Duas Noites em Dezembro é um duplo disco compacto com 28 canções, reunindo todos os clássicos da banda e algumas canções emblemáticas que não eram tocadas ao vivo há 30 anos. É um disco que congrega a força mística da palavra com a energia possante do rock, revelando uns UHF humildes, verdadeiros e modernos, com uma linguagem viril e atualizada através de canções que continuam com a mesma intensidade de sempre, quer lírica quer musical. Trata-se do registo que condensa os dois concertos realizados no Centro Cultural de Belém[3] e na Casa da Música,[4] respetivamente a 7 e 18 de Dezembro de 2013, que marcaram o encerramento da digressão comemorativa dos 35 anos do grupo de Almada. É UHF vintage, que acrescenta mais valia à obra gravada em estúdio.[5]
O álbum tem, naturalmente, "Cavalos de Corrida" e "Rua do Carmo", clássicos que projetaram a banda para o estrelato em 1980. O primeiro fala da vida brutal das pessoas de todos os dias, um tema sempre atual,[6] enquanto o segundo presta homenagem à rua do Carmo, em Lisboa, e celebra todo um conjunto de vida no Chiado.[7] Recupera para o formato digital "Persona Non Grata" e "Um Mau Rapaz", temas inspirados nas turbulências e conflitos internos que se instalaram no seio da banda em 1982, e ainda, do mesmo ano, os temas épicos "Quebra-me" e "Dança de Canibais". Atentos à realidade social e política do país, os UHF, vincaram, mais uma vez, a intervenção social em seus concertos evocando o mestre José Afonso com as versões de "A Morte Saiu À Rua" e "Vejam Bem", para depois atualizar o combate social aos ouvidos de hoje com "A Minha Geração" e "Vernáculo (para um homem comum)", com a participação do invicto público nortenho.[8]
Tem também "Menina Estás à Janela" (1993), canção popular recriada próximo do estilo punk rock, e é a primeira versão da banda de canções de outros artistas. "Jorge Morreu" (1979) foi a estreia discográfica dos UHF e o primeiro tema do rock português sobre as drogas duras.[9] A canção atribuiu um rosto à geração rebelde do final dos anos 70, que fora enaltecida no tema "Rapaz Caleidoscópio" (1981), tornando-se um hino geracional.[10] "Ébrios (pela vida)", com Jim Morrison como inspiração, foi a primeira declamação musicada da banda, escrita na livraria Bérnard no Chiado, em 1981.[11] No encerramento de ambos os concertos, os UHF recuperaram o tema "Podia Ser Natal" (1995) como forma de celebrar a época natalícia. A canção fala em tornar o mundo melhor, sem crenças absolutistas, dogmáticas ou mortíferas do medo.[12] Como tema de apresentação do álbum foi lançado, em outubro de 2014, o single digital "Sonhos na Estrada de Sintra",[1] em versão dramática, e interpretado com empenho patriótico pelo vocalista António Manuel Ribeiro.[8]
Lista de faixas
O duplo disco compacto é composto por 28 faixas tocadas ao vivo. António Manuel Ribeiro partilha a composição com Miguel Fernandes no tema "Matas-me Com o Teu Olhar" e com Rui Dias no tema "Foi no Porto". Partilha ainda com Renato Gomes e Carlos Peres, respetivamente, a composição de quatro e de dois clássicos. Os temas "A Morte Saiu à Rua" e "Vejam Bem" são da autoria de José Afonso, e "O Vento Mudou" de João Magalhães Pereira e Nuno Nazareth Fernandes. O arranjo dessas novas versões são de António Manuel Ribeiro, que assume também a autoria das restantes faixas.
Tema épico, marcado por solos de guitarra cruzados. A canção reflete o lado crístico do autor, a morte a passar e o baile das mulheres amadas sem som.[13]
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