rede ferroviária nas regiões do Minho e de Trás-os-Montes.[8] No âmbito deste processo, deveria ser construída uma via férrea que ligasse a rede do Porto à Póvoa e Famalicão à Linha de Guimarães, que se deveria iniciar em Lousado e terminar junto desta estação.[8] Estes planos foram suspensos na Década de 1910, devido aos problemas financeiros criados pela Primeira Guerra Mundial.[8] Entretanto, em 1 de Julho de 1909 a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a Companhia da Póvoa tinha sido autorizada a duplicar a via férrea entre esta estação e a da Boavista.[9]
Décadas de 1920 e 1930
Posteriormente, o projecto para o ramal de ligação entre as duas linhas foi modificado, de forma a terminar no Mindelo em vez desta estação.[10] No Diário do Governo, I Série, de 28 de Outubro de 1926, foi publicado um relatório do Conselho Superior de Obras Públicas sobre o pedido de fusão entre as duas companhias, onde se recomendava uma nova alteração no ramal, que se deveria iniciar na Trofa e terminar num ponto da Linha da Póvoa entre esta estação e Pedras Rubras.[10] Ainda nesse ano, as duas companhias pediram autorização para construir aquela via férrea, utilizando o traçado recomendado.[4] De forma a fundir as duas redes, a bitola da via férrea já existente deveria ser alargada de 900 mm para 1000 mm.[8] Em 1 de Janeiro de 1927, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que o Ministério do Comércio tinha publicado um decreto que autorizou a fusão das duas empresas, e a construção da via férrea para unir as duas redes, que deveria sair da Trofa, passar por São Pedro de Avioso e terminar num ponto da Linha da Póvoa entre esta estação e Pedras Rubras, que seria determinado por estudos posteriores.[11] A construção desta linha era parte de um grande plano para a expansão da rede de via estreita nas regiões do Minho e de Trás-os-Montes, que ficaria desta forma unida ao Porto de Leixões pelo Ramal de Matosinhos.[12]
A fusão entre as duas companhias foi concretizada ainda em 1927, formando a Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal.[4] Em 8 de Agosto, foi assinado o contrato para várias obras, incluindo o alargamento da bitola e a construção do lanço entre esta estação e a Trofa.[8]
Em 1930, foi emitido um decreto com o Plano Geral da Rede Ferroviária, que introduziu novos projectos e reorganizou a rede já existente, tendo renomeado o lanço entre esta estação e a Póvoa de Varzim para Linha do Litoral do Minho, que deveria ser prolongada até Viana do Castelo.[12] Também foi criado um novo projecto, o da Linha de Crestuma, que deveria unir esta estação à Linha do Vouga, com cerca de 25 km.[12]
Em 11 de Fevereiro de 1932, foram concluídas as obras entre esta estação e a Trofa.[13][14] Este lanço foi inaugurado em 14 de Março de 1932, tendo a cerimónia tido lugar nesta estação.[15] A linha entrou ao serviço no dia seguinte.[16] A construção deste troço, em conjunto com a posterior instalação da via férrea desde a Boavista até Trindade, integrou-se num período de crise para os caminhos de ferro em Portugal, durante as décadas de 1920 e 1930, devido à evolução do transporte rodoviário e à crise financeira.[17] Nesta altura, a bitola da Linha da Póvoa foi então alterada dos 900 mm originais para 1000 mm.[18]
Em Janeiro de 1933, foi duplicado o troço entre esta estação e a Boavista.[19] Nesse ano, a gerência da Companhia do Norte foi suspensa pelo governo e substituída por uma comissão administrativa, devido aos problemas financeiros da empresa.[20] Em 16 de Novembro de 1935, a Gazeta dos Caminhos de Ferro relatou que os antigos gerentes tinham entregue um memorando ao presidente do ministério, onde pediam autorização para voltarem às suas funções e iniciarem um programa de reconstituição financeira da empresa, e onde prometiam várias obras para melhorar os serviços dos comboios, incluindo a duplicação da via férrea entre esta estação e a estação de Matosinhos-Leça.[20]
Em 30 de Junho de 1965, foi encerrada a exploração ferroviária do Ramal de Matosinhos.[22]
Transição para o Metro do Porto
Em 1996, já se previa a adaptação dos troços da Trindade à Póvoa de Varzim, e entre esta estação e a Trofa.[23]
Em 28 de Abril de 2001, foi encerrado o troço entre esta estação e a Trindade, tendo sido criado um serviço alternativo de autocarros a partir da Praça da República.[24] Também foi encerrado o lanço até Pedras Rubras, uma vez que as obras de adaptação desta interface a terminal provisório ainda não estavam terminadas, prevendo-se a sua conclusão após aquele fim de semana.[24] Assim, foi criado outro serviço de autocarros, que ligava a Rotunda dos Produtos Estrela à estação de Pedras Rubras, onde se apanhavam os comboios para a Póvoa de Varzim.[24] O terminal provisório nesta interface consistia em várias plataformas, e uma praça para os autocarros de substituição.[24] Previa-se que quando a primeira fase do Metro do Porto entrasse em funcionamento, em Novembro de 2002, seria iniciada a intervenção no troço entre esta estação e a Trofa, sendo terminados os serviços ferroviários igualmente no troço até à Póvoa de Varzim, sendo ambos substituídos por autocarros a partir da estação Senhora da Hora do Metro do Porto.[24]
O restante traçado (linhas da C.P. para a Póvoa de Varzim e para Guimarães), também entregue à mesma empresa, só foi encerrado a 23 de Fevereiro de 2002. Já no século XXI, entre 2001 e 2002, a estação foi remodelada e tornou-se numa das principais estações do Metro do Porto; no edifício principal foram colocadas a Loja Andante, nas antigas bilheteiras e uma sala das máquinas e uma sala de convívio e descanso para os maquinistas, no resto do edifício.[necessário esclarecer] O velho barracão de madeira das mercadorias viria a arder em Março de 2007.[carece de fontes?]
↑«Efemérides»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1229). 1 de Março de 1939. p. 158-159. Consultado em 19 de Dezembro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Linhas Portuguesas»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 40 (937). 1 de Janeiro de 1927. p. 6. Consultado em 16 de Dezembro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Efemérides»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1238). 16 de Julho de 1939. p. 345. Consultado em 19 de Dezembro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Há 50 anos»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1491). 1 de Fevereiro de 1950. p. 826. Consultado em 19 de Dezembro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Viagens e transportes»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 45 (1065). 1 de Maio de 1932. p. 218. Consultado em 23 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑TÃO, Manuel (2005). «150 Anos de Material Motor Francês em Portugal». O Foguete. Ano 4 (15). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 13-19
↑«Linhas Portuguêsas»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1082). 16 de Janeiro de 1933. p. 58. Consultado em 23 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑ abcdeSIZA, Rita (29 de Abril de 2001). «Fim de semana complicado na Estação de Senhora da Hora». Público. Ano 12 (4058). Lisboa: Público - Comunicação Social, S. A. p. 54
BARRETO, António; MÓNICA, Maria Filomena (1999). Dicionário de História de Portugal. Suplemento A/E. Volume 7 1.ª ed. Lisboa: Livraria Figueirinhas. 714 páginas. ISBN972-661-159-8
MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X